sábado, 30 de abril de 2011

Arrocho fiscal até março superou a meta do quadrimestre

A economia de recursos do primeiro orçamento do governo Dilma para pagar os juros da dívida pública de janeiro a março superou a meta prevista para os quatro primeiros meses do ano

Superávit primário de janeiro a março supera meta para o primeiro quadrimestre
Agência Brasil, 26/04/2011

A economia de recursos para pagar os juros da dívida pública de janeiro a março superou a meta prevista para os quatro primeiros meses do ano. Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, o superávit primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) somou R$ 25,874 bilhões nos três primeiros meses do ano, quase R$ 3 bilhões a mais que a meta de R$ 22,9 bilhões para o primeiro quadrimestre.

O superávit primário é R$ 17,7 bilhões maior que no mesmo período do ano passado. De janeiro a março de 2010, o esforço fiscal havia somado R$ 8,1 bilhões.

Em março, o superávit foi de R$ 9,134 bilhões. Foi o melhor resultado para o mês desde 2008, quando a economia havia sido de R$ 10,606 bilhões. Em março do ano passado, o Governo Central tinha registrado déficit de R$ 4,553 bilhões.

Os números haviam sido antecipados mais cedo pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participa de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social no Palácio do Planalto. Os dados completos, no entanto, só foram divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional.

O esforço fiscal maior é resultado do crescimento de 17,7% da receita líquida e da desaceleração das despesas, que subiram 7,1% no acumulado de 2011 em relação ao primeiro trimestre de 2010. Em fevereiro, o crescimento era de 15,2%. No acumulado do ano, os gastos com pessoal subiram 3,6% e os gastos de custeio (manutenção da máquina pública) aumentaram 15,2%.

A maior desaceleração ocorreu nos investimentos, que totalizaram R$ 10,4 bilhões no primeiro trimestre e cresceram 9,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Até fevereiro, o crescimento acumulado era de 25%.

Os gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) somaram R$ 5,462 bilhões de janeiro a março, crescimento de 35% em relação ao mesmo período do ano passado. As despesas com o PAC podem ser abatidas da meta de superávit primário, mas o governo afirmou que não pretende usar o mecanismo neste ano, como ocorreu em 2009 e 2010.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Déficit externo recorde, apesar de aumento na dívida externa

Captação de bancos pegam dinheiro barato para ganhar com juros e especular com câmbio e elevam a dívida externa. Acresce-se a isso, a entrada de investimento direto externo (IED) que somou US$ 6,8 bilhões mês passado. Contudo, apesar dessas entradas, o Brasil teve um déficit recorde em março de US$5,6 bilhões - remessa de lucros e "bolsa Miami" causam rombo recorde. Para piorar, essas entradas causam mais déficits dificultando ainda mais a situação.

Captação de bancos eleva dívida externa
Monitor Mercantil,26/04/2011


Instituições pegam dinheiro barato para ganhar com juros e especular com câmbio

Apesar da propaganda oficial e do mercado financeiro sobre o fim da dívida externa do país, em março o débito brasileiro com o exterior atingiu US$ 279,226 bilhões. Isso representa mais US$ 22,422 bilhões em relação a dezembro, conforme anunciou o chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, que divulgou o Relatório do Setor Externo referente a março.

Maciel informou que a dívida externa de longo prazo cresceu US$ 9,5 bilhões no trimestre, para US$ 209 bilhões. Já o estoque da dívida de curto prazo (vencimento ao longo dos próximos 12 meses) teve aumento mais pronunciado. de US$ 12,9 bilhões no período, totalizando US$ 70,2 bilhões.

Segundo Maciel, a expansão na dívida de curto prazo deveu-se ao ingresso líquido de US$ 7,7 bilhões em empréstimos a bancos e a emissões líquidas de US$ 2,6 bilhões em papéis do setor bancário, além de US$ 2,6 bilhões de empréstimos a outros setores.

No caso da dívida de médio e longo prazos houve o ingresso líquido de US$ 4,9 bilhões em bônus e notas e de US$ 3,6 bilhões em empréstimos ao setor bancário, mais US$ 2,4 bilhões de empréstimos a outros setores. O destaque no período, acrescentou Maciel, foi a redução de US$ 2,2 bilhões no endividamento externo de longo prazo do governo federal.

O relatório do BC menciona, ainda, que as reservas externas do país continuam a crescer: US$ 317,1 bilhões em março, mais US$ 9,6 bilhões sobre fevereiro, em decorrência, principalmente, das compras do BC no mercado à vista de câmbio, que somaram US$ 8,8 bilhões.

Houve também receitas de US$ 629 milhões com a remuneração das reservas e US$ 175 milhões com a valorização do real e outras operações externas. Mas, de acordo com o último número do BC, relativo ao dia 20 deste mês, as reservas internacionais cresceram mais US$ 8,588 bilhões este mês, alcançando US$ 325,734 bilhões.

PAÍS TEM DÉFICIT RECORDE EM MARÇO: US% 5,6 BI
Monitor Mercantil, 26/04/2011


Remessa e "Bolsa Miami" causam rombo recorde

BRASÍLIA - As balança de transações correntes (bens e serviços) amargou déficit de US$ 5,67 bilhões, em março. O resultado é o pior já registrado para março desde 1947, quando começou a série histórica do Banco Central (BC).

O rombo recorde foi provocado pela disparada na remessa de lucros e pelo aumento das despesas de turistas brasileiros, beneficiados pelo Bolsa Miami, que subsidia as viagens ao exterior, ao manter o real sobrevalorizado em relação ao dólar. Com isso, no primeiro trimestre, o déficit saltou para US$ 14,63 bilhões.

Em março, as filiais de empresas internacionais repassaram para suas matrizes US$ 3,7 bilhões, mais 83% em relação ao enviado no mesmo período de 2010. No trimestre, as remessas somaram U$ 8,4 bilhões, contra US$ 4,5 bilhões no primeiro trimestre de 2010.

Para piorar, o aumento do rombo externo continua a ser financiado pelos juros elevados, que atraem capital especulativo, registrado na conta financeira, (portfólio e investimento externo direto). Esta conta teve resultado positivo em US$ 15,02 bilhões em março e em US$ 42,6 bilhões no primeiro trimestre.

Já o investimento direto externo (IED) somou US$ 6,8 bilhões mês passado.

Com isso, o balanço de pagamentos (registro de todas as transações do Brasil com o exterior) foi superavitário em US$ 9,53 bilhões em março.

No primeiro trimestre, o IED somou. US$ 17,5 bilhões. Com isso, o balanço de pagamento teve saldo positivo de US$ 27,64 bilhões

"As contas externas do país, tanto em março, quanto no primeiro trimestre, vieram em linha com aquilo que a gente estava esperando. Ou seja, uma ampliação do déficit em transações correntes, que, em última instância, reflete o crescimento da economia brasileira", afirmou Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dívida sobe mais que inflação, devido juros e dólar baixo

A alta taxa de juros faz a dívida pública interna subir mais que a inflação do mesmo período. Dívida sobe 1,6% para R$ 1,6 trilhões. Em grande parte parte puxada não apenas pelo aumento da taxa Selic, mas pela compra de dólar pelo BC, que além de não evitar real forte, puxa alta do débito interno. Em um quadro de alta taxa de juros interna, liquidez externa e dependência interna de recursos internacional, devido ao déficit crescente em conta corrente, é preciso rolar dívida e fazer novas emissões de títulos, mas a um custo cada vez mais alto: o endividamento acelerado do Estado e das empresas lá fora, e das famílias aqui dentro. Ganham os banqueiros e perdem os trabalhadores.

Dívida sobe 1,6% para R$ 1,6 tri
Monitor Mercantil, 25/04/2011


A dívida do governo continua crescendo acima da inflação. O estoque da dívida pública mobiliária federal interna (DPMFI) avançou 1,61% em março, para R$ 1,611 trilhão, contra R$ 1,586 trilhão em fevereiro. Os investidores não-residentes têm em mãos 11,38% do total. Apenas mês passado, o volume investido por esses aplicadores subiu quase R$ 3 bilhões, para R$ 183,3 bilhões.

O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, diz que a ameaça do rating da dívida dos EUA e a crise na Europa não alteraram a demanda de investidores estrangeiros por papéis da dívida brasileira.

Para o economista Paulo Passarinho, do Conselho Regional de Economia (Corecon-RJ), porém, isso é sinal de que o Brasil continua fazendo concessões ao capital especulativo: "No atual cenário, de muita liquidez e vários países em estado de pré-falência, não estamos mal. Mesmo assim continuamos fazendo concessões, a começar pelos juros. O governo tem consciência disso, mas optou pelo modelo de abertura e câmbio flutuante", analisa, acrescentando que "a prova mais patética" talvez tenha sido o discurso da presidente Dilma na China, "quando considerou quase como um quadro natural o câmbio flutuante".

Mesmo num quadro de liquidez e dependência de recursos externos, devido ao déficit crescente em conta corrente, Passarinho diz ser possível rolar e fazer novas emissões: "Mas a um custo cada vez mais alto: o endividamento acelerado do Estado e das empresas lá fora, e das famílias aqui dentro."

Juro faz dívida subir mais que a inflação
Monitor Mercantil, 25/04/2011


Compra de dólar pelo BC, além de não evitar real forte, puxa alta do débito interno

O economista Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, criticou o governo por não divulgar demonstrativo sobre o crescimento da dívida pública em função da acumulação de reservas.

Segundo Ávila, desde 2006, quando o Brasil intensificou a compra de dólares com títulos públicos (para evitar a emissão de reais), praticamente 100% dos US$ 300 bilhões acumulados tiveram, como contrapartida, o aumento, em reais, da dívida pública interna.

"Não se sabe ao certo quanto as operações compromissadas (como são chamadas as operações de mercado aberto, praticadas com títulos públicos em poder do Banco Central) crescem devido às compras de reservas pelo BC. Mas, no último relatório de inflação, o próprio BC reconhece que a acumulação de reservas tem causado o aumento da dívida", disse, acrescentando que outros fatores interferem, como as operações de recompra de dívida, usadas pelo governo para não emitir moeda e enxugar a dívida pública via essas operações compromissadas.

"Basta comparar o crescimento das operações compromissadas e o das reservas para constatar a íntima relação entre as duas contas, conforme ficou demonstrado na CPI da Dívida", lembrou.

"Além do diferencial de juros auferidos com a aplicação das reservas e os juros pagos sobre a dívida interna, devido à desvalorização do dólar nos últimos anos, o rendimento das reservas se tornou, na prática, negativo. Esse processo gerou prejuízo ao BC de R$ 147 bilhões em 2009", destacou.

Segundo Ávila, a Lei de Responsabilidade Fiscal impediu o BC de emitir títulos e as operações de mercado aberto são uma forma de driblar esse dispositivo. "Em 2005, o país pagou antecipadamente a dívida de US$ 15,5 bilhões que devia ao FMI, operação que significou a troca de uma dívida financeiramente mais barata (cerca de 4% ao ano) por uma dívida bem mais onerosa (cerca de 19,5% ao.ano.)."

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O suicídio do Euro e os banqueiros alemães

A recente falência dos estados europeus após o socorro aos bancos comerciais tem um mecanismo causal: o Banco Central Europeu (BCE) não empresta recursos diretamente ao Estados da Zona do Euro e da UE. Isso mesmo, não empresta aos governos diretamente, mas por intermédio de bancos comerciais.

O BCE concede empréstimos aos bancos comerciais com taxa de juros de 1%. Em seguida, os bancos comerciais compram dos Estados seus bônus, exigindo-lhes taxas de juros de 4% ou 5% ou até mais altas, arrancando o couro dos Estados. Em seguida, depositam os mesmas bônus ao BCE como garantia e retomavam empréstimos de iguais volumes com juro de 1%. Quando os bancos veem que os Estados estão com dificuldade de reciclar seus títulos, preparam ataques especulativos contra os países mais fracos da Zona do Euro. Foi assim que desabou Irlanda, desabou Grécia, desabou Portugal, enquanto prepara-se também Espanha e já estão na fila Itália e Bélgica.

O maior responsável por tal política suicida é a Alemanha, o Estado mais rico e poderoso da UE, e não menos com o maior sistema bancário privado, proibiu ao BCE de imprimir dinheiro. Ainda, proibiu que o BCE comprasse títulos diretamente dos governos dos países-membros da UE. Sua receita aos países-irmãos mais pobres é a barbárie social das medidas de frugalidade fiscal que estrangulam a economia e inibe o exercício de alguma política de crescimento, política esta que constitui o único caminho de saída da crise e da possibilidade de resgate das dívidas.

A política do governo alemão é aquela que leva o euro ao desespero, ao suicídio, mas por outro lado, beneficia os capitalistas financistas locais. Enquanto durar o controle dos capitalistas sobre a União, medidas simples não serão implantadas. Esse o mecanismo do neo-imperialismo do grande capital germânico: "passar pra frente" sua crise aos seus países-irmãos. E por que outras burguesias não se levantam? Porque se beneficiam do mesmo próximo.

Política alemã leva euro ao suicídio
BCE deveria emprestar diretamente a Estados para deter especuladores
Laura Britt | Sucursal da União Européia | Monitor Mercantil, 25/04/2011


Zurique - Surpreendente - no mínimo - a capa da revista britânica The Economist em uma de suas últimas edições. Um senhor, de terno e gravata, que, ao invés de cabeça, tem uma moeda de um euro e aponta o cano de um revolver contra sua têmpora, prepara-se para apertar o gatilho e suicidar-se. "Não faça isso!" é o título da revista.

A verdade é que a ilustração dos riscos políticos que ameaçam a moeda comum européia seria mais fiel à realidade se o revólver que prepara-se para estourar miolos do euro fosse empunhado pela chanceler alemã "Frau" Angela Merkel. A política do governo alemão é aquela que leva o euro ao desespero, ao suicídio.

Despencam as defesas de proteção do euro. O Mecanismo Europeu de Proteção, totalizando 750 bilhões de euros, constituído pela União Européia (UE), revela-se insuficiente para enfrentar - ao seu nascituro - os ataques especuladores contra os países mais fracos da Zona do Euro. Desabou Irlanda, desabou Grécia, desabou Portugal, enquanto prepara-se também Espanha e já estão na fila Itália e Bélgica.

Dilema cruel: permanecerão na Zona do Euro os países que, um após outro, declaram falência, ou serão obrigados a retornar às suas moedas nacionais em busca de salvação? O norte-americano Wall Street Journal posiciona a questão cruamente: "Estes países desejarão permanecer membros de uma união, na qual nada mais existe, a não ser regiões pobres e escravas?", questionou sem meias-palavras.

Solução existe para o euro. Solução simples na feição: o Banco Central Europeu (BCE) deverá começar emprestando recursos diretamente ao Estados da Zona do Euro e da UE. Conceder-lhes empréstimos com vencimentos a longo prazo (dez ou mais anos) com baixas taxas de juros, da ordem de 1% ou de 2%. Emprestar aos governos diretamente, não por intermédio de bancos comerciais.

Cinco por um
Até agora, o BCE concedia empréstimos aos bancos comerciais com taxa de juros de 1%. Em seguida, os bancos comerciais compravam dos Estados seus bônus, exigindo-lhes taxas de juros de 4% ou 5% ou até mais altas, arrancando o couro dos Estados. Em seguida, depositavam os mesmas bônus ao BCE como garantia e retomavam empréstimos de iguais volumes com juro de 1%.

Emprestando aos Estados diretamente, o BCE torna esses Estados inatingíveis contra ataques especulativos. Ainda, reduz drasticamente em termos de tempo a dívida pública, transferindo-a gradualmente ao BCE com baixas taxas de juros. Restringe a barbárie social das medidas de frugalidade que estrangulam a economia e permite o exercício de alguma política de crescimento até para os países mais fracos, política esta que constitui o único caminho de saída da crise e da possibilidade de resgate das dívidas.

Emissão de dinheiro significa, essencialmente, esta política. Aquilo que na imaginação popular é descrito com a frase "o BCE ligará suas impressoras e imprimirá dinheiro". Não se trata nada de novo. Isto estão fazendo os bancos centrais de todos os países desenvolvidos do mundo. O Federal Reserve (Fed) dos EUA já imprimiu e lançou ao mercado nos últimos meses mais de US$ 700 bilhões para fortalecer a economia norte-americana. Só o BCE não faz isso.

A Alemanha proibiu ao BCE de imprimir dinheiro. Ainda, proibiu que o BCE comprasse títulos diretamente dos governos dos países-membros da UE. Finalmente, o BCE compra bônus por intermédio de bancos comerciais, com o processo já descrito, por intermédio do qual enriquecem os bancos comerciais e declaram falência os Estados por causa das usurárias taxas de juros que são obrigados a pagar.

A Alemanha recusa-se a mudar de política. Proíbe, por ora, emissão de euro-debêntures. "A contínua emissão de dinheiro não é solução" doutrina. "As máquinas impressoras de dinheiro não devem cair nas mãos de políticos" decreta o ministério de Economia da Alemanha. Se continuar assim, o euro não sobreviverá, em hipótese alguma, com sua feição atual.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Dívida de países ricos chega a 61% do PIB global

Dívida de países ricos chega a 61% do PIB global

Rombo aumentou em US$ 16 trilhões - mais que o PIB norte-americano - desde 2007, e atinge hoje US$ 42 trilhões

Agência Estado | 24/04/2011

A dívida de um punhado de países ricos aumentou em US$ 16 trilhões (mais que o PIB norte-americano) desde 2007, e atinge hoje US$ 42 trilhões, ou 61% do PIB global, representando uma das principais ameaças à recuperação da economia mundial. Esse endividamento pesa hoje sobre Estados Unidos, países da zona do euro, Reino Unido e Japão, justamente a parte mais rica do mundo, que por séculos foi o motor e a vanguarda da expansão da prosperidade humana. Em 2007, antes da crise econômica global, a dívida dos países ricos era de US$ 26 trilhões, e correspondia a 47% do PIB global.

Nesta semana, os mercados globais entraram em estado de choque com a notícia de que a famosa agência de rating (classificação de risco de crédito) Standard & Poor's havia colocado a nota dos Estados Unidos em "perspectiva negativa". A decisão da S&P não significa que os EUA já foram rebaixados, mas sim que existe uma chance em três de que isto venha a ocorrer em dois anos. Essa simples possibilidade, porém, já é suficiente para mexer com um dos mais importantes pilares do sistema financeiro global.

Desde que a agência iniciou a classificação do crédito do governo americano, há cerca de 70 anos, o rating sempre foi AAA, o máximo possível. Considerada como risco zero, ou pelo menos risco mínimo, a dívida americana sempre foi vista como o piso a partir do qual o risco de todos os outros créditos é medido. Assim, a chance de que a qualidade de crédito dos EUA venha a deixar de ser o parâmetro para avaliar os demais riscos embaralha as perspectivas da economia global num momento que já é particularmente confuso.

O problema norte-americano é que, com a crise global de 2008 e 2009 - e os grandes déficits públicos que foram usados como alavanca para relançar a economia -, a dívida pública explodiu. Segundo os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida bruta do governo dos EUA saltou de 62% do PIB em 2007 para projetados 99,5% em 2011 (e deve chegar a 112% em 2016). Hoje, a dívida está entre US$ 14 trilhões e US$ 15 trilhões.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentário Enviado por Henrique Barros

Essa sinalização da S&P é no mínimo interessante.

Difícil imaginar que os EUA não conseguiram barrar essa sinalização.

Contudo, daí até reclassificarem efetivamente...

Muitas cabeças terão de rolar para isso.

E não acredito que subir de 47% para 61% ou 70% seja suficiente para isso.

H.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Estatais são mais modernas do que empresas privadas

Essa os neoliberais vão se morder de raiva: Estatais são mais modernas do que empresas privadas: inovação nas públicas é de 68% contra 39% das particulares, mais focadas no lucro

Estatais são mais modernas do que empresas privadas
Monitor Mercantil, 20/04/2011


As estatais federais investem mais em inovação do que as empresas privadas, confirma a pesquisa Inovação nas Empresas Estatais Federais 2008, do IBGE. Entre as 72 estatais federais pesquisadas, 49 (68,1%) implementaram um produto ou um processo novo entre 2006 e 2008, ante apenas 38,6% das empresas privadas.

Os investimentos em treinamento e na aquisição de software também receberam grau maior de importância nas estatais (75,5% e 71,4% respectivamente), do que nas privadas (59,9% e 26,5%).

Nas privadas, a aquisição de máquinas e equipamentos tem maior relevância (77,7%) em relação às estatais (67,3%). Entre as estatais inovadoras, 71,4% estabeleceram alguma relação de cooperação para desenvolver produtos e processos novos, ante apenas 10,4% das privadas pesquisadas.

"O mito da eficiência inovativa da empresa privada é conversa do neoliberalismo. Desde os anos 70, as estatais investem mais que as privadas em tecnologia", afirma o economista José Eduardo Cassiolato, coordenador da Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (Redesist), ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para Cassiolato, o resultado também se deve às estatais serem empresas maiores, ligadas à atividades intensivas em tecnologia: "Muitas vezes a empresa quando é privatizada deixa de investir em tecnologia, como em telecomunicações e energia. São empresas que se dedicam a dar lucro aos acionistas", diz, acrescentando que as privadas são menos propensas a investir no longo prazo.

Universidades e institutos de pesquisa estão entre os parceiros mais importantes das estatais: 59,2% e 53,1%, respectivamente, contra 14,1% e 12,3% nas privadas.

A burocracia é o principal entrave à inovação das estatais: faltam padrões, normas e regulamentações (64,3%) e há rigidez organizacional (64,3%). As privadas criticam altos custos (73,1%), riscos econômicos (65,6%) e escassez de financiamento (51,4%).

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dilma na China e a 'chinesização' do Brasil

Dilma na China e a 'chinesização' do Brasil

Dilma quer trazer o modelo de exploração chinesa ao Brasil
MARCOS MARGARIDO| da redação| Opinião Socialista online


• A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, visitou a China por cinco dias, em sua primeira viagem ao exterior para além da América Latina. Um dos dias foi utilizado para participação na reunião de cúpula dos BRIC’s, em Sanya, uma ilha situada no litoral sul chinês. Como ressaltou a imprensa mundial, foi uma “viagem de negócios” onde os aspectos políticos ficaram em segundo plano. Não foi outro o motivo de ter levado, em sua delegação, 250 empresários em busca de novos negócios.

Os resultados, no entanto, foram modestos em ambos os aspectos. De concreto, a permissão para exportação de carne de porco pelo Brasil, sem especificação do volume, e a autorização para a fabricação e venda de aviões da Embraer, que já tem uma fábrica montada na China, com a compra d e35 aeronaves E190 por empresas de aviação chinesas.

A busca da “arca do tesouro” chinesa - sua enorme reserva cambial - para investimentos no Brasil resultou numa comemorada promessa de instalação de uma nova fábrica da Foxconn no interior de São Paulo e em contratos entre a Sinopec, estatal de petróleo chinesa, e a Petrobras e da estatal de energia com a Eletrobras. Além disso, anúncios de investimentos por algumas empresas, mas basicamente para acompanhar o crescimento da economia brasileira.

A política das aparências
Os comunicados dos dois presidentes, Dilma pelo Brasil e Hu Jintao pela China, tradicionais neste tipo de encontro, nunca revelam os acordos reais realizados. Estes ficam em segredo, como os oito acordos de cooperação, entre eles um sobre Defesa, cujos teores não foram divulgados.

Mas o comunicado chinês frustrou a expectativa do governo brasileiro de ganhar mais um aliado em sua pretensão de tornar-se um membro permanente no Conselho de Segurança da ONU. Pequim limitou-se a apoiar "a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas". Somada à declaração parecida de Obama no Brasil, esta é a segunda derrota da diplomacia brasileira.

A China faz parte do Conselho de Segurança, mas seu ingresso se deu quando ainda era um Estado Operário e era preciso levar a política de “coexistência pacífica” entre o imperialismo e a burocracia soviética – de divisão do mundo em esferas de influência – para a própria ONU. Atualmente parece não haver lugar para novos “emergentes” entre as potências nucleares mundiais.

Os comunicados tampouco citaram as violações dos direitos humanos realizadas pelos dois países: centenas de presos políticos na China e condições subumanas nas prisões brasileiras. Mas foi ressaltado o fato dos dois países terem retirado da linha de pobreza milhões de pessoas, esquecendo-se, vergonhosamente, do salário mínimo vigente nos dois países – R$ 540,00 no Brasil e cerca de R$ 200,00 na China. Ou das condições de trabalho nas grandes obras do PAC no Brasil e nas minas de carvão chinesas, onde morrem centenas de trabalhadores todos os anos por falta de segurança no trabalho.

Para os capitalistas e seus representantes, isso pouco importa, ou melhor, importa muito, pois é dessa superexploração que retiram seus lucros e transformam seus países em eternos “emergentes”, sem nunca saírem da condição de semicolônias do imperialismo. É por isso que tais fatos nunca são mencionados em seus comunicados conjuntos.

Mais empregos ou mais exploração?
A maior sensação da viagem foi o anúncio da Foxconn de investir US$ 12 bilhões em cinco anos para construir uma "cidade inteligente" com 100 mil "habitantes" onde seriam fabricadas telas de cristal líquido e outros componentes de computadores. Trata-se do modelo adotado na cidade de Shenzhen, onde vivem mais de 150 mil trabalhadores em regime praticamente fechado, recebendo o salário mínimo regional, com jornadas de trabalho que podem chegar a 16 horas diárias e recentes denúncias de envenenamento por n-hexano, substância manipulada pelos operários para a limpeza de... telas de cristal líquido.

Foi aí que 10 operários cometeram suicídio no início de 2010, motivando Terry Gou, dono do Grupo Foxconn, a anunciar o fechamento da fábrica e sua transferência para o interior do país, onde o salário mínimo é ainda menor.

Foi o mesmo Terry Gou que afirmou, segundo os sites do Wall Street Journal e do Finantial Times, que “os salários no Brasil são altos” e que os operários brasileiros “param de trabalhar assim que ouvem futebol” e que, mais do que “levar uma fábrica à perfeição, é ainda melhor em extrair incentivos de governos”.

Esta afirmação vem bem ao gosto do governo brasileiro, que gosta de incentivar os “empreendedores”, como são chamados os capitalistas na China, com vultosos empréstimos do BNDES, a baixíssimos juros, e incentivos fiscais de todos os tipos. Mas o mais apropriado é dizer que a verdadeira especialidade de Terry Gou é superexplorar os trabalhadores, de qualquer nacionalidade.

Mas não é sua exclusividade. Numa pesquisa da China Labour Watch, uma organização de direitos humanos, em 46 fábricas onde trabalham 92 mil trabalhadores, concluiu-se que em 88% das fábricas não havia representação sindical efetiva; em 87% delas as horas extras diárias excediam 3 horas ou não havia garantia de descanso semanal – as horas extras excediam 100 horas mensais e em algumas fábricas, 200 horas; e 83 % não pagavam salários conforme a legislação, em relação ao salário mínimo e às horas extras.

Estes são os patrões que o governo Dilma está procurando para investir no Brasil. Esta é a aposta dos capitalistas brasileiros para um rebaixamento geral dos salários e direitos trabalhistas no Brasil.

Esta também é a vontade da burocracia sindical instalada na CUT, a julgar pelas declarações de Sérgio Nobre, presidente do Sindicato de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. O sindicalista afirmou ao jornal Valor Econômico que “se ficarmos presos à CLT, travaremos uma série de avanços que são fundamentais para os trabalhadores e para as empresas” , e defende que o negociado entre patrões e trabalhadores prevaleça sobre o legislado pela CLT. Como avanço, para as empresas, significa aumento dos lucros, uma medida deste tipo abriria as portas a todos os tipos de violações trabalhistas. Bem ao gosto dos capitalistas chineses. Ao que parece, com a ajuda da CUT, Terry Gou não terá mais motivos para dizer que os salários no Brasil são altos.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Espanha prepara-se para salvar mais bancos: 'neoliberalismo para os pobres, keynesianismo para os ricos'

A Espanha sofreu o impacto do pedido de empréstimo internacional feito por Portugal, e prepara 'Proer' para salvar 13 bancos (BC deve bancar custos de pelo menos 9 instituições). A quebra afetaria Inglaterra. O governo para conter o déficit orçamentária, aumentado pelo socorro aos bancos optou por ampliar o corte de gastos públicos, que além de prejudicar os servidores públicos e os usuários, fez o desemprego disparar para cerca de 20% (com forte impacto na arrecadação de impostos, ampliando ainda mais o déficit). Além disso, os esforços do governo para recapitalizar os bancos prejudicados pela crise imobiliária ainda estão incompletos, que levará a novo socorro, com ampliação do gasto público e aumento do déficit orçamentário. A Europa aplica política de "austeridade fiscal" e "frugalidade no setor público", onde os trabalhadores e mais pobres pagam para evitar a quebras dos bancos e grandes empresas. A Europa desde o início da crise mundial de 2008 aplica o "keynesianismo para os ricos e neoliberalismo para os pobres".

Apesar de que a ortodoxia econômica sofrer forte abalo após a derrocada do Lehman Brothers, em setembro de 2008, que trouxe o sistema financeiro internacional na "tensão". A primeira reação instintiva dos grandes Estados ocidentais confirmou o aforismo de Richard Nixon, de acordo com o qual, "em condições de crise, somos todos keynesianos". intervenções do Estado na economia em grande escala para salvação dos ameaçados colossos monetários-creditícios e a tonificação do crescimento.
Este invertido "keynesianismo para os ricos", rapidamente, cedeu seu lugar a um fortalecido "neoliberalismo para os pobres", em nome do saneamento fiscal. Contudo os vencedores do primeiro ato desta unilateral guerra social começam a sofrer as dolorosas consequências de seu sucesso. Em nível econômico, a operação foi coroada de pleno êxito, mas o paciente faleceu. A sangrenta frugalidade imposta aos países periféricos da Zona do Euro (PIIGS: Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, por enquanto), em nome do esforço para evitar a falência, na realidade, trouxe a falência mais perto ainda.

Hoje, as correlações sociais e políticas são muito diferentes dos "Anos Gloriosos" (as décadas do pós Segunda Guerra, de forte recuperação econômica e prosperidade social), assim como é a realidade objetiva da economia mundial, na época das empresas multinacionais e da Internet, que torna muito mais difícil as reformas sociais, não só a social-democracia e o "Estado de Bem-estar social", mas, também, o próprio keynesianismo em apenas um só país. E aqui está o paradoxo: quanto mais popular torna-se Keynes em simpósios teóricos e colunas de jornais, tanto mais irrefreável avança o thatcherismo sobre a verdadeira vida política.

A explicação é simples: as tradicionais 'sensibilidades' das elites das nações européias têm sido menos decisórias porque tendem a desaparecer sob o predomínio mundial do neoliberalismo. A economia européia tem adquirido caráter financeiro. O capitalismo europeu foi neoliberalizado.

Depois de Portugal, a vez da Espanha
Monitor Mercantil, 08/04/2011

COM IDA DO PRIMEIRO AO FMI, BCE AFIRMA QUE SITUAÇÃO ESPANHOLA É "FRÁGIL"

Embora ainda não tenha sofrido o impacto do pedido de empréstimo internacional feito por Portugal, a Espanha continua em situação frágil, segundo José Manuel González-Páramo, membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE).

"Todos reconhecem que a situação permanece frágil", afirmou nesta sexta-feira González-Páramo durante conferência em Berlim.

Maior membro da Zona do Euro na lista dos próximos a enfrentarem insolvência de pagamentos, a Espanha, caso quebre, arrastaria outros países, como a Inglaterra, cujos bancos estão fortemente expostos aos papéis da dívida espanhola.

O grande déficit orçamentário do país deriva, principalmente, das consequências do estouro da bolha do setor imobiliário da Espanha e dos gastos gigantescos para evitar a quebra do setor financeiro.

Apesar disso, o governo optou por ampliar o corte de gastos públicos, fazendo o desemprego disparar para cerca de 20%. Além disso, os esforços do governo para recapitalizar os bancos prejudicados pela crise imobiliária ainda estão incompletos.

O BCE, no entanto, prefere exigir mais arrocho. "O governo espanhol precisa executar suas promessas de reformar o mercado de trabalho, controlar os gastos em nível regional e reformular o sistema bancário o mais rapidamente possível", disse González-Páramo, referindo-se ao desejos dos setores mais conservadores de aproveitar a crise para reduzir os direitos trabalhistas, já fortemente atingidos por propostas do cada vez mais impopular governo Zapatero.

No mesmo evento, Gertrude Tumpel-Gugerell, também do conselho executivo do BCE, disse que os efeitos da disseminação da crise de dívida da Zona do Euro deve ser avaliada "país por país".


Espanha prepara Proer para salvar 13 bancos
Monitor Mercantil, 14/04/2011


Madri (Espanha) - O Banco Central da Espanha aprovou os planos de recapitalização de 13 instituições financeiras locais para tentar impedir a quebra dessas instituições. A Espanha é a bola da vez da crise que varre a União Européia (UE) e, em caso de quebra do seu sistema financeiro, os estilhaços atingiriam fortemente a Inglaterra, cujas instituições têm forte exposição ao mercado espanhol.

O Banco da Espanha - o banco central do país - estima que os bancos do país precisarão levantar cerca de 15 bilhões de euros no total para atender às novas exigências de capital.

O Proer espanhol, no entanto, deve ser pago pelos contribuintes do país. Em comunicado, o Banco da Espanha informou que nove dos 13 bancos podem exigir ajuda estatal do Fundo de Reestruturação Ordenada dos Bancos (FROB).

De acordo com o banco central espanhol, quatro bancos de poupança não listados em bolsa tentarão vender ações para investidores privados por meio de ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) ou pela venda de grandes participações acionárias.

Sob pressão para garantir que os bancos do país continuem a pagar os bônus dos credores externos, principalmente, de instituições financeiras da Inglaterra, o impopular governo espanhol estabeleceu novas exigências de capital mínimas em fevereiro.

O governo afirmou que o Frob comprará participações acionárias nas instituições que não forem capazes de levantar capital novo de fontes privadas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Desindustrialização se demonstra em balança comercial

Riscos de desindustrialização relativa já se demonstram na balança comercial em pior déficit em 22 anos no setor de indústria média e alta tecnologia  e os segmentos de média-alta e alta tecnologia são os que mais sofrem com o câmbio, os juros e os tributos altos, porque são por eles que passam as inovações mais aprimoradas.

Balança comercial de indústria de média e alta tecnologia tem pior déficit em 22 anos
João Villaverde | Valor Econômico | de São Paulo |15/04/2011

Entre janeiro e março, a balança comercial da indústria de alta e média-alta tecnologia, onde estão concentrados os setores intensivos em capital e inovação, atravessou o pior primeiro trimestre em 22 anos. Nos primeiros três meses deste ano, esses segmentos registraram déficit de US$ 17,7 bilhões, mais de US$ 5 bilhões superior ao de igual período do ano passado e o dobro do registrado nos primeiros três meses de 2008 e 2009.

Já a indústria de baixa tecnologia, que fabrica, por exemplo, calçados, vestuário e alimentos, aumentou seu superávit comercial de US$ 7,7 bilhões, registrados no primeiro trimestre de 2010, para US$ 8,5 bilhões no mesmo período deste ano. O crescimento do saldo não foi suficiente, porém, para evitar um rombo de US$ 10 bilhões no saldo comercial total da indústria de transformação.

Nem a abertura comercial promovida por Fernando Collor, a valorização do câmbio durante o governo Fernando Henrique Cardoso ou o surgimento da China como provedor em grande escala de bens manufaturados ao longo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram capazes de gerar, isoladamente, um rombo tão grande quanto o registrado nos primeiros três meses do governo Dilma Rousseff. Autor de um estudo sobre a balança comercial da indústria de transformação por conteúdo tecnológico, Rogério Cezar de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), avalia que a indústria brasileira vive um momento decisivo.

"A redução do déficit passa por ganhos de produtividade. Toda a incorporação de tecnologia que precisava ser feita aconteceu da abertura para cá, a hora é de investir em inovação e novos modelos de produção", diz Souza.

Os setores de baixo conteúdo tecnológico, mais tradicionais no parque industrial brasileiro, "chegaram no limite", diz Souza. Com preços em alta no mercado internacional, forte demanda interna e a condição de não serem facilmente comercializáveis com o exterior, os alimentos processados registraram o maior superávit para o período, de US$ 7,4 bilhões, sustentando o segmento de baixa tecnologia. Isso porque o ramo produtor de vestuário, calçados e couro registrou, entre janeiro e março de 2011, o primeiro déficit para o período desde o início da série histórica do Iedi.

"O setor calçadista, por exemplo, foi muito hábil ao longo dos anos 90 e na década que terminou ao incorporar ganhos de produtividade, importar máquinas e insumos e mesmo aprimorar a gestão, e hoje está praticamente no limite a que pode chegar", avalia Souza, para quem, neste caso, a luta por maiores ganhos de produtividade deve ficar em segundo plano. "Para os segmentos de baixa e média-baixa tecnologia, resta aguardar alguma alta de preços dos seus produtos ou uma reversão nas trajetórias do câmbio, para baixo, e dos juros, para cima", afirma.

Importante por servirem de base para maior produção industrial, os fabricantes de máquinas e equipamentos passam pelo período de importação mais forte - quase US$ 8,2 bilhões adquiridos do exterior entre janeiro e março deste ano, US$ 2,1 bilhões a mais do que em igual período do ano passado.

Os produtos metálicos, frutos das indústrias metalúrgica e siderúrgica, aproveitando os preços internacionais elevados, registraram o maior saldo para os primeiros três meses de um ano desde 1989 - superávit de US$ 2 bilhões, o dobro em relação a igual período de 2010. "A indústria só não registra um rombo maior", afirma Edgard Pereira, professor da Unicamp e sócio da Edgard Pereira & Associados, "porque os exportadores de frangos, suínos e metais estão aproveitando a demanda mundial". Mas, como destacam os especialistas em indústria, são justamente os segmentos com cadeias produtivas mais curtas, e com menor teor tecnológico.

"Os segmentos de média-alta e alta tecnologia são os que mais sofrem com o câmbio, os juros e os tributos altos, porque são por eles que passam as inovações mais aprimoradas. Se ele está com problemas, como está hoje, o país vai sofrer no futuro", diz Souza.

domingo, 17 de abril de 2011

Vídeo de hoje: "Filmes ruins, Árabes malvados"

Dica do domingo, mais um vídeo para ver e pensar:

O filme online de hoje é o documentário "Filme Ruins, Árabes Malvados - como Hollywood vilificou um povo", dica do blog Apartheid na Palestina . No ótimo documentário que mostra uma coletânea de cenas de centenas de filmes estadunidenses, que com a narração e comentário de Jack Shaheen, Professor da Universidade de Illinois, especialista na cobertura e representação de árabes na mídia ocidental.

O documentário expõe como o cinema de Hollywood retrata os árabes de forma distorcida e preconceituosa, desde o início da sua história até hoje. Baseado no livro "Reel Bad Arabs", de Jack Shaheen. O professor demonstra que a indústria do cinema dos EUA construiu uma imagem de "vilão perfeito" ao povo árabe e a vilificação na tela se dá não apenas por preconceito, intolerância religiosa ou racismo dos ocidentais, mas por forte interesse político e econômico. As imagens cumprem um papel de ideologizar justificando pelo medo e racismo ações dos EUA e das potências européias sobre os povos árabes e muçulmanos.

O filme faz uma análise, baseado em uma longa lista de imagens de filmes, de como os árabes são apresentados como beduínos bandidos, mulheres submissas, homens violentos, sheiks sinistros ou idiotas perdulários, ou ainda como terroristas armados e prestes a explodir pessoas e lugares. Uma maneira brilhante de mostrar em uma narrativa bem construída, como as imagens contribuíram e contribuem para formar os estereótipos em torno dos árabes, suas origens e sua cultura. Para escrever o livro, o autor analisou mais de 900 filmes, o que possibilitou formar esta contra-narrativa, reforçando a necessidade de mostrar a realidade e a riqueza da Cultura e da História Árabes. O filme foi exibido em diversos festivais nos EUA, Europa e Mundo Árabe e recebeu o apoio do Comite Anti-Discrimição dos Árabes Americanos.



(Documentário)
Nome original: Reel Bad Arabs: How Hollywood Vilifies a People
País: EUA/2006
Direção: Sut Jhally
Duração: 60 minutos
Classificação: Classificação indicativa não informada

sábado, 16 de abril de 2011

Ricos transferem crise aos pobres pelo câmbio e setores privatizados

O real problema da inflação no Brasil, além da fortíssima alta internacional das commodities, são os setores privatizados e o problema do câmbio desvalorizado das moedas dos países ricos. Com a indexação pela inflação ou por outros indicadores específicos, garantida em total beneplácito do governo Dilma, os preços dos serviços públicos privatizados exercem forte influência sobre o aumento do custo de vida. Por sua vez, no câmbio, até para Mantega os países ricos exportam inflação usando o câmbio, porém, o ministro não anunciou qualquer medida de controle efetivo dos capitais que buscam lucratividade no Brasil, nos altos juros do país.

Obviamente que àqueles agentes econômicos que apoiaram (e se beneficiaram com) a globalização e o neoliberalismo, com as privatizações e a abertura comercial e financeira, resistem a qualquer intervenção, pois implicaria perdas de curto prazo. Em suma, os ricos (de lá fora e daqui) transferem a crise para os pobres. Enquanto isso, os trabalhadores sofrem com perda nos empregos e alta no custo de vida.

Setores Privatizados pressionam inflação em março e abril
Monitor Mercantil, 14/04/2011


Com indexação garantida pela inflação ou por outros indicadores específicos, os preços dos serviços públicos privatizados exercem forte influência sobre o aumento do custo de vida.

Os aumentos das tarifas do transporte urbano nas principais regiões metropolitanas, por exemplo, ajudaram o grupo transporte a responder sozinho por cerca de um quarto da inflação de 2,44% no primeiro trimestre do ano pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve continuar a registrar a pressão das privatizações na inflação de abril, já que o reajuste de ônibus urbanos em cidades como Curitiba (13,5%) e Fortaleza (11,11%) entraram em vigor depois do início de março, deixando resíduos para abril.

Além disso, as taxas de água e esgoto já subiram 16% em Curitiba na segunda quinzena de março. Em Goiânia e Belo Horizonte, o serviço deverá ter reajuste de 6% e 7%, respectivamente, nos próximos dias.

No interior do Rio, a distribuição de energia elétrica já subiu 10,5% no meio do mês passado. Na capital fluminense, no início de abril, o metrô ficou 10,7% mais caro e os táxis, 14% por quilômetro rodado e 2,3% na bandeirada.

A inflação de abril também deve absorver o reajuste de 3,54% a 6,01% autorizado para os medicamentos com preços controlados. Os produtos farmacêuticos têm peso de cerca de 3% no cálculo do IPCA.

Depois dos alimentos, os transportes têm o maior peso no cálculo do IPCA, o índice oficial de inflação do país, por estar entre os itens que mais consomem o orçamento das famílias. Atualmente, eles têm um peso de cerca de 19%, enquanto o dos alimentos é de pouco mais de 23%.

Para Mantega ricos exportam inflação
Monitor Mercantil, 14/04/2011


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a criticar as políticas monetárias frouxas dos países desenvolvidos. E disse que pedirá às nações do G-20 para adotarem restrições sobre derivativos e fundos de hedge em países ricos como meio de reduzir as pressões inflacionárias globais.

Em entrevista nos Estados Unidos, Mantega voltou a acusar os desenvolvidos de exportarem inflação para as economias mais dinâmicas. O ministro, porém, não anunciou qualquer medida de controle efetivo dos capitais que buscam lucratividade no Brasil, nos altos juros do país.

O economista Miguel Bruno, do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. as medidas que implicam controle de capital "não são bem-vindas pelos operadores de finanças". Mas salienta que a regulação dos fluxos de capitais teria efeito benéfico para a indústria, ao tornar o câmbio mais competitivo: "Conflitos entre diferentes setores fazem parte da história e sempre ocorrerão. Agentes econômicos que apoiaram a globalização resistem a qualquer volta, pois implicaria perdas de curto prazo", analisa, defendendo que o governo opte por um caminho intermediário, calibrando a abertura econômica sem voltar ao passado.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ato Show em defesa dos 13 do consulado

Ato Show em defesa dos 13 do consulado e pelo arquivamento do processo penal


A prisão de 13 manifestantes no Rio de Janeiro durante a visita de Barack Obama foi uma arbitrariedade típica das que se via na época da ditadura. Essa repressão ao ato e a posterior prisão só se explicam por perseguição política. Tratou-se de uma prisão ilegal, que fere a Constituição da República.

Nenhum dos 13 companheiros esteve envolvido no episódio do coquetel molotov. Não houve flagrante e sim uma armação da PM e da Polícia para satisfazer Obama a mando do governo, o que tornou claro o caráter político da prisão.

A repressão e a prisão dos companheiros representam uma afronta à liberdade de organização e manifestação. Da mesma forma, raspar as cabeças dos companheiros foi uma humilhação e um desrespeito à dignidade da pessoa humana, ou seja, uma forma de tortura.

A medida adotada pelo governo é parte do crescente processo de criminalização dos movimentos sociais. No Rio de janeiro, em particular, está sendo aplicada uma violenta política de segurança responsável pela repressão a diversos movimentos e à pobreza, como a ocorrida no durante uma manifestação dos moradores do Morro do Bumba em Niterói.

É por isso que a campanha não acabou. É preciso, agora, o mesmo espírito de solidariedade que houve na campanha pela libertação. Não podemos deixar que a liberdade de manifestação seja simplesmente pisoteada pelo governo e pela polícia. Permitir que seja aberto esse precedente pode significar a volta de práticas violentas e antidemocráticas, que tanto se lutou para que acabassem em nosso país.

A música vai sacudir a Lapa em defesa dos nossos direitos! Pelo livre direito a manifestação.


Às 23 horas na rua Joaquim Silva, Lapa, Rio


Presenças: Validuaté  e convidados, Roda de Samba com Bira da Vila, Barbeirinho do Jacarezinho e Doutor Cuíca

Apoio: SEPE, SINDSPREV RJ, ANDES RJ, ANEL e CSP CONLUTAS

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pela cassação do Bolsonaro e cadeia para todos os machistas, racistas e homofóbicos

Pela Cassação do Mandato do Deputado Fed. Jair Bolsonaro – PP/RJ

CADEIA PARA TODOS OS RACISTAS, HOMOFÓBICOS E MACHISTAS!
Maristela Farias – Quilombo Raça e Classe, coletivo de Negros e Negras da CSP Conlutas
Na noite de 28 de março de 2011 foi ao ar o programa da TV Bandeirante intitulado CQC – Custe o Que Custar, no qual foi veiculada uma entrevista com o Deputado Jair Bolsonaro. No decorrer da entrevista, o referido parlamentar, ao ser indagado pela cantora e apresentadora Preta Gil “se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria? Eis a resposta literal do entrevistado: “ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o seu” (!).
Resposta esta, caracterizada por evidente cunho racista! O Sr. Jair Bolsonaro ao utilizar-se de um espaço midiático para propagar atos que configuram crimes, extrapola a liberdade de expressão para ofender a dignidade, a auto-estima e a imagem não só da pessoa que fez a pergunta naquele momento, mas de toda a sociedade, uma vez que os direitos e princípios constitucionais ofendidos pertencem a toda a sociedade.
A Lei 7.716, de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, inclui, no seu Art. 20, “que praticar induzir ou incitar a descriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” é crime passível de reclusão de um a três anos e multa. Tendo em vista a possibilidade de sua ação ter uma conseqüência jurídica, o Deputado vem tentando mudar o foco de Racismo para uma ação Homofóbica, já que a homofobia ainda não é criminalizada no Brasil. Contribuindo para manter na impunidade os praticantes de inúmeros casos de violência contra homossexuais em nosso país.
Por tanto o MOVIMENTO NACIONAL QUILOMBO RAÇA E  CLASSE, vem a público manifestar todo o seu repúdio e indignação, a mais um, dentre tantos outros fatos de cunho Racista, Homofóbico e Machista que ocorrem no cotidiano da população negra no BRASIL.  A diferença está em que este fato especificamente ocorreu com duas pessoas de destaque (artista filha de ex-ministro e um político da esfera federal), além é claro, de ter sido veiculado em um programa de televisão de grande audiência.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Privatizações quintuplicam rombo externo

Desde o Plano Real, devido as privatizações, o déficit com exterior saltou de US$ 15 bi para US$ 71 bi, consequência da desnacionalização, com as respectivas alta na remessas de lucros e dividendos e importação de tecnologia.

Privatizações quintuplicam rombo externo
Monitor Mercantil, 08/04/2011

Desde o início do Plano Real, o déficit na balança de serviços e rendas saltou de US$ 14,7 bilhões, em 1994, para US$ 70,6 bilhões ano passado, segundo o Banco Central (BC). Para o economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, esse desempenho se deve, sobretudo, às privatizações. "As privatizações comprometeram de forma permanente o balanço de pagamentos", destaca.

Já Paulo Passarinho, economista do Conselho Regional de Economia (Corecon-RJ), acrescenta que a evolução do déficit da conta de serviços é diretamente relacionada ao grau de abertura da economia: "Em particular, da desnacionalização do parque produtivo do país e o conseqüente crescimento das remessas de lucros e dividendos das empresas estrangeiras aqui instaladas."

O conselheiro do Corecon-RJ lembra que, apesar de credor líquido (as reservas cambiais de cerca de US$ 300 bilhões equivalem ao montante da dívida pública externa), a dívida não foi paga e continua representando uma despesa importante para o país.

Além dessas despesas, pesam fortemente sobre a balança de serviços as despesas com fretes e os gastos dos brasileiros com viagens para o exterior, turbinados pela sobrevalorização do real.

Em 2010, o total das despesas dos brasileiros com o turismo internacional somou US$ 16,4 bilhões. Em 2003, esse valor fora de US$ 2,3 bilhões, quase igual ao verificado em 1994 (US$ 2,2 bilhões).

O déficit provocado pelos gastos com frete atingiram US$ 6,4 bilhões no ano passado superando em US$ 4,8 bilhões o resultado negativo de 2003, quando a conta de transportes fechara em US$ 1,6 bilhão negativo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Compras externas voltam aos anos 70 e "financiam" recuperação de outros países

Volume de importações do país dobrou de 2005 para cá. Compras externas voltam aos anos 70 e "financiam" recuperação de outros países

Brasil tem a maior alta das importações
Monitor Mercantil, 07/04/2011

Para felicidade de países em crise e com desemprego elevado, o Brasil registra a maior expansão de importações do mundo entre as principais economias nos últimos cinco anos. Com o real valorizado e juros elevados que levam à desindustrialização do país, o Brasil se transformou, pela primeira vez, no 20º maior importador do mundo.

Dados da OMC apontam que a economia nacional mais que dobrou o volume de importações desde 2005. A expansão superou, inclusive, as importações na China. Na importação de serviços, o Brasil teve o maior crescimento mundial em 2010.

Segundo a OMC, com o real valorizado, os gastos de brasileiros com viagens ao exterior aumentaram em 51%. A expansão nas importações fez o Brasil voltar ao cenário do início dos anos 70, quando ainda dependia da importação de petróleo.

Na época, as compras brasileiras representavam 1,2% da importação internacional. O percentual caiu de forma importante e, em 2003, era de apenas 0,7%

Hoje, a taxa só é inferior ao cenário do Brasil pós-Segunda Guerra Mundial, quando o Governo Eurico Dutra torrou o saldo comercial do país importando até patins para pistas de gelo.

Em apenas um ano, entre 2009 e 2010, a fatia do Brasil na importação mundial passou de 1,1% para 1,3% Em termos gerais, o aumento de 43% nas importações de produtos do país no ano passado foi o terceiro mais elevado entre as maiores economias e duas vezes superior à media mundial em 2010, em valores.

A invasão de produtos estrangeiros no Brasil teve alta superior a registrada nos demais países do Bric (China, Índia e Rússia e África do Sul).

A OMC aponta duas razões para esse boom das importações: a valorização do real de 15% no ano e a expansão da economia brasileira.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Aumento do IOF não resolve inflação e câmbio

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, indicou no dia 07 de abril que a decisão do governo em conter a inflação por meio da maior restrição ao crédito pode não se limitar ao aumento de 1,5% para 3% no IOF das operações de empréstimos e financiamentos feitos por pessoa física.

Ao comentar, em Brasília, a alta de 0,79% do IPCA em março, acima do previsto pelos analistas de mercado, Mantega afirmou que o governo adotará medidas para conter a elevação de preços no setor de serviços, sinalizando que o aumento no IOF informado no dia anterior pode ser sucedido de outros anúncios, tal como se observa na ação a conta-gotas de reforço da política cambial.

Contudo, há um amplo consenso mesmo entre analistas econômicos burgueses que as medidas cambiais que vem sendo anunciadas pelo governo têm efeitos temporários e não revertem a tendência de longo prazo, dada pelos fundamentos econômicos.

A melhor estratégia seria o governo enfrentar os problemas reais: atacar os preços das commodities e dos serviços administrados (privatizados), fixar juros mais baixos e permitir câmbio menos apreciado – mais apropriado que a busca por soluções temporárias. As consequências na estratégia errada que se veem são uma crise nas exportações, uma forte expansão das importações, crise no comércio e indústria, explosão da inadimplência das famílias e falência das pequenas empresas.

Dólar rumo a R$ 1,50 mostra timidez de Dilma
Monitor Mercantil, 07/04/2011

O dólar comercial caiu 1,86%, a R$ 1,584 (venda). Com a baixa, a moeda norte-americana registrou o menor valor desde 6 de agosto de 2008 (R$ 1,578). O recuo da moeda mostra o efeito pífio das medidas do governo e dos dois leilões do Banco Central (BC) para comprar dólares.

Para a economista Beatriz David, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),é mais uma demonstração dos limites do modelo econômico mantido pela presidente Dilma Roussef, que no próximo domingo completa 100 dias de mandato.

"Teoricamente, o governo tomou medidas heterodoxas para enfrentar o problema do câmbio, mas muito tímidas. Elas precisavam ser mais fortes, impondo uma quarentena para os capitais entrantes, por exemplo. Mas o modelo não permite", disse, acrescentando que a presidente não cumpriu a promessa de manter os investimentos nas grandes obras públicas.

Beatriz ressaltou que o novo governo mantém centralizadas as decisões: "Parece um pouco com o primeiro mandato de Lula, no qual Antônio Pallocci (atual chefe da Casa Civil) atua nos bastidores, mas agora sem a contraposição de José Dirceu."

Para Beatriz, não há proposições estratégicas para a nação e a oposição é omissa quanto ao fato.

Varejo acende "o sinal amarelo"
07/04/2011

DEPOIS DA NOVA SEQUÊNCIA DE ALTA DOS JUROS E DO APERTO AO CRÉDITO, INADIMPLÊNCIA NO COMÉRCIO SOBE 4% EM MARÇO

A inadimplência do consumidor avançou 4,32% em março, sobre igual mês de 2010. No primeiro trimestre, subiu 1,81%, segundo pesquisa divulgada pelo presidente da Confederação Nacional dos Diretores Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior.

Ele destacou que as medidas de restrição ao crédito, adotadas no fim de 2010 e a elevação da taxa básica de juros (Selic) para 11,75% ao ano foram fundamentais para levar à desorganização econômica das famílias.

A pesquisa, feita em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), ressalta ainda que a elevação do número de devedores também foi influenciada pelos impostos e despesas acumuladas de fim de ano, viagens de férias e Carnaval.

Pellizzaro destacou que as facilidades de crédito e o aumento de prazos para pagamento dos compromissos também contribuíram para o crescimento da inadimplência nos últimos três meses. Isso, segundo ele, "acendeu o sinal amarelo" para o varejo, principalmente porque, destacou, a tendência é de a inadimplência continuar subindo.

"Cabe ao comércio varejista ficar mais cauteloso e ser mais seletivo na concessão de crédito", disse Pellizzaro Junior.

Ele salientou ainda que as compras com cartão de crédito, estimadas em 20% do total de transações comerciais, não entram no Índice de Inadimplência CNDL/SPC.

Já a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) afirmou que o governo toma medidas a conta-gotas para combater a valorização do real, como a extensão da cobrança de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empresas que tomam crédito internacional com pagamento inferior a dois anos.

Entrada de dólares no país acumula saldo de US$ 35,2 bilhões no ano
06/04/2011

O saldo da entrada e saída de dólares do país, conhecido como fluxo cambial, atingiu US$ 12,660 bilhões no mês de março, um aumento de 70,64% em relação ao do mês anterior, que foi US$ 7,419 bilhões. No ano, o saldo acumulado é de US$ 35,227 bilhões, ou 44,64% a mais do que o registrado em todo o ano passado. Os dados foram divulgados hoje pelo Banco Central.

Os números de março decorrem, principalmente, da forte movimentação financeira, que deixou saldo de US$ 8,997 bilhões no mês passado, resultado da entrada de US$ 37,969 bilhões menos saída de US$ 28,972 bilhões. A movimentação comercial também foi superavitária em US$ 3,663 bilhões, com exportações de US$ 20,8 bilhões e importações de US$ 17,137 bilhões.

O fluxo cambial de março esteve muito alto na primeira metade do mês, atravessou um período de instabilidade com o anúncio de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas transações externas e contabilizou déficits sucessivos nos três últimos dias úteis de março. Essa tendência foi mantida também na sexta-feira, com saldo negativo de US$ 365 milhões.

domingo, 10 de abril de 2011

Massacre de Realengo, ou é 'Tiros em Columbine'?

por Almir Cezar

Em tempos de tristeza e perplexidade devido ao massacre de Realengo, a sugestão cultural da semana é assistir Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, 2002)um filme documentário estadunidense, realizado por Michael Moore, ganhou um Oscar 2003 de melhor filme documentário, e tem sido admirado e repudiado quase por igual. Tomando como ponto de partida, o "massacre de Columbine", que aconteceu em 20 de abril de 1999 no Condado de Jefferson, Colorado, Estados Unidos, no Instituto Columbine, onde os estudantes Eric Harris (apelido ReB), de 18 anos, e Dylan Klebold (apelido VoDkA), de 17 anos, atiraram em vários colegas e professores. A semelhança entre os dois "massacres" é impressionante e inspira uma boa reflexão sem convencionalismo ou sensacionalismo burguês e esse filme em parte nos ajuda.

O filme é uma exploração pessoal e artística da natureza da violência nos Estados Unidos que consiste em fragmentos da publicidade das armas de fogo, animações satíricas sobre a história dos Estados Unidos realizadas pelos mesmos autores da série de animação South Park e entrevistas de Moore a várias pessoas, entre elas Charlton Heston e Marilyn Manson. Moore busca, com seu estilo pessoal, saber por que aconteceu o massacre de Columbine, e por que os Estados Unidos tem uma taxa de crimes violentos muito mais alta (em que só estão implicadas as armas de fogo) que outros países democráticos como Alemanha, França, Japão, Reino Unido e especialmente o Canadá.

Brasília: as escalas de Lúcio Costa

Brasília, cuja criação arquitetônica dos monumentos centrais foi designada a Oscar Niemeyer,  é um cidade pensada, sendo seu pai o arquiteto e urbanista Lúcio Costa, pioneiro da arquitetura modernista no Brasil, já conhecido mundialmente, mas imortalizado justamente pelo projeto do Plano Piloto de Brasília, vencedor do concurso, em 1957, para o projeto urbanístico da Nova Capital. Teve sua forma inspirada pelo sinal da Cruz, mas cujo formato da área é popularmente comparado ao de um avião, entretanto o autor sempre defendeu a tese de que a capital federal deveria ser comparada a uma borboleta.


O projeto consistiu em um cidade traçada em dois eixos viários, 4 sentidos e em 4 escalas urbanas. Os eixos viários são basicamente o Eixo Rodoviário (ou "Eixão") no sentido norte-sul, e Eixo Monumental no sentido leste-oeste. O Eixo Rodoviário é formado pelas asas Sul e Norte e pela parte central, onde as asas se encontram sob a Rodoviária do Plano Piloto. As asas são áreas compostas basicamente pelas superquadras residenciais, quadras comerciais e entrequadras de lazer e diversão (onde há também escolas e igrejas). O Eixo Monumental é composto pela Esplanada dos Ministérios e pela Praça dos Três Poderes, a leste; a rodoviária, os setores de autarquias, setores comerciais, setores de diversão e setores hoteleiros em posição cêntrica; a torre de televisão, o Setor Esportivo (hoje denominado Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, onde estão o Ginásio Nilson Nelson, o Estádio Mané Garrincha e o Autódromo Nelson Piquet) e a Praça do Buriti, a oesteO projeto urbanístico de Brasília é constituído de 4 escalas (Monumental, Bucólica, Gregária e Residencial) do Plano Piloto descritas explicitamente pelo arquiteto.

sábado, 9 de abril de 2011

Crianças do Rio: uma tragédia anunciada

CRIANÇAS DO RIO: UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA
Adriano Espíndola Cavalheiro*

Via de regra, não me comovo com as coberturas da mídia burguesa quando das tragédias que se abatem cotidianamente sobre a humanidade.

Isso porque os jornais escritos e os televisionados, distorcem os fatos, buscando explorá-los, não com o fito de trazer solução aos problemas, mas sim para, extraindo o máximo da tragédia humana, conseguirem mais e mais audiência, isto é, maiores lucros.

Desta vez, confesso, foi diferente.

No dia de ontem, ouvi algum comentário, vi rapidamente, “lendo por cima”, uma notícia e outra na internet. Mas por questões de ordem profissional e pessoal, ontem não deu tempo de ver o jornal televisivo noturno.

Entretanto, ao ligar a TV hoje, nos primeiros minutos do meu despertar, tive o meu quarto invadido pela exploração midiática da Rede Globo, via o jornal Bom Dia Brasil, desta lamentável tragédia que se acometeu sobre a classe trabalhadora da cidade do Rio de Janeiro.

Não consegui ficar indiferente - talvez porque tenho buscado uma nova paternidade, talvez porque tenho um filho e uma sobrinha de 13 anos, a idade média das vítmas, ou, ainda, talvez porque ferido em meu amor incondicional à humanidade (sim, atos como o em comento faz balançar esse meu amor) – cai em lágrimas, as mesmas que me consomem enquanto escrevo este post.

Peço desculpas aos meus leitores, pois sei que o objetivo do Blog Defesa do Trabalhador não é retratar a realidade sob o enfoque que até agora estou escrevendo, parecendo mais um correspondente desta mídia vendida que condeno de modo veemente.

Assim, para sair do lugar comum, é buscar entender o porque dessa tragédia, não com os olhos viciados daqueles que querem o lucro, mas numa perspectiva não alienada da realidade.

Assim, não tenho dúvida em afirmar, estamos diante de uma tragédia provocada pela crueldade do capitalismo.

O jovem assassino das crianças de Realengo - o que afirmo em face da carta por ele deixada - era uma pessoa mentalmente pertubada. Se em nosso país se investisse seriamente em saúde pública, certamente esse rapaz estaria sendo tratado e, por conseguinte, seria evitada tamanha perda de vidas inocentes.

A saúde pública é um caos, todos sabemos disso, a tragédia deste outono de 2011, um efeito colateral desta realidade.

Mas, não apenas o caos na saúde explica o que, pasmo, assistimos incrédulos.

A situação da Educação em nosso país, por exemplo, o descaso em que os Professores são tratados por diferentes governos, tem também responsabilidade sobre a tragédia.

A Educação Pública brasileira, precisa de mudanças radicais. Além do investimento na formação de professores e na requalificação dos atuais, se faz necessário repensar toda a estrutura educacional, desde o ponto de vista pedagógico (para tornar o apreender o saber algo agradável e atraente), passando pela questão das estruturas físicas das escolas e, ainda, em investimento em segurança.

Lado outro, é preciso emprego para a classe trabalhadora e salários dignos, para que as crianças sejam criadas em ambientes estruturados e com amor e não reflitam nas escolas a violência e a exclusão social do seu dia-a-dia.

Como diz o SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação do Rio de Janeiro), na nota para a qual o atalho ao fim deste texto o levará, “o número de casos de violência dentro e no entorno das escolas tem aumentado de ano para ano: agressões a professores, brigas de alunos, balas perdidas resultantes de operações policiais ou confronto de quadrilhas de traficantes; todas estas ocorrências tem provocado ferimentos e até mortes de alunos e o sindicato tem denunciado às autoridades, mas, até o momento, nossas denúncias tem caído no vazio e as ocorrências continuam acontecendo.”

Tudo isso, porque o sistema capitalista reserva, deliberadamente, um quadro de pobreza, de exclusão de direitos, de sucateamento dos serviços públicos, para a classe trabalhadora.

A tragédia que vitimou as crianças do Rio e, de certa forma, todo o Brasil, é conseqüência direta desta opção neoliberal dos nossos governantes, em privilegiar os grandes industriais, os grandes banqueiros (nacionais e internacionais) em detrimento da qualidade do serviços públicos.

Não sem motivos, os políticos não falam em atacar realmente o problema.

Indiguinemo-nos pois, observemos o luto e a tristeza que o caso impõe, mas pelos meninos e meninas do Rio - essas 12 crianças cruelmente assassinadas e outras tantas feridas - lutemos contra esse maldito sistema, lutemos por nossos direitos!

Meninos (as) do Rio, minha indignação, minha luta é minha homenagem às suas memórias.

*Advogado, blogueiro, militante social e político.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nova alta do IOF não vai conter real

Mantega põe IOF a 6% na terceira tentativa contra tsunami cambial, contudo ao invés de controlar capital, governo insiste em remédio a conta-gotas. O remédio seria controle total de entrada de capitais, restrições ao envio de lucros, dividendos e rendimentos para o exterior, reduzir drasticamente a taxa de juros e taxar fortemente os rendimentos financeiros. Porém, os grandes grupo financeiros dominam o Governo Dilma e o seu Banco Central.

Nova alta do IOF não vai conter real
Monitor Mercantil, 06/04/2011

EM VEZ DE CONTROLAR CAPITAL, GOVERNO INSISTE EM REMÉDIO A CONTA-GOTAS

Pessoas jurídicas que tomarem empréstimo no exterior por menos de dois anos pagarão Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6%. A mudança foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. É a terceira tentativa do governo para conter o derretimento da cotação do dólar em uma semana. Até aqui, as medidas não têm surtido efeito.

Para o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira, a estratégia mais correta para enfrentar a sobrevalorização da moeda é administrar (não fixar) o câmbio via controle sobre o fluxo capitais pela entrada.

"Sou totalmente contra o controle pela saída. Não tenho medo de fuga, mas da entrada de capitais", disse, defendendo que o país evite déficits em conta corrente, que, segundo o economista, geram sobrevalorização cambial e expõem o país ao risco de crises cambiais.

"Não tenho medo da fuga porque não quero me endividar. Em países como a China, que têm dívida externa líquida muito pequena ou até crédito em conta corrente, não há nenhum problema de fuga de capitais", destaca.

Bresser pondera que hoje existe abundância de capitais. "É sinônimo de excesso de liquidez. Eles querem empurrar esse dinheiro para nós".

Mantega disse que a medida também afetará a oferta de crédito e punirá quem pega dinheiro emprestado no exterior para especular no país. Em outubro, o governo aumentara de 2% para 6% o IOF sobre a entrada de moeda estrangeira em aplicações em renda fixa. A medida foi insuficiente para conter o ingresso de dólares, que superou a saída em US$ 12,6 bilhões em março. Apenas no primeiro trimestre, a entrada líquida foi recorde: US$ 35,5 bilhões.

Semana passada, o governo anunciou mais duas medidas, aumento em seis pontos percentuais do IOF sobre compras no exterior em cartão de crédito e cobrança do imposto sobre empréstimos diretos e captações de recursos no mercado internacional.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Nota do sindicato dos educadores do RJ sobre o massacre de Realengo

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação Pública do Rio de Janeiro (SEPE) divulgou uma nota sobre a tragédia de hoje onde um ex-aluno fortemente armado massacrou estudantes da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, na capital fluminense. As turmas já estavam nas salas, quando por volta das 8 horas, um ex-aluno, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou e atirou nos alunos e funcionários. Onze crianças morreram e 13 ficaram feridas. O atirador se matou após ser baleado por um policial. A nota denuncia que um dos principais fatores que contribuí para o massacre foi a falta de segurança nas unidades escolares da rede pública por anos criticada pelo movimento sindical.

Paralisação O Sepe convoca as escolas municipais do Rio para uma paralisação extraordinária (24 horas) amanhã, dia 8, sexta-feira, com ato público na Cinelândia, às 10h. O objetivo desta paralisação é demonstrar a indignação dos profissionais de educação contra mais esse ato de violência em nossas escolas, representada por essa tragédia ocorrida hoje, na EM Tasso da Silveira, em Realengo, com a morte, até agora, de 11 alunos, vítimas de um atirador.

heróis Gostaríamos de acrescentar, um fato omitido na nota, que os professores e funcionários da escola, apesar da ausência de condições mínimas de segurança, foram herói à medida que ao ouvirem os primeiros tiros passaram a trancar os alunos em sala para impedir que o atirador entrasse ou as crianças em pânico saissem, fechando a porta com cadeira, mesa, armário, em uma espécie de barricada.

NOTA DO SEPE SOBRE A TRAGÉDIA DE HOJE NA EM TASSO DA SILVEIRA EM REALENGO
http://www.seperj.org.br/ver_noticia.php?cod_noticia=1834

A direção do Sepe já está na porta da Escola Municipal Tasso da Silveira, palco do atentado que provocou, até o momento, a morte de 13 estudantes da unidade e ferimentos em mais 22, que foram encaminhados para hospitais locais. Como o sindicato já vem denunciando fartamente ao longo dos últimos anos, a violência nas unidades escolares tanto do estado como do município tem como uma das causas o abandono por parte das autoridades estaduais e municipais das escolas públicas que compõem as redes de ensino do estado e do município. Hoje, faltam milhares de funcionários administrativos nestas redes, como inspetores de alunos, pessoal de portaria, orientadores educacionais, entre outros profissionais que tem a tarefa de auxiliar o trabalho dos professores e garantir segurança no espaço escolar.

Nos últimos anos, o Sepe já esteve algumas vezes no Ministério Público e na Câmara de Vereadores para denunciar o aumento da violência nas escolas públicas do Rio de Janeiro. O número de casos de violência dentro e no entorno das escolas tem aumentado de ano para ano: agressões a professores, brigas de alunos, balas perdidas resultantes de operações policiais ou confronto de quadrilhas de traficantes; todas estas ocorrências tem provocado ferimentos e até mortes de alunos e o sindicato tem denunciado às autoridades, mas, até o momento, nossas denúncias tem caído no vazio e as ocorrências continuam acontecendo.

Por conta deste fato, o Departamento Jurídico do Sepe está estudando entrar na Justiça contra as autoridades municipais (responsáveis pela rede municipal) e estaduais (responsáveis pela segurança pública) responsabilizando-as criminalmente pela lamentável tragédia ocorrida hoje pela manha na EM Tasso da Silveira.

Brasil está ficando velho antes de ficar rico, diz Bird

Brasil está ficando velho antes de ficar rico, diz Bird
Monitor Mercantil, 06/04/2011

De acordo com levantamento do Banco Mundial (Bird), os brasileiros e outras populações de países emergentes estão ficando velhos antes de ficarem ricos. Enquanto a França levou mais de um século para ter um aumento de 7% para 14% da população acima de 65 anos ou mais, o Brasil levará duas décadas, de 2011 a 2031.

A publicação Envelhecendo em um Brasil mais velho, divulgada nesta quarta-feira, no BNDES, pondera que a população idosa no Brasil, que hoje corresponde a 11% da população em idade ativa, em 2050, será de 49%. No entanto, o Bird reconhece que até 2050 haverá um "bônus demográfico" que, se acompanhado do aumento da poupança interna e de ganhos de produtividade, poderá incrementar o PIB, em média, em 2,5 pontos percentuais ao ano.

Sob outro aspecto, o estudo calcula que a despesa previdenciária subirá para 22,4%, em 2050, número acima do máximo que qualquer país do mundo hoje gasta (cerca de 15%).

No entanto, a economista Lena Lavinas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pondera que o Bird "esqueceu" de contabilizar as receitas da Previdência. "Se tivermos emprego formal, o saldo da Previdência vai aumentar ainda mais", afirmou, lembrando que o orçamento da Seguridade Social é superavitário.

Lena ressaltou também que a poupança previdenciária deve resultar do esforço de todos, não apenas dos trabalhadores. "É assim no mundo inteiro. Onde não é assim, como na Dinamarca, país no qual o empregador só contribui com 10%, cerca de 70% da arrecadação da Previdência vem do Imposto de Renda", disse, acrescentando que a estrutura tributária no Brasil é extremamente regressiva, ou seja, os tributos cobrados sobre o consumo taxam igualmente pessoas de renda diferente.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Dívida 'engole' 25% da renda

Endividamento dos brasileiros engole quase 25% da renda e já representa 40,5% da soma dos salários

Dívida 'engole' 25% da renda
Monitor Mercantil, 31/03/2011

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, informou que o comprometimento da renda mensal dos brasileiros com o pagamento de dívidas atingiu, no fim do ano passado 24,2%. O nível de endividamento das famílias, calculado em relação à massa salarial, chegou a 40,5%.

Hamilton afirmou que indicadores antecedentes mostram que a taxa de inadimplência deve continuar crescendo neste início de ano, depois de dois meses de alta:

"É natural que esse indicador cresça", disse o diretor do BC, admitindo que esse movimento reflete as ações de alta de juros e aperto do crédito, que encarecem o custo do financiamento.

Ele, no entanto, alega que não haveria riscos relevantes na alta da inadimplência esperada pelo BC. Isso, porque, de acordo com Hamilton, o nível no Brasil está historicamente baixo.

E disse não ver risco de a inadimplência explodir. O diretor também afirmou, sobre a trajetória do crédito, que a redução de subsídios em operações de crédito (como a que o Tesouro faz com o BNDES) é oportuna, seja a que já foi anunciada, sejam eventuais novas medidas.

Hamilton reiterou ainda a avaliação do Banco Central de que a elevação do IOF sobre captações externas vai ajudar a reforçar o canal de crédito da política monetária, moderando o ritmo de crescimento do crédito.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Governo prepara mais arrocho para conter a inflação

Governo prepara mais arrocho para conter a inflação

Diante do aumento nos preços das commodities, Dilma dá carta branca para o Banco Central aumentar os juros


Da redação, Opinião Socialista online - 4/4/2011
 


• O discurso otimista esbanjado pela então candidata Dilma Roussef no ano passado não durou muito. Tão logo pendurou a faixa presidencial, o futuro deixou de ser tão radiante. Logo na primeira ação do governo, a nova mandatária realizou um corte recorde no Orçamento, tirando R$ 50 bilhões dos gastos previstos para 2011.

O governo anunciou sua política de arrocho para conter a inflação, seguindo o argumento de que o aumento dos preços seria causado pelo crescimento econômico e o aumento desenfreado do consumo. No entanto, o primeiro Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado no último dia 30, refuta esse discurso.

Inflação
O documento do próprio governo reconhece que não será possível atingir a meta de 4,5% de inflação para 2011, devido ao aumento nos preços das commodities (produtos para exportação, cotados no mercado internacional) e seu impacto sobre os alimentos. Segundo o relatório do banco, a inflação este ano deve ficar em 5,6%, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Já o mercado acredita numa inflação de 6%. Ou seja, mesmo com uma política agressiva de contenção fiscal para segurar a economia, o governo não deve cumprir sua meta de inflação.

Na apresentação do relatório, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, explicou à imprensa as razões do aumento da inflação: “No segundo semestre de 2010, o mundo e nós fomos apanhados de surpresa por um gigantesco choque de commodities. Em nove meses, os preços subiram 70% e isso tem mais impacto no Brasil do que em outros países”, relatou.

O Banco Central trabalha agora com uma “margem de manobra” para o teto da inflação de 6,5%, mas mesmo isso está ameaçado. Para conter o aumento de preços, Dilma deu carta branca ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini fazer “o que for preciso”. E isso significa juros mais altos, mais cortes, e arrocho. As medidas do governo Dilma já reduziram as expectativas de crescimento para 2011 para 4%.

O ‘sacrifício’ do governo
Representantes do mercado financeiro e analistas econômicos, apesar dos sucessivos cortes anunciados, não se satisfazem e pedem mais sangue. Afirmam ser necessária uma demonstração de “sacrifício” maior por parte do governo. O governo Dilma, por sua vez, atende aos apelos do mercado e passa a bola para o Banco Central elevar ainda mais os juros.

O sacrifício exigido pelo mercado financeiro, porém, não será do governo. Os verdadeiros sacrificados serão os trabalhadores que, além de sofrerem com o aumento da inflação dos alimentos, que atinge em maior proporção os mais pobres, encontrarão pela frente uma economia em desaceleração e serviços públicos cada vez mais sucateados.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Bolsa Juros" já custa 50% da Saúde

Em 2 meses, setor público torrou R$ 38 bi com juros, anulando corte de R$ 50 bi

"Bolsa Juros" já custa 50% da Saúde
Monitor Mercantil, 31/03/2011

Os gastança do setor público (governo central, estados, municípios e empresas estatais) com juros continua a anular amplamente os efeitos do corte de R$ 50 bilhões decretado pela presidente Dilma Rousseff no início do ano nos setores não financeiros.

O setor público já torrou de R$ 38,396 bilhões, ou 6,31% do Produto Interno Bruto (PIB), com juros só no primeiro bimestre. Esses gastos equivalem a cerca da metade do orçamento da Saúde para todo o ano, de R$ 77 bilhões, sem descontar o corte sofrido no início do ano. Em igual período de 2010, a gastança com juros ficara em R$ 28,392 bilhões (5,2% do PIB).

Em fevereiro, os gastos com juros somaram R$ 19,115 bilhões, segundo o Banco Central (BC), 34% mais que em igual período de 2010. O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) desperdiçou R$ 12,400 bilhões com juros em fevereiro; os governos regionais, R$ 6,562 bilhões, e as estatais, R$ 153 milhões.

No primeiro bimestre, o governo central destinou R$ 27,231 bilhões (4,48% do PIB) para os juros; os regionais, R$ 10,585 bilhões (1,74% do PIB) e as estatais, R$ 580 milhões (0,10% do PIB).

Nos 12 meses encerrados em fevereiro, a despesa com juros somou R$ 205,373 bilhões, ou 5,5% do PIB. Até janeiro, o gasto em 12 meses estava em R$ 200,521 bilhões, ou 5,41% do PIB.

O gasto do governo central com juros em 12 meses até fevereiro atingiu R$ 131,832 bilhões (3,53% do PIB); o dos governos regionais, R$ 71,029 bilhões (1,90% do PIB) e o das estatais, R$ 2,512 bilhões (0,07% do PIB).

O custo da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) está mais salgado do que os juros básicos da economia (Selic). Isso ocorre devido ao impacto do aumento das reservas internacionais. Para uma Selic média de 9,8% em 2010, o custo da DLSP atingiu 14,9%.

domingo, 3 de abril de 2011

Humor: Socialismo - solução para as crises econômicas

Vídeo-charge do dia

Para curtir o domingo

Vídeo sobre o socorro do governo W. Bush às grandes empresas e bancos quando explodiu a crise econômica de 2008.



Trecho da charge do Mauricio Ricardo do site www.charges.com.br

sábado, 2 de abril de 2011

Entradas de dólares elevam rombo externo do Brasil

O ingresso de poupança externa não melhorou as contas externas no Brasil, pelo contrário. Em 10 anos, ingresso de IED (investimento estrangeiro direito) cresce 10% e déficit em transações correntes, 10 vezes.

Ao contrário, em 2000, o déficit em transações correntes de US$ 24,2 bilhões teve como contrapartida o ingresso de US$ 4,2 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED). Já em 2010, o aumento do IED para US$ 26,6 bilhões não impediu que país terminasse o ano com um rombo de US$ 47,5 bilhões, quantia recorde em termos absolutos e que representou 2,28% do PIB. O aumento de US$ 22 bilhões no ingresso de IED, verificado entre 2009 e 2010, foi todo consumido pela saída, também de US$ 22 bilhões, do IED de empresas brasileiras no exterior.

Parte do IED que entra vai para o investimento especulativo, enquanto que, outra parte se destina à compra de ativos no Brasil, o que tem como conseqüência em mais remessa de lucros e dividendos. Por sua vez, as remessas de lucros são isentas de imposto de renda, e que o câmbio valorizado é maior um incentivo ao envio de remessas às matrizes de multinacionais, muitas delas em dificuldades devido à crise mundial. As remessas de lucro para o exterior são isentas e as pessoas jurídicas pagam imposto sobre lucro de apenas 15%, após fazerem inúmeras deduções. Mas a distribuição para os sócios é isenta e o IED volta para o exterior.

Isso tudo acontece, apesar de o BC estar tentando "calibrar o fluxo de divisas", a tendência de queda do dólar é mundial.

informações Agência Brasil

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Inflação desaquece, mas é puxada pelos preços privatizados

A inflação oficial desacelera e caí, deixando o Banco Central sem os argumentos corriqueiros para a taxa básica de juros mais alta do mundo. Contudo, a inflação continua em alta, mas isso se dá justamente nos 'preços administrados', produtos e serviços cujos preços são definidos com autorização de órgãos governamental, especialmente em serviços públicos privatizados (elétrica, telefonia, etc), que são monopólios privados.

Isso comprova que primeiro, a alta da inflação não deve ser tratada como um problema de demanda aquecida, sendo portanto qualquer política econômica baseada em alta da taxa de juros equivocada, e se apoia muito mais em favorecer os rentistas do que qualquer combate à inflação. E em segundo, que a própria inflação no Brasil tem um componente âncorado nas grandes empresas monopolistas, sob a subserviência do Estado, que conseguem automaticamente repassar eventuais aumentos de custos aos seus preços, nunca prejudicando suas margens de lucros.

A política de juros altos, não é necessário para conter a atividade econômica, pois não se combate a inflação assim, mesmo que está siga elevando-se, o que não é verdade, pois a pressão sobre ela se dá pelos preços do exterior (em especial as commodities) e dos preços administrados. Por isso mesmo, seria mais um motivo para que políticas alternativas fossem executadas para impedir a alta desses preços, tais como a reforma agrária para interferir sob o mercado de commodities e a redução dos preços administrados pelo próprio governo através intervenção dura sob as empresas ou até mesmo sua re-estatização. Enquanto isso, os trabalhadores são prejudicados, triplamente, com a alta das taxas de juros sob seus empréstimos e dívidas, com a alta da inflação sob seu custo de vida e com o desaquecimento da economia sob empregos e salários.

Indexação da privatização goleia salários
Monitor Mercantil, 22/03/2011

A técnica de planejamento e pesquisa Maria Andréia Parente, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), reconhece ainda haver muita indexação na economia brasileira. E que os preços beneficiados por ela têm subido mais que o salário.

"Mas a indexação já foi muito maior no passado, sobretudo nos serviços públicos privatizados. O fato, porém, não impede que os preços continuem subindo acima dos salários, a partir de uma fórmula difícil de entender, que, além dos IGPs, levam em conta outros fatores, como câmbio e produtividade."

Já os preços administrados em geral, segundo ela, representam 30% da inflação, mesmo percentual dos alimentos: "O que vai impactar mais a inflação, pela indexação a índices de preços, é o aluguel, totalmente indexado. Além disso, está havendo um boom imobiliário, principalmente no Rio. Está cada vez mais difícil a renegociação com o proprietário. Mas aluguel não entra em preços administrados."

A pesquisadora cobrou um acompanhamento mais eficaz das agências reguladoras dos serviços públicos privatizados. "Elas existem para fiscalizar os serviços e coibir o que for abusivo. Mas, em alguns lugares, já aconteceu redução do preço das tarifas", ressalva, acrescentando que o IPTU, outro preço administrado, não entra mais nos índices de inflação.

Prévia da inflação oficial diminui para 0,60% em março
Monitor Mercantil, 23/03/2011

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, apresentou uma variação de 0,60% em março deste ano. O resultado é inferior ao registrado no mês anterior, 0,97%. O dado foi divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado do ano, o IPCA-15 registra inflação de 2,35%. Considerando os últimos 12 meses, a elevação acumulada é de 6,13%.

A redução na taxa de um mês para o outro foi influenciada pelo grupo de despesas de educação, que sofreu reajustes sazonais de início de ano em fevereiro. Com isso, a taxa diminuiu de 5,88% para 1,03% no período. O resultado do mês refletiu os reajustes ocorridos na região metropolitana de Fortaleza (5,27%).

A redução do IPCA-15 também pode ser explicada pela diminuição da taxa dos alimentos, de 0,57% para 0,46%. Embora alguns itens, como o tomate (16,57%), a batata-inglesa (9,66%) e as frutas (3,33%), tenham ficado mais caros no período, a maioria passou a custar menos de um mês para o outro. Foi o que aconteceu com as carnes, com queda de 2,33%, o feijão carioca (-6,91%), e o açúcar refinado (-2,55%).

As despesas com saúde e cuidados pessoais também tiveram decréscimo (de 0,52% para 0,35%), principalmente os remédios (de -0,07% para -0,11%) e os artigos de vestuário (de 0,13% para -0,37%), refletindo as liquidações de final de estação.

Já o grupo despesas pessoais, embora tenha apresentado redução na taxa, registrou inflação significativa, de 1,04% após 1,17% no mês anterior. A diminuição foi influenciada pelo item recreação (de 1,19% para 0,39%). Por outro lado, as principais pressões positivas partiram dos salários de empregados domésticos (de 0,91% para 1,54%) e do cigarro (de 1,61% para 2,30%).

Os demais grupos tiveram alta no período, como o transporte (de 1,04% para 1,11%), puxado pelas elevações em passagens aéreas (de 11,45% para 29,16%), combustíveis (de 0,72% para 1,09%), e tarifas de ônibus intermunicipais (de 1,28% para 1,94%) e urbanos (de 3,37% para 0,83%).

Entre as regiões metropolitanas, a maior inflação foi registrada em Fortaleza (1,06%), seguida de Porto Alegre (0,87%). As capitais que tiveram inflação abaixo da média foram Belém (0,15%), Salvador (0,32%), Rio de Janeiro (0,50%) e São Paulo (0,52%).


FGV: inflação pelo IPC-S é de 0,69% na terceira prévia do mês

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) ganhou força, segundo informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice subiu 0,69% até a quadrissemana encerrada em 22 de março (terceira prévia do mês), o que indica uma aceleração ante a taxa de 0,64% da segunda prévia de março. Das sete classes de despesa pesquisadas para cálculo do indicador, cinco apresentaram acréscimos em suas taxas de variação de preços, entre o IPC-S de até 15 de março para o indicador de até 22 de março (da segunda para a terceira prévia do mês).

O avanço da inflação no grupo Alimentação (de 0,67% para 0,86%) foi a principal contribuição para a taxa maior do IPC-S na terceira prévia do mês. Segundo a FGV, nesta classe de despesa houve acelerações e quedas mais fracas de preços em produtos importantes, como hortaliças e legumes (de 5,51% para 6,65%) e carnes bovinas (de -2,80% para -2,33%). Além da aceleração de preços dos alimentos, a FGV apurou taxas de inflação mais elevadas nos grupos vestuário (de 0,59% para 0,89%), saúde e cuidados pessoais (de 0,62% para 0,64%), educação, leitura e recreação (de 0,15% para 0,25%) e transportes (de 1,17% para 1,18%. As duas classes de despesa restantes apresentaram desaceleração de preços. É o caso de habitação (de 0,52% para 0,47%) e despesas diversas (de 0,74% para 0,40%).

Entre os produtos pesquisados no varejo, a FGV informou que as altas mais expressivas no IPC-S de até 22 de março foram registradas em tomate (17,60%), batata-inglesa (16,37%) e aluguel residencial (0,75%). Já as mais expressivas quedas de preço foram apuradas em alcatra (recuo de 5,45%), contrafilé (baixa de 5,19%) e açúcar refinado (queda de 3,90%).
Com informações das agências Brasil e Estado


Inflação cai 37%. E agora Tombini?
Monitor Mercantil, 23/03/2011

APÓS ELEVAÇÕES DE PREÇOS ROTINEIRAS DE INÍCIO DE ANO, IPCA-15 TEM MENOR ALTA DESDE SETEMBRO

A inflação já dá sinais de arrefecimento, desautorizando novas altas de juros pelo Banco Central (BC). A variação de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerou este mês para 0,6%, ante 0,97% em fevereiro - uma queda de 37,2%

O IPCA-15 - que antecipa o IPCA, usado pelo governo como medidor oficial da inflação do país - de março foi a menor taxa desde setembro passado, quando subiu 0,31%.

"No entanto, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse no Senado, onde defendeu a política de juros altos, que seria necessário conter a atividade econômica para combater a inflação. E que, mesmo vindo a pressão sobre os preços do exterior e dos preços administrados, as altas de juros são necessárias para se impedir que essas altas sejam repassadas para o conjunto geral dos preços da economia. Mesmo que isso seja verdade, seria mais um motivo para que políticas alternativas fossem executadas para impedir a alta desses preços, tais como a reforma agrária e a redução dos preços administrados pelo próprio governo", avalia Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, lembrando o impacto dos juros na dívida pública.

Já o professor Ricardo Bergamini, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), informa em seu site que, em dezembro de 2010, a dívida interna da União era de R$ 2,3 trilhões, crescimento real em relação ao PIB de 15,18%, em comparação ao mesmo mês de 2002.

"Se os opositores do Governo Lula se indignam, citando que a dívida interna está acima de R$ 1 trilhão, imaginem se tivessem preocupação com a verdade absoluta dos números e viessem saber que a tal dívida interna fechou 2010 no montante de R$ 2.297,9 bilhões", salienta Bergamini.

Segundo ele, somente a dívida interna em poder do BC saltou de R$ 282,1 bilhões para R$ 694 bilhões durante os dois mandatos de Lula. Já o aumento real em relação ao PIB foi de 3,72% apenas.