por Almir Cezar
A Revolução Russa não foi apenas liderada por Lênin e Trotsky. Como sabe boa parte da vanguarda socialista, ao lado deles havia toda uma série de importantes militantes revolucionários que participaram, e que ainda escreveram suas experiências e sua visão sobre o capitalismo, a transição da sociedade russa ao socialismo, as formas de mundializar a revolução, o combate às opressões, a questão cultural, etc. Não eram apenas intelectuais - militantes sindicais, jornalistas, artistas e advogados formavam o Partido Bolchevique. Entre esses, encontramos um economista, Eugeni Preobrazhensky (1886-1937), pai da planificação soviética, um dos pioneiros nos estudos marxistas do subdesenvolvimento e da transição econômica ao socialismo, e parceiro de Trotsky na luta contra a burocratização da URSS, com importantes lições aos marxistas de hoje.
Entretanto, apesar disso, sem nenhuma dificuldade, podemos apontar que diferentemente de outros pensadores, escritores e dirigentes políticos desde nomes como Lênin, Trotsky, Bukharin, Zinoviev, Kamenev até Lunacharski, Maiacovski, Kollontai, Sverdlov, Gorki Riazanov ou Pashukanis, o nome de Preobrazhensky raramente aparece entre os marxistas na hora de recuperar o pensamento dessa revolução que deu início à trilha vermelha que marcou o século XX, inclusive entre os trotskistas (em detrimento de nomes menos importantes na época ou mesmo que foram inimigos de Trotsky). Os marxistas de tradição trotskista, com raras exceções, têm dado pouca importância aos materiais deste autor o mesmo fazendo, infelizmente, com outros membros soviéticos da Oposição de Esquerda [1].
Cabe aqui, exclusivamente, restaurar, com poucas palavras, aos olhos dos trotskistas contemporâneos, especialmente dos morenistas (até porque o revolucionário trotskista Nahuel Moreno o utilizou para atualizar o trotskismo nos anos 1980 [2]), esse brilhante intelectual marxista, dirigente partidário e administrador socialista. Deve-se, por um lado, apontar os necessários aportes que seu pensamento permite para encararmos a luta socialista no século XXI e, por outro, enfrentar as polêmicas na Economia Política com os apologistas do sistema burguês e/ou com os reformistas revisionistas do marxismo. Cabe, também, por fim, homenagear a luta da Oposição de Esquerda, antecessora do movimento trotskista internacional, que findou há 86 anos (1927).