terça-feira, 31 de maio de 2011

Bancando rentistas Brasil é o BRIC que menos investe e mais cobra imposto

Gastança com juro faz Brasil ser o BRIC que menos investe e mais cobra imposto para bancar rentistas

O fraco desempenho econômico do Brasil se comparado aos demais integrantes do grupo dos principais emergentes (Bric) - Brasil, Rússia, Índia e China. Em base a dados oficiais, o Brasil é o lanterna na relação investimento e exportações em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Enquanto no Brasil o investimento patina em torno dos 18% do PIB, no México esse índice sobe para 22% e na China bate em 50%. Na Índia e na Rússia o patamar estava, em 2010, na faixa dos 40% e 25%, respectivamente. 

Por outro lado, na comparação da carga tributária sobre o PIB, o Brasil sobe para a primeira posição. Enquanto o governo brasileiro arrecada 35% de tudo o que é produzido no país, na China esse índice cai para 21%, semelhante ao da Índia. E o México tem carga tributária de 18 pontos percentuais inferior à brasileira. Vale lembrar que nos últimos anos, o Orçamento Geral da União quase 50% das despesas é de Encargos Financeiros e de Refinanciamento da Dívida.

O desempenho se deve à submissão do país ao caráter especulativo e rentista de nosso padrão de expansão capitalista. Tal padrão impõe um modelo econômico que privilegia o ajuste fiscal, em detrimento do investimento e até do gasto corrente sadio, que qualifica e remunera condignamente os servidores públicos. Por sua vez, não se deveria segurar investimento, pois ele amplia a capacidade produtiva. Já o corte no custeio do orçamento público, dependendo da forma que é feito, é também estupidez. E ainda, em muitos aspectos da economia, o país ainda não recuperou o patamar da década de 90, tida como perdida.

domingo, 29 de maio de 2011

O Equilíbrio Capitalista: Ciclo, Desenvolvimento e Revolução segundo LeónTrotski

por Almir Cezar Filho

Nos últimos dois anos a crise econômica mundial surgida pelo estouro da bolha imobiliária estadunidense lembrou ao mundo que o Capitalismo sempre viveu imerso (ou sob a ameaça de) a recorrentes crises. Por sua vez, todos aqueles que sonham e luta contra esse regime social de produção sabem que nessas circunstâncias de fragilidade este fica mais vulnerável a questionamentos e ataques. Contudo, a superação do Capitalismo segundo o marxismo se faz no sentido de edificar a sociedade socialista e através da revolução proletária. Contudo, apesar dessa compreensão, um contingente de marxistas estabelece uma vinculação equivocada entre a crise e a revolução.

Esta compreensão gera, com certeza, distintas caracterizações sobre o momento histórico em que vivemos. Ainda mais, à medida que, apesar da conjuntura internacional ser de franca instabilidade, o cenário brasileiro aparentemente caminha no sentido oposto. Apesar de sabermos que em algum momento essas trajetórias se convergirão, fica aberto, por um lado, saber se a situação brasileira seria propicia a revolução ou não, e por outro lado, se as circunstâncias existentes atualmente no plano internacional abriram à perspectiva da revolução pelo mundo.

O revolucionário Leon Trotski sempre expressou a questão sobre a estabilidade e o equilíbrio dinâmico do Capitalismo e o papel dialética da crise e da revolução na dinâmica do desenvolvimento econômico e social desse. Em seus textos, particularmente nos anos subsequentes ao ano de 1921, momento em que parecia que o Capitalismo estava recuperando-se da I Grande Guerra e da vaga revolucionária do pós-guerra, ali ele exprime sua preocupação entre os rumos do Capitalismo Mundial e a reação dialética entre luta de casses, ciclos industriais e possibilidades de longo prazo do desenvolvimento capitalista. Os textos dão uma compreensão distinta do que a militância socialista costuma supor entre a natureza da crise capitalista, a reação entre crise e boom, crise e revolução e o próprio papel da luta e organização proletária como deflagradora das crises (na trajetória inversa que o socialismo vulgar sempre supõe ser).

sábado, 28 de maio de 2011

Dilma cortou R$50 Bi mas dá para os banqueiros R$41Bi

Dilma que cortou mais de R$50 bilhões da economia com o ajuste fiscal do Orçamento 2011, já desviou em menos de 6 meses R$41 Bi em juros para pagamentos aos banqueiros. Recursos tirados da economia para gastança é 68% maior que em 2010.

Dilma já desviou R$ 41 bi para juros
Monitor Mercantil, 26/05/2011


Para Beatriz, país deveria seguir a Índia

DINHEIRO TIRADO DA ECONOMIA PARA GASTANÇA É 68% MAIOR QUE EM 2010

Até abril, o governo já desviou R$ 41,479 bilhões da economia para gastar com pagamento de juros da dívida interna. A quantia, que supera 81% a meta estabelecida, equivale a 3,29% do PIB e representa mais 68% sobre o mesmo período de 2010, quando o superávit primário desviara 2,2% do PIB, ou R$ 24,733 bilhões. Somente em abril, ele atingiu R$ 15,588 bilhões.

A economista Beatriz David, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), destaca que o resultado foi obtido devido ao aumento de impostos e aos cortes radicais nas despesas.

"O governo não vai pagar precatórios este ano. A máquina pública funciona em ritmo lento e os impostos foram elevados", afirmou, acrescentando que o Brasil "ainda tem de fazer o dever de casa" se quiser ter autonomia para sair das políticas econômicas restritivas.

Para Beatriz, o país deveria se espelhar na Índia, que, segundo ela, está livre para crescer a taxas superiores a 7% ao ano porque o desempenho de sua economia está vinculado aos ganhos de produtividade e à era do conhecimento. E ressaltou que a taxa de investimento da Índia é o dobro da brasileira, pouco superior a 18% do PIB.

"Os dois países se equivaliam nos anos 70, já que são ricos em recursos naturais e tinham Estado forte. Mas a Índia não aceitou fazer uma abertura econômica indiscriminada. Ao contrário, investiu muito em infra-estrutura e comunicação."

E destaca que o caminho escolhido pela Índia é mais consistente até que o da China. "A era dos call centers já passou, pois eles foram para o Paquistão. E a classe média indiana é do tamanho da população do Brasil", diz a economista da Uerj, lembrando também que "a Índia tem bomba atômica".

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Frase da semana: "A Economia e a Revolução"

"A Economia e a Revolução"

Infelizmente, os economistas só lembram da revolução na época da crise, no desespero
Infelizmente, os revolucionários só lembram da economia na época da crise, na esperança
Infelizmente, a crise é quando as preocupações dos economistas e dos revolucionários convergem.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gasto com juro faz dívida ultrapassar R$1,7

23/05/2011 - 22:05
GASTO COM JURO FAZ DÍVIDA PÚBLICA ULTRAPASSAR R$ 1,7 TRI


GASTO COM JURO FAZ DÍVIDA PÚBLICA ULTRAPASSAR R$ 1,7 TRI

Rumo aos R$ 2 tri!

Com dívida crescendo 2% ao mês, débito da União deve fechar 2011 em R$ 2 tri

Brasília - Em abril, a dívida pública federal aumentou 2,34%, ultrapassando a barreira de R$ 1,7 trilhão: R$ 1,73 trilhão. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional. Num cálculo conservador, a ser mantido o ritmo de 2% da dívida, até o fim do ano, ela deve alcançar os R$ 2 trilhões.

Ainda segundo o Tesouro, em abril, apenas a dívida interna cresceu 2,58%, para R$ 1,65 trilhão. A emissão de títulos da dívida superou o resgate em R$ 25,95 bilhões. Os juros tiveram forte impacto no aumento da dívida: R$ 15,62 bilhões.

Já a dívida externa teve seu estoque reduzido em 2,32% e encerrou abril em R$ 81,6 bilhões (US$ 51,85 bilhões). A parcela de títulos pré-fixados aumentou de 34,56% em março para 34,81% em abril.

A fatia dos títulos corrigidos pela inflação passou de 28,33% para 28,54%. E os papéis remunerados pela taxa básica de juros (Selic) reduziram sua participação de 32,34% para 32,13%.

Pagando os juros reais mais elevados do mundo, o governo vê sua dívida crescer mesmo quando não eleva os juros, pela simples capitalização de juros altos.

O aumento do endividamento da União reduziu a fatia dos investidores estrangeiros na dívida interna, de 11,38% em março para 11,29%. A queda ocorreu apesar de a participação deles crescer em valores absolutos, de R$ 183,31 milhões para R$ 186,60 milhões.

Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, a queda em termos percentuais ocorreu por os estrangeiros não elevarem sua fatia no mesmo ritmo do avanço da dívida pública total: "Foi o aumento no estoque da dívida que fez o percentual diminuir", afirmou, acrescentando que a presença dos estrangeiros tem oscilado ao redor de 11%, contra 11,47% em setembro, quando começou a cobrança do IOF.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Crise mundial, desenvolvimento capitalista e viradas na dinâmica de longo prazo - uma visão marxista

por Almir Cezar 
 (versão original no portal Diário Liberdade, em 26 Maio 2011)


A recente crise econômica mundial iniciada em 2008 trouxe sustos e muitas perguntas, inclusive reavivando velhas polêmicas na esquerda intelectual e na Economia não-burguesa. Essa crise econômica mundial surgida após o estouro da bolha imobiliária estadunidense lembrou ao mundo que o Capitalismo sempre viveu imerso (ou sob a ameaça de) a recorrentes crises ou instabilidade permanente. Contudo, essa instabilidade e suscetibilidade às crises para muitos analistas, mesmo marxistas e marxianos, apontariam suas raízes na financeirização, ou que engatilhada pela esfera financeira, em especial quando hipertrofiado no sistema. E assim, ficou a dúvida da dimensão, importância e duração da crise.

Principalmente, porque houve aqueles que defenderam, que por ser financeira, não contaminaria o "lado real". Para outros, não, porque passados décadas das grandes crises como a de 1929, haveria enfim mecanismos institucionais agindo preventivamente. Mas, mesmo aqueles que criticaram esse otimismo, embora ainda no campo analítico do "financismo", defendiam que a causa da crise residia na esfera financeira, inclusive porque provoca uma recessão devido ao sobre-endividamento dos consumidores. Para outros, ainda nessa perspectiva, também que sim, pois a crise demonstrara o irrealismo do neoliberalismo, com sua desregulamentação e financerização desenfreada.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

"Bolsa Juros" põe SP em 6º no Clube do Bi

Bilionários brasileiros, parte de um ‘país’ mais rico que o Uruguai. "Bolsa Juros" põe SP em 6º no Clube do Bi. Capital paulista supera Tóquio e Los Angeles em número de bilionário, segundo a revista Forbes. Vale lembrar que, uma parte dos rendas desses bilionários advêm de rendimentos financeiros, o que explicaria essa desproporção de tantos bilionários no Brasil em comparação aos países mais ricos.

"Bolsa Juros" põe SP em 6º no Clube do Bi
Monitor Mercantil, 21/05/2011

Capital paulista supera Tóquio e Los Angeles em número de bilionários
Com o Brasil praticando os juros mais altos do mundo, São Paulo já é a sexta cidade com mais bilionários no mundo, superando lugares como Tóquio e Los Angeles, segundo a revista Forbes. Segundo o levantamento, São Paulo tem 21 bilionários (como Antônio Ermírio de Moraes e Abilio Diniz), que, juntos, acumulam patrimônio de US$ 85 bilhões - mais do dobro de todos os bens e serviços produzidos no Uruguai no ano passado, por exemplo.

Pelos critérios da revista, o Rio de Janeiro aparece a seguir, com três (entre eles Eike Batista, o mais rico do país), e Londres abriga dois bilionários brasileiros.

Em 2010, São Paulo tinha 14 bilionários no ranking, com fortuna somada de US$ 58 bilhões. Apesar do crescimento de 45% no patrimônio de 2010 para cá, a cidade não é a líder na América Latina nesse critério.

Mesmo com 12 bilionários menos que São Paulo, as pessoas mais ricas da Cidade do México detêm US$ 122 bilhões - mais da metade do total nas mãos de Carlos Slim, o homem mais rico do mundo (US$ 74 bilhões).

Rio, Santiago e Buenos Aires estão bem atrás das duas cidades. No total, 30 brasileiros são listados pela Forbes, 12 a mais que em 2010, com patrimônio de US$ 131 bilhões.

Apesar de Estados Unidos e China serem os países com maior número de bilionários, é a russa Moscou que lidera: 79 pessoas com pelo menos US$ 1 bilhão, 20 a mais que Nova York, segunda colocada. O patrimônio dos bilionários russos foi alavancado este ano pela valorização das commodities (como petróleo e gás natural), parte importante do seu portfólio.

Mesmo que muitos desses russos passem boa parte do ano em Nova York ou Londres (como Roman Abramovich, dono do clube de futebol Chelsea), a Forbes disse ter usado o critério da "residência primária" - a regra vale para todos os bilionários.

domingo, 22 de maio de 2011

PIB travado, inflação não. Emprego é afetado

Planejamento prevê crescimento menor do PIB e inflação mais alta. Mantega festeja trava no crescimento. Crescimento menor já afeta emprego. Arrecadação e emprego acompanham o ritmo da economia. Alta do desemprego atingirá mais os pobres.

Governo já admite PIB menor
Monitor Mercantil, 20/05/2011
Brasília - Com a economia desacelerando, o governo já reduziu, de 5% para 4,5%, a previsão de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2011. A informação foi divulgada pelo Ministério do Planejamento. Em março, a estimativa do Banco Central (BC) para já fora reduzida para 4%.

Já a previsão do governo para a inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passou de 5% para 5,7%.

O ministério lembrou que o número está dentro da meta de inflação, de 2,5% a 6,5%. O governo também reviu a previsão para a taxa básica de juros (Selic),. de 11,58% para 11,74% ao ano.

O ministério também alterou a projeção para a taxa de câmbio para este ano. O relatório informou que ele, passou de R$ 1,70 para R$ 1,61.

Em relação ao preço médio do petróleo, o governo espera, agora, aumento de US$ 98,34 para R$ 103,31. Já a expectativa para a massa salarial é de que passe de 10,96% para 11,71%.

Mantega festeja trava no crescimento
Monitor Mercantil, 20/05/2011
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que a expansão da economia brasileira está lenta e que novas ações para esfriá-la não devem ser necessárias. "As medidas surtiram efeito e acredito que não sejam necessárias outras medidas", afirmou.

Segundo o ministro, a economia "caminha para um patamar mais moderado de crescimento e de crédito". O que, na sua avaliação, é resultado das ações iniciadas em dezembro para conter o consumo.

Durante reunião com empresários do comércio, Mantega ouviu que as vendas já desaceleraram em abril e maio. O Índice Antecedente de Vendas está 1,5% mais baixo do que o do mesmo período do ano passado. "Os varejistas estão comprando um pouco menos porque estão vendendo um pouco menos", diz Fernando de Castro, presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo.

O ministro afirmou também que o real só deverá se desvalorizar quando houver uma mudança na política monetária internacional. "Enquanto não houver uma mudança da política monetária dos Estados Unidos e da União Européia, que ainda estão emitindo muito dinheiro, expandindo muito o crédito, nós teremos alguma pressão (cambial), que governo brasileiro vai procurar controlar", disse Mantega.

Planejamento prevê crescimento menor do PIB e inflação mais alta
Agência Brasil, 20/05/2011
O governo reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano de 5% para 4,5% e elevou a estimativa de inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 5% para 5,7%. As novas projeções constam do segundo relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do governo, divulgado Ministério do Planejamento.

O relatório também mostra que o governo estimou a elevação do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), de 6,28% para 7,01%.O IGP-DI é o balisador dos reajustes de aluguéis e preços públicos controlados, como energia elétrica e telefonia.Foi mantido o esforço fiscal, divulgado nas avaliações de fevereiro e março, de R$ 50,1 bilhões em relação ao volume total de gastos aprovado pelo Congresso Nacional para 2011.

Os técnicos também reduziram a estimativa para a taxa de câmbio média, que passou de R$ 1,70 para R$ 1,61. A projeção para a evolução da massa salarial passou de 10,96% para 11,71%. O salário mínimo utilizado no cálculo é o vigente, de R$ 545.

O ministério também passou a trabalhar com a hipótese de petróleo mais caro. A estimativa para o preço médio do barril subiu de US$ 98,34 para US$ 103,31.

Para a taxa básica de juros (Selic) média, a projeção passou de 11,58% ao ano para 11,74%.

Crescimento menor já afeta emprego
Monitor Mercantil, 19/05/2011
Barreto: arrecadação acompanha o ritmo da economia
ALTA DO DESEMPREGO VAI ATINGIR MAIS OS POBRES. ARRECADAÇAO CRESCE MENOS
O desemprego no Brasil vai crescer lentamente por causa do desaquecimento da economia. A advertência é do Boletim Macro, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas apresentado no Rio.

Segundo o Ibre, os trabalhadores menos qualificados vão ser os mais atingidos pelo menor crescimento.

Apesar da queda do desemprego, de 7,6% em março de 2010 para 6,5% em março passado, o economista Rodrigo Leandro de Moura prevê que essa trajetória se inverta, baseado em dados que mostram aumento do desemprego em setores, como a indústria.

"Boa parte dessa taxa de desemprego mais baixa está sendo movida pela geração de empregos no setor de serviços, como construção civil e comércio. Na indústria, a gente vê que o fluxo está contrário, demitindo mais. Ainda gera emprego, mas cada vez menos. Existe previsão de investimento menor no setor industrial, que deve fazer a taxa subir", destacou.

Para ele, a geração de vagas no setor de serviços ainda vai se manter, principalmente, em função da renda média do trabalhador, que continuaria crescendo."

O Ibre corrobora a análise de que a maior parte das novas vagas está destinada aos trabalhadores com pelo menos ensino secundário e, principalmente, superior. Os abaixo disso quase não conseguem emprego.

Além de afetar o emprego, a trava no crescimento já faz a arrecadação crescer menos. O secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, disse que o desempenho da arrecadação de impostos e contribuições federais tem refletido o nível da atividade.

Em janeiro, a alta ficou em 15,34%; em fevereiro, em 13,01% e, em março, em 11,96%, em relação aos mesmos períodos de 2010. E, em janeiro, o índice teve forte influência do pagamento antecipado do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).

Em abril, a arrecadação ficou em R$ 85,155 bilhões, em novo recorde para o mês e 10,34% mais sobre o mesmo período de 2010. No ano, o crescimento soma 11,51%.

sábado, 21 de maio de 2011

Para aliviar ricos, taxação se concentra no consumo e na produção

Para aliviar ricos, taxação no Brasil se concentra no consumo e na produção. A prevalência dos impostos sobre o consumo pune também os mais pobres.O governo segue a recomendação do Banco Mundial para as políticas sociais: recursos dirigidos para grupos mais vulneráveis, em detrimento das políticas universais, e manutenção do pagamento da dívida.

Só 20% dos impostos vêm da renda
Monitor Mercantil, 19/05/2011

A carga tributária brasileira é alta e o sistema fiscal do país pune o setor produtivo, ao tributar fortemente o valor adicionado. A afirmação é do secretário estadual da Fazenda do Estado de São Paulo, Andrea Calabi.

Durante palestra no seminário "Reforma Tributária", ele explicou que, na maior parte dos países, em especial os desenvolvidos, a incidência de impostos sobre a renda é a mais representativa. Em alguns casos, chega a 50% da carga tributária. Já no Brasil, essa proporção é muito baixa, em torno de 20%, o que provoca efeito danoso sobre o setor produtivo.

A prevalência dos impostos sobre o consumo pune também os mais pobres. No entanto, o Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea) divulgou estudo afirmando que a ação do Estado na arrecadação e no gasto social tem importante impacto distributivo, em que se destacam positivamente a Previdência Social do regime geral (INSS), a Educação e a Saúde públicas, além da assistência social.

"Apesar da regressividade na arrecadação tributária, o Estado tem procurado compensar essa deficiência com a redistribuição de recursos públicos para as camadas da população que mais pagam impostos, especialmente nos últimos anos", diz o Ipea.

O economista Paulo Passarinho, do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon-RJ), porém, observa que essas políticas não mudam a injusta estrutura dos impostos no Brasil. "O governo segue a recomendação do Banco Mundial para as políticas sociais: recursos dirigidos para grupos mais vulneráveis, em detrimento das políticas universais, e manutenção do pagamento da dívida."

Para ele, o modelo aumenta a exclusão social. "Se 65% da população economicamente ativa ganham até um salário mínimo, onde está a classe média que o governo exalta? Pobre é quem tem renda média per capta em torno de R$ 550. Mas o governo diz que quem ganha R$ 200 per capta é classe média", ironiza.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

80 anos de "O Declínio do Capitalismo" de Preobrazhenski

por Almir Cezar 

'The Decline of Capitalism': capa
da edição em língua inglesa
traduzida por Richard B. Day
Em 2011 completa-se 80 anos da publicação de um clássico da literatura econômica de tradição marxista. Trata-se do jubileu do livro O Declínio do Capitalismo, do economista bolchevique e pai do planejamento soviético Evgueni Preobrazhensky. A relevância da obra a moderna Teoria Econômica e ao Marxismo deve-se que ao estudar as causas e as formas que se dão a crise no sistema capitalista, Preobrazhensky, ao mesmo tempo que antecedendo, conseguiu desenvolver uma explicação sobre flutuações e ciclos econômicos em termos de princípio da demanda efetiva - sem cair nos problemas teóricos que explicações do sistema de pensamento macroeconômico kaleckiano-keynesiano que tantos autores marxistas criticam.

Em suas várias obras ao longo dos anos 1920, Preobrazhenski incorporou metodologicamente em suas análises os esquemas de reprodução capitalista - desenvolvidos ainda por Marx como modelo matemáticos  para explicar o funcionamento da acumulação e circulação do capital entre setores da economia - porém, introduz nos modelos os ciclos industriais, a economia artesanal, o oligopólio, a economia mista contemporânea formado pelo desenvolvimento capitalista tardio. Assim, conseguiu observar no modelo, simultaneamente, as possibilidades de desequilíbrio inter-setorial e de crise de realização, como também, a manifestação da tendência de longo prazo à queda da taxa de lucro e identificar a causa primária das crise na contradição crescente no desenvolvimento do caráter social das forças produtivas e das formas privadas das relações de produção.

Sempre em base as elaborações apresentadas por Karl Marx no próprio O Capital sobre as causas da crise capitalista e suas formas de manifestação, procurou analisar as tendências recorrentes, cíclicas, crônicas e crescentes de crise do sistema capitalista. Identifica e entende o porquê do caráter progressivamente mais crítico que ganha essa sistema à medida que avança no capitalismo a configuração monopolística. A Crise de 1929 portanto não seria uma "crise final" ou "terminal" do capitalismo, mas uma das sua várias cíclicas crises. Muito embora, ele também destaca de que era uma das mais severas pelo que o sistema passava, senão a mais severa até então.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Brasília tem museu virtual

Dica cultural web: Brasília ganha um museu virtual sobre Brasília
A capital federal ganha no dia 16 de maio, o Museu Virtual de Brasília, projeto-piloto de website de um museu vitual sobre a cidade de Brasília, com versões em português, inglês e espanhol (ainda em construção). O lançamento é parte das comemorações da 9ª Semana Nacional de Museus. O projeto é fruto de uma pesquisa de mestrado realizada no Centro de Excelência em Turismo da UnB, e apresenta contribuições conceituais, teóricas e aplicadas dos campos da museologia e do turismo. O endereço do museu virtual é www.museuvirtualbrasilia.org.br.

A história, a arquitetura e as manifestações culturais que fazem da capital brasileira uma cidade única foram compiladas em arquivos digitais e deram vida ao Museu Virtual de Brasília. Idealizado em dissertação de mestrado apresentada no Centro de Excelência em Turismo (CET) da Universidade de Brasília, o espaço será lançado oficialmente nesta segunda-feira, às 19h. Conectados à rede em qualquer parte do planeta, internautas poderão conferir fotos, vídeos, imagens em 360 graus e roteiros com atrações da cidade. O museu já pode ser visitado no endereço www.museuvirtualbrasilia.org.br.

“Queremos divulgar Brasília, na internet, na sua condição de patrimônio cultural da humanidade”, afirma Ariane Abrunhosa, autora da dissertação que foi o ponto de partida para o projeto piloto do museu. “A proposta é que o conteúdo apresentado sensibilize as pessoas a conhecerem a cidade de perto”, assegura. Ela ressalta que o espaço está em fase inicial e será ampliado gradualmente. “A partir do lançamento, começaremos uma nova etapa. O museu passa a ser de todos nós”.

Exposto em diferentes escalas, o conjunto urbanístico de Brasília é tratado além dos monumentos mais conhecidos. As áreas residenciais e bucólicas têm galerias especiais no Museu Virtual. O visitante pode perceber como a sociedade brasiliense está inserida nos espaços planejados. “Fiquei muito satisfeita porque o museu retrata a cidade na perspectiva da economia criativa, do turismo e da cultura. Sai um pouco da imagem política que temos”, avalia a diretora da Casa da Cultura da América Latina (CAL), Ana Queiroz. Vinculada ao Decanato de Extensão da universidade, a casa é um dos órgãos que viabilizaram a execução do projeto.

9ª Semana de MuseusO tema Museu Virtual de Brasília será parte da programação da 9ª Semana de Museus, na mesa “Preservação e Memória, além dos espaços museológicos tradicionais”, que ocorrerá dia 19, às 18h30m, no auditório da Casa da Cultura da América Latina da UnB. O projeto recebeu o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do DF e foi desenvolvido pela equipe do Instituto Viva Capital, em parceria com a Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília (UnB) e com o Arquivo Público do DF, que cedeu grande parte do material magnético.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Comunismo: É possível uma sociedade sem moeda, propriedade e Estado?

por Almir Cezar

Como vocês imaginam que seria a sociedade comunista? Como a sociedade funcionaria à medida que não haveria propriedade e Estado? Não haveria moeda? Como se fariam então as trocas sem um equivalente comum dentro de um complexo sistema econômico planificado? A planificação econômica ao molde do socialismo real ainda é o paradigma para uma transição socialista? A partir de algumas indicações de Marx e Engels e de outros grandes marxistas como Lenin ou Trotsky, e economistas marxistas como Oskar Lange e Evgeny Preobrazhensky podemos tecer alguns previsões como funcionária a economia comunista, isto é, quando o Estado, a propriedade privada e a moeda desaparecem.

O Comunismo

Numa sociedade comunista não haveria trocas, portanto até a moeda seria dispensável. As pessoas receberiam produtos e serviços de acordo com suas necessidades e ofereceriam seu trabalho segundo suas possibilidades. A alocação de produtos, força de trabalho e fatores produtivos seria realizada de maneira planejada e democrática. Em razão do avanço da ciência, das técnicas e das forças produtivas, a produção seria controlada por sistemas computadorizados em tempo real e o trabalho pesado, perigoso e monótono seria efetuado por robôs. Não haverá a necessidade de técnicos e especialistas e também de operários e trabalhadores domésticos. Haverá a fusão entre trabalho manual e intelectual.

Mas antes de se pensar nesse "Comunismo: Fase superior do Socialismo", é verdade que se tem muito a avançar numa teoria da transição e numa práxis de transição que leve a esse ponto de sofisticação, pois para a nossa realidade essas mediações ainda fazem parte apenas do nosso imaginário, tanto que em qualquer socialismo real - não digo, o soviético, chinês ou cubano -, mas num futuro que possa carregar melhoras em relação a esses, creio que será ainda fundamental o papel do intermediário de troca, pelo menos por um tempo. É claro que nas fases socialistas de transição ao Comunismo ainda haveria o domínio do reino das necessidades e da lei do valor devido aos vestígios do Capitalismo que ainda existiria até a conclusão dessa transição.

Entenda como a taxa Selic afeta a sua vida


Por Fabiana Piasentin | Guia do Bolso – sex, 13 de mai de 2011


O que é
A Selic é a taxa básica usada como referência pela política monetária brasileira. É a média de juros que o governo paga por empréstimos tomados dos bancos. Quando a Selic cai, as intituições financeiras são impulsionadas a emprestarem dinheiro ao consumidor para conseguirem um lucro maior. Quando ocorre o contrário, a Selic aumenta, os bancos preferem emprestar ao governo, que paga bem e oferece mais garantias. Assim, haverá menos dinheiro disponível e o crédito oferecido às pessoas físicas ficará mais caro.

Impacto na economia
A medida funciona como um mecanismo utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. A Selic é considerada a taxa básica porque é usada em operações entre bancos e, por isso, tem influência sobre as outras taxas de juros usadas no país: cheque especial, crediário, cartões de crédito e poupança, por exemplo.

E para o consumidor

terça-feira, 17 de maio de 2011

EUA e UE à beira da crise de dívida

EUA e UE à beira da crise da dívida. "Nebulosas" são as perspectivas de crescimento - a médio prazo - da Grécia, Irlanda e Portugal, três países integrantes da Zona do Euro que recorreram ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em busca de apoio. A profunda queda em 2009 esgotou as forças fiscais dos Estados da Europa e as reservas de capital de seus bancos, as quais não retornaram, ainda, a níveis fisiológicos de endividamento.

Por sua vez, o governo norte-americano alcançou nesta segunda-feira o limite legal de endividamento, de US$ 14,3 trilhões. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, disse que o governo terá de suspender temporariamente investimentos em dois fundos de pensão públicos para evitar ultrapassar o teto.Mês passado, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) rebaixou a perspectiva para a dívida dos EUA de "estável" para "negativa".

FMI adverte para a expansão da crise de dívida na Europa
Monitor Mercantil,16/05/2011 - Laura Britt, Sucursal da União Européia


Perspectivas de crescimento da Grécia, Irlanda e Portugal são nebulosas

Zurique - "Nebulosas" são as perspectivas de crescimento - a médio prazo - da Grécia, Irlanda e Portugal, três países integrantes da Zona do Euro que recorreram ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em busca de apoio. Contudo, com as medidas já adotadas, a adequação dos três países tornou-se mais suave, destaca o organismo internacional em seu relatório semestral sobre a economia européia.

"O ritmo de crescimento da Europa - incluindo Rússia, Ucrânia e Turquia - em 2,4% foi superior ao esperado ano passado, com a perspectiva de permanecer neste percentual em 2011 e atingir 2,6% em 2012", destaca-se no relatório do FMI.

A profunda queda em 2009 esgotou as forças fiscais dos Estados da Europa e as reservas de capital de seus bancos, as quais não retornaram, ainda, a níveis fisiológicos de endividamento. O ritmo de crescimento dos Estados integrantes da Zona do Euro conformou-se em 1,7% ano passado, e espera-se que atingirá 1,6% neste ano e 1,8% em 2012.

Na categoria dos Estados "disciplinados" integram-se Alemanha e Suécia, "por terem evitado" os grandes déficits em seus balanços de contas correntes, assim como a elevada dívida pública e as bolhas nos mercados de imóveis, apresentando ano passado ritmos de crescimento de 3,5% e 5,5%, respectivamente.

Neste ano, a atividade econômica da Alemanha, avalia-se, será aquecida em 2,5%, e 2,1% em 2012, enquanto a sueca evoluirá em 3,8% e 3,5%, respectivamente. Na França, o crescimento evoluirá em ritmos de 1,6% e 1,8% neste ano e ano que vem, respectivamente.

Na categoria dos países "indisciplinados" incluem-se tanto Grécia, Irlanda e Portugal, quanto outros países economicamente "fortes". Mas "enquanto os problemas de dívida limitam-se a poucas e relativamente pequenas economias, as quais, desempenham papel insignificante sobre as exportações dos demais mercados europeus, o desempenho total das economias da Europa com prioridade o crescimento permanece forte", avalia o relatório do FMI.

Os bancos
Positivas, em grau reduzido, avaliações para crescimento projetam-se para economias que atravessaram profundas crises nos mercados de imóveis. A economia espanhola, avalia-se, evoluirá em ritmo de crescimento de 0,8% neste ano e 1,6% ano que vem, após contração de 0,1% ano passado.

Na Grã-Bretanha, a atividade econômica registrará expansão de 1,7% neste ano e 2,3% ano que vem. Já para a Europa emergente, o relatório do FMI sustenta que retira-se da profunda crise de 2008-2009, com avaliações para crescimento em 4,3% em 2011-2012, após 4,5% ano passado.

Contudo, o relatório do FMI destaca uma diversificação nos desempenhos das economias, com Polônia, Rússia, Bielorússia, Ucrânia e Moldávia evoluindo com desempenhos superiores em relação ao Sudeste Europeu.

Referência especial é registrada sobre o entrelaçamento do setor bancário com os problemas fiscais dos países-integrantes situados na periferia da Zona do Euro. O relatório do FMI atribui destacada importância ao crítico papel que desempenham os testes de estresse pelos quais o potencial de capital dos bancos é testado em uma série de cenários de agravamento do clima nas economias e nos mercados.

"A posterior reestruturação de capitais dos bancos é importante para se evitar um déficit na concessão de crédito, arriscando a recuperação da economia total. Os referidos testes de estresse proporcionam uma oportunidade para identificar os fracos bancos de uma forma transparente. Mas serão eficazes se forem apoiados por programas de saneamento e de recapitalização e reestruturação de suas atividades", destaca o relatório

EUA ficam outra vez à beira do limite
Monitor Mercantil, 16/05/2011


PRAZO PARA ELEVAR ENDIVIDAMENTO PÚBLICO ACIMA DE US$ 14 TRI EXPIROU

O governo norte-americano alcançou nesta segunda-feira o limite legal de endividamento, de US$ 14,3 trilhões. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, disse que o governo terá de suspender temporariamente investimentos em dois fundos de pensão públicos para evitar ultrapassar o teto.

Geithner reiterou ao Congresso o pedido para elevar o limite da dívida "o mais rapidamente possível". A renegociação do teto é comum e ocorre desde 1917, quando foi estabelecido um limite ao endividamento do país.

Para o economista Dércio Garcia Munhoz, ex-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), a questão é política. "Barack Obama (presidente dos EUA) ganhou popularidade após a morte de Bin Laden e o Partido Republicano, da oposição, quer minar o governo. Uma das maneiras é asfixiando via Orçamento", analisa Munhoz.

Ele, porém, pondera que o Orçamento já foi aprovado, em abril. "Duas decisões legais não podem estar em conflito. Os republicanos cederam, no último momento, e aprovaram o Orçamento. Agora não poderão evitar que esse orçamento seja cumprido", avalia.

Mês passado, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) rebaixou a perspectiva para a dívida dos EUA de "estável" para "negativa".

Para Munhoz, porém, a situação dos EUA não preocupa, porque, "ao contrário do Brasil, a política monetária não pressiona os gastos do governo", diz, acrescentando que, no Brasil, as contas externas fecham com capital de curto prazo, retirando autonomia do país sobre sua política monetária e fiscal. "Não é o caso dos EUA."

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Alemanha cresce à custa do resto da Zona do Euro

PIB da região com 17 países cresceu apenas 0,8%, número puxado pelo crescimento da Alemanha e França. A política monetária do BCE, comandada pelos banqueiros alemães, transfere as perdas da crise econômica mundial para seus parceiros na UE (sua semiperiferia). Enquanto isso, Portugal entra no "socorro" e a Grécia está às portas da moratória. Superendividamente da periféria da Zona Euro, com os sacrifícios de seus trabalhadores, é o combustível da recuperação da Alemanha.

A economia da Zona do Euro (17 países que usam a moeda) cresceu 0,8% no primeiro trimestre sobre os três últimos meses de 2010. Mas o resultado não é homogêneo. Mais uma vez há uma Europa que vai bem (Alemanha e seus vizinhos) e outra muito mal (países do Sul). Maior economia do bloco, a Alemanha foi a que mais cresceu: 1,5%. O país já recuperou tudo o que perdera desde a crise global de 2008. E deve crescer 2,6% em 2,6%. Fortes performances das economias da Alemanha e da França impulsionaram o crescimento da zona do euro para acima do esperado por analistas no primeiro trimestre. Os números enfatizaram também a diferença entre o desempenho dos países do bloco.

O Produto Interno Bruto (PIB) da região com 17 países cresceu 0,8% no primeiro trimestre sobre o quarto trimestre de 2010, informou a agência de estatísticas Eurostat nesta sexta-feira, impulsionado por uma alta de 1,5% da economia alemão e de 1% da francesa. Economistas previam para a zona do euro um avanço de 0,6%. Alemanha e França são responsáveis por quase metade do PIB do bloco. Ambos os países recuperaram-se após um desempenho bastante modesto no quarto trimestre, quando o clima frio abateu a produção. Analistas de instituções financeiras inclusive apontam que há uma boa chance de o crescimento do PIB da zona do euro alcançar 2% em 2011 pela primeira vez desde 2007. Em um relatório separado, a Comissão Européia previu que a zona do euro crescerá 1,6% neste ano, com inflação acima do teto do Banco Central Europeu (BCE), a 2,6%.

A Alemanha deve continuar sendo um dos motores. Assessor econômico do governo, Wolfgang Franz disse à TV alemã ARD que a economia do país pode se expandir 3% ou mais neste ano. Os analistas são um pouco menos otimistas sobre a França, dizendo que o primeiro trimestre provavelmente foi o pico do crescimento, já que os cortes do governo terão seus impactos na economia.

Comissão Européia: Portugal irá desacelerar 2,2% em 2011

Em outro extremo estão outros países da UE, especialmente os chamados PIIGS. A Comissão Européia previu que a economia de Portugal irá desacelerar 2,2% em 2011, acima da projeção anterior de contração de 1% feita no outono do ano passado - no Hemisfério Norte. Para 2012, a Comissão Européia espera contração de 1,8% da economia portuguesa, uma inversão de direção da expectativa do ano passado de expansão de 0,8%.

A dívida do governo deve atingir 102% do PIB este ano, segundo a comissão, e ampliar-se para 107% do PIB em 2012, resultando em um rápido aumento dos pagamentos de juro. Os vencimento relacionados a juro devem se tornar o item de gasto com o crescimento mais acelerado durante esses dois anos e um grande limite à rápida redução do déficit, disse a comissão.

"A prevista ampliação da deterioração das condições do mercado de trabalho, dos cortes significantes dos salários do setor público, a aceleração temporária dos preços ao consumidor após elevação do imposto de valor agregado e uma oferta limitada de crédito pelos bancos para as pessoas físicas, devem pesar fortemente sobre os cidadãos", disse a comissão no relatório de primavera. comissão estima que a taxa de desemprego chegará a 12,3% no ano que vem.

A comissão previu também que o déficit orçamentário de Portugal ficará em 5,9% do PIB este ano, 4,5% do PIB em 2012 e a 3% do PIB em 2013, as mesmas metas estabelecidas pelo pacote de ajuda da União Européia e do FMI.

Grécia às portas moratória
A agência de classificação financeira Standard & Poor"s (S&P) reduziu em dois graus a nota da Grécia, de "BB-" para "B". A empresa alegou que a mudança se deve á crescente probabilidade de o país reestruturar sua dívida. Ou seja, decretar que não pagará a íntegra da dívida, obrigando os investidores a dividirem as perdas com os gregos, que têm tido seus direitos sociais e trabalhistas retirados.

Embora as agências de risco enfrentem forte crise de legitimidade por sua atuação desastrosa antes da crise, a decisão deve ajudar a operar os mercados, obrigando a Grécia a pagar juros mais altos para rolar sua dívida. Na prática, ao encarecer o pagamento, também deixa o país mais perto da moratória.

A nota B significa risco especulativo, o que exclui a Grécia do grupo de países mais seguros para se investir. A agência advertiu que o país está sob perspectiva negativa e que novo rebaixamento pode ser anunciado.

Um ano depois de se submeter ao programa recessivo do FMI para receber um empréstimo do fundo e da União Européia (UE), a Grécia vê sua economia despencar, alimentando a percepção de que está cada vez mais perto da moratória.

"Na nossa visão, há grande risco de que a Grécia vai tomar ação para reestruturar os termos de sua dívida comercial, incluindo os títulos do governo previamente emitidos", disse a agência Reuters, acrescentando que os países da Zona do Euro, provavelmente, pedirão aos credores que estendam o prazo de pagamento, enquanto consideram reduzir as exigências do pacote imposto à Grécia.

Por sua vez, Grécia nega que vá abandonar o euro, porém apesar do desmentido, país estuda medida
com UE, bem como reestruturar dívida. O governo grego e a União Européia (UE) negaram que a Grécia considere deixar a Zona do Euro. A informação foi divulgada pelo site da revista alemã Der Spiegel, publicação ligada ao governo alemão. A troca seria uma forma de buscar um caminho alternativo à recessiva política exigida por UE e FMI para continuar a liberar o empréstimo para o país honrar a dívida com bancos dos Estados Unidos e da Europa. Contudo, o governo alemão é um dos que mais insistem para a Grécia reestruturar sua dívida, mas o governo grego resiste, porque isso implicaria convocar os investidores a participarem das perdas.

Cresce dívida pública e déficit de orçamento em todos os países
A Convenção de Maastricht foi jogada no lixo e foram superados seus limites máximos permitidos de dívida pública e de déficit de orçamento em toda Europa, tanto nos 27 países-membros da União Européia (UE), quanto nos 17 países integrantes da Zona do Euro. Esta é a conclusão final da análise dos dados, divulgada pela Agência Européia de Estatística da UE (Eurostat).

Embora o limite máximo de déficit de orçamento permitido pela Convenção de Maastricht seja 3% do Produto Interno Bruto (PIB), já atingiu - na média - nos 27 países-membros da UE, o percentual de 6,4%. É característico que 22 dos países-membros superam o limite máximo de 3% e somente em cinco dos demais países o déficit permanece abaixo do limite máximo estabelecido pela Convenção de Maastricht. Os cinco países são os três escandinavos (Suécia, Dinamarca e Finlândia), mais o riquíssimo Luxemburgo e, que surpresa, a Estônia. Também, a situação não é nada melhor nos 17 países integrantes da Zona do Euro. Sua média de déficit do orçamento atinge 6%. Também, neste caso, 14 dos países integrantes registram déficit superior a 3% e somente três (Finlândia, Luxemburgo e Estônia) registram déficit inferior a 3%.

O triste campeão do déficit é, novamente, a Irlanda, que decolou, atingindo 32,4% de seu PIB por causa da criminosa decisão de seu governo (já expulso) de estatizar as dívidas dos bancos privados, afundando a economia do país. O segundo lugar dividem a Grécia, com 10,5%, e (quem diria) a Grã-Bretanha, com 10,4%, a qual, segundo denúncia, por escrito, da Eurostat, manipulou seus fundamentos! Seguem, a curta distância, Espanha e Portugal, com 9,2% e 9,1% respectivamente, de seus PIBs; não muito distante encontra-se a França, com 7% de seu PIB.

Não prevalece portanto o limite de 60% do PIB definido pela Convenção de Maastricht limite máximo permitido para a dívida pública. Contudo, também aqui a situação continua se agravando comprovando - de fato - de que trata-se de um muito mais profundo problema estrutural de dimensões paneuropéias e, não só por causa dos gastos dos irresponsáveis e preguiçosos gregos e demais vagabundos povos mediterrâneos que, supostamente, "vivem às custas dos laboriosos trabalhadores alemães".

Supera o percentual de 85% do PIB a dívida pública dos 17 países integrantes da Zona do Euro. Somente cinco dos países integrantes registraram dívida pública abaixo de 60% de seus PIBs, enquanto os demais 12 superam o limite permitido. No total dos 27 membros da UE, a média de dívida pública atingiu 80% do PIB. A Grécia é a "campeã", registrando o percentual de 142,8% de seu PIB, seguida pela Itália, com 119%, a Bélgica, com 96,8%, e a Irlanda, com 96,2%.

Nos últimos dois anos e meio, mais especificamente a partir da quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008 e subsequente pacotes de resgate econômico empreendidos pelos EUA e seguidos por vários países inclusive os membros da União Européia, tem ficado evidente que a trilha fiscal de muitos países, mesmo de grandes potências são insustentáveis. A defasagem entre arrecadação e despesas a cada dia aumenta. Ou seja, o Estado vem se endividando cada vez mais, para dar cabo de custear suas despesas e rolar suas dívidas, numa espiral perigosíssima.

Esse é o dilema atual dos países: a alevação do débito público, seguindo-se a uma crise financeira, é um dos principais mecanismos pelo qual uma recuperação pode ser sustentada no curto prazo. Isso ocorre via espalhamento do tipo keynesiano do consumo entre economias e pela geração de renda por meio da redistribuição de recursos entre setores, pelo Estado, financiados a custas de empréstimos contra a arrecadação e crescimento futuros. Quanto maior o débito público, subentende-se um maior aumento futuro de impostos sob fortunas e renda, o que em contrapartida, prejudica a expansão econômica, dificultando consequentemente o próprio equilíbrio fiscal.

Se, por outro lado, surge um distúrbio maior no mercado de títulos, tudo pode piorar ainda mais. Pois os financistas começam a desconfiar da capacidade de pagamento ou mesmo especular,exigindo mais em cada rolagem de dívida, especialmente em países que detêm status junto a esses de "menos seguros" para posse de ativos, coisa que ocorre com os países da periféria da Zona Euro, e não com os gigantes Alemanha e França e os países europeus mais ao Norte.

O combustível do crescimento alemão é o superendividamento dos vizinhos
Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália, expostos a crise grega, além de República de Malta, República de Chipre, Eslovênia, Eslováquia e demais países "periféricos" do euro, a aderir ao euro, a moeda única, ficam impedidos em poder desvalorizar suas próprias moedas, tornando-se pouco competitivos, o que poderia alavancar as exportações obtendo os recursos e rendimentos necessários para reativar a economia e honrar compromissos externos e fiscais. Assim, a Alemanha, potencial principal alvo dessas exportações, consegue manter um saldo comercial positivo com seus vizinhos, numa megatransferência de excedente econômico. Além disso, os especuladores com medo de inverter recursos na periféria do euro, dirigem seus capitais aos ativos à Alemanha.

Para piorar a situação fiscal desses estados europeus, há uma pressão para elevar a taxa de juros por parte da Alemanha e países mais ao Norte, que veem a "necessidade" emergente de combate dentro da Zona Euro os reflexos da atual inflação mundial. Os superendividados países da periferia européia e de todos os países que tomam empréstimos pagando altas taxas de juros, pressionam contrariamente lembrando que as altas taxas de juros dificultarão, ainda mais, os esforços para gerenciar as dívidas. O Banco Central Europeu (BCE) manterá neste ano sua taxa de juro em 1% que debita para o refinanciamento dos bancos da Zona do Euro, e vigora desde maio de 2009, quando a Europa havia mergulhado na queda em consequência da crise internacional. Apesar disso, a tendência é que as taxas de juros serão novamente elevadas ainda neste ano.

A recente falência dos estados europeus com um superendividamento público após o socorro aos bancos tem um aliado. O maior responsável é a Alemanha - o Estado mais rico e poderoso da UE, e não menos com o maior sistema bancário privado - controla politicamente as instituições comunitárias da política monetária, especialmente o BCE, aplica sua receita aos países-irmãos mais pobres, a barbárie social - as reformas no mercado de trabalho, os aumentos dos impostos e o congelamento e cortes de salários no setor público estão incluídos nas mais sensíveis, sob o ponto de vista político - que estrangulam a economia e inibe o exercício de alguma política de crescimento. Política esta que constituiria o único caminho de saída da crise e da possibilidade de resgate das dívidas.

Falência da UE
A UE de hoje existe um predomínio da economia - e, acima, do sistema financeiro - sobre a política. Em outras palavras, um predomínio do Banco Central Europeu (BCE) e dos bancos alemães, embora não exclusivamente. Tem ocorrido paralisia da sonhada "Europa dos cidadãos e de uma Europa política" da social-democracia. Essa política do governo alemão apesar de levar ao suicídio das finanças públicas e mesmo do "projeto de unidade europeia", beneficia os capitalistas financistas, que tiveram severas perdas em 2008-2009, e são justamente a Alemanha e França onde são encontrados os mais poderosos. Esse é o mecanismo do neo-imperialismo do grande capital germânico: "passar pra frente" sua crise aos seus países-irmãos.

E por que outras burguesias não se levantam? Porque apesar dos prejuízos ao seu estado-nacional e do sacrifício aos trabalhadores de seus países, beneficiam-se da mesma maneira, mesmo que em menor grau. Assim, enquanto durar o controle dos capitalistas sobre a União Europeia essa situação prosseguirá. Os trabalhadores dos países da periféria da Zona Euro seguirão espoliados. Uma unidade européia de verdade só é possível sem os capitalistas a frente do poder.

Com informações: Monitor Mercantil online, Agência Reuters, Agência Estado

domingo, 15 de maio de 2011

Vídeo de hoje: A Servidão Moderna

O filme de domingo de hoje é um excelente documentário A Servidão Moderna, de 2009, uma co-produção França e Colômbia. O doc centra-se na questão estruturante das relações sociais contemporânea seria a "servidão moderna", um processo onde os indivíduos são explorados sem mesmo sentir-se explorados nem mesmo alienados, em suma, o "trabalho alienado".




Reprodução do DOCUMENTÁRIO:http://www.youtube.com/view_play_list?p=77EAE5CD253D9436



Ficha:


Servidão Moderna
"De la Servitude Moderne"
(França - Colômbia, 2009, 52min - Direção: Jean-François Brient)


Comentário do site oficial:
A servidão moderna é uma escravidão voluntária, consentida pela multidão de escravos que se arrastam pela face da terra. Eles mesmos compram as mercadorias que os escravizam cada vez mais.

Eles mesmos procuram um trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado, se demonstram estar suficientemente domados. Eles mesmos escolhem os mestres a quem deverão servir. Para que esta tragédia absurda possa ter lugar, foi necessário tirar desta classe a consciência de sua exploração e de sua alienação. Aí está a estranha modernidade da nossa época.

Contrariamente aos escravos da antiguidade, aos servos da Idade média e aos operários das primeiras revoluções industriais, estamos hoje em dia frente a uma classe totalmente escravizada, só que não sabe, ou melhor, não quer saber.

Eles ignoram o que deveria ser a única e legítima reação dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que se planejou para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça.

Créditos:
1- SITE OFICIAL:
http://www.delaservitudemoderne.org/
2- Legendas em português:
http://docverdade.blogspot.com/2010/01/da-servidao-moderna-de-la-servitude.html


Dica: descubra outros documetários com a temática do trabalho e assista online no blog Doc Verdade

sábado, 14 de maio de 2011

Moendo o peão para obter o lucro máximo

Moendo o peão para obter o lucro máximo
Monitor Mercantil,12/05/2011

Construção demite em massa para contratar com salário 7,5% menor

A rotatividade da mão-de- obra na construção civil reduziu em 7,5% o salário dos empregados do setor em 2010. Ano passado, o salário médio dos demitidos pelas construtoras era de R$ 968,33. Já o valor pago aos admitidos ficou em R$ 894,78. Os dados são de estudo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o setor, segundo a Agência Brasil.

Em 2010, cerca de 2,4 milhões de pessoas foram contratadas pelo setor. Entretanto, no mesmo período, 2,2 milhões foram demitidas.

Segundo o estudo do Dieese, a principal causa da rotatividade no setor é a diminuição dos gastos da empreiteira: "A rotatividade rebaixa o salário dos trabalhadores do setor", salienta o Dieese.

A busca das construtoras pelo lucro máximo agrava ainda mais a situação porque, como destaca o estudo, o processo produtivo do setor é baseado no contrato temporário ou na empreitada. Quando determinada fase da obra termina, o trabalho fica desempregado.

Apesar da alta rotatividade e da consequente redução nos salários, o levantamento mostra que cerca de um quarto das negociações salariais no setor resultou em aumentos reais, acima de 4%, em 2010.

Em 2008, apenas 4% dos acordos coletivos alcançaram esse resultado e, em 2009, nenhuma negociação atingira esse patamar.

O valor médio dos pisos salariais acordados em 2010, no entanto, é pouco superior ao salário mínimo: R$ 634. O maior piso salarial, de R$ 886, foi registrado apenas no Estado de São Paulo. O menor, de R$ 510, foi pago em Sergipe.

O estudo mostra ainda que como são precárias as relações de trabalho no setor. A principal reivindicação dos cerca de 160 mil operários que fizeram greve em 2010 foi o fim das condições degradantes de trabalho.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Negros são maioria na população e seus jovens são os que mais morrem por agressão

IPEA detalha demografia racial no Brasil. Negros serem maioria na população, e jovens estão mais presentes nas estatísticas de morte por agressão

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou na tarde da quinta-feira, dia 12, em Brasília - para coincidir com a véspera do 13 de maio, data que se comemora 123 anos da abolição da escravatura no Brasil -, o Comunicado IPEA nº 91 – Dinâmica Demográfica das População Negra Brasileira. O estudo faz um comparativo do comportamento demográfico das populações negra e branca.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Recorde na safra 2010/2011 mas país fica preso à reprimarização e ao juros altos

A ampliação das áreas plantadas com algodão, feijão, soja e arroz, aliada a condições climáticas favoráveis, deve fazer com que o país colha 159,5 milhões de toneladas na safra 2010/2011. O que seria excelente para o país, na verdade pode transforma-se em um grave problema. 

Desde os anos 1990, o peso das commodities nas exportações do país oscila ao redor dos 40%. Entre 2007 e 2010, porém, essa fatia saltou 10 pontos, para 51%. E o fenômeno não se deve apenas à valorização das commodities. A perda de participação do mercado do Brasil coincide com o aumento da participação das commodities na pauta, a partir de 2006 e se acentua depois da crise, entre 2008 e 2009.  Com o atual ciclo de valorização das commodities, o país conseguiu ampliar significativamente a presença no comércio mundial, mas não tem investido na diversificação do setor produtivo. Nos últimos três anos, a "primarização" da pauta de comércio do país não é apenas resultado de um desempenho excepcional das exportações brasileiras de commodities, mas também da perda de competitividade do país no comércio internacional em todos os outros grupos de produtos, especialmente os mais intensivos em tecnologia.

Por outro lado, a demanda interna gerada pelo aumento de 4% do consumo de bens manufaturados no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2010, foi atendida principalmente por produtos importados.

O país está atrelado ao modelo de abertura da economia que o mantém preso ao curto prazo. O governo desacelera a economia para reduzir as importações e depende do saldo comercial, cada vez mais vinculado às commodities, para fechar as contas externas. Para isso, porém, eleva juros, valorizando o câmbio, aumentando a capacidade de importar e acentuando a especialização em produtos primários.


Brasil deve ter novo recorde e colher quase 160 milhões de toneladas de grãos
Monitor Mercantil, 10/05/2011

Feijão apresentou aumento de área de 5%: 3,8 milhões de hectares; devendo ter uma produção de 3,8 milhões de toneladas

A ampliação das áreas plantadas com algodão, feijão, soja e arroz, aliada a condições climáticas favoráveis, deve fazer com que o país colha 159,5 milhões de toneladas na safra 2010/2011. O oitavo levantamento desta safra de grãos, divulgado hoje pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica que o recorde obtido na safra passada, de 149,2 milhões de toneladas, deve ser superado em 6,9%, ou 10,3 milhões de toneladas.

A área plantada com grãos foi ampliada nesta safra em 3,9%, ou 1,84 milhão de hectares (ha), abrangendo 49,3 milhões de ha. O destaque foi o algodão, que teve sua área aumentada em 65% (550,5 mil ha) em relação ao ciclo passado (835,7 mil ha). Por isso, a estimativa é uma colheita de 2 milhões de toneladas de pluma, um incremento de 843,7 mil toneladas.

O feijão apresentou aumento de área de 5%, alcançando 3,8 milhões de hectares, e deve ter uma produção de 3,8 milhões de toneladas, 14,3% a mais do que na safra passada. A soja cresceu 2,9% em área, com 24,1 milhões de hectares plantados e sua produção aumentou 7,2%, subindo para 73,6 milhões de toneladas, com sua colheita praticamente finalizada.

Com aumento de área de 3,7%, passando para 2,88 milhões de hectares, a produção de arroz deve crescer, segundo a Conab, 19,2%, chegando a 13,9 milhões de toneladas, 2,2 milhões de toneladas a mais do que na safra anterior.

A pesquisa foi feita entre 25 e 28 de abril por técnicos da Conab que consultaram representantes de cooperativas e sindicatos rurais, de órgãos públicos e privados nas regiões Sul, Sudeste, Centro-oeste e Nordeste, além de parte da Região Norte.

Safra de cana será de 642 milhões de toneladas
A produção nacional de cana-de-açúcar a ser moída pela indústria sucroalcooleira na safra 2011/2012 deve chegar a 642 milhões de toneladas. O número é recorde nacional e representa um aumento de 2,9% na produção total, em relação ao ciclo 2010/2011. O resultado faz parte do primeiro levantamento do ciclo, divulgado hoje também pela Conab.

O aumento da produção se deve, principalmente, ao crescimento de área e à produtividade dos canaviais das novas usinas, que entraram em operação nas últimas safras. Por outro lado, a produtividade média deve ser 1,8% menor que a da safra anterior, passando a 76,04 toneladas por hectare. O motivo é a estiagem nas áreas produtivas da região Centro-sul, de abril a novembro de 2010. Na maioria das usinas, houve atraso no início das atividades, devido aos fatores climáticos do ano anterior, que prejudicaram o desenvolvimento dos canaviais.

Do total de cana a ser esmagada, 51,89% (333,1 milhões toneladas) são destinados à produção de 27,01 bilhões de litros de etanol. Deste volume, 18,38 bilhões de litros são do tipo hidratado e 8,71 bilhões do anidro. Os 48,11% (308,9 mil toneladas) restantes vão para a produção de 40,94 milhões de toneladas de açúcar, bem acima da safra passada, quando foram produzidas 38,17 milhões de toneladas.

Com informações da Agência Brasil

Commodities já são 51% das exportações
Monitor Mercantil, 10/05/2011

BRASIL AMPLIA FATIA NO MERCADO, MAS CONCENTRADO EM PRODUTOS PRIMÁRIOS

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou estudo confirmando que, entre 2006 e 2009, o Brasil perdeu participação de mercado em todos os grupos de produtos, exceto commodities e petróleo.

Desde os anos 1990, o peso das commodities nas exportações do país oscila ao redor dos 40%. Entre 2007 e 2010, porém, essa fatia saltou 10 pontos, para 51%.

E o fenômeno não se deve apenas à valorização das commodities. Segundo os pesquisadores Fernanda De Negri e Gustavo Varela Alvarenga, a perda de participação do mercado do Brasil coincide com o aumento da participação das commodities na pauta, a partir de 2006 e se acentua depois da crise, entre 2008 e 2009.

Com o atual ciclo de valorização das commodities, o país conseguiu ampliar significativamente a presença no comércio mundial, mas não tem investido na diversificação do setor produtivo. "Ou seja, nos últimos três anos, a "primarização" da pauta de comércio do país não é apenas resultado de um desempenho excepcional das exportações brasileiras de commodities, mas também da perda de competitividade do país no comércio internacional em todos os outros grupos de produtos, especialmente os mais intensivos em tecnologia", diz o estudo.

Para o economista Paulo Passarinho, do Conselho Regional de Economia (Corecon-RJ), o país está atrelado ao modelo de abertura da economia que o mantém preso ao curto prazo. "O governo desacelera a economia para reduzir as importações e depende do saldo comercial, cada vez mais vinculado às commodities, para fechar as contas externas. Para isso, porém, eleva juros, valorizando o câmbio, aumentando a capacidade de importar e acentuando a especialização em produtos primários."



Importado absorve maior parte da alta do consumo
Monitor Mercantil, 09/05/2011

A demanda gerada pelo aumento de 4% do consumo de bens manufaturados no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2010, foi atendida principalmente por produtos importados.

Foi o que mostrou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao divulgar nesta segunda-feira os coeficientes de importação e exportação calculados para os três primeiros meses do ano.

Os coeficientes mostram que 64,1% da expansão do consumo foram atendidos por produtos importados e 35,9%, pela produção nacional. Em comparação com o crescimento do consumo, a produção nacional aumentou 2,3% e as importações, 12,9%.

"A indústria brasileira não está conseguido capturar o crescimento do consumo doméstico para o aumento da produção nacional, para o aumento do emprego nacional e expansão das nossas indústrias", analisou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca.

O coeficiente de importação teve alta de 1,7 ponto percentual no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2010, e chegou a 21,6%. Já o coeficiente de exportação, a parcela que o Brasil vende para o exterior em relação ao que a indústria produz, aumentou apenas 0,4 ponto percentual e ficou em 17,5%.

A elevação do índice de importações ocorreu em 26 dos 33 segmentos pesquisados. "É uma pena que esse pujante crescimento aparente no Brasil esteja se tornando mais benéfico para os estrangeiros do que para os brasileiros", reclamou Giannetti.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Privilégios e juros retiram 20 pontos do coletado pelo Estado

Apesar do tão falado supercarga fiscal sobre o contribuinte (35,2% do PIB), a renúncia fiscal para setores privilegiados e a gastança com juro retiram 20 pontos do total coletado pelo Estado, Sobram apenas 15% da arrecadação para os gastos públicos.

Descontadas as transferências (renúncia fiscal), assistência social e Previdência, ela cai de 35,2% do PIB, arrecadados em 2009, para 20,8%. E deste percentual deve-se deduzir ainda a despesa com os juros da dívida pública, atualmente cerca de 5,5%, restando apenas cerca de 15% do PIB para que o Estado preste serviços à população. No entanto, 56% da despesa com a previdência e assistência sociais voltam para os cofres públicos via arrecadação sobre o consumo. Pagando à Previdência estamos contribuindo para mais equidade social. Já os juros são um gasto improdutivo. E o Bolsa Família e demais programas sociais estimulam o consumo e a economia, o que não ocorre com os juros. Apesar disso, secretário Nelson Barbosa é contra taxar as grandes fortunas.

E apesar dessa carga tributária sobre a renda das famílias, somente a alta recente da taxa de juros "levará" ¼ valor do Bolsa Família da renda. Somente o gasto das famílias em quatro meses de 2011 já soma R$ 54 bilhões. Se não houver mais aumento da Selic até o fim do ano, as famílias vão torrar com juros o equivalente a todo o valor do Bolsa Família deste ano. E somente em 2010, o brasileiro gastou R$ 129,2 bilhões em juros, equivalente a 52 dias de consumo das famílias do país. Por sua vez, as empresas, as que mais reclamam da "grande carga tributária", também elevaram o desperdício com juros. Segundo a Fecomercio, as empresas torraram cerca de R$ 42,4 bilhões com juros de janeiro a abril.

Isso prova que a tão defendida reforma tributária é muito mais um "remédio" a procura de uma doença, do que um remédio necessário.


Sobram apenas 15% da arrecadação
Monitor Mercantil, 10/05/2011

RENÚNCIA FISCAL PARA SETORES PRIVILEGIADOS E GASTANÇA COM JURO RETIRAM 20 PONTOS DO TOTAL COLETADO PELO ESTADO

Independentemente do caminho a ser seguido pelo governo na questão, o economista Mauro Bruno, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), considera que, antes de ser pesada, a carga tributária no Brasil é injusta. Descontadas as transferências (renúncia fiscal), assistência social e Previdência, ela cai de 35,2% do PIB, arrecadados em 2009, para 20,8%.

E deste percentual deve-se deduzir ainda a despesa com os juros da dívida pública, atualmente cerca de 5,5%, restando apenas cerca de 15% do PIB para que o Estado preste serviços à população. No entanto, 56% da despesa com a previdência e assistência sociais voltam para os cofres públicos via arrecadação sobre o consumo.

"Pagando à Previdência estamos contribuindo para mais equidade social. Já os juros são um gasto improdutivo. E o Bolsa Família e demais programas sociais estimulam o consumo e a economia, o que não ocorre com os juros", compara.

As afirmações foram feitas por ele ao avaliar a participação do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, em debate na Câmara dos Deputados. Segundo Barbosa, o governo cogitou zerar a alíquota do ICMS interestadual, mas, de acordo com ele, proposta de 2%, apresentada pelo secretário, seria importante para não prejudicar a fiscalização da entrada de mercadorias importadas no país.

Barbosa disse também que a redução do ICMS interestadual para todas as operações "diminuiria o espaço para a guerra fiscal". Ele, porém, descartou a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas, alegando que a capacidade de arrecadação desse tipo tributo seria pequena.

Para ele, a melhor solução para induzir a transferência de recursos das pessoas mais ricas para o Estado consistiria em tributar as heranças e as transferências de bens.


Alta de juro "leva" ¼ do Bolsa Família
Monitor Mercantil,09/05/2011

Somente o gasto das famílias em quatro meses já soma R$ 54 bilhões

Os aumentos da taxa básica de juros (Selic) perpetrados pelo Banco Central, apenas este ano elevaram os gastos das famílias brasileiras com juros para R$ 54,4 bilhões, em abril. O dado é de levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).

Caso o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, não tivesse elevado a Selic, aquele valor seria de R$ 50,4 bilhões. Ou seja, a alta dos juros retirou R$ 4 bilhões do consumo das famílias, direcionando-os ao pagamento de empréstimos no Brasil. Esse valor corresponde a um quarto do total previsto no programa Bolsa Família para todo o ano de 2011 pelo Governo Federal.

Se não houver mais aumento da Selic até o fim do ano, as famílias vão torrar com juros o equivalente a todo o valor do Bolsa Família deste ano.

Somente em 2010, o brasileiro gastou R$ 129,2 bilhões em juros, equivalente a 52 dias de consumo das famílias do país.

As empresas também elevaram o desperdício com juros. Segundo a Fecomercio, as empresas torraram cerca de R$ 42,4 bilhões com juros de janeiro a abril. O valor só não foi ainda maior porque o empréstimo à pessoa jurídica costuma ser um pouco menos salgado do que o da pessoa física. Em 2010, as empresas gastaram R$ 105 bilhões com juros.

A soma dos gastos de pessoas físicas e jurídicas com juros atingiu R$ 234,3 bilhões, em 2010. Em quatro meses de 2011 chega R$ 96,8 bilhões.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Alimentos, tarifas públicas e roupas pressionam inflação

Segundo últimas pesquisas serviços privatizados, combustíveis e commodities agrícolas continuam ser os principais itens que pressionam a inflação, e nada tem de demanda aquecida.


Alimentos, tarifas públicas e roupas pressionam inflação, aponta FGV
09/05/2011

Gasolina foi um dos itens que mais pressionaram o IPC-S: de 5,98% para 6,01%


O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), iniciou o mês de maio em alta de 1,05%. A taxa ficou 0,10 ponto percentual acima do resultado de abril (0,95%) e é a maior desde a primeira prévia de fevereiro deste ano, quando o índice chegou a 1,16%.

Quatro dos sete grupos pesquisados apresentaram aumentos acima dos verificados na pesquisa anterior, entre eles o de alimentação, cujo índice subiu de 1,04% para 1,26%, com destaque para as hortaliças e os legumes (de 4,20% para 5,77%). Em habitação, houve aumento de 0,63% ante 0,47%, puxado pela taxa de água e esgoto residencial (de 0,42% para 1,29%). Neste grupo, também houve pressão da conta de luz, que ficou 1,31% mais cara.

No grupo vestuário, o índice aumentou de 1,34% para 1,60%, com elevação média de 2,08% nos preços das roupas, ante 1,51%. Em educação, leitura e recreação, a taxa subiu de 0,32% para 0,35%, sob o impacto dos ingressos para teatros e outras apresentações artísticas, cujos valores ficaram em média 1,68% superiores aos registrados no encerramento de abril.

Os demais grupos tiveram elevações em índices menores do que na pesquisa passada, com destaque para transporte, considerado o vilão da pressão inflacionária, mas indicando tendência de queda no ritmo de alta. Neste grupo, o índice atingiu 1,94% ante 2,10%, com o impacto do preço do álcool, que teve reajuste de 5,63%, bem menor do que no último levantamento (10,47%). Em despesas diversas, a taxa passou de 0,81% para 0,76%, influenciada pela ração animal ( de 0,81% para 0,29%).

Os itens que mais pressionaram o IPC-S foram a gasolina (de 5,98% para 6,01%); a batata-inglesa (de 30,68% para 32,03%); leite do tipo longa vida (de 3,82% para 4,53%); manga (de 23,31% para 25,16%) e tarifa de energia elétrica (de 1% para 1,31%).

Inflação medida pelo IGP-DI diminui para 0,50% em abril

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), da FGV, diminuiu em abril deste ano ao variar 0,50%, abaixo da taxa de 0,61% do mês anterior. No ano, o índice acumula alta de 3,07% e, nos últimos 12 meses, de 10,84%.

De acordo com dados divulgados hoje, a redução observada em abril foi puxada pelos preços no atacado. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) foi o único subíndice do IGP-DI que diminuiu no período, tendo passado de 0,60% para 0,24%.

O resultado do IPA foi influenciado pela queda nos preços dos combustíveis, cuja taxa passou de 2,43% para -0,06%; além de matérias-primas brutas, como algodão (de 3,82% para -10,35%), laranja (de 2,12% para -23,57%) e aves (de 1,20% para -4,74%).

Por outro lado, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e de Custo da Construção (INCC) aumentaram entre os dois meses. No caso do IPC, a taxa subiu de 0,71% para 0,95%, com acelerações em todas as sete classes de despesa componentes do índice. As principais pressões foram exercidas por gasolina (de 1,58% para 5,98%), álcool combustível (de 9,32% para 10,47%) e seguro facultativo para veículo (de 0,33% para 1,42%).

Também pesaram mais no bolso do consumidor em abril as despesas diversas (de 0,07% para 0,81%), saúde e cuidados pessoais (de 0,68% para 1,10%), vestuário (de 1,01% para 1,34%), alimentação (de 0,98% para 1,04%), habitação (de 0,41% para 0,47%) e educação, leitura e recreação (de 0,29% para 0,32%).

Já no caso do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), a taxa passou de 0,43% em março para 1,06% em abril, puxada pelo custo da mão-de-obra (de 0,37% para 1,74%). Subiram com menos intensidade os preços de materiais e equipamentos (de 0,52% para 0,46%) e dos serviços (de 0,34% para 0,29%).

O IGP-DI de abril foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 1º e 30 do mês de referência.

Projeção de analistas para inflação oficial diminui, depois de oito semanas em alta

Depois de oito semanas seguidas de projeções de inflação em alta, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), neste ano, caiu de 6,37% para 6,33%, segundo o boletim Focus, publicado hoje pelo BC.

A projeção menor dos analistas do mercado financeiro consultados pelo BC todas as semanas veio após a divulgação do IPCA de abril. Na última sexta-feira (6), o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação oficial no período ficou em 0,77%, uma pequena redução em relação ao mês anterior (0,79%). Em 12 meses encerrados no mês passado, entretanto, a inflação ultrapassou o limite superior da meta de inflação para o ano (6,5%) ao chegar a 6,51%.

Mas a expectativa dos analistas e também do governo é que a inflação se reduza ao longo do ano e fique dentro do limite superior da meta. O centro da meta, 4,5% só deve ser alcançado em 2012, na avaliação do presidente do BC, Alexandre Tombini.

Quando o BC considera que a economia está muito aquecida e os preços seguem trajetória de alta, a taxa básica de juros, a Selic é elevada. Neste ano, o BC já aumentou a Selic, usada como instrumento para controlar a inflação, em 0,50 ponto percentual em janeiro e março, e em 0,25 ponto percentual em abril. Atualmente, a Selic está em 12% ao ano.

Apesar da redução do ritmo de alta da Selic no mês passado, o BC indicou que o processo de elevação deve ser longo.

"O Copom entende, de forma unânime, que, diante das incertezas quanto ao grau de persistência das pressões inflacionárias recentes, e da complexidade que envolve hoje o ambiente internacional, o ajuste total da taxa básica de juros deve ser, a partir desta reunião, suficientemente prolongado", diz a ata do Comitê de Política Monetária do BC, divulgada em abril.

A previsão do mercado financeiro para a taxa Selic ao final deste ano é 12,50% ao ano. Para 2012, a estimativa foi ajustada de 12% para 12,25% ao ano. No próximo ano, os analistas prevêem que o IPCA ficará em 5%.

A consulta do BC aos analistas também inclui os demais índices de inflação. A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), neste ano, passou 5,71% para 5,82%. Para 2012, a estimativa permanece em 4,78%.

A projeção para o IGP-DI oscilou de 7,01% para 7%, neste ano. No caso do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), a alteração foi de 6,90% para 6,92%. Para esses dois índices, a projeção é de 5%, em 2012.

Com informações da Agência Brasil

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Vale anuncia lucro recorde puxado por superexploração

Vale anunciou lucro líquido de US$ 6,82 bi no primeiro trimestre. Resultado foi 13,1% superior ao recorde anterior de US$ 6,038 bilhões, registrado em igual período de 2010. Alta na demanda e nos preços internacionai e superexploração dos seus trabalhadores impulsiona lucros.

A Vale do Rio Doce, a empresa privatizada anuncia o espantoso crescimento de seu valor de mercado. A alta nas ações da mineradora fez com que o valor de mercado da empresa atingisse US$ 167,3 bilhões, uma alta de 140% de seu valor registrado em 2006. Nos últimos 12 meses, valor das ações da empresa dobrou.

O resultado coloca a empresa à frente de grandes corporações, como a IBM, cravando o 31º lugar das maiores empresas do mundo. No Brasil, o valor da Vale superou o da Petrobras. Após uma série de aquisições, a mineradora conta, na prática, com um monopólio da produção e exportação do minério de ferro no país.

Alta na demanda e superexploração dos trabalhadores impulsiona lucros
No entanto, ao contrário da campanha pró-privatização que toma os altos lucros da Vale como exemplo, a valorização da empresa e seus altos lucros não são frutos de uma suposta ?eficiência? da gestão privada. O crescimento exponencial dos lucros da Vale são impulsionados pela alta demanda de minério de ferro pela China. O país asiático necessita de matérias-primas para sua indústria voltada à exportação, sobretudo aos EUA.

O arrocho salarial e o brutal aumento da exploração dos trabalhadores da empresa após a privatização também possibilitaram os sucessivos lucros recordes conseguidos pela Vale.

Em 1997, ano em que foi vendida, a Vale lucrou R$ 760 milhões. Em 2006, os lucros chegaram a R$ 13,43 bilhões. Desta forma, o mercado externo favorável, a alta nos preços do minério, o aumento da exploração, entre outros fatores, multiplicaram os lucros da empresa e seu valor de mercado. A comparação com a Petrobras, além de servir como defesa para a campanha pela reestatização da Vale, faz parte também de uma campanha insidiosa para o avanço da privatização da estatal do petróleo.

O governo tem ganho com o crescimento da Vale. Conta com os recursos da empresa para obras de infra-estrutura (como a ferrovia Norte-Sul, investimentos em gás e energia elétrica), recebe mais impostos, ganha dividendos e fatura com o efeito positivo das exportações de minério da balança comercial. Não, não se trata de um texto publicitário da Vale. É um trecho de uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo sobre os altos lucros da Vale. A matéria, publicada no último dia 3, parece ter saído direto do departamento de marketing da empresa.

A campanha em defesa da Vale privatizada não se dá apenas através de peças publicitárias massivamente veiculadas na TV e imprensa escrita. A reportagem do jornal paulista, ocupando uma página e meia, não dedica uma linha sequer sobre o leilão fraudulento que praticamente doou a mineradora ao capital privado.

O preço de venda da CVRD, US$ 3,338 bilhões, foi subestimado de propósito para garantir lucro aos empresários privados. Sem considerar a produção de ouro, platina, cobalto, níquel, nióbio, quartzo, titânio, calcário, fosfato, zinco, cassiterita, entre outros, as reservas provadas da Vale teriam, nos preços de hoje, um valor aproximado de US$ 215 bilhões.

6/05/2011
"Nunca antes na história..."
 Vale anuncia lucro líquido de US$ 6,82 bi no primeiro trimestre

Resultado foi 13,1% superior ao recorde anterior de US$ 6,038 bilhões, registrado em igual período de 2010
A Vale registrou, no primeiro trimestre do ano, lucro líquido recorde de US$ 6,82 bilhões, equivalente a US$ 1,29 por ação diluído. O resultado foi 13,1% superior ao recorde anterior de US$ 6,038 bilhões registrado em igual período de 2010. Mesmo após excluir o ganho não recorrente da transação com ativos de alumínio, o lucro líquido do trimestral foi o maior para um primeiro trimestre.
A geração de caixa também foi recorde medida pelo Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ao somar US$ 9,176 bilhões, 3,5% acima do recorde anterior verificado no quarto trimestre de 2010. Excluindo os ganhos não recorrentes, o Ebitda ajustado de US$ 7,66 bilhões também é o mais alto para um primeiro trimestre. As vendas de minerais ferrosos - minério de ferro, pelotas, manganês e ferro ligas somaram US$ 9,36 bilhões no 1T11, foi o maior valor para um primeiro trimestre.
A receita operacional da mineradora totalizou US$ 13,54 bilhões, a maior para um primeiro trimestre. O lucro operacional, medido pelo Ebit ajustado (lucro antes de juros e impostos), alcançou um marco recorde de US$ 7,97 bilhões. Após excluir o ganho não recorrente, o Ebit ajustado de US$ 6,45 bilhões é o maior para um primeiro trimestre. A margem Ebit, após excluir o ganho não recorrente, alcançou 48,9%, a mais alta para um primeiro trimestre.
A Vale retornou a casa de US$ 1 bilhão como dividendo extraordinário aos acionistas, o equivalente a US$ 0,1916 por ação, que será pago em 31 de janeiro de 2011. A primeira parcela do dividendo mínimo para 2011 de US$ 4 bilhões, equivalente a US$ 2 bilhões ou US$ 0,3833 por ação, foi paga em 29 de abril de 2011.
Em nota à imprensa, a mineradora destaca o sólido desempenho no primeiro trimestre de 2011, ao considerá-lo o "resultado da execução de nossa estratégia de expandir a produção principalmente através do crescimento orgânico, desenvolvendo ativos de primeira linha ancorada na otimização da alocação de capital, em um cenário de forte demanda global por minerais e metais".

quinta-feira, 5 de maio de 2011

EUA: neoliberalismo desmontam Estado no interior

Diante do fracasso do democrata Obama, nos EUA ultra-conservadores do partido republicano ganharam espaço nos estados, levam neoliberalismo ao interior do país, desmontam Estado, atacam a democracia local, atacam movimento sindical, demitem em massa servidores públicos, cortam gastos públicos, mas não conseguem gerar nenhum novo emprego privado.

EUA: republicanos desmontam Estado
Monitor Mercantil, 04/05/2011


Com a vitória dos republicanos nas últimas eleições, tanto nacionais quanto estaduais nos Estados Unidos, a receita dos ultraconservadores de Estado mínimo está sendo aplicada ao pé da letra. Como relata a Agência Latino-Americana, os republicanos usam o combate à dívida pública como álibi para tentar impor uma rápida e dramática mudança do modelo social, promovendo o mais selvagem neoliberalismo aos norte-americanos.

Com isso, a política de desmonte do Estado é levada, de forma agressiva, para o interior dos EUA: "Os republicanos entendem que deverão adotar em escala nacional a receita que já seguem em série alguns estados que elegeram novos governadores nas eleições de novembro do ano passado", relata Mary Stassinákis, correspondente da sucursal da União Européia da Latino-Americana.

No superendividado Estado de Michigan, os republicanos aprovaram uma lei que permite afastar os conselhos municipais eleitos, substituindo-os por gerentes contratados com poderes ditatoriais alegando "situação econômica emergencial".

Na cidade de Menton Harbor, o governador do estado, Rick Shneider, nomeou como czar um contador juramentado, Joseph Haris, que demitiu em massa funcionários públicos, quebrou acordos sindicais e, na calada da noite, eliminou vários serviços públicos, não hesitando, inclusive em fundir a Polícia local com o Corpo de Bombeiros.

O Texas, controlado pelos republicanos, com imposto de renda zero e sem direitos trabalhistas, atrai capitais e empregos em detrimento da Califórnia, cujas empresas imigram com ritmo ameaçadoramente veloz.

Nos Estados Unidos, o ritmo de contratações no setor privado se desacelerou em abril, segundo a pesquisa mensal do conselho de recursos humanos ADP: só 179 mil empregos.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A financerização da burocracia sindical no Brasil

A financerização da burocracia sindical no Brasil
Por Alvaro Bianchi e Ruy Braga

Aproximam-se as eleições para o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Trata-se, não apenas do maior sindicato da categoria do país, e isso já bastaria para que o pleito atraísse a atenção de todo o movimento sindical brasileiro. Mas essa eleição também tem um alcance maior que deve ser levado em consideração: o de definir os rumos de uma entidade que cumpre atualmente um papel estratégico na ordem política atual.

Afinal, desde a eleição de Lula da Silva, em 2002, a relação do sindicalismo brasileiro com o aparelho de Estado modificou-se radicalmente. Nunca é demais rememorar alguns fatos. Em primeiro lugar, a administração de Lula da Silva preencheu aproximadamente metade dos cargos superiores de direção e assessoramento – cerca de 1.300 vagas, no total – com sindicalistas que passaram a controlar um orçamento anual superior a R$ 200 bilhões. Além disso, posições estratégicas relativas aos fundos de pensão das empresas estatais foram ocupadas por dirigentes sindicais. Vários destes assumiram cargos de grande prestígio em companhias estatais – como, por exemplo, a Petrobrás e Furnas Centrais Elétricas –, além de integrarem o conselho administrativo do BNDES. O governo Lula promoveu, ainda, uma reforma sindical que oficializou as centrais sindicais brasileiras, aumentando o imposto sindical e transferindo anualmente cerca de R$ 100 milhões para estas organizações.

Tudo somado, o sindicalismo brasileiro elevou-se à condição de um ator estratégico no tocante ao investimento capitalista no país. Esta função, não totalmente inédita, mas substancialmente distinta daquela encontrada no período anterior, estimulou Francisco de Oliveira a apresentar, ainda no início do primeiro governo de Lula da Silva, sua hipótese acerca do surgimento de uma “nova classe” social baseada na articulação da camada mais elevada de administradores de fundos de previdência complementar com a elite da burocracia sindical participante dos conselhos de administração desses mesmos fundos. (clique aqui para ler o restante)