sexta-feira, 29 de abril de 2011

Déficit externo recorde, apesar de aumento na dívida externa

Captação de bancos pegam dinheiro barato para ganhar com juros e especular com câmbio e elevam a dívida externa. Acresce-se a isso, a entrada de investimento direto externo (IED) que somou US$ 6,8 bilhões mês passado. Contudo, apesar dessas entradas, o Brasil teve um déficit recorde em março de US$5,6 bilhões - remessa de lucros e "bolsa Miami" causam rombo recorde. Para piorar, essas entradas causam mais déficits dificultando ainda mais a situação.

Captação de bancos eleva dívida externa
Monitor Mercantil,26/04/2011


Instituições pegam dinheiro barato para ganhar com juros e especular com câmbio

Apesar da propaganda oficial e do mercado financeiro sobre o fim da dívida externa do país, em março o débito brasileiro com o exterior atingiu US$ 279,226 bilhões. Isso representa mais US$ 22,422 bilhões em relação a dezembro, conforme anunciou o chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, que divulgou o Relatório do Setor Externo referente a março.

Maciel informou que a dívida externa de longo prazo cresceu US$ 9,5 bilhões no trimestre, para US$ 209 bilhões. Já o estoque da dívida de curto prazo (vencimento ao longo dos próximos 12 meses) teve aumento mais pronunciado. de US$ 12,9 bilhões no período, totalizando US$ 70,2 bilhões.

Segundo Maciel, a expansão na dívida de curto prazo deveu-se ao ingresso líquido de US$ 7,7 bilhões em empréstimos a bancos e a emissões líquidas de US$ 2,6 bilhões em papéis do setor bancário, além de US$ 2,6 bilhões de empréstimos a outros setores.

No caso da dívida de médio e longo prazos houve o ingresso líquido de US$ 4,9 bilhões em bônus e notas e de US$ 3,6 bilhões em empréstimos ao setor bancário, mais US$ 2,4 bilhões de empréstimos a outros setores. O destaque no período, acrescentou Maciel, foi a redução de US$ 2,2 bilhões no endividamento externo de longo prazo do governo federal.

O relatório do BC menciona, ainda, que as reservas externas do país continuam a crescer: US$ 317,1 bilhões em março, mais US$ 9,6 bilhões sobre fevereiro, em decorrência, principalmente, das compras do BC no mercado à vista de câmbio, que somaram US$ 8,8 bilhões.

Houve também receitas de US$ 629 milhões com a remuneração das reservas e US$ 175 milhões com a valorização do real e outras operações externas. Mas, de acordo com o último número do BC, relativo ao dia 20 deste mês, as reservas internacionais cresceram mais US$ 8,588 bilhões este mês, alcançando US$ 325,734 bilhões.

PAÍS TEM DÉFICIT RECORDE EM MARÇO: US% 5,6 BI
Monitor Mercantil, 26/04/2011


Remessa e "Bolsa Miami" causam rombo recorde

BRASÍLIA - As balança de transações correntes (bens e serviços) amargou déficit de US$ 5,67 bilhões, em março. O resultado é o pior já registrado para março desde 1947, quando começou a série histórica do Banco Central (BC).

O rombo recorde foi provocado pela disparada na remessa de lucros e pelo aumento das despesas de turistas brasileiros, beneficiados pelo Bolsa Miami, que subsidia as viagens ao exterior, ao manter o real sobrevalorizado em relação ao dólar. Com isso, no primeiro trimestre, o déficit saltou para US$ 14,63 bilhões.

Em março, as filiais de empresas internacionais repassaram para suas matrizes US$ 3,7 bilhões, mais 83% em relação ao enviado no mesmo período de 2010. No trimestre, as remessas somaram U$ 8,4 bilhões, contra US$ 4,5 bilhões no primeiro trimestre de 2010.

Para piorar, o aumento do rombo externo continua a ser financiado pelos juros elevados, que atraem capital especulativo, registrado na conta financeira, (portfólio e investimento externo direto). Esta conta teve resultado positivo em US$ 15,02 bilhões em março e em US$ 42,6 bilhões no primeiro trimestre.

Já o investimento direto externo (IED) somou US$ 6,8 bilhões mês passado.

Com isso, o balanço de pagamentos (registro de todas as transações do Brasil com o exterior) foi superavitário em US$ 9,53 bilhões em março.

No primeiro trimestre, o IED somou. US$ 17,5 bilhões. Com isso, o balanço de pagamento teve saldo positivo de US$ 27,64 bilhões

"As contas externas do país, tanto em março, quanto no primeiro trimestre, vieram em linha com aquilo que a gente estava esperando. Ou seja, uma ampliação do déficit em transações correntes, que, em última instância, reflete o crescimento da economia brasileira", afirmou Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário