SIS 2010: Mulheres mais escolarizadas são mães mais tarde e têm menos filhos
Embora abaixo do nível de  reposição da população, que seria de dois filhos em média por mulher, a  taxa de fecundidade média das brasileiras (1,94 filho por mulher em  2009) apresenta importantes desigualdades sobretudo em função da  escolaridade. No país como um todo, as mulheres com até 7 anos de estudo  tinham, em média, 3,19 filhos, quase o dobro do número de filhos (1,68)  daquelas com 8 anos ou mais de estudo (ao menos o ensino fundamental  completo). Além de terem menos filhos, a mulheres com mais instrução  eram mães um pouco mais tarde (com 27,8 anos, frente a 25,2 anos para as  com até 7 anos de estudo) e evitavam mais a gravidez na adolescência:  entre as mulheres com menos de 7 anos de estudo, o grupo etário de 15 a  19 anos concentrava 20,3% das mães, enquanto entre as mulheres com 8  anos ou mais de estudo, a mesma faixa etária respondia por 13,3% da  fecundidade. 
Esse é um dos destaques da Síntese de Indicadores  Sociais (SIS) 2010, que busca fazer uma análise das condições de vida  no país, tendo como principal fonte de informações a Pesquisa Nacional  por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, entre outras, e aborda, neste  ano, dez temas. 
Ainda sobre mulheres, a SIS mostra que, mesmo  mais escolarizadas que os homens, o rendimento médio delas continua  inferior ao deles (as mulheres ocupadas ganham em média 70,7% do que  recebem os homens), situação que se agrava quando ambos têm 12 anos ou  mais de estudo (nesse caso, o rendimento delas é 58% do deles). As  mulheres trabalham em média menos horas semanais (36,5) que os homens  (43,9), mas, em compensação, mesmo ocupadas fora de casa, ainda são as  principais responsáveis pelos afazeres domésticos, dedicando em média 22  horas por semana a essas atividades contra 9,5 horas dos homens  ocupados.
Em relação à educação, a SIS mostra evolução  entre 1999 e 2009, com aumento, por exemplo, do percentual de pessoas  que frequentam instituições de ensino em todas as faixas etárias e todos  os níveis de escolaridade – embora o rendimento familiar per capita  ainda seja um fator de desigualdade no acesso à escola, sobretudo nos  níveis de ensino não obrigatórios (infantil, médio e superior). Apesar  da maior democratização no acesso ao sistema escolar, a adequação  idade/nível educacional ainda é um desafio, principalmente na faixa de  15 a 17 anos de idade, em que só 50,9% dos estudantes estão no grau  adequado (ensino médio).
Quando se comparam os indicadores educacionais  para brancos, pretos e pardos, também se percebe uma redução das  desigualdades entre os grupos, mas, no que diz respeito à média de anos  de estudo e à presença de jovens no ensino superior, em 2009 os pretos e  pardos ainda não haviam atingido os indicadores que os brancos já  apresentavam em 1999. Além disso, no ano passado, as taxas de  analfabetismo para as pessoas de cor ou raça preta (13,3%) e parda  (13,4%) eram mais que o dobro da taxa dos brancos (5,9%).
A maior longevidade da população leva a um  aumento da participação dos idosos (mais de 60 anos de idade) na  população, de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009. Embora a grande maioria  desses idosos (64,1%) seja a pessoa de referência no domicílio em que  vivem e 77,4% deles afirmem ter doenças, 32,5% não tinham nem cadastro  no Programa de Saúde da Família nem plano de saúde particular.
Leia a seguir mais detalhes sobre as principais  informações da Síntese de Indicadores Sociais 2010.
País tem 94,8 homens para cada 100 mulheres
Em 2009, havia 94,8 homens no país para cada 100  mulheres. É a chamada razão de sexo, que vem declinando devido à  mortalidade masculina mais alta. Entre as regiões metropolitanas, a  menor razão de sexo estava em Recife (85 homens para cada cem mulheres) e  a maior, em Curitiba (94,6).
A participação das crianças e adolescentes de até 19  anos de idade na população caiu de 40,1% em 1999 para 32,8% em 2009. Já a  população com 70 anos ou mais de idade aumentou sua proporção de 3,9%  (6,4 milhões de pessoas) em 1999 para 5,1% em 2009 (9,7 milhões).
A proporção de pessoas em idade potencialmente  inativa (de 0 a 14 anos e de 65 anos ou mais) em relação a 100 pessoas  disponíveis para atividades econômicas (entre 15 e 64 anos) era, em  2009, de 47,2%. As menores razões estavam em Santa Catarina (39,9%) e no  Distrito Federal (40,0%), e a maior, no Acre (61,5%).
Em 2009, a esperança média de vida ao nascer no  Brasil era de 73,1 anos. Entre 1999 e 2009, esse indicador cresceu 3,1  anos, com as mulheres em situação mais favorável que os homens (de 73,9  para 77 anos, para elas, e de 66,3 para 69,4 anos, para eles). Em 2009, a  diferença entre a maior esperança de vida do sexo feminino, 79,6 anos  (Distrito Federal), e a menor do sexo masculino, 63,7 anos (Alagoas),  era de quase 16 anos a favor das mulheres.
A taxa de mortalidade infantil (número de óbitos por  cada mil nascidos vivos – ‰) no Brasil declinou de 31,7‰ para 22,5‰,  entre 1999 e 2009. O Rio Grande do Sul tinha a menor taxa de mortalidade  infantil em 2009 (12,7‰) e Alagoas (46,40‰), a mais elevada.
Fecundidade varia com escolaridade, cor ou  raça e região de residência das mulheres
Em 2009, a taxa de fecundidade total (número médio de  filhos que uma mulher teria ao final do seu período fértil) foi de  1,94. Esse valor resulta de um declínio da fecundidade na sociedade  brasileira, nas últimas décadas. Rio de Janeiro (1,63) e Minas Gerais  (1,67) tinham em 2009 as menores taxas; Acre (2,96) e Amapá (2,87), as  maiores. Este declínio da fecundidade vem ocorrendo nas últimas décadas  em todas as regiões e em todos os grupos sociais, independentemente da  renda, cor e nível.
A escolaridade é um dos condicionantes do  comportamento da fecundidade feminina. Para o país como um todo, as  mulheres com até 7 anos de estudo tinham, em média, 3,19 filhos,  enquanto o número de filhos das mulheres com 8 anos ou mais de estudo  era 1,68. Comparando os valores regionais extremos, a distância que  separa a fecundidade das mulheres menos instruídas da região Norte  (3,61) daquelas que possuem mais escolaridade no Sudeste (1,60) era de  2,01 filhos.
Entre as mulheres com menos de 7 anos de estudo, o  grupo de 20 a 24 anos de idade concentrava, em 2009, 37% da fecundidade  total, e o de 15 a 19 anos, 20,3%. Já entre as mulheres com 8 anos ou  mais de estudo, os grupos etários de 20 a 24 anos (25,0%) e de 25 a 29  anos (24,8%) concentravam, juntos, quase metade da fecundidade, e o  grupo entre 15 e 19 anos concentrava 13,3%. Entre as mulheres com menor  grau de instrução o padrão de fecundidade tende a ser mais jovem. Como  resultado, a idade média com que as mulheres têm filhos também se  diferenciava pela instrução: entre aquelas com menos de 7 anos de  estudo, a média era de 25,2 anos. Entre as que tinham 8 anos ou mais de  escolaridade, a idade média era 27,8, uma diferença de 2,6 anos.
Metade dos jovens de 15 a 17 anos está no  nível educacional adequado à sua idade
Em 2009, houve um crescimento expressivo da  frequencia ao pré-escolar das crianças de 0 de 5 anos de idade, visto  que o percentual das que frequentavam escolas ou creche atingiu 38,1%,  enquanto em 1999 era de 23,3%. Mesmo nas áreas rurais, onde a oferta de  estabelecimentos para essa faixa etária é mais reduzida, o crescimento  foi significativo, de 15,2% para 28,4% nesses dez anos. Na faixa de 6 a  14 anos, desde meados da década de 90, praticamente todas as crianças  frequentavam escola (94,2% em 1999 e 97,6% em 2009). 
A situação é menos favorável para adolescentes de 15 a  17 anos: em 2009, a taxa de frequência à escola alcançou 85,2%, mas a  taxa de escolarização líquida (percentual de pessoas que frequentavam a  escola no nível adequado à sua idade, ou seja o ensino médio) era de  50,9% (era de 32,7% em 1999). E ainda havia grande disparidade  territorial: Norte e Nordeste tinham, respectivamente, 39,1% e 39,2% de  jovens de 15 a 17 anos no nível médio, não chegando a atingir os 42,1%  que o Sudeste já tinha em 1999 (em 2009 eram 60,5%).
As desigualdades no rendimento familiar per  capita exercem grande influência na adequação idade/nível de ensino  frequentado: entre os 20% mais pobres da população, 32,0% dos  adolescentes de 15 a 17 estavam no ensino médio, enquanto que, nos 20%  mais ricos, essa situação se aplicava a 77,9%.
Em 2009, a média de anos de estudo das pessoas de 15  anos ou mais era 7,5 anos, inferior aos 8 anos necessários para a  conclusão do o ensino fundamental obrigatório. No Sudeste, a média  atingiu 8,2 anos; e, no Nordeste, 6,7. Para as pessoas de 25 anos ou  mais de idade, a média era de 7,1 de anos de estudo. Entre os 20% mais  ricos, a média alcançou 10,4 anos de estudo acima do nível obrigatório,  mas abaixo dos 11 anos equivalentes ao nível médio completo.
Número de jovens de 18 a 24 anos no ensino  superior passou de 22,1% a 48,1% em 10 anos
A população jovem de 18 a 24 anos de idade com 11  anos de estudo (ensino médio completo) representava 37,9% do total nessa  faixa etária, em 2009. As desigualdades regionais também eram  marcantes: no Sudeste, a proporção era de 44,0%; e no Nordeste, 31,8%.  Ainda entre os jovens de 18 a 24 anos de idade, 15,1% tinham 11 anos ou  mais de estudo, e, entre estes, 10,7% continuavam estudando.
A distribuição dos estudantes de 18 a 24 anos entre  os níveis educacionais revela avanços: em 1999, 24,8% deles ainda  estavam no ensino fundamental, contra 22,1% no ensino superior; em 2009,  esses percentuais foram para 8,3% e 48,1%, respectivamente.
Analfabetismo ainda se concentra entre  idosos, pessoas com menores rendimentos e residentes no NE 
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou  mais de idade baixou de 13,3% em 1999 para 9,7% em 2009. Em números  absolutos, o contingente era de 14,1 milhões de pessoas analfabetas.  Destas, 42,6% tinham mais de 60 anos, 52,2% residiam no Nordeste e 16,4%  viviam com ½ salário mínimo de renda familiar per capita.
Os maiores decréscimos no analfabetismo por grupos  etários entre 1999 a 2009 ocorreram na faixa dos 15 a 24 anos. Nesse  grupo, as mulheres eram mais alfabetizadas, mas os homens apresentaram  queda um pouco mais acentuada, passando de 13,5% para 6,3%, contra 6,9%  para 3,0% para as mulheres. 
Rendimento familiar é determinante no acesso  ao sistema educacional
As desigualdades estão diminuindo no que diz respeito  ao acesso ao sistema educacional, mas o nível do rendimento familiar  ainda é uma fonte de desigualdade importante, sobretudo nos ciclos de  ensino não obrigatórios. Entre 1999 e 2009, a educação infantil (0 a 5  anos de idade), foi o nível de ensino que mais cresceu em termos de  frequência (de 32,5% para 40,2%), mas, nessa faixa etária, apenas 30,9%  das mais pobres frequentavam creche ou pré-escola, com esse percentual  aumentando para 55,2% entre os 20% mais ricos. Na faixa dos 6 a 14 anos,  que corresponde ao ensino fundamental, o acesso à escola (97,8% em  média) era praticamente igual em todos os níveis de rendimento. Na faixa  de 15 a 17 anos (82,6% em média), a diferença entre os mais pobres  (81,0%) e os 20% mais ricos (93,9%) chegava a quase 13 pontos  percentuais. Para o grupo de 18 a 24 anos (31,3% em média), essa  diferença era de 26 pontos percentuais e, mesmo entre os 20% mais ricos,  metade dos jovens (49,6%) frequentava estabelecimento de ensino.
Entre as pessoas de 18 a 24 anos de idade, 14,7%  declararam somente estudar, 15,6% conciliavam trabalho e estudo, 46,7%  somente trabalhavam, 17,8% informaram realizar afazeres domésticos e  5,2% não realizavam nenhuma atividade. No grupo de 16 a 24 anos, 22,2%  recebiam até ½ salário mínimo no mercado de trabalho. No Nordeste, esse  percentual dobrava (43,5%). Além disso, 26,5% das pessoas nessa faixa  etária trabalhavam mais de 45 horas semanais.
Entre os jovens de 15 a 24 anos, quase 647 mil, o que  correspondia a 1,9%, eram analfabetos, e a maioria deles estava no  Nordeste (62%),vindo em seguida o Sudeste (19%).
62,6% dos domicílios urbanos têm  abastecimento de água, rede de esgoto e coleta de lixo
Em 2009, 19% dos domicílios urbanos brasileiros  abrigavam famílias cujo rendimento era de até ½ salário mínimo per  capita. No Norte (30,7%) e no Nordeste (36,3%), os percentuais  estavam muito acima da média nacional; na outra ponta estava o Sul  (10,9% nessa situação), seguido do Sudeste (12,2%) e do Centro-Oeste  (16,4%). A população de menor rendimento residia majoritariamente em  casas (96,6%). De uma forma geral, em 2009, 87,5% dos domicílios  brasileiros eram casas e 12,1% apartamentos. 
Em 2009, 62,6% dos domicílios brasileiros urbanos  eram atendidos, ao mesmo tempo, por rede de abastecimento de água, rede  coletora de esgoto e coleta de lixo direta – em 1999, eram 57,2%. Entre  aqueles com rendimento médio de até ½ salário mínimo per capita,  o percentual não chegava à metade (41,3%) e subia para 77,5% entre os  domicílios com mais de dois salários mínimos de rendimento domiciliar per  capita. 
No Norte, 13,7% dos domicílios urbanos tinham acesso  aos três serviços simultâneos de saneamento e, nos domicílios mais  pobres, esse percentual não chegava a 10%. No Nordeste, o percentual  médio ficava em 37% (27,9% para a faixa de rendimento de até ½ salário  mínimo per capita). No Sudeste estavam as melhores condições,  com uma média de 85,1% dos domicílios nessas condições.
No Brasil, em 2009, 21,1% dos domicílios tinham  simultaneamente energia elétrica, telefone fixo, Internet, computador,  geladeira, TV em cores e máquina de lavar (em 2004, eram 12,0%). Na  região Norte, 7,5% se enquadravam nesse critério, enquanto no Sudeste a  proporção era de 27,8%; no Sul, de 27,1%; no Centro-Oeste, de 17,6%; e  no Nordeste, de 8,1%. Entre as unidades da federação, o Distrito Federal  tinha 40,3% dos domicílios nessa situação, seguido, com uma diferença  de quase dez pontos percentuais, por São Paulo (31,9%). No outro extremo  estavam Maranhão (3,7%), Piauí (5,7%) e Tocantins (5,8%).
10% dos alunos da educação básica não têm  água filtrada para beber na escola
Em 2009, quase 60% das crianças de até 14 anos (46,3  milhões) residiam em domicílios em que pelo menos um serviço de  saneamento (água, esgoto ou lixo) não era adequado. Cerca 5 milhões de  crianças (10,9% do total de 0 a 14 anos) moravam em domicílios onde  essas três formas de saneamento eram inadequadas simultaneamente,  percentual que chegava a 19,2% entre as crianças nordestinas. 
Dados do Censo Escolar do Ministério da Educação  (MEC) mostram que entre os alunos da educação básica, 40% estudavam em  escolas sem esgotamento sanitário por rede pública; 14% dos alunos  estudavam em escolas sem abastecimento de água por rede pública; 9% dos  alunos estudavam em escolas sem coleta de lixo; e 10% dos alunos (5,2  milhões) não tinham acesso a água filtrada para beber no local de  estudo. 
Desigualdades de rendimento familiar mostram  redução
O número médio de pessoas na família caiu de 3,4 em  1999 para 3,1 em 2009, sendo 4,2 entre as famílias com rendimento mensal  per capita de até ½ salário mínimo. Observa-se, nesses dez  anos, um aumento relativo na proporção de casais sem filhos (de 13,3%  para 17,1%) e uma redução de casais com filhos (de 55% para 47,3%). As  mulheres sem cônjuge e com filhos representavam 17,4% em 2009, sem  alteração significativa na década.
A razão entre a renda familiar per capita  dos 20% mais ricos e a dos 20% mais pobres mostra tendência de redução  nas desigualdades. Em 2001, os 20% mais ricos recebiam em média 24,3  vezes mais que os 20% mais pobres, e essa relação caiu para 17,8 em  2009. Entre 1999 e 2009, houve aumento da participação no rendimento  familiar das chamadas “outras fontes” de rendimento (que inclui os  programas de transferência de renda e rendimentos de juros, aluguéis,  dividendos entre outros), para as famílias com rendimento familiar per  capita de até 1/4 de salário mínimo. Para estas, os rendimentos de  “outras fontes” representavam 28,0% do total do rendimento familiar em  2009, contra 4,4% em 1999. Para o total de famílias, as “outras fontes”  representavam 5,0% do rendimento familiar em 2009, 76,2% correspondiam a  rendimento do trabalho e 18,8% a rendimentos de aposentadoria e pensão.  
Taxas de analfabetismo de pretos e pardos são  mais que o dobro da de brancos
De 1999 a 2009, houve um crescimento da proporção das  pessoas que se declaravam pretas (de 5,4% para 6,9%) ou pardas (de 40%  para 44,2%), que agora em conjunto representam 51,1% da população. A  situação de desigualdade por cor ou raça, porém, persiste.
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou  mais de idade era de 13,3% para a população de cor preta, de 13,4% para  os pardos contra 5,9% dos brancos. Outro indicador importante é o  analfabetismo funcional (pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos  de quatro anos completos de estudo), que diminuiu de 29,4% em 1999 para  20,3% em 2009. Essa taxa, que para os brancos era de 15%, continua alta  para pretos (25,4%) e pardos (25,7%). 
A população branca de 15 anos ou mais tinha, em  média, 8,4 anos de estudo em 2009, enquanto entre pretos e pardos, a  média era 6,7 anos. Os patamares são superiores aos de 1999 para todos  os grupos, mas o nível atingido tanto pelos pretos quanto pelos pardos  ainda é inferior ao patamar de brancos em 1999 (7 anos de estudos). 
Em 2009, 62,6% dos estudantes brancos de 18 a 24 anos  cursavam o nível superior (adequado à idade), contra 28,2% de pretos e  31,8% de pardos. Em 1999 eram 33,4% entre os brancos contra 7,5% entre  os pretos e 8% entre os pardos. Em relação à população de 25 anos ou  mais com ensino superior concluído, houve crescimento na proporção de  pretos (2,3% em 1999 para 4,7% em 2009) e pardos de (2,3% para 5,3%). No  mesmo período, o percentual de brancos com diploma passou de 9,8% para  15%.
Rendimento-hora de pretos e pardos é menor do  que dos brancos
O rendimento de pretos ou pardos continuam inferiores  aos de brancos, embora a diferença tenha diminuído nos últimos dez  anos. O rendimento-hora de pretos e de pardos representava  respectivamente 47% e 49,6% do rendimento-hora dos brancos em 1999,  passando a 57,4% para cada um dos dois grupos em 2009. Os percentuais de  rendimentos-hora de pretos e pardos em relação ao dos brancos, em 2009,  eram, respectivamente, de 78,7% e 72,1% para a faixa até 4 anos de  estudo, de 78,4% e 73% para 5 a 8 anos, de 72,6% e 75,8% para 9 a 11  anos, e de 69,8% e 73,8% para 12 anos ou mais. 
Comparando-se o Índice de Gini para o rendimento  mensal familiar per capita, verifica-se diminuição na  desigualdade em proporção similar para brancos (de 0,572 para 0,537),  pretos (de 0,502 para 0,471) e pardos (de 0,531 para 0,497). O índice  vai de zero a um: quanto maior, mais desigual.
A desigualdade entre brancos, pretos e pardos se  exprime também quando se observa o número de pessoas por posição na  ocupação. Entre as pessoas ocupadas de 10 anos ou mais de idade, em  2009, eram empregadores 6,1% dos brancos contra 1,7% dos pretos e 2,8%  dos pardos. Ao mesmo tempo, pretos e pardos eram, em maior proporção,  empregados sem carteira (17,4% e 18,9%, respectivamente, contra 13,8% de  brancos) e a maior parte dos empregados domésticos com carteira  assinada (3,9% e 2,3% contra 1,9%) e sem carteira (8,3% e 6,8% contra  4,1%).
Trabalho informal prevalece entre mulheres  jovens e idosas
O percentual de mulheres no mercado de trabalho  formal (que têm carteira assinada, incluindo domésticas, militares e  funcionárias públicas estatutárias, são empregadoras ou trabalhadoras  por conta própria que contribuíam para a previdência social) subiu de  41,5%, em 1999, para 48,8% no ano passado. Entre os homens, houve um  incremento de 45,9% para 53,2%. No mesmo período, a participação  feminina na categoria empregado com carteira assinada passou de 24,2%  para 30,3%. A participação das trabalhadoras não remuneradas, que  trabalham na produção para o próprio consumo ou que exercem atividades  na construção para o próprio uso, por sua vez, caiu de 18,7% para 11,6%.
Entre as jovens de 16 a 24 anos, 69,2% das ocupadas  estavam em trabalhos informais. A taxa era mais elevada entre as  mulheres de 60 anos ou mais: 82,2%. As diferenças eram ainda mais  expressivas na comparação regional: no Sudeste, 57,2% das mulheres  jovens estavam inseridas em trabalhos informais no Nordeste chegava a  90,5%.
No que tange à cor ou raça, a inserção das mulheres  também se dava de forma diferenciada. Entre as de cor branca, cerca de  44,0% estavam na informalidade; percentual que era de 54,1% entre as  pretas e de 60,0% entre as pardas. A maior diferença na taxa de  formalidade entre as mulheres, segundo sua cor ou raça, ocorreu na  região Norte, onde 55,9% das brancas estavam no mercado informal contra  67,1% das pretas e 68,3% das pardas. A menor diferença era a do Sul,  cujos percentuais eram de 44,2% para brancas, 43,4% para pretas e 50,5%  para pardas.
Entre os mais escolarizados, mulheres ganham  58% do que recebem os homens
Mesmo com maior escolaridade, as mulheres têm  rendimento médio inferior ao dos homens. Em 2009, o total de mulheres  ocupadas recebia cerca de 70,7% do rendimento médio dos homens ocupados.  No mercado formal essa razão chegava a 74,6%, enquanto no mercado  informal o diferencial era maior, e as mulheres recebiam 63,2% do  rendimento médio dos homens.
A diferença era ainda maior entre os mais  escolarizados: as mulheres com 12 anos ou mais de estudo recebiam, em  média, 58% do rendimento dos homens com esse mesmo nível de instrução.  Nas outras faixas de escolaridade, a razão era um pouco mais alta (61%).  Entre 1999 e 2009, as disparidades pouco se reduziram.
O trabalho doméstico é um nicho ocupacional feminino  por excelência, no qual 93% dos trabalhadores são mulheres. Em 2009, 55%  delas tinham entre 25 e 44 anos, e a porcentagem de pardas era de  49,6%. Um percentual expressivo de trabalhadoras domésticas (72,8%) não  possuía carteira de trabalho assinada; a média de anos de estudo era de  6,1, e o rendimento médio ficava na ordem de R$395,20.
Enquanto, em 2009, as mulheres trabalhavam em média  36,5 horas (em todos os trabalhos) semanais, para os homens a carga era  de 43,9 horas. Nos trabalhos informais, a média caía a 30,7 horas para  as mulheres e a 40,8 horas para os homens. Já nas ocupações formais,  tanto para as mulheres (40,7 horas) quanto para os homens (44,8), a  média de horas trabalhadas era maior que as 40 horas semanais.
Quando se analisa a média de horas trabalhadas por  grupos de escolaridade tanto os homens quanto as mulheres com 9 a 11  anos de estudos trabalham mais do que os seus pares nos demais grupos.  As mulheres com escolaridade mais baixa trabalham menos do que aquelas  com mais de 12 anos de estudo, enquanto o inverso ocorre para os homens:  aqueles com maior escolaridade trabalhavam menos do que os outros.
Apesar do aumento da taxa de atividade das mulheres,  essas permanecem como as principais responsáveis pelas atividades  domésticas e cuidados com os filhos e demais familiares. No Brasil, a  média de horas gastas pelas mulheres a partir dos 16 anos de idade em  afazeres domésticos é mais do que o dobro da média de horas dos homens.  Em 2009, enquanto as mulheres de 16 anos ou mais de idade ocupadas  gastavam em média 22,0 horas em afazeres domésticos, os homens nessas  mesmas condições gastavam, em média, 9,5 horas.
A questão dos afazeres domésticos vista pela  escolaridade mostra que as mulheres ocupadas com 12 anos ou mais de  estudo passavam menos tempo se dedicando aos afazeres domésticos (17,0  horas semanais), quando comparadas às mulheres com até 8 anos de estudo  (25,3 horas semanais).
Em 2009, 41 mil mulheres relataram ter sido  vítimas de violência
A Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM)  registrou, em 2009, por sua Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180),  quase 41 mil relatos de violência contra a mulher, o que representou  10,2% dos atendimentos, que incluem pedidos de informação, prestação de  serviços, reclamações, sugestões e elogios. Do total de relatos de  violência, cerca de 22 mil (53,9%) referiam-se à violência física e mais  de 13 mil (33,2%) relatavam violência psicológica, enquanto 576 (1,4%)  eram casos de violência sexual.
Vale destacar que, no Brasil, dos 5.565 municípios  existentes, apenas 274 contam com atendimento judicial especializado na  questão de violência doméstica e familiar contra a mulher. O maior  número deles está no estado de São Paulo, com 41 municípios que contam  com este serviço, seguido de Minas Gerais, com 26. Distrito Federal e  Amapá não oferecem esse tipo de vara especializada. O número de  município com delegacia de polícia especializada no atendimento à mulher  é um pouco mais alto, 397 em todo o país, sendo 120 no estado de São  Paulo e 49 em Minas Gerais. Roraima tem este tipo de unidade de  segurança em apenas um município.
22,6% das pessoas com 60 anos ou mais  declaram não ter doenças e 45,5% consideram seu estado de saúde bom ou  muito bom
Em 2009, havia cerca de 21 milhões de idosos no país  e, entre 1999 e 2009, o percentual das pessoas com 60 anos ou mais de  idade no conjunto da população passou de 9,1% para 11,3%. Nessa faixa  etária, as mulheres eram maioria (55,8%), bem como os brancos (55,4%).  Entre os idosos, 64,1% eram a pessoa de referência no domicílio, pouco  menos de 12% tinham renda domiciliar per capita de até ½  salário mínimo, 30,7% tinham menos de um ano de instrução e 66% já  estavam aposentados.
De acordo com o Suplemento de Saúde da PNAD 2008,  apenas 22,6% dos idosos declararam não ter doenças. Entre aqueles com 75  anos ou mais, este percentual caiu para 19,7%. Quase metade (48,9%) dos  idosos sofria de mais de uma doença crônica, e, no subgrupo a partir de  75 anos, o percentual atingia 54%. A hipertensão foi a enfermidade que  mais se destacou, com proporções em torno de 50%. Dores na coluna e  artrite ou reumatismo atingiram respectivamente 35,1% e 24,2% das  pessoas de 60 anos ou mais.
Enquanto 77,4% dos idosos declararam sofrer de  doenças crônicas, 45,5% afirmaram que seu estado de saúde era “muito  bom” ou “bom”. Apenas 12,6% disseram ter a saúde “ruim” ou “muito ruim”,  e, entre estes últimos, destacaram-se aqueles com 75 anos ou mais, os  pretos ou pardos e os que viviam com renda familiar de até ½ salário  mínimo per capita.
O percentual de idosos que não conseguiam ou tinham  grande dificuldade em caminhar 100 metros passou de 12,2% (2003) para  13,6% (2008). Esse aumento pode ser explicado pela elevação da esperança  de vida (entre aqueles com 75 anos ou mais, o percentual dos que  declararam dificuldade ou incapacidade era de 27,2%). Como as mulheres  são maioria neste grupo, 15,9% das mulheres declararam ter dificuldade  de caminhar 100 metros, contra 10,9% dos homens.
Ainda segundo o suplemento da PNAD 2008, 32,5% dos  idosos não tinham seu domicílio cadastrado no Programa Saúde da Família  nem tinham plano de saúde particular. Essa situação de desproteção era  um pouco menor a partir da faixa de rendimento domiciliar per capita  de 2 salários mínimos ou mais, quando o percentual era de 19,7%. No Rio  de Janeiro, que tem a proporção de idosos mais elevada do país, quase  metade (49,1%) dos idosos vivia sob tais condições.
IBGE -Comunicação Social, 17 de setembro  de 2010
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