http://marx21.com/2011/05/17/a-industria-no-brasil-especializacao-precoce-e-em-produtos-de-baixo-valor-agregado/
Os  8 anos de FHC e os 8 anos do governo Lula deixaram marcas negativas  profundas na economia brasileira. A primeira delas foi que o sistema  produtivo brasileiro se concentrou ainda mais em produtos de baixo valor  agregado, como produtos agrícolas e minerais. A produção de itens com  alto valor agregado vem perdendo espaço paulatinamente. O que salvou o  governo Lula foi o incrível aumento dos preços e do volume exportado  destas commodities de baixo valor, o que explica os saldos comerciais  positivos apesar da piora estrutural da produção doméstica. A segunda  marca negativa é que o Brasil passou da fase de diversificação para a  fase da concentração industrial muito antes do que seria o ideal. Ao  contrário dos países industrializados e ao contrário dos países  asiáticos, o Brasil deixou de diversificar o seu parque industrial em  níveis de renda per capita muito baixos para o padrão internacional.  Desta forma, a economia brasileira apresenta duas fraquezas estruturais  que se complementam perigosamente: a especialização precoce e a especialização em produtos de baixo valor agregado.  Os efeitos potencialmente negativos ainda não se concretizaram por  conta da forte demanda chinesa pelos produtos de baixo valor que o  Brasil exporta. O saldo comercial positivo do governo Lula esteve muito  mais associado a efeitos exógenos à economia brasileira do que aos  ganhos de produtividade da indústria doméstica.
A Indústria no Brasil: Especialização Precoce e em Produtos
de Baixo Valor Agregado
Estes resultados foram calculados pela pesquisadora Laura Carvalho, e o estudo completo encontra-se aqui. Além das análises empíricas, destaca-se também o resultado teórico de que o desenvolvimento econômico precede a especialização comercial. Tal resultado foi originalmente apresentado por Imbs e Wacziarg (2003) na American Economic Review,  e representou um duro golpe contra as teorias canônicas do comércio  internacional. Os modelos de David Ricardo e de Heckscher-Ohlin previam  que o desenvolvimento ocorreria como resultado da especialização dos  países no comércio internacional. Imbs e Wacziarg mostraram que  historicamente ocorreu o contrário: os países industrializados se  desenvolveram via diversificação industrial, e somente começaram a se  especializar após ultrapassarem altos níveis de renda per capita. A especialização comercial não é causadora do desenvolvimento. O  caso brasileiro é preocupante porque a indústria nacional começou a  especializar-se em níveis muito baixos de desenvolvimento econômico. A  indústria no Brasil se especializa quando deveria estar diversificando. E  se especializa justamente em produtos de baixo valor agregado.
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