A Vale do Rio Doce, a empresa privatizada anuncia o espantoso crescimento de seu valor de mercado. A alta nas ações da mineradora fez com que o valor de mercado da empresa atingisse US$ 167,3 bilhões, uma alta de 140% de seu valor registrado em 2006. Nos últimos 12 meses, valor das ações da empresa dobrou.
O resultado coloca a empresa à frente de grandes corporações, como a IBM, cravando o 31º lugar das maiores empresas do mundo. No Brasil, o valor da Vale superou o da Petrobras. Após uma série de aquisições, a mineradora conta, na prática, com um monopólio da produção e exportação do minério de ferro no país.
Alta na demanda e superexploração dos trabalhadores impulsiona lucros
No entanto, ao contrário da campanha pró-privatização que toma os altos lucros da Vale como exemplo, a valorização da empresa e seus altos lucros não são frutos de uma suposta ?eficiência? da gestão privada. O crescimento exponencial dos lucros da Vale são impulsionados pela alta demanda de minério de ferro pela China. O país asiático necessita de matérias-primas para sua indústria voltada à exportação, sobretudo aos EUA.
O arrocho salarial e o brutal aumento da exploração dos trabalhadores da empresa após a privatização também possibilitaram os sucessivos lucros recordes conseguidos pela Vale.
Em 1997, ano em que foi vendida, a Vale lucrou R$ 760 milhões. Em 2006, os lucros chegaram a R$ 13,43 bilhões. Desta forma, o mercado externo favorável, a alta nos preços do minério, o aumento da exploração, entre outros fatores, multiplicaram os lucros da empresa e seu valor de mercado. A comparação com a Petrobras, além de servir como defesa para a campanha pela reestatização da Vale, faz parte também de uma campanha insidiosa para o avanço da privatização da estatal do petróleo.
O governo tem ganho com o crescimento da Vale. Conta com os recursos da empresa para obras de infra-estrutura (como a ferrovia Norte-Sul, investimentos em gás e energia elétrica), recebe mais impostos, ganha dividendos e fatura com o efeito positivo das exportações de minério da balança comercial. Não, não se trata de um texto publicitário da Vale. É um trecho de uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo sobre os altos lucros da Vale. A matéria, publicada no último dia 3, parece ter saído direto do departamento de marketing da empresa.
A campanha em defesa da Vale privatizada não se dá apenas através de peças publicitárias massivamente veiculadas na TV e imprensa escrita. A reportagem do jornal paulista, ocupando uma página e meia, não dedica uma linha sequer sobre o leilão fraudulento que praticamente doou a mineradora ao capital privado.
O preço de venda da CVRD, US$ 3,338 bilhões, foi subestimado de propósito para garantir lucro aos empresários privados. Sem considerar a produção de ouro, platina, cobalto, níquel, nióbio, quartzo, titânio, calcário, fosfato, zinco, cassiterita, entre outros, as reservas provadas da Vale teriam, nos preços de hoje, um valor aproximado de US$ 215 bilhões.
6/05/2011 Vale anuncia lucro líquido de US$ 6,82 bi no primeiro trimestre
Resultado foi 13,1% superior ao recorde anterior de US$ 6,038 bilhões, registrado em igual período de 2010
A Vale registrou, no primeiro trimestre do ano, lucro líquido recorde de US$ 6,82 bilhões, equivalente a US$ 1,29 por ação diluído. O resultado foi 13,1% superior ao recorde anterior de US$ 6,038 bilhões registrado em igual período de 2010. Mesmo após excluir o ganho não recorrente da transação com ativos de alumínio, o lucro líquido do trimestral foi o maior para um primeiro trimestre.
A geração de caixa também foi recorde medida pelo Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ao somar US$ 9,176 bilhões, 3,5% acima do recorde anterior verificado no quarto trimestre de 2010. Excluindo os ganhos não recorrentes, o Ebitda ajustado de US$ 7,66 bilhões também é o mais alto para um primeiro trimestre. As vendas de minerais ferrosos - minério de ferro, pelotas, manganês e ferro ligas somaram US$ 9,36 bilhões no 1T11, foi o maior valor para um primeiro trimestre.
A receita operacional da mineradora totalizou US$ 13,54 bilhões, a maior para um primeiro trimestre. O lucro operacional, medido pelo Ebit ajustado (lucro antes de juros e impostos), alcançou um marco recorde de US$ 7,97 bilhões. Após excluir o ganho não recorrente, o Ebit ajustado de US$ 6,45 bilhões é o maior para um primeiro trimestre. A margem Ebit, após excluir o ganho não recorrente, alcançou 48,9%, a mais alta para um primeiro trimestre.
A Vale retornou a casa de US$ 1 bilhão como dividendo extraordinário aos acionistas, o equivalente a US$ 0,1916 por ação, que será pago em 31 de janeiro de 2011. A primeira parcela do dividendo mínimo para 2011 de US$ 4 bilhões, equivalente a US$ 2 bilhões ou US$ 0,3833 por ação, foi paga em 29 de abril de 2011.
Em nota à imprensa, a mineradora destaca o sólido desempenho no primeiro trimestre de 2011, ao considerá-lo o "resultado da execução de nossa estratégia de expandir a produção principalmente através do crescimento orgânico, desenvolvendo ativos de primeira linha ancorada na otimização da alocação de capital, em um cenário de forte demanda global por minerais e metais".
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