COMO EM 1929, PAÍSES OPTAM POR EXPORTAR MAIS EM VEZ DE ESTIMULAR CONSUMO
Monitor Mercantil online, 07/10/2010
Monitor Mercantil online, 07/10/2010
Tal como aconteceu na Grande Depressão, em 1929, a recusa das elites em distribuírem a renda doméstica, preferindo apelar ao mercado externo, pode estar lançando as bases para o recrudescimento da crise internacional. A advertência é do economista Adriano Benayon, da Universidade de Brasília (UnB), que alerta para um forte movimento de concentração da riqueza, como ocorreu antes da crise de 1929.
"Durante aquela crise, isso se acentuou. Alguns culpam o protecionismo, mas, se a renda fosse distribuída, o mercado interno se encarregaria da recuperação, sem que houvesse necessidade desesperada de exportar", lembrou.
Benayon discorda do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, que afirmou, nos EUA, que os mercados de moedas estão distorcidos e, para regulá-los, todos os países deveriam adotar o regime de câmbio flutuante, como o Brasil do real sobrevalorizado.
"Meirelles deveria era fazer como o Japão, que apesar de uma dívida pública de 225,5% do PIB baixou ainda mais os juros. Diante disso, a situação do Brasil se torna ainda mais gritante. Aparentemente, a política monetária tem por finalidade valorizar o câmbio", criticou.
Pela lógica, o professor da UnB não considera nenhuma moeda confiável no momento. "Tanto que, cada vez mais, aumenta a demanda por ouro. Isso porque a crise, que era privada, se tornou pública, por causa do socorro a bancos, seguradoras, montadoras. E as moedas refletem esse desequilíbrio."
Benayon aponta outra semelhança entre a crise de 1929 e a de hoje: "Durante a depressão dos anos 30 houve muita oscilação na bolsa e sucessivas recaídas. Comparações mostram como houve concentração muito grande de renda nos períodos que antecederam àquela crise e esta. Não há como dinamizar a economia sem consumo."
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