A ampliação das áreas plantadas com algodão, feijão, soja e arroz, aliada a condições climáticas favoráveis, deve fazer com que o país colha 159,5 milhões de toneladas na safra 2010/2011. O que seria excelente para o país, na verdade pode transforma-se em um grave problema.
Desde os anos 1990, o peso das commodities nas exportações do país oscila ao redor dos 40%. Entre 2007 e 2010, porém, essa fatia saltou 10 pontos, para 51%. E o fenômeno não se deve apenas à valorização das commodities. A perda de participação do mercado do Brasil coincide com o aumento da participação das commodities na pauta, a partir de 2006 e se acentua depois da crise, entre 2008 e 2009. Com o atual ciclo de valorização das commodities, o país conseguiu ampliar significativamente a presença no comércio mundial, mas não tem investido na diversificação do setor produtivo. Nos últimos três anos, a "primarização" da pauta de comércio do país não é apenas resultado de um desempenho excepcional das exportações brasileiras de commodities, mas também da perda de competitividade do país no comércio internacional em todos os outros grupos de produtos, especialmente os mais intensivos em tecnologia.
Por outro lado, a demanda interna gerada pelo aumento de 4% do consumo de bens manufaturados no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2010, foi atendida principalmente por produtos importados.
Por outro lado, a demanda interna gerada pelo aumento de 4% do consumo de bens manufaturados no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2010, foi atendida principalmente por produtos importados.
O país está atrelado ao modelo de abertura da economia que o mantém preso ao curto prazo. O governo desacelera a economia para reduzir as importações e depende do saldo comercial, cada vez mais vinculado às commodities, para fechar as contas externas. Para isso, porém, eleva juros, valorizando o câmbio, aumentando a capacidade de importar e acentuando a especialização em produtos primários.
Brasil deve ter novo recorde e colher quase 160 milhões de toneladas de grãos
Monitor Mercantil, 10/05/2011
Feijão apresentou aumento de área de 5%: 3,8 milhões de hectares; devendo ter uma produção de 3,8 milhões de toneladas
A ampliação das áreas plantadas com algodão, feijão, soja e arroz, aliada a condições climáticas favoráveis, deve fazer com que o país colha 159,5 milhões de toneladas na safra 2010/2011. O oitavo levantamento desta safra de grãos, divulgado hoje pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica que o recorde obtido na safra passada, de 149,2 milhões de toneladas, deve ser superado em 6,9%, ou 10,3 milhões de toneladas.
A área plantada com grãos foi ampliada nesta safra em 3,9%, ou 1,84 milhão de hectares (ha), abrangendo 49,3 milhões de ha. O destaque foi o algodão, que teve sua área aumentada em 65% (550,5 mil ha) em relação ao ciclo passado (835,7 mil ha). Por isso, a estimativa é uma colheita de 2 milhões de toneladas de pluma, um incremento de 843,7 mil toneladas.
O feijão apresentou aumento de área de 5%, alcançando 3,8 milhões de hectares, e deve ter uma produção de 3,8 milhões de toneladas, 14,3% a mais do que na safra passada. A soja cresceu 2,9% em área, com 24,1 milhões de hectares plantados e sua produção aumentou 7,2%, subindo para 73,6 milhões de toneladas, com sua colheita praticamente finalizada.
Com aumento de área de 3,7%, passando para 2,88 milhões de hectares, a produção de arroz deve crescer, segundo a Conab, 19,2%, chegando a 13,9 milhões de toneladas, 2,2 milhões de toneladas a mais do que na safra anterior.
A pesquisa foi feita entre 25 e 28 de abril por técnicos da Conab que consultaram representantes de cooperativas e sindicatos rurais, de órgãos públicos e privados nas regiões Sul, Sudeste, Centro-oeste e Nordeste, além de parte da Região Norte.
Safra de cana será de 642 milhões de toneladas
A produção nacional de cana-de-açúcar a ser moída pela indústria sucroalcooleira na safra 2011/2012 deve chegar a 642 milhões de toneladas. O número é recorde nacional e representa um aumento de 2,9% na produção total, em relação ao ciclo 2010/2011. O resultado faz parte do primeiro levantamento do ciclo, divulgado hoje também pela Conab.
O aumento da produção se deve, principalmente, ao crescimento de área e à produtividade dos canaviais das novas usinas, que entraram em operação nas últimas safras. Por outro lado, a produtividade média deve ser 1,8% menor que a da safra anterior, passando a 76,04 toneladas por hectare. O motivo é a estiagem nas áreas produtivas da região Centro-sul, de abril a novembro de 2010. Na maioria das usinas, houve atraso no início das atividades, devido aos fatores climáticos do ano anterior, que prejudicaram o desenvolvimento dos canaviais.
Do total de cana a ser esmagada, 51,89% (333,1 milhões toneladas) são destinados à produção de 27,01 bilhões de litros de etanol. Deste volume, 18,38 bilhões de litros são do tipo hidratado e 8,71 bilhões do anidro. Os 48,11% (308,9 mil toneladas) restantes vão para a produção de 40,94 milhões de toneladas de açúcar, bem acima da safra passada, quando foram produzidas 38,17 milhões de toneladas.
Com informações da Agência Brasil
Commodities já são 51% das exportações
Monitor Mercantil, 10/05/2011
BRASIL AMPLIA FATIA NO MERCADO, MAS CONCENTRADO EM PRODUTOS PRIMÁRIOS
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou estudo confirmando que, entre 2006 e 2009, o Brasil perdeu participação de mercado em todos os grupos de produtos, exceto commodities e petróleo.
Desde os anos 1990, o peso das commodities nas exportações do país oscila ao redor dos 40%. Entre 2007 e 2010, porém, essa fatia saltou 10 pontos, para 51%.
E o fenômeno não se deve apenas à valorização das commodities. Segundo os pesquisadores Fernanda De Negri e Gustavo Varela Alvarenga, a perda de participação do mercado do Brasil coincide com o aumento da participação das commodities na pauta, a partir de 2006 e se acentua depois da crise, entre 2008 e 2009.
Com o atual ciclo de valorização das commodities, o país conseguiu ampliar significativamente a presença no comércio mundial, mas não tem investido na diversificação do setor produtivo. "Ou seja, nos últimos três anos, a "primarização" da pauta de comércio do país não é apenas resultado de um desempenho excepcional das exportações brasileiras de commodities, mas também da perda de competitividade do país no comércio internacional em todos os outros grupos de produtos, especialmente os mais intensivos em tecnologia", diz o estudo.
Para o economista Paulo Passarinho, do Conselho Regional de Economia (Corecon-RJ), o país está atrelado ao modelo de abertura da economia que o mantém preso ao curto prazo. "O governo desacelera a economia para reduzir as importações e depende do saldo comercial, cada vez mais vinculado às commodities, para fechar as contas externas. Para isso, porém, eleva juros, valorizando o câmbio, aumentando a capacidade de importar e acentuando a especialização em produtos primários."
Importado absorve maior parte da alta do consumo
Monitor Mercantil, 09/05/2011
A demanda gerada pelo aumento de 4% do consumo de bens manufaturados no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2010, foi atendida principalmente por produtos importados.
Foi o que mostrou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao divulgar nesta segunda-feira os coeficientes de importação e exportação calculados para os três primeiros meses do ano.
Os coeficientes mostram que 64,1% da expansão do consumo foram atendidos por produtos importados e 35,9%, pela produção nacional. Em comparação com o crescimento do consumo, a produção nacional aumentou 2,3% e as importações, 12,9%.
"A indústria brasileira não está conseguido capturar o crescimento do consumo doméstico para o aumento da produção nacional, para o aumento do emprego nacional e expansão das nossas indústrias", analisou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca.
O coeficiente de importação teve alta de 1,7 ponto percentual no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2010, e chegou a 21,6%. Já o coeficiente de exportação, a parcela que o Brasil vende para o exterior em relação ao que a indústria produz, aumentou apenas 0,4 ponto percentual e ficou em 17,5%.
A elevação do índice de importações ocorreu em 26 dos 33 segmentos pesquisados. "É uma pena que esse pujante crescimento aparente no Brasil esteja se tornando mais benéfico para os estrangeiros do que para os brasileiros", reclamou Giannetti.
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