Trabalhadores e estudantes, em luta contra ataques do governo Sarkozy à previdência, param a França
A França registra nos últimos dias uma série de greves e protestos contra a reforma do sistema previdenciário. O elemento central da reforma defendida pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, consiste no aumento da idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos. Outro artigo polêmico prevê o aumento do limite de idade para ter direito à aposentadoria integral de 65 para 67 anos, no caso dos que não atingiram o tempo de contribuição exigido.
O governo defende que a mudança é essencial para sustentar o sistema previdenciário do país, mas os sindicatos alegam que os trabalhadores mais pobres e os jovens (recém ou a ingressar no sistema de previdência) serão os mais prejudicados. As paralisações afetaram fortemente os transportes urbanos, os aeroportos e os portos em todo o país, além do setor petrolífero, forçando uma elevação nos preços do óleo diesel na Europa.
Embora o governo Sarkozy coloque a elevação da estimativa de vida dos franceses como motivo para a reforma, o ataque faz parte de um pacote fiscal para conter o déficit público. A série de pacotes de estímulos concedidos pelos governos ao setor financeiro nos dois últimos anos colocou os países, principalmente da Europa, à beira da bancarrota. Agora, esses governos querem que os trabalhadores paguem pela crise.
Com maioria no parlamento, a reforma da Previdência já foi aprovada pelos deputados e tramita agora no Senado. Espera-se que a votação ocorra ainda nesta semana. A disposição de luta dos trabalhadores franceses, porém, indica não arrefecer. No dia seguinte à greve geral, setores como transportes e as refinarias permaneceram paralisados. Os sindicatos e as entidades estudantis-juvenis iniciaram um nova jornada de greve e manifestações no dia 16, sábado, que prossegue.
O impacto é grande. De acordo com a agência portuguesa Lusa, mais de mil postos em todo o território francês estão sem combustível, conforme anunciou a União de Importadores Independentes de Petróleo (UIP). Durante o fim de semana, autoridades do país negaram o risco de uma crise de abastecimento em âmbito nacional. Em resposta, e insistindo na proposta de reforma da previdência, o Ministério do Interior da França anunciou hoje a ativação de um "centro interministerial de crise" para garantir o abastecimento de combustível no país.
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