Este invertido "keynesianismo para os ricos", rapidamente, cedeu seu lugar a um fortalecido "neoliberalismo para os pobres", em nome do saneamento fiscal. Contudo os vencedores do primeiro ato desta unilateral guerra social começam a sofrer as dolorosas consequências de seu sucesso. Em nível econômico, a operação foi coroada de pleno êxito, mas o paciente faleceu. A sangrenta frugalidade imposta aos países periféricos da Zona do Euro (PIIGS: Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, por enquanto), em nome do esforço para evitar a falência, na realidade, trouxe a falência mais perto ainda.
Hoje, as correlações sociais e políticas são muito diferentes dos "Anos Gloriosos" (as décadas do pós Segunda Guerra, de forte recuperação econômica e prosperidade social), assim como é a realidade objetiva da economia mundial, na época das empresas multinacionais e da Internet, que torna muito mais difícil as reformas sociais, não só a social-democracia e o "Estado de Bem-estar social", mas, também, o próprio keynesianismo em apenas um só país. E aqui está o paradoxo: quanto mais popular torna-se Keynes em simpósios teóricos e colunas de jornais, tanto mais irrefreável avança o thatcherismo sobre a verdadeira vida política.
A explicação é simples: as tradicionais 'sensibilidades' das elites das nações européias têm sido menos decisórias porque tendem a desaparecer sob o predomínio mundial do neoliberalismo. A economia européia tem adquirido caráter financeiro. O capitalismo europeu foi neoliberalizado.
Depois de Portugal, a vez da Espanha
Monitor Mercantil, 08/04/2011
COM IDA DO PRIMEIRO AO FMI, BCE AFIRMA QUE SITUAÇÃO ESPANHOLA É "FRÁGIL"
Embora ainda não tenha sofrido o impacto do pedido de empréstimo internacional feito por Portugal, a Espanha continua em situação frágil, segundo José Manuel González-Páramo, membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE).
"Todos reconhecem que a situação permanece frágil", afirmou nesta sexta-feira González-Páramo durante conferência em Berlim.
Maior membro da Zona do Euro na lista dos próximos a enfrentarem insolvência de pagamentos, a Espanha, caso quebre, arrastaria outros países, como a Inglaterra, cujos bancos estão fortemente expostos aos papéis da dívida espanhola.
O grande déficit orçamentário do país deriva, principalmente, das consequências do estouro da bolha do setor imobiliário da Espanha e dos gastos gigantescos para evitar a quebra do setor financeiro.
Apesar disso, o governo optou por ampliar o corte de gastos públicos, fazendo o desemprego disparar para cerca de 20%. Além disso, os esforços do governo para recapitalizar os bancos prejudicados pela crise imobiliária ainda estão incompletos.
O BCE, no entanto, prefere exigir mais arrocho. "O governo espanhol precisa executar suas promessas de reformar o mercado de trabalho, controlar os gastos em nível regional e reformular o sistema bancário o mais rapidamente possível", disse González-Páramo, referindo-se ao desejos dos setores mais conservadores de aproveitar a crise para reduzir os direitos trabalhistas, já fortemente atingidos por propostas do cada vez mais impopular governo Zapatero.
No mesmo evento, Gertrude Tumpel-Gugerell, também do conselho executivo do BCE, disse que os efeitos da disseminação da crise de dívida da Zona do Euro deve ser avaliada "país por país".
Espanha prepara Proer para salvar 13 bancos
Monitor Mercantil, 14/04/2011
Madri (Espanha) - O Banco Central da Espanha aprovou os planos de recapitalização de 13 instituições financeiras locais para tentar impedir a quebra dessas instituições. A Espanha é a bola da vez da crise que varre a União Européia (UE) e, em caso de quebra do seu sistema financeiro, os estilhaços atingiriam fortemente a Inglaterra, cujas instituições têm forte exposição ao mercado espanhol.
O Banco da Espanha - o banco central do país - estima que os bancos do país precisarão levantar cerca de 15 bilhões de euros no total para atender às novas exigências de capital.
O Proer espanhol, no entanto, deve ser pago pelos contribuintes do país. Em comunicado, o Banco da Espanha informou que nove dos 13 bancos podem exigir ajuda estatal do Fundo de Reestruturação Ordenada dos Bancos (FROB).
De acordo com o banco central espanhol, quatro bancos de poupança não listados em bolsa tentarão vender ações para investidores privados por meio de ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) ou pela venda de grandes participações acionárias.
Sob pressão para garantir que os bancos do país continuem a pagar os bônus dos credores externos, principalmente, de instituições financeiras da Inglaterra, o impopular governo espanhol estabeleceu novas exigências de capital mínimas em fevereiro.
O governo afirmou que o Frob comprará participações acionárias nas instituições que não forem capazes de levantar capital novo de fontes privadas.
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