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quarta-feira, 11 de março de 2015

População rural brasileira pode ser superior ao apontado oficialmente

Pesquisa usa abordagem sociológica para definir políticas públicas para o campo

Pesquisa apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) calcula que 36% da população brasileira é rural. O percentual é 20 pontos superior aos cerca de 16% apontados pelo último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A diferença deve-se à aplicação de um tipo de conceito de rural defendido pelos pesquisadores do MDA. Segundo o levantamento, como só existe o conceito de urbano na legislação, a ruralidade acaba definida por exclusão.

O novo conceito foi apresentada na primeira edição do evento ‘Diálogos sobre o Brasil Rural’, nesta segunda-feira (9), em Brasília.  O evento, promovido pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead/MDA), apresentou a pesquisadores, estudantes, servidores do MDA e de outros ministérios o estudo ‘Repensando o conceito de ruralidade no Brasil: implicações para as políticas públicas’.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Brasil pagou, só de juros, oitenta e oito vezes o orçamento anual de Reforma Agrária


Apenas de janeiro a setembro, o setor público gastou R$ 209,1 bilhões com encargos financeiros, que já corresponde a 5,5% do PIB. Brasil pagou, só de juros, quarenta e três vezes o orçamento anual de Organização Agrária e oitenta e oito vezes o orçamento anual de Reforma Agrária

A gastança de dinheiro público com despesas que não são serviços públicos aumentou enormemente. O setor público viu a conta com os juros aumentar para patamares nunca antes vistos. Dados do Banco Central (BC) mostram uma situação preocupante para o país. De janeiro a setembro deste ano, o desembolso de estados, de municípios, do Distrito Federal e da União com encargos financeiros chegou a R$ 209,1 bilhões — quase três vezes maior do que o valor gasto 12 anos atrás, de R$ 72,3 bilhões, no mesmo período de 2002.

A dinheirama corresponde a 5,53% do Produto Interno Bruto (PIB), nível normalmente visto em países em crise. Esse montante representa oito vezes o orçamento anual do Bolsa Família, de R$ 25 bilhões, e quarenta e três vezes o orçamento  da União previsto para 2014 com Organização Agrária (R$4,9 bilhões), tanto com pessoal, custeio e investimento no MDA e INCRA, incluindo em apoio à outras instituições com convênios e parcerias. Sendo que a parcela prevista destinada nesse total à Reforma Agrária propriamente dita são meros R$ 2,35 bilhões, portanto o Brasil paga de juros quase 89 vezes a mais.

Clique  AQUI para ler a íntegra

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Reforma agrária agoniza. Desempenho vergonhoso do Incra e MDA

Trecho da Análise de Conjuntura produzida pelo IUH desta semana tratando da situação do Incra e do MDA. O documento na íntegra está em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/511918-conjuntura-30-07-2012

Segue a parte:
Reforma agrária agoniza. Desempenho vergonhoso
O primeiro ano do mandato de Dilma Rousseff inscreveu em sua biografia uma marca: o pior desempenho desde a Era FHC na execução da Reforma Agrária. Dados oficiais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –Incra, revelam que a presidenta em 2011 registrou a pior marca dos últimos dezessete anos no assentamento de famílias sem terra. Os números de 2011 são vergonhosos. Apenas 21,9 mil famílias de sem-terra foram assentadas no 1º ano do governo Dilma.
Comparando os números relativos ao primeiro ano dos mandatos desde 2003, têm-se o seguinte quadro: FHC – 43 mil famílias em 1995; Lula – 36 mil famílias em 2003 e Dilma – 22 mil famílias em 2011. Os dados são do Incra em levantamento organizado por Paulo Kliass.
Caso sejam analisados os dados de todo o período, percebe-se que o primeiro mandato de Lula foi mais efetivo em termos de reforma agrária. A média de assentamentos de famílias por ano obedeceu ao seguinte quadro: FHC 1(1995-1998) – 72 mil/ano; FHC 2 (1999-2002) – 63 mil/ano; Lula 1 (2003-2006) – 95mil/ano;  Lula 2 (2007-2010) – 58 mil/ano.
Isso significa que, caso Dilma pretenda manter a média do primeiro mandato de Lula, ela terá de assentar uma média de 120 mil famílias nos próximos 2,5 anos que lhe restam. Mas a maioria dos analistas do setor considera muito difícil atingir tal meta, uma vez que o próprio MDA trabalha com a hipótese de assentar apenas 35 mil famílias até o final desse ano de 2012. Destaque-se que segundo o Incra existem cerca de 180 mil famílias esperando um lote.
Para agravar ainda mais o quadro, o orçamento para a execução da Reforma Agrária foi reduzido. Para se ter uma ideia, até agosto de 2011 Dilma tinha gasto R$ 60,3 milhões para desapropriar novas áreas e transformá-las em assentamentos de trabalhadores rurais sem-terra. No auge do investimento em reforma agrária, em 2005, o governoLula gastou mais R$ de 800 milhões no mesmo período. Para 2012, o quadro pouco mudou, o orçamento continuou em baixa.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Pesquisa mostra queda expressiva do orçamento do Incra somada à baixa execução dos recursos


pesquisa_forum
O professor doutor do mestrado de Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás (UFG) Cláudio Maia apresentou pesquisa que aponta diminuição de recursos para reforma agrária, aliada à baixa execução orçamentária e fraqueza política dos dirigentes da autarquia no decorrer dos últimos anos. 

Os dados foram divulgados no seminário do Fórum Estadual da Reforma Agrária, no dia 31 de julho, atividade que contou com a presença maciça dos servidores do Incra Goiás em greve. A pesquisa trata da execução da política de reforma agrária federal no período de 2002 a 2011.
O estudo mostra que o orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Incra não acompanhou o crescimento da Receita Líquida do Governo Federal ao longo de quase uma década.
O pesquisador aponta ainda que houve uma queda expressiva do orçamento do Incra a partir de 2007 e, mesmo com essa redução, a autarquia não tem conseguido executar em torno 40% do recurso. Ele interpreta que esse fato está ligado diretamente à falta de estrutura e à quantidade insuficiente de servidores.
Cláudio Maia mostrou também que não há um parâmetro técnico estabelecido para a divisão do orçamento entre as superintendências regionais do Incra, o que facilita a distribuição embasada em “prestígio político”.
Seguem a seguir, os documentos, dados e tabelas da apresentação. O conjunto dos documentos dá uma visão muito esclarecedora sobre o que foi feito do Incra nos últimos anos.
Questo_Agrria_Hoje4.odp ( arquivo odp - apresentação do OpensDocument)
Incra_e_MDA_oramento.ods (em arquivo ods - planilha do OpenDocument)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Servidores Públicos Federais vão sacudir Brasília nesta quarta feira!


Paulo Barela, da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas

Diversas caravanas já saíram  de seus estados para participar da Marcha a Brasilia neste dia 18 de julho, dia Nacional de Luta do Servidores Públicos, em greve. Serão milhares de trabalhadores na capital federal, já que outros setores da classe trabalhadora se incorporarão à marcha nacional, assim como os estudantes, que também estão em greve nacional.

Todas as entidades filiadas à CSP-Conlutas devem divulgar esse dia de mobilização em suas páginas na internet, redes sociais e materiais impressos. Vamos fortalecer e fazer ecoar esse dia de luta!

Esta semana vai completar um mês da deflagração da greve unificada dos servidores federais e quase dois meses desde o início da greve dos docentes nas universidades federais. O movimento conta também com o apoio da juventude estudantil, que está em greve contra a precarização e as péssimas condições nas universidades, fruto da política desastrada do Reuni. Essa política, imposta pelo ex-ministro, Fernando Haddad, em nada melhorou as condições das universidades brasileiras, mas este, com a maior cara-de-pau, é hoje candidato à prefeito em São Paulo, pelo PT.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Em ato no Ministério dos Esportes servidores criticam prioridade do Governo à Copa



Servidores públicos federais de Brasília em greve fizeram nesta quinta-feira (12/07) uma manifestação na porta do Ministério dos Esportes na Esplanada dos Ministérios. 

O protesto expôs a contradição do governo federal, que vai investir no mínimo R$28 bilhões na Copa do Mundo e ao mesmo tempo diz que não tem dinheiro para serviços essenciais, como saúde, educação e reforma agrária, muito menos para atender as reivindicações salariais dos servidores. E boa parte dos gastos da Copa do Mundo são obscuros, com suspeitas de superfaturamento. 

Os manifestantes fizeram uma série de questionamentos: "Um evento que vai durar duas semanas é mais importante que hospitais e escolas?" "O que os brasileiros ganham, já que os ingressos são caros e todo mundo vai ver o jogo de casa?" Enquanto essas perguntas não são respondidas, os servidores esperam o governo negociar as reivindicações da greve, que em alguns lugares já dura quase dois meses. 

Participaram do protesto professores das universidades federais, servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Incra, Arquivo Nacional, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), institutos federais, entre outros. Estiveram presentes ainda representantes regionais da CSP-Conlutas, da coordenação da articulação dos comitês popular da Copa, dos comandos de greve do Ministério da Justiça e da Funai.

domingo, 8 de julho de 2012

Servidores do MDA e Incra estão greve nacional e lançam documento de denúncia durante o Rio+20


Almir Cezar*

O MDA  (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) estão em greve nacional desde segunda-feira dia 18/06, em adesão a greve geral dos servidores públicos federais (SPFs) convocada pela Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Federais) e 30 outros sindicatos nacionais e centrais sindicais que compõe o Fórum Nacional de Entidades dos SPFs. A greve já em seu início contou com adesão de mais da metade dos estados, e o restante deliberou em seguida entrar em greve ainda naquela semana ou a partir do início da seguinte. 


E ainda, as associações nacionais dos três segmentos dos servidores federais da área agrária lançaram carta pública durante o Rio+20 em que denunciam que o sucateamento dos órgãos agrários ameaça a soberania ambiental, territorial e alimentar brasileira e que é preciso uma forte alteração na estrutura fundiária brasileira e nas políticas que interferem para combater os prejuízos ambientais resultantes do agronegócio e que possa desenvolver as condições para a hegemonia da agricultura ecológica no campo brasileiro.

As três entidades associativas dos servidores federais agrários constroem a greve
Os servidores federais da área agrária são da base sindical da Condsef, e nos estados são ligados aos sindicatos estaduais de servidores públicos federais (os Sindsef´s e similares), porém, no dia-dia, há 3 entidades associativas nacionais representando as três carreiras da área agrária federal: uma coordenando os servidores do MDA, a Assemda - Associação Nacional dos Servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário; uma coordenando os analistas e técnicos do Incra, a Cnasi - Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra, que agrupa 3 dezenas de associações regionais; e uma coordenando os engenheiros agrônomos do Incra, a Assinagro - Associação Nacional dos Engenheiros Agrônomos do Incra. As três desde o início do ano vêm realizando uma processo de condução unitária da campanha salarial, pela primeira vez na História, inclusive no âmbito do próprio Incra. Assim as três vêm realizando atos, atividades, paralisações e mobilizações conjuntas, até apresentando documentos comuns ao Governo, incluindo um plano de carreira e tabela salarial única para as três carreiras.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Servidores do MDA e Incra iniciam greve nacional

O MDA  (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) iniciaram greve nacional partir de ontem, segunda-feira (dia 18/06), em adesão a greve geral dos servidores públicos federais (SPFs) convocada pela Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Federais) e 30 outros sindicatos nacionais e centrais sindicais que compõe o Fórum Nacional de Entidades dos SPFs. 

Os servidores federais da área agrária são da base sindical da Condsef, e nos estados são ligados aos sindicatos estaduais de servidores públicos federais (os Sindsef´s e similares), porém, no dia-dia, há 3 entidades associativas nacionais representando as três carreiras da área agrária federal: uma coordenando os servidores do MDA, a Assemda - Associação Nacional dos Servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário; uma coordenando os analistas e técnicos do Incra, a Cnasi - Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra, que agrupa 3 dezenas de associações regionais; e uma coordenando os engenheiros agrônomos do Incra, a Assinagro - Associação Nacional dos Engenheiros Agrônomos do Incra.

As três desde o início do ano vêm realizando uma processo de condução unitária da campanha salarial, pela primeira vez na História, inclusive no âmbito do próprio Incra. Assim as três vêm realizando atos, atividades, paralisações e mobilizações conjuntas, até apresentando documentos comuns ao Governo, incluindo um plano de carreira e tabela salarial única para as três carreiras. A unidade parte de uma caracterização comum da progressiva inviabilização dos dois órgãos agrários e do abandono sistemático do governo Lula/Dilma da reforma agrária e das políticas fundiárias e de desenvolvimento rural e agrícola não ligadas ao agronegócio. A identificação dos três segmentos e de suas direções é que separados, inclusive também do restante dos SPFs, não se conseguirá nada.

sábado, 2 de junho de 2012

A luta pelo serviço público da área agrária interessa a todos os brasileiros


A luta pelo serviço público da área agrária interessa a todos os brasileiros

Servidores do Incra e MDA paralisam novamente dia 28 de maio e exigem melhoria salarial e ampliação imediata do número de servidores



Opinião Socialista |  25/5/2012 
ALMIR CEZAR, DE BRASÍLIA (DF)

• O dia 28 de maio será marcado pela quarta paralisação conjunta convocada pela Cnasi (Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra), Assinagro (Associação Nacional dos Agronômos do Incra) e Assemda (Associação Nacional dos Servidores do MDA). Em todos os escritórios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) os servidores dos dois órgãos vêm realizando protestos e chamando a população a apoiar sua luta em defesa de melhorias no serviço público da área agrária.

Melhorar o serviço público da área de políticas agrárias melhora também a vida de todos os brasileiros. Embora 70% dos alimentos venham de pequenos produtores, 80% das terras estão nas mãos dos latifundiários e do agronegócio. E, embora a metade dos pobres viva no campo, este abriga apenas 20% da população. Cerca de 80% dos homicídios no campo envolvem conflitos de terra e 70% dos libertos de trabalho escravo são de lavradores pobres. Se os servidores do Incra e MDA não fazem mais e melhor, é porque faltam recursos e servidores.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Servidores da área agrária fazem nova paralisação em defesa da reforma agrária


Os servidores públicos federais da área agrária, agregando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), estão em campanha e realizaram uma paralisação hoje, dia 21 de maio. Os dois órgãos, enormemente criticados pela mídia e movimentos sociais do campo devido ineficiência, episódios de corrupção e não cumprimento de metas, sofrem com descaso de sucessivos governos - curiosamente agravado nos governos Lula e Dilma,  que contrariando sua base eleitoral, optaram pelo agronegócio -, que abandonaram as políticas públicas de reforma agrária e apoio à agricultura familiar. Ano após ano, reduzem recursos orçamentários, não realizam concursos e mantêm os salários dos servidores entre os menores do Governo Federal. A crise é tamanha, que se nada for mudado, provavelmente ambos os órgãos acabaram por se tornarem inviáveis em seu funcionamento.

Esta paralisação é 4a em menos de um mês, novamente organizada pelas três entidades representativas presentes nos dois órgãos, a Assinagro (Associação Nacional dos Agronômos do Incra), Assemda (Associação Nacional dos Servidores do MDA) e Cnasi (Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra), e é parte da campanha salarial unificada 2012 dos servidores federais dos três poderes, organizada por 28 confederações, federais e sindicatos nacionais, entre elas a Condsef e a Cnesf, e presentes 3 centrais sindicais, a CTB, CUT e CSP-Conlutas. Os servidores do MDA e Incra conseguiram apoio de deputados e senadores e dos movimentos sociais do campo e realizaram reuniões com o Ministro do MDA, Pepe Vargas, e com o secretário de relação do trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça. Mas ainda não obtiveram resposta concreta sobre sua pauta, centrada em equalização salarial com os servidores da área agrícola e concursos públicos urgentes. Sua luta é a luta em defesa da reforma e do desenvolvimento agrário no Brasil.

Veja o panfleto convocando as atividades de hoje e explica o motivo de sua luta:

Todos do MDA e Incra parados dia 21 de maio!

Melhorar o serviço público da área agrária melhora também a vida de todos os brasileiros. Embora 70% dos alimentos venham de pequenos produtores, 80% das terras estão nas mãos dos latifundiários e do agronegócio. E, embora a metade dos pobres viva no campo, este abriga apenas 20% da população.

Os governos cada vez mais investem menos e não valorizam os trabalhadores do Serviço Público Federal. O orçamento para pagar os servidores é o menor dos últimos 17 anos, se comparado ao que a União arrecada (4,13% do PIB). Ao contrário do que a mídia diz, o Brasil tem um dos menores índices de servidores por habitante. Se não fazemos mais e melhor é porque faltam recursos e servidores.

Nos órgãos da área agrária a evasão de servidores é grande, são baixíssimos os salários (um dos piores do serviço público federal). O Incra tem hoje metade dos servidores que há 20 anos, sendo que em 2 anos mais da metade se aposentará. E o MDA nunca foi estruturado - além de poucos servidores, conta com menos de 1/5 do quadro próprio, sendo que quase 40% já saíram após 2,5 anos do único concurso. 

O dia 21 de maio é a 3ª paralisação conjunta convocada pela Cnasi, Assinagro e AsseMDA. Lutamos para sermos valorizados. Lutamos pela agricultura familiar, reforma agrária, regularização fundiária e desenvolvimento rural sustentável. Vamos cobrar do Ministro Pepe Vargas resposta às nossas demandas apresentadas há mais de um mês. Queremos que este defenda ao MPOG uma nova tabela salarial e ampliação no número de servidores.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Abril Vermelho: Recursos do MDA foram os menores dos últimos 7 anos

por Almir Cezar

O orçamento executado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em 2011 foi o menor dos últimos sete anos, segundo levantamento do site Contas Abertas. O número reforça o argumento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que realiza neste mês uma série de protestos pela Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, também conhecida por “Abril Vermelho”, em que realizou ocupações e atos em mais de 20 estados, cujo ápice foi a ocupação por um dia da sede do MDA na Esplanada dos Ministérios.

No ano passado, o MDA gastou R$ 3,8 bilhões, ou 63,5% dos R$ 6,1 bilhões previstos. Comparativamente, nos anos de 2010, 2009, 2008 e 2005 os valores chegaram ao máximo de R$ 4,7 bilhões. Em 2006, o ministério desembolsou R$ 6,2 bilhões e, em 2007, R$ 5,4 bilhões.De acordo com o levantamento, o montante de recursos aplicados influencia no número de famílias assentadas. Em 2006, ano de recorde na aplicação das verbas, foi registrado o melhor índice de famílias assentadas: 136.358. No ano passado, de verbas menores, somente 22.021 famílias foram assentadas pelo governo federal – o menor índice registrado nos últimos 16 anos (veja tabela).

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ato em Brasília repudia PSDB por Pinheirinho


Nesta quinta-feira, 02/02 realizou-se ato dos movimento popular e sindical do Distrito Federal em repúdio ao PSDB pela desocupação violenta dos moradores de Pinheirinho, em frente a sua sede nacional, na Asa Sul, Brasília ( clique aqui para ver mais fotos ou mais abaixo).

A concentração foi às 9h em frente ao HRAS (Hospital Regional da Asa Sul) e caminhada pela via L2 Sul até o Edifício Metrópolis, Quadra 607 Sul, onde o diretório nacional do partido do governador de São Paulo e do prefeito de São José dos Campos aluga a cobertura.

As atividades contaram com um carro-de-som, para falações e palavras-de-ordem, muitas faixas e bandeira. Com a presença de mais de 200 lideranças e ativistas do MTST (vindos de Planaltina, Ceilândia e Brazlândia), do PSTU, do PSOL, do PCB, da CSP Conlutas, da Intersindical, da URDF-União dos Rodoviários do DF, da ASSEMDA-Associação dos Servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Comitê em defesa do Santuário de Pajés de Brasília.

O ato acontece simultaneamente a atos realizados por todo o país. Ao final os manifestantes fecharam a via L2 Sul nos dois sentidos para mostrar sua indignação. O movimento exigiu imediata suspensão das ações de desocupação no Pinheirinho, atendimento social das  2,5 mil famílias,  desapropriação da área com doação de terrenos e punição aos violadores dos direitos humanos.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Orçamento 2012: muitíssimo aos banqueiros, quase nada aos trabalhadores

por Almir Cezar

Em meio ao turbilhão de notícias envolvendo a ação típica de "terrorismo de Estado" na desocupação de mais de 6 mil trabalhadores (dados do Censo 2010) moradores do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, Estado de São Paulo, no último domingo (22/01), realizadas de maneira desumana e classista pela justiça, polícia e governo estadual, pode-se ter ignorado outro importante fato ocorrido no começo no fim da semana passada, a sanção do Orçamento da União de 2012,  na sexta-feira passada (20/01). Mais não é um fato menos importante, pois é no Orçamento que veremos a prioridades de ação do Governo Federal, e por meio dele que se poderia evitar, não apenas que acontecesse a desocupação bárbara em Pinheirinho, SP, como outros tantos "pinheirinhos" pelo Brasil, e também as tragédias das chuvas, que se repetem ano após ano, e varreram o Noroeste Fluminense no início de janeiro.

Muitos já devem saber que foi sancionado pela presidenta Dilma, sem vetos, a Lei Orçamentária Anual da União (LOA) para 2012. É na LOA que o Congresso Nacional fixa as receitas e despesas da União, o chamado Orçamento Geral da União (OGU), com os valores e percentuais, para cada setor da administração pública, os chamados "órgãos orçamentários", a partir da proposta enviada pelo Governo Federal, cuja presidenta Dilma tem maioria parlamentar nas duas casas do Congresso. É nele que o cidadão identifica a destinação dos recursos recolhidos sob a forma de impostos, taxas e contribuições. Nenhuma despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento. O OGU autoriza e as verbas são liberadas de acordo com a receita.

Se, por um lado, a título de comparação, o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal, sem o TCU) terão 0,36% do OGU para gastar, em 2012, isto é, mais de R$ 8,6 bilhões, duro é saber que no OGU, embora seja um pouco maior, estão reservados apenas 1,02%, um pouco mais de R$22 bilhões, para as atividades do Ministério das Cidades, exatamente aquele órgão que cuida dos problemas habitacionais, urbanísticos e de mobilidade urbana. Justamente o órgão responsável pelo tão propagandeado programa "Minha Casa, Minha Vida", que se funcionasse de verdade, poderia atender e evitar outros "Pinheirinhos". Órgão que desde 2004, segundo ano de sua criação, e ano de início da ocupação, nada fez pelos moradores daquele bairro.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Servidores do MDA estão com indicativo de greve em audiência com ministro contra precariedades e corrupção

Após dois anos de precariedades e diante das recentes denúncias de possíveis casos de corrupção, servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário estão com indicativo de greve por condições mínimas de trabalho e moralidade na administração pública e contra descaso à reforma agrária e agricultura familiar. Dia 6 de dezembro haverá um audiência pública em Brasília com o Ministro Afonso Florence onde os servidores apresentarão como última tentativa sua pauta de reivindicações, e se não bem sucedidos, em assembleia no dia seguinte, entrarão em greve. A sua associação dos servidores lançou uma nota pública com os 26 itens reivindicados, todos mínimos e obrigatórios para qualquer empregador, e ainda incluí a demissão de um subsecretário.

Nota Pública:

É preciso lutar pela estruturação do serviço público no MDA 

 Associação Nacional dos Servidores do MDA – ASSEMDA 
Seção Sindical no MDA do SINDSEP-DF 

No dia 06 de dezembro acontecerá o primeiro encontro dos servidores com o ministro da pasta do desenvolvimento agrário, momento em que a Administração do MDA, depois de dois anos, se pronunciará sobre as demandas apresentadas pelo movimento sindical. 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Primeiro ano de Dilma foi perdido para a Reforma Agrária


2011, ano perdido para a Reforma Agrária


Da Página do MST

A presidenta Dilma Rousseff corre o risco de encerrar seu primeiro ano de governo sem ter realizado nenhuma nova desapropriação de terra.

A presidenta recebeu cerca de 90 processos de desapropriações, cujos trâmites técnicos já tinham sido completamente realizados no governo anterior, e bastava apenas a sua assinatura. Todavia, as desapropriações dessas áreas ainda não saíram.

Essa demora adia a criação de novos assentamentos para resolver o problema das famílias acampadas e joga por água a baixo o trabalho do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra), que tornou essas áreas passíveis de serem desapropriadas em um processo que leva de um ano e meio a dois anos.

“Temos mais um ano perdido para a Reforma Agrária. A lentidão para o assentamento das famílias acampadas e para a execução de políticas para fortalecer os assentamentos é uma vergonha para um governo que tem como meta acabar com a pobreza no Brasil. Sem Reforma Agrária, superar a pobreza não passa de propaganda”, avalia Marina dos Santos, da Coordenação Nacional do MST.

sábado, 20 de agosto de 2011

Cargos de confiança: o núcleo da corrupção no Brasil

O núcleo da corrupção no Brasil

Gabriel Bonis

http://www.cartacapital.com.br/politica/a-distribuicao-de-cargos-e-o-nucleo-da-corrupcao
15 de agosto de 2011 às 11:48h
As denúncias de irregularidades envolvendo funcionários dos Ministérios dos Transportes, Turismo e Agricultura são apenas os mais recentes, entre os muitos e já quase corriqueiros, casos de corrupção em órgãos públicos no Brasil.


Em comum, as pastas acima têm o comando de partidos da base aliada do governo. Uma distribuição de cargos comum no sistema político nacional, que visa “premiar” os aliados. Porém, em meio à multiplicação de esquemas de corrupção no Brasil, surge o questionamento: o problema está na índole dos políticos ou na estrutura da adminitração pública do País?

Para tentar esclarecer a pergunta, CartaCapital conversou com o doutor em sociologia, professor Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e especialista em cultura política, Valeriano Costa. Segundo ele, o loteamento de postos no governo para aliados é o núcleo da corrupção. “É preciso haver politização nas estruturas governamentais, mas no Brasil não se sabe mais o que é vínculo entre a política e a administração. É preciso haver uma separação mínima entre essas partes e saber até onde pode haver políticos na estrutura”.

terça-feira, 1 de março de 2011

Contingenciamento do Orçamento 2011: Para gastar com juros, Dilma retira verbas até de despesas obrigatórias

Enfim, para tristeza geral saiu o decreto da Programa Orçamentária (PO) do Orçamento 2011, com o já conhecido contingenciamento. Para gastar com juros, Dilma retira verbas até de despesas obrigatórias e em Saúde, Educação e Reforma Agrária. Ao todo o Governo Federal vai congelar/cortar R$36 bilhões do aprovado no Orçamento 2011 em despesas obrigatórias. Para verificar o impacto só, por exemplo, no MDA+INCRA o corte vai ser 28,4% .

Veja o tamanho do contingenciamento direito no Portal do Ministério do Planejamento
http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/imprensa/pronunciamentos/apresentacoes/Nota_imprensa_Reprogramacao_Orcamentaria_2011.pdf

O que é Contingenciamento?

É o bloqueio de despesas previstas no Orçamento Geral da União. Procedimento empregado pela administração federal para assegurar o equilíbrio entre a execução das despesas e a disponibilidade efetiva de recursos. As despesas são bloqueadas a critério do governo, que as libera ou não dependendo da sua conveniência.

Cortes não poupam nem a Educação
Monitor Mercantil, 28/02/2011

Ao detalhar os setores a serem atingidos pelo corte de R$ 50 bilhões imposto ao Orçamento, o governo informou que até os gastos obrigatórios pela Constituição, como Previdência Social e Educação serão atingidos. Os maiores prejudicados serão os Ministérios das Cidades (R$ 8,58 bilhões), da Defesa (R$ 4,38 bilhões) e da Educação (R$ 3,1 bilhões).

Em seguida vêm Turismo (R$ 3,08 bilhões), Transportes (R$ 2,39 bilhões), Integração Nacional (R$ 1,82 bilhão), Justiça (R$ 1,53 bilhão), Esportes (R$ 1,52 bilhão), e Agricultura (R$ 1,47 bilhão). Já os gastos com juros, que consumiram R$ 195 bilhões no ano passado, não sofreram qualquer restrição.

No Ministério das Cidades, nem o programa "Minha Casa, Minha Vida" foi poupado: perderá R$ R$ 5,1 bilhões. Já na Educação, segundo Eliana Graça, assessora de Política Fiscal e Orçamentária do Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos (Inesc), um dos mais atingidos será o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

"Tirar R$ 3 bilhões da Educação é frustrante. E as despesas obrigatórias perderão R$ 15 bilhões. Como cortar o que é obrigatório?", questiona Eliana, lembrando que o seguro desemprego também sofrerá perdas de "R$ 3,5 bilhões em detrimento de novas contratações, algo importante que vinha acontecendo nos últimos anos, pois diminuiu a terceirização".

Ela admite serem medidas de início de governo, "para dar satisfação ao mercado", mas observa que foi o maior corte da história. "Ano passado foram R$ 30 bilhões. Sinto que estão cortando em áreas essenciais, mas a sociedade e a imprensa não têm acesso como esses cortes serão feitos", disse, lembrando que eles caberão a cada ministério. "Infelizmente, nada foi cortado do pagamento da dívida. Pelo contrário: já se fala em novo aumento da taxa básica de juros (Selic)."

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Lançamento da Campanha Unificada dos Servidores Federais

Hoje é dada largada na Campanha Salarial Unifica dos Servidores Públicos Federais. O ano de 2011 será de dificuldades na luta dos servidores, em particular na questão salarial, devido ao já referido aperto fiscal e o ressurgimento da proposta de congelamento dos gastos com pessoal no governo federal. Dessa forma é urgente a integração do movimento dos servidores do MDA com o das outras categorias do serviço público federal na Campanha Salarial 2011.

Mais do que uma campanha por reajustes salariais, a mobilização dos servidores federais se reveste de resistência em defesa do serviço público e de seus servidores contra as medidas que o Governo Dilma anunciou, especialmente os cortes no Orçamento da União, a suspensão de novos concursos públicos e convocação de já aprovados e o congelamento de reajustes salariais. O Governo prefere preservar recursos para os banqueiros, políticos e empreiteiras do PAC.Os servidores não podem ficar inertes, precisam reagir e se mobilizar. Dar início à luta por melhores salários e condições de trabalho e por mais recursos para os programas dos seus órgãos.

A Condsef (Confederação dos Servidores Federais), com o apoio da CSP-CONLUTAS, CUT, CTB, INTERSINDICAL, convoca todos os servidores públicos federais para participar do ato de lançamento da Campanha Salarial Unificada, na próxima quarta-feira, dia 16 de fevereiro, na Esplanada dos Ministérios com uma marcha pela Esplanada dos Ministérios e um grande Ato Público em frente ao Congresso Nacional. A marcha será precedida de uma assembleia no Espaço do Servidor, às 8h30, para a eleição de delegados à Plenária da Condsef, que acontece na quinta-feira, dia 17.02.

Eixos da Campanha Salarial 2011
- Data-base para 1° de maio
- Contra qualquer reforma que retire direitos dos trabalhadores;
- Regulamentação/Institucionalização da negociação coletiva no setor público e direito de greve irrestrito;
- Retirado dos PLP’s, MP’s, Decretos contrários aos interesses dos servidores públicos (PLP 549/09, PLP 248/98, PLP 92/07, MP 520/09 e demais proposições);
- Cumprimento por parte do governo dos acordos firmados;
- Paridade entre Ativos, Aposentados e Pensionistas;
- Política salarial permanente com reposição inflacionária, valorização do salário base e incorporação das gratificações;
- Salário mínimo de R$ 580,00;
- Correção da tabela do Imposto de Renda.

Calendário

Dia 15.02 (terça-feira)
- Reunião da Comissão Organizadora da Manifestação
- Distribuição de “Carta aos Parlamentares” no Congresso Nacional

Dia 16.02 (quarta-feira)
- Pela manhã bem cedo – Chegada das caravanas com concentração na Catedral de Brasília;
- 9h – Deslocamento em marcha pela Esplanada dos Ministérios e panfletagem da “Carta aberta à população”. Breve parada em frente ao Ministério do Planejamento (SRH) para algumas falas;
- 10h30 – Início do ato na frente do Congresso Nacional.
Dia 17.02 (quinta-feira)
- Plenárias Nacionais Setoriais das categorias.

Dia 18.02 (sexta-feira)
- Reunião Ampliada das Entidades Nacionais.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Por que colocar limite no tamanho da propriedade rural

Por que colocar limite no tamanho da propriedade rural
29 de junho de 2010

Do IHU On-Line

Em setembro deste ano, será realizado o Plebiscito Popular pelo limite da terra que visa pressionar o Congresso Nacional para limitar o tamanho máximo da propriedade e uso dela por estrangeiros.

Em entrevista à IHU On-Line, realizada por telefone, Gilberto Portes, do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, explica a iniciativa. “Um estrangeiro vem para o Brasil e pode comprar a quantia que quiser de terra. Enquanto isso, há quatro milhões e duzentas mil famílias que não têm acesso à terra, ou seja, mais de doze milhões de pessoas”, aponta.

Portes fala também da importância da revisão dos índices de produtividade para a efetiva realização da Reforma Agrária no país. “Os índices de produtividade são fundamentais, principalmente nas regiões que teoricamente dizem que não têm terra para Reforma Agrária”, defendeu.

O advogado Gilberto Portes é secretário executivo do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo. Foi coordenador estadual do MST no RS.

Confira a entrevista.

Para começarmos, o senhor pode nos explicar a ideia central da questão do “Limite da Propriedade da Terra”?
O Brasil é o segundo país com maior concentração de terra do mundo. Este é o elemento central. O outro, que está relacionado a esta situação, é que o Brasil, desde a sua descoberta ou da sua invasão, teve o poder econômico, o poder político e o próprio poder social concentrados através da propriedade da terra. A mudança da relação de trabalho, renda, alimentação, desenvolvimento econômico social do país passa necessariamente pela democratização da terra. Isso porque só dessa maneira será possível garantir mais pessoas produzindo alimentos, mantendo o trabalho no campo e, assim, desenvolvendo o país através da produção de produtos de qualidade e, consequentemente, eliminando a violência das grandes periferias das cidades. Hoje, para cada família que é assentada, é possível empregar, em média, cinco pessoas no campo e mais três na cidade. Precisamos mostrar esse dado para a sociedade brasileira. O limite da propriedade da terra é a base para que se quebre a espinha dorsal de um problema histórico estrutural do Brasil.

Como está a preparação do Plebiscito pelo Limite da Propriedade da Terra?
Em torno de 12 estados brasileiros já realizaram suas plenárias. Temos cerca de cem lideranças ligadas às pastorais sociais, movimentos sociais e movimento sindical. Estas instituições estão se envolvendo com lideranças das periferias dos bairros, associações de moradores, comunidades eclesiais. Agora, no final de junho, início de julho, teremos a consolidação destas plenárias estaduais, onde estamos formando os comitês nas comunidades. Em agosto, estaremos na fase intensiva de mobilização nacional que culminará no grande momento do plebiscito que acontecerá entre 1º e 7 de setembro. Faremos uma grande manifestação popular junto com o grito dos excluídos, em que vamos buscar apoio da sociedade para entrar no Congresso Nacional com uma proposta de emenda constitucional para limitar o tamanho da propriedade de terra. Esse é o instrumento que estamos utilizando como forma de pressão política para fazer o debate com a sociedade brasileira. Nós precisamos retomar a Reforma Agrária para mudarmos a condição social do povo brasileiro e, consequentemente, fazer com que as pessoas exerçam sua cidadania e sua participação popular.

Em que contexto surge a ideia de organizar um plebiscito sobre esse tema?
A partir do estudo da luta pela terra no Brasil, os movimentos foram aprofundando este debate, vimos o quanto é necessário, assim como já foi feito em outros países, construir um processo de limitação da propriedade da terra. Esse processo ajuda muito no que diz respeito ao desenvolvimento do país, tanto do ponto de vista do capitalismo como do ponto de vista mais socialista. No Brasil, como nossas elites são as mais atrasadas deste mundo, não foi feito um investimento na democratização da terra para que a população tivesse acesso a alimento barato e emprego. Os movimentos, as organizações, as Igrejas, sempre se preocuparam com que a nossa Constituição Brasileira tivesse inciso ou um artigo que estabelecesse claramente que a propriedade de terra no Brasil tem que ter limite.

Um estrangeiro vem para o Brasil e pode comprar a quantia que quiser de terra. Enquanto isso, há quatro milhões e duzentas mil famílias que não têm acesso à terra, ou seja, mais de doze milhões de pessoas. Só as pessoas que têm dinheiro e poder possuem acesso a nossa biodiversidade, natureza, terra. Nossa ideia é fazer um debate mais aberto com a sociedade e apresentar uma proposta para incluir, na Constituição Brasileira, no artigo 186, um inciso que estabeleça, com clareza, que devemos limitar a propriedade da terra em tantos módulos.

E o que são módulos?
São áreas que o INCRA tem como mecanismo de estabelecer para cada agricultor ou pequeno camponês, para ele sobreviver com a família. Isso varia de região para região. No Sul, por exemplo, o módulo varia de 25 a 30 hectares, já no norte vai até cem hectares, no Centro-Oeste varia de 30 a 35 hectares. Fizemos um cálculo que aponta que o máximo, para um brasileiro ou estrangeiro, deveria ser de 35 módulos, que já é um grande latifúndio. O Estado Brasileiro precisa ser obrigado constitucionalmente a democratizar a terra.

Qual é o uso que o estrangeiro dá a terra no Brasil?
Gilberto Portes – Os estrangeiros veem o Brasil como seu laboratório para duas coisas. Primeiro, para despejar os agrotóxicos que os europeus e os americanos não querem mais. Para você ter uma ideia, o Brasil consome anualmente 750 mil toneladas de agrotóxicos, isso significa que se nós dividirmos esses milhares de litros de agrotóxicos por membro da população brasileira, cada cidadão brasileiro consome anualmente cinco litros de veneno. Como aqui ainda não existe uma legislação, um controle maior, eles jogam este veneno na nossa terra. O segundo aspecto: qualquer propriedade que é conduzida por estrangeiro no Brasil trabalha com exportação, nenhuma propriedade de estrangeiro vem aqui para produzir comida para o povo brasileiro. Ele vem aqui para levar nossa riqueza, destruir os recursos naturais, retirar da propriedade a matéria-prima para enriquecer seus investimentos no mercado financeiro, esta é a lógica dos investimentos internacionais.

Consequentemente, estes grupos internacionais fazem aliança com o próprio agronegócio do Brasil para aplicar a mesma política, há uma relação íntima entre este setor de investimento internacional com o agronegócio brasileiro. Um exemplo: no Mato Grosso, um político, que foi governador do estado, tem um milhão de hectares produzindo soja. Ele é o maior produtor de soja do mundo, e é brasileiro. Porém, ele tem uma forte relação com as transnacionais que produzem aqui e exportam. A nossa interpretação é que o agronegócio está articulado essencialmente com o capital internacional para explorar e destruir a nossa natureza. Todo o desmatamento, destruição do bioma cerrado, da mata Atlântica, da Amazônia, da caatinga, do pampa no sul é consequência deste investimento nacional e internacional do agronegócio que tem como essência a exploração da matéria-prima para divisas do capital de seus interesses.

Quem está apoiando o Plebiscito?
Gilberto Portes – Nós temos 54 entidades nacionais que estão vinculadas à mobilização do plebiscito. A maior delas é a CNBB, que tem uma orientação do Conselho dos Bispos para que os agentes pastorais se envolvam efetivamente no processo de mobilização popular. Nós temos também o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs - CONIC -, que fez um trabalho com suas Igrejas para que todas as pessoas se envolvam nessa mobilização.
Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema central Economia e Vida, e o gesto concreto dela vai ser a participação do Plebiscito. Dos movimentos nacionais, temos a CUT, a CONTAG, a Via Campesina, o MST e outras organizações. A Comissão Pastoral da Terra também tem nos apoiado muito, assim como a Pastoral do Migrante e o Grito dos Excluídos. E, em vários estados, nós também temos o apoio de alguns partidos políticos de esquerda, que têm como proposta a reforma agrária como mudança no Brasil.

Quem e como as pessoas podem participar e votar no plebiscito?
O primeiro passo é participar do abaixo assinado. Percebemos nas comunidades que há muita dúvida, porque está havendo uma contra-informação para tentar manipular a opinião pública sobre a nossa proposta. Estão dizendo, em alguns lugares, que limitar a propriedade de terra significa limitar também as propriedades dos pequenos e médios agricultores. A sociedade precisa estar presente no debate político e, assim, entender qual é a importância que nossa proposta de limite da propriedade da terra tem para a população urbana, para as comunidades tradicionais e para os camponeses.

A revisão dos índices de produtividade pode colaborar com o início da Reforma Agrária efetiva no Brasil?
Isso é básico e essencial para a Reforma Agrária. Os índices de produtividade são fundamentais, principalmente nas regiões que teoricamente dizem que não têm terra para Reforma Agrária. A correção desses dados é constitucional, e precisava ser feita há muito tempo. O governo não fez e não sei se vai fazer. A população tem uma expectativa enorme em relação à revisão desses índices para ampliar o número de áreas para a Reforma Agrária.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Governo Lula desapropriou apenas 8% das terras destinadas à reforma agrári

Esse é um dos exemplos de que não houve melhorias estruturais na vida dos trabalhadores brasileiros apesar do desenvolvimento econômico do último período, e que esse mesmo desenvolvimento reproduz o que sempre pautou a dependência econômica e o subdesenvolvimento, entre outras coisas a não superação da questão da reforma agrária e o padrão de alta concentração na malha fundiária. Persiste assim um dos itens do grande problema nacional a manutenção de agricultura baseada no latifúndio monocultor exportador e de uma ordem patrimonial e fundiária extremamente desigual.

Governo Lula desapropriou apenas 8% das terras destinadas à reforma agrária

Evandro Éboli, O GLOBO 05/07/2010

BRASÍLIA - Dos 46 milhões de hectares destinados ao programa de reforma agrária no governo Lula, entre 2003 a 2009, apenas 8,2% (3,8 milhões) foram obtidos pelo critério da desapropriação, considerados improdutivos. Outros 393 mil hectares foram comprados e 42 milhões são terras públicas destinadas ao programa. O baixíssimo volume de áreas adquiridas via desapropriação consta na ação que o Ministério Público Federal propôs contra o governo na Justiça Federal. Na ação, os procuradores cobram a revisão dos critérios de produtividades das áreas privadas para ampliar o número de terras destinadas à reforma agrária.

Promessa de campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, a revisão do chamado índice de produtividade rural - critério para se desapropriar terras para a reforma agrária - ainda não saiu do papel. Os procuradores recorreram à Justiça para que se esses índices, fixados na década de 70, sejam atualizados e aplicados pelos fiscais do Incra no momento da vistoria das fazendas. Durante estes oitos anos de governo Lula, um racha entre os ministérios do Desenvolvimento Agrário e o da Agricultura impediu acordo e que fosse publicada portaria mudando as exigências para se considerar um imóvel produtivo.

Um estudo encomendado pelo Ministério Público concluiu que a atualização desses índices irá aumentar a disponibilidade de terras passíveis de desapropriação para reforma agrária e também pode reduzir a violência no campo. A resistência às alterações ocorre na pasta da Agricultura, contrária a essa revisão, atendendo à pressão do setor ruralista. Aliado dos movimentos sociais, o Ministério do Desenvolvimento Agrário é autor da minuta da portaria enviada ao presidente Lula. Mas, para ser publicada no Diário Oficial e entrar em vigência, a portaria depende da anuência do Ministério da Agricultura, o que não ocorreu até agora.

Na ação, os procuradores Álvaro Manzano e Luciana Oliveira argumentam que a pasta da Agricultura sempre colocou dificuldades para a atualização desses índices. Segundo o Ministério Público, essa demora atrasa o processo da reforma agrária, principalmente nas áreas onde, de acordo com os índices vigentes, não há mais imóveis improdutivos. "A atualização desses índices neste momento, mais do que urgente, visa a minimizar injustiças na avaliação da produtividade de grandes imóveis rurais", afirmam os procuradores.

O índice de produtividade verifica o rendimento dos produtos agrícolas por hectare, levando em conta as condições de cada região. No caso de vários produtos, por conta da demora do governo, até mesmo os índices novos já estão superados. Um exemplo: para ser considerada produtiva, uma fazenda de soja em Sorriso (MT), maior produtor do Brasil, precisa render 1.200 quilos por hectare/ano. O índice proposto dobra para 2.400 quilos.

Mas, hoje, a produção de soja na cidade ultrapassa esse valor e atinge a 3 mil quilos por hectare num ano.O índice também verifica a Unidade Animal por Hectare. Em Alta Floresta (MT), para ser considerado produtivo, o fazendeiro tem que ter o equivalente a 0,46 de um boi por um hectare. É metade de um animal. O novo índice ampliou para apenas 0,95.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, afirmou que, com esses critérios, considerados por ele defasados, os fiscais do Incra saem para inspeções e praticamente não conseguem desapropriar terra alguma.

- Quem tem medo do índice de produtividade? Quem pode ser contra? O setor conservador, os ruralistas, que têm dificuldade de aceitar os novos índices. Sou um otimista patológico e espero que seja publicada a portaria. Mas não sei se vai ser - disse Cassel.

O ministro afirmou que as equipes de vistoria do Incra não encontram terras improdutivas.

- Como está, até terra abandonada é produtiva.

Ex-ministro da Agricultura de Lula até abril deste ano, o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR), que sempre se opôs a Cassel nesse assunto, diz não ser necessário atualizar índices.

Stephanes afirmou que a ação do Ministério Público é coisa de uma "minoria organizada", formada pelo Ministério Público, MST e Ministério do Desenvolvimento Agrário.

- O que o MDA propõe é inaplicável. Essa discussão é perda de tempo e de energia; Se aplicar os índices propostos, metade da área produtiva do Brasil será considerada improdutiva. É ridículo. Não há necessidade de revisão alguma - disse Stephanes.