sábado, 16 de abril de 2011

Ricos transferem crise aos pobres pelo câmbio e setores privatizados

O real problema da inflação no Brasil, além da fortíssima alta internacional das commodities, são os setores privatizados e o problema do câmbio desvalorizado das moedas dos países ricos. Com a indexação pela inflação ou por outros indicadores específicos, garantida em total beneplácito do governo Dilma, os preços dos serviços públicos privatizados exercem forte influência sobre o aumento do custo de vida. Por sua vez, no câmbio, até para Mantega os países ricos exportam inflação usando o câmbio, porém, o ministro não anunciou qualquer medida de controle efetivo dos capitais que buscam lucratividade no Brasil, nos altos juros do país.

Obviamente que àqueles agentes econômicos que apoiaram (e se beneficiaram com) a globalização e o neoliberalismo, com as privatizações e a abertura comercial e financeira, resistem a qualquer intervenção, pois implicaria perdas de curto prazo. Em suma, os ricos (de lá fora e daqui) transferem a crise para os pobres. Enquanto isso, os trabalhadores sofrem com perda nos empregos e alta no custo de vida.

Setores Privatizados pressionam inflação em março e abril
Monitor Mercantil, 14/04/2011


Com indexação garantida pela inflação ou por outros indicadores específicos, os preços dos serviços públicos privatizados exercem forte influência sobre o aumento do custo de vida.

Os aumentos das tarifas do transporte urbano nas principais regiões metropolitanas, por exemplo, ajudaram o grupo transporte a responder sozinho por cerca de um quarto da inflação de 2,44% no primeiro trimestre do ano pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve continuar a registrar a pressão das privatizações na inflação de abril, já que o reajuste de ônibus urbanos em cidades como Curitiba (13,5%) e Fortaleza (11,11%) entraram em vigor depois do início de março, deixando resíduos para abril.

Além disso, as taxas de água e esgoto já subiram 16% em Curitiba na segunda quinzena de março. Em Goiânia e Belo Horizonte, o serviço deverá ter reajuste de 6% e 7%, respectivamente, nos próximos dias.

No interior do Rio, a distribuição de energia elétrica já subiu 10,5% no meio do mês passado. Na capital fluminense, no início de abril, o metrô ficou 10,7% mais caro e os táxis, 14% por quilômetro rodado e 2,3% na bandeirada.

A inflação de abril também deve absorver o reajuste de 3,54% a 6,01% autorizado para os medicamentos com preços controlados. Os produtos farmacêuticos têm peso de cerca de 3% no cálculo do IPCA.

Depois dos alimentos, os transportes têm o maior peso no cálculo do IPCA, o índice oficial de inflação do país, por estar entre os itens que mais consomem o orçamento das famílias. Atualmente, eles têm um peso de cerca de 19%, enquanto o dos alimentos é de pouco mais de 23%.

Para Mantega ricos exportam inflação
Monitor Mercantil, 14/04/2011


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a criticar as políticas monetárias frouxas dos países desenvolvidos. E disse que pedirá às nações do G-20 para adotarem restrições sobre derivativos e fundos de hedge em países ricos como meio de reduzir as pressões inflacionárias globais.

Em entrevista nos Estados Unidos, Mantega voltou a acusar os desenvolvidos de exportarem inflação para as economias mais dinâmicas. O ministro, porém, não anunciou qualquer medida de controle efetivo dos capitais que buscam lucratividade no Brasil, nos altos juros do país.

O economista Miguel Bruno, do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. as medidas que implicam controle de capital "não são bem-vindas pelos operadores de finanças". Mas salienta que a regulação dos fluxos de capitais teria efeito benéfico para a indústria, ao tornar o câmbio mais competitivo: "Conflitos entre diferentes setores fazem parte da história e sempre ocorrerão. Agentes econômicos que apoiaram a globalização resistem a qualquer volta, pois implicaria perdas de curto prazo", analisa, defendendo que o governo opte por um caminho intermediário, calibrando a abertura econômica sem voltar ao passado.

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