Por Almir Cezar Filho*, da Redação da Agência ANOTA**
Em cima: Avenida Roberto Silveira, principal artéria viária de Niterói inundada em um dia de chuva. Embaixo: uma horta em um bairro tipicamente urbano. |
Inundações, enchentes, deslizamentos de encostas e morros, bolsões de água nas vias, desmoronamentos de casa. Evidente que as obras de combate as inundações e deslizamentos são importantes. E o Poder Público foi negligente. Mas pouco se vincula essa situação à dinâmica do uso e ocupação do solo urbano na cidade. A agricultura urbana ajudaria a diminuir a impermeabilização do solo e geração das "ilhas de calor", reduzindo inundações e deslizamentos.
A cidade de Niterói (RJ) vem sofrendo nos últimos anos recorrentemente com a tragédia das grandes chuvas. A intensiva verticalização imobiliária dos bairros de Santa Rosa e Jardim Icaraí acabou com a drenagem do solo da cidade, nas áreas circundantes do maciço da Boa Vista. E os desmatamentos na região de Pendotiba, também pela especulação imobiliária em condomínios horizontais, geraram um imenso bolsão de calor sobre a atmosfera da cidade que amplia a potência das chuvas.
Com o desmatamento e a impermeabilização do solo nas áreas planas, acrescido com a expansão da ocupação dos morros e encostas, sem as respectivas obras de contenção, está armada a tragédia dos deslizamentos, além das inundações.
Assim, instituir áreas para atividade agrícola especialmente do tipo agroecológica/agroflorestal ou de extrativismo florestal poderia recompor o ciclo hidrológico e térmico ótimo na cidade, sem a lógica excludente de tratar áreas de proteção ambiental como "santuários", que beneficiam apenas as residências nobres próximas a elas.
Por sua vez, a prática da agricultura familiar urbana nas comunidades carentes também pode ajudar a diminuir a tragédia, especialmente ao gerar um cinturão protetor aos remanescentes florestais dos morros. Inibindo a ocupação em áreas de risco e recuperando encostas com cobertura vegetal.
Como ainda, propiciar uma boa fonte alternativa de emprego e renda. À medida que as famílias tivesse mais recursos, tenderão inclusive a não se sujeitar a moradias em situação de risco.
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