Manifestações
em diversas cidades repudiam os preparativos para a Copa e pedem a
realização de um plebiscito popular sobre o tema.
Quarta-feira,
dia 4 de abril, será lançada a campanha nacional Contra os Crimes da
Copa, promovida pela frente nacional de movimento populares Resistência
Urbana. As ações vão acontecer nas cidades de São Paulo, Manaus,
Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Fortaleza, Rio de Janeiro e Curitiba
(cidades que vão sediar eventos da Copa). Em cada cidade, os
manifestantes vão se reunir em frente a um dos estádios que estão sendo
construídos ou reformados. Em São Paulo, a manifestação será às 10h da manhã, diante das obras do estádio da abertura do evento, em Itaquera. Além
dessas cidades, São Luiz e Belém que, embora não sejam cidades-sede já
sofrem com os efeitos dos preparativos para o megaevento, também
realizarão manifestações.
O
objetivo fundamental da campanha é denunciar como as ações empreendidas
para a preparação da Copa prejudicam a grande maioria da população
brasileira e propor a realização de um plebiscito popular sobre os temas
da Copa para que todos possam opinar acerca das decisões.
A Resistência Urbana coloca-se:
1. Contra os despejos e remoções relacionados às obras dos megaeventos.
2. Contra o uso de dinheiro público para os megaeventos. Por investimento em políticas públicas.
3. Contra a ingerência da FIFA. Soberania não se negocia.
2. Contra o uso de dinheiro público para os megaeventos. Por investimento em políticas públicas.
3. Contra a ingerência da FIFA. Soberania não se negocia.
Para mais informações, leia o manifesto completo (em anexo, juntamente com o cartaz da Campanha)
Resistência Urbana - Manifesto sobre os Megaeventos
Esportivos
Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos 2016
Resistência
Urbana é uma frente de movimentos populares presente na maioria dos estados
brasileiros. Nosso compromisso é trabalhar para organizar vários setores de
nossa sociedade, lutar por nossos direitos e, no longo prazo, construir o que
denominamos poder popular. A vida só
vai mudar de verdade quando o povo tomar a direção de seu destino e não
permitir mais que uma pequena elite se beneficie do trabalho que é todos.
Mais uma vez, estamos promovendo esta Jornada Nacional de Lutas. O foco de
nosso protesto são os chamados megaeventos esportivos: a Copa do Mundo de 2014
e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
A propaganda oficial, a euforia dos empresá-rios
e a falta de informações sistematizadas na mídia faz que boa parte do povo
brasileiro pense que esses eventos esportivos serão bons para o país, que
elevarão a imagem do Brasil no exterior, que vão trazer centenas de milhares de
turistas que aqui vão gastar milhões de dólares. Em suma, muitos acham que a
Copa e as Olimpíadas vão beneficiar o povo como um todo.
Infelizmente, isso não é verdade. O número
de beneficiados é muito pequeno. Inclui a classe política dirigente do país,
alguns setores do grande capital nacional (redes de comunicação e empreiteiras,
por exemplo), os cartolas de certos clubes, a Fifa e um punhado de empresas
transnacionais, patrocinadoras dos eventos.
O número de prejudicados, porém, é imenso.
Perdem, em primeiro lugar, as dezenas de
milhares de famílias diretamente afetadas pelos despejos e remoções realizadas
em nome de obras viárias e de infraestrutura ou construções e reformas de
estádios. O propalado programa habitacional do governo federal, com o sugestivo
nome de Minha casa, minha vida tem um
desempenho muito pior do que geralmente esse divulga. Da meta de construção de
1 milhão de casas, apenas 400 mil se referiam à população que ganha até três
salários mínimos, e que corresponde a cerca de 90% do chamado déficit
habitacional, ou seja, o número dos que não têm moradia digna, hoje na casa dos
7 milhões de famílias.A meta do Minha
casa, minha vida é, portanto, tímida. E simplesmente não tem sido atingida.
Do total prometido, pouco menos de metade foi efetivamente entregue, até agora,
mesmo passado mais de um ano do prazo prometido. Isso para não falar que se
trata de casas muito pequenas (em geral, 32 m2), que devem ser pagas
por 25 anos, sem terreno para expansão futura, localizadas em áreas muito
distantes, em geral sem infraestrutura, isto é, sem asfalto, sem transporte,
sem escolas, creches ou postos de saúde. E os megaeventos esportivos agravam o
quadro, pois despejam famílias das áreas consideradas “nobres”, num processo
que chamamos de higienização social.
Perdem os torcedores de futebol. Muita gente
parece supor que poderá acompanhar os jogos nos estádios, mas, durante a Copa
ou as Olimpíadas, como se sabe, os ingressos, mesmo nos jogos menos importantes
das fases classificatórias, não custarão menos do que R$ 700 ou R$ 1 mil. Essa
lógica elitista deve, inclusive, se manter após as competições, pois os
estádios novos ou reformados terão seu custo de manutenção elevado e,
consequentemente, passarão a cobrar entradas bem mais caras.
Perde a população usuária dos serviços
públicos, como a saúde e educação. Quando pedimos mais e melhores escolas ou
postos de saúde, por exemplo, a resposta-padrão é que “não há verbas”. Agora, o
cinismo dessa atitude fica mais claro do que nunca. Para melhorar a vida das
pessoas, para dar acesso digno aos direitos garantidos pela Constituição, para
construir a cidadania o Estado jamais tem dinheiro. Mas para erguer estádios
que chegam a custar R$ 1 bilhão, para reformar aeroportos que servirão a
relativamente poucas pessoas, para transferir bilhões de reais a grandes
empreiteiras de obras públicas, para emprestar enormes somas a grandes
empresas, bem, aí o dinheiro aparece.
Perdem os que pagam impostos. No Brasil, é
preciso lembrar, a maior parte dos imposto está embutido em todos os produtos
que compramos, inclusive os de primeira necessidade, como alimentos ou produtos
de higiene e limpeza. Em nosso país, aliás, os ricos, apesar de reclamarem
muito, praticamente não pagam impostos, seja porque os repassam para o
consumidor, seja pela simples sonegação. Agora, como se não bastasse que o
dinheiro dos impostos seja investido sem qualquer prioridade, assistimos o
governo concedendo isenção tributária às empresas envolvidas com a Copa. Isso
significa, simplesmente, que essas empresas não precisarão recolher impostos
sobre os lucros que obtiverem com a competição. Por que o povo, que trabalho
duro e ganha pouco, paga tanto imposto e o grande capital nacional e trans-nacional
fica isento?
Perdem, enfim, todos os brasileiros. Um dos
maiores bens de um país é a sua independência, a sua soberania. Nenhuma nação
quer ser dominada por outra. Mas a chamada Lei Geral da Copa concede à Fifa
algumas prerrogativas aviltantes, que fazem do Brasil um país ainda mais
subordinado aos interesses do capital estrangeiro. Durante a Copa, nas áreas em
que ocorrem os jogos serão montados tribunais especiais, verdadeiros tribunais
de exceção, que julgarão alegados crimes que ocorrerem no entorno dos estádios,
o que inclui até a venda de bebidas ou produtos alimentícios não autoriza-dos.
Serão julgamentos muito rápidos (julga-mentos sumários), com restrito direito
de defesa. Ao aceitar essas imposições, os governantes brasileiros passam ao
mundo, não a imagem de um país dinâmico e moderno, mas do velho país
subordinado e governado por uma elite mesqui-nha e antipopular.
Por tudo isso, o ResistênciaUrbana, frente nacional de movimentos populares,
protesta contra os megaeventos esportivos e reivindica que as necessidades da
população venham antes dos interesses do grande capital.
Confira dez pontos para refletir sobre
a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
1.
Despejos - As obras dos megaeventos levam a grande número de despejos
violentos sem compensação às famílias removidas.
2.
Obras: dinheiro público, lucros privados - Apesar
de atenderem a interesses privados, as obras feitas para os megaeventos recebem
enormes quantias de dinheiro público.
3.
O exemplo do Pan 2007 - No Pan de 2007, no RJ, as obras custaram 10 vezes
mais que o planejado e aumentaram a repressão, como as dezenas de mortes no
Complexo do Alemão.
4.
No resto do mundo também não deu certo - Os megaeventos sempre causaram
prejuízos. Em Montreal, 1976, produziram dívidas que duram até hoje. As
Olimpíadas de 2004 estão entre as causas da crise na Grécia. A África do Sul
passa, hoje, por crise advinda da Copa de 2010.
5.
Quem manda no Brasil é a FIFA? - Para sediar uma Copa do Mundo, o país deve
abrir mão de sua soberania, permitindo que a FIFA influa nos impostos, nas
licitações e até nas leis do país.
6.
Futebol agora é coisa da elite? - Os ingressos para a Copa de 2014 serão
caríssimos, proibitivos para quase todo do povo. É mais um passo no caminho da
elitização do futebol brasileiro.
7.
Quem são as marcas que mandam na Fifa - As marcas que dominam os
megaeventos são constantemente envolvidas em escândalos financeiros e denúncias
de superexploração no Terceiro Mundo.
8.
Cidades não são marcas de negócio - Os megaeventos esportivos induzem as
cidades a se agirem como um produto do mercado mundial, geridas pelos negócios
e não pelo interesse da população.
9. A quem serve a cidade? - O planejamento
da cidade fica submetido, à lógica da competição esportiva, que dura semanas,
mas determina como a cidade será por várias décadas.
10.
Como se deve gastar o dinheiro do povo? - Dinheiro para a Saúde, a
Educação, a Moradia… dizem sempre que não tem. É justo, então, gastar com
eventos que beneficiam tão poucas pessoas?
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