terça-feira, 26 de outubro de 2010

Lições da França: juventude em luta com a reforma da previdência

Lições da França

Uma das coisas que mais incomodam os defensores dos avanços sobre os direitos previdenciários no Brasil em relação às manifestações na França é a presença da juventude. O estranhamento com a forte participação dos jovens no protesto só é compreensível para os que consideram que a batalha nas ruas francesas se dá apenas em torno do aumento em dois anos da idade para aposentadoria.

Com o desemprego batendo em dois dígitos, os jovens percebem que a ampliação do tempo em que seus pais serão obrigados a trabalhar significará a impossibilidade de encontrarem vagas suficientes quando se formarem. Além disso, o ataque à Previdência se dá pouco depois de o Governo Sarkozy torrar bilhões de euros no salvamento de bancos da falência.

A lição que vem das ruas da França é que a redução dos direitos previdenciários é apenas parte de um ataque mais geral ao Estado de Bem-estar Social, duramente conquistado pelos europeus, e que, sim, haverá resistência.

Leia a seguir manifesto de apoio ao movimento estudantil francês assinado pela ANEL, entidade estudantil nacional brasileira filiada a CSP Conlutas.

***

Estudantes brasileiros apóiam as mobilizações dos estudantes e trabalhadores na França


No dia 12 de outubro 3,5 milhões de pessoas saíram às ruas em mobilização na França. As diversas manifestações que tomaram todo o país exigiam o fim da reforma da Previdência do governo Sarkozy, que tem imposto duros ataques aos trabalhadores e jovens franceses diante das conseqüências da crise econômica na Europa. O projeto de Reforma de Sarkozy tem como central o atraso do tempo mínimo para as aposentadorias que com as sistemáticas crises, o aumento do desemprego e da informalidade aumenta na prática a idade da aposentadoria de 60 para 67 anos.


Diante desses ataques, a mesma efervescência de luta da juventude francesa que em 2005 derrubou o projeto de lei que flexibilizava as contratações de jovens (Lei do Primeiro Emprego) se expressou na atual luta dos trabalhadores franceses com a adesão de milhares de estudantes. Nessa última quinta-feira as mobilizações estudantis tomaram o território Francês, paralisando cerca de 600 instituições de ensino, entre escolas e universidades, enfrentando inclusive a repressão policial. A luta estudantil tem colocado em cheque não só os projetos de reforma do governo Sarkozy mas também tem apontado a importante perspectiva da defesa dos direitos a partir da luta lado a lado com os trabalhadores.


Nesse dia 19, terça-feira e sexto dia da greve geral, os estudantes deram mais um exemplo de ousadia, resistência e rebeldia. Já passam de 850 escolas paralisadas e as manifestações tem se radicalizado ainda mais. Diante dessa situação, a saída de Sarkozy foi apelar para a repressão policial para tentar calar os estudantes: Lyon e Nanterre, periferia de Paris, foi foco da mais brutal repressão contra os manifestantes.


Frente à crise, os governos de todo o mundo tem imposto aos trabalhadores e a juventude duros ataque aos direitos sociais, salários e empregos, sempre em favor dos lucros das empresas e dos poderosos. Porém, a resistência que temos visto por parte dos trabalhadores europeus, e agora em evidência com a luta dos estudantes franceses, mostra que a mobilização é o único caminho para derrotar esses governos e impor uma saída para a crise sob a ótica da classe trabalhadora e da juventude.


Nesse sentido, a ANEL se solidariza com os milhares de estudantes franceses que tem ido as ruas com ousadia se enfrentar com os ataques de Sarkozy e exigir seus direitos ao lado dos trabalhadores. Convidamos os estudantes brasileiros a apoiarem o conjunto das mobilizações francesas que seguem sacudindo a França repudiando qualquer ação do governo e dos patrões de se utilizar da repressão para conter o movimento.


Os trabalhadores e a juventude não pagarão pela Crise! Viva a luta do povo francês!


ANEL (ASSEMBLEIA NACIONAL DOS ESTUDANTES - LIVRE!)


anelivre@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário