domingo, 31 de outubro de 2010

São frágeis as bases do crescimento econômico

Emprego cresce com salário baixo, enquanto lucro de empresas cresce e endividamento das famílias, são frágeis as bases do crescimento econômico

O crescimento do emprego vivido na economia brasileira no momento é com salário baixo, provando que o boom econômico e a recuperação da crise de 2009, embora possa até ser forte e vigoroso (porém não recuperou as perdas com a crise), é perigosamente constituído em bases frágeis. Em vários artigos anteriores aqui no Limiar&Transformação já escrevemos isso.

Porém, enquanto o salário segue em baixo, por outro lado, os lucros do grande capital segue em tendência crescente, puxado sim pelo crescimento do nível emprego, mas também provável reforçado pelo baixo nível de massa salarial, aumentando portanto a margem dos lucros (menores salários, menores custos, maiores os lucros, que é receita menos lucro - desde que a receita, através de demanda em alta, se mantenha apesar da queda dos salários).

Essas bases são frágeis ao crescimento econômico. Pois, embora o ciclo de boom atual venha sendo puxado em grande parte pelo crédito ao consumidor e pelo consumo, há sim participação do investimento produtivo, porém, este em trajetória crescente nem serve para repor a perda de trajetória antes da crise, e ainda não puxa o salário para cima. Em breve provavelmente a "fatura" deverá ser cobrada pela realidade, como através de sobre-endividamento das famílias, que já dá fortes sinais. Devido a alto consumo baseado em emprego em alta e crédito fácil, porém com salários baixos.

Vejam as quatro matérias a seguir:

Emprego cresce com salário baixo
Monitor Mercantil online, 27/10/2010

No país, 8,3% das empresas oferecem mais 20% vagas/ano, mas salário é de 2,4 mínimos

O número de empresas com dez ou mais empregados assalariados no país chegou a 371.610 em 2008, segundo o estudo Demografia das Empresas, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Do total de empresas, 8,3% (ou 31.876) eram consideradas de alto crescimento - percentual tido "como elevado para os padrões internacionais" pelo IGBE.

Os técnicos do instituto explicam, no documento de divulgação, que as empresas de alto crescimento, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são as que, por um período de três anos, têm crescimento médio do pessoal ocupado acima de 20% ao ano e, pelo menos, dez pessoas assalariadas no ano inicial de observação.

As cerca de 30 mil empresas brasileiras de alto crescimento empregavam 4,5 milhões de trabalhadores em 2008, o que correspondia a 16,8% do total de 27 milhões de pessoas assalariadas.

O salário médio mensal pago por essas empresas era de 2,4 salários mínimos. Ainda de acordo com o IBGE, a fatia de 8,3% das empresas consideradas de alto crescimento no total das companhias brasileiras é superior à registrada em países como Áustria e Canadá (ambos com fatia em torno de 3%) ou Estados Unidos e Espanha (ambos com cerca de 6%).

O estudo mostra ainda a importância das empresas de alto crescimento na geração de empregos formais no país. E foram responsáveis por 2,9 milhões (57,4%) dos 4,9 milhões de postos assalariados formais gerados entre 2005 e 2008.

Em 2005, nas 30.954 empresas de alto crescimento havia 1,6 milhão de postos assalariados formais. Em 2008, o número foi a 4,5 milhões, crescimento de 173,7% em três anos. No mesmo período, o pessoal ocupado assalariado em todas as empresas aumentou 22,2%.


Vale obtém ganho recorde no trimestre: US$ 6,04 bi
Monitor Mercantil online, 27/10/2010

O lucro líquido da Vale subiu 260%, para US$ 6,038 bilhões no terceiro trimestre, no padrão contábil norte-americano US GAAP. Na comparação dos dois intervalos, a receita líquida aumentou 110%, para US$ 14,102 bilhões, enquanto a geração de caixa medida pelo lucro antes de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortizações (Ebitda) subiu 192,5%, para US$ 8,815 bilhões.

Foi o melhor resultado da história da mineradora, com lucro e Ebitda recordes. Anteriormente, o lucro líquido recorde da Vale era o do segundo trimestre de 2008, no valor de US$ 5,009 bilhões. Já o recorde de Ebitda tinha sido registrado no terceiro trimestre de 2008, com US$ 6,374 bilhões.

No padrão contábil brasileiro (BR GAAP), o lucro líquido da Vale aumentou 253,4%, para R$ 10,554 bilhões. Na comparação com o terceiro trimestre de 2009, ainda nesse padrão, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) teve alta de 164,1% para R$ 15,923 bilhões.


Bradesco registra lucro líquido de R$ 2,527 bilhões no terceiro trimestre
Monitor Mercantil online, 27/10/2010

O aumento da oferta de crédito e o recuo da inadimplência levaram o Bradesco a registrar o maior lucro de um banco privado brasileiro no terceiro trimestre. O banco anunciou na manhã desta quarta-feira um lucro líquido de R$ 2,527 bilhões, crescimento de 39,5% em relação a igual intervalo de 2009. Quando excluídos os itens extraordinários, o lucro líquido recorrente do banco fica em R$ 2,518 bilhões, incremento de 40,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.

- O trimestre foi de bons resultados, com a queda da inadimplência e aumento da renda das famílias. O maior consumo demanda maior liberação do crédito - explicou o vice-presidente e diretor de Relações com Investidores do banco, Domingos Abreu.

As projeções do banco para 2010 foram mantidas, incluindo a expectativa de um crescimento da carteira de crédito entre 21% e 25%. Durante os meses de julho e setembro deste ano, a carteira de crédito do banco atingiu R$ 255,618 bilhões, crescimento de 18,6%, quando comparada com os últimos 12 meses.

Setor de máquinas e equipamentos cresce 11,5% entre janeiro e setembro
Agência Brasil, 27/10/2010

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos faturou R$ 53,1 bilhões entre janeiro e setembro, 11,5% a mais se comparado ao acumulado no mesmo período de 2009, quando o faturamento do setor atingiu R$ 47,6 bilhões.

No entanto, se o faturamento dos nove primeiros meses deste ano for comparado ao mesmo período de 2008, quando os efeitos da crise econômica mundial ainda não eram sentidos no Brasil, o resultado significa uma retração de 13,9%.

No mês passado o setor faturou R$ 6,2 bilhões, aumento de 1,7% em relação ao registrado em agosto. Na comparação com setembro do ano passado, o crescimento foi de 1,8%. Os números foram divulgados hoje pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor divulgada
Monitor Mercantil online, 27/10/2010

Pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor divulgada nesta quarta-feira pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) aponta que, em outubro, 50% das famílias na cidade de São Paulo têm algum tipo de dívida. Destas, 16% já estavam inadimplentes, afirmando possuir contas em atraso e, desse grupo, 7% relatam não terem condições de honrar os pagamentos. Os resultados de outubro se assemelham aos constatados em setembro, quando as proporções eram de 51%, 15% e 7%, respectivamente.

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