Monitor Mercantil, 13/04/2012
"Esta crise parece encomendada para dissolver o Estado de bem-estar social. Os europeus só cederiam diante de um quadro de desemprego dramático como o atual." O comentário é da economista Denise Gentil, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre a a nova ofensiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) contra a Previdência, na qual assegura até que "viver mais é bom, porém, leva a um risco financeiro importante".
No texto base a ser debatida na cúpula semestral, o FMI apresenta o conceito de "risco longevidade". Segundo o FMI, se o tempo de vida médio crescer três anos além do previsto para 2050, o "custo do envelhecimento" aumentaria 50% nas economias avançadas, tendo como referência o PIB de 2010. Para os emergentes, avançaria 25%.
"Argumenta-se que a concorrência chinesa tirou competitividade da Europa, que se desindustrializou. Mas a crise é financeira, de desregulamentação do setor, e, sobretudo, de liderança, já que a Alemanha joga o jogo dos bancos", destaca Denise.
"Em crises anteriores, a reação anticíclica era aliada da recuperação. Os governos reajustavam para cima as transferências de renda e demais benefícios da seguridade. Agora, o diagnóstico conservador do Banco Central Europeu (BCE) vai na direção oposta, exclui a saída fiscal, recomendando corte de gastos, e usa só a política monetária", diz, acrescentando que a injeção de liquidez não tem surtido efeito e os recursos não saem dos bancos. "Sem demanda ninguém procura financiamento para investir."
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