quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Reduzir salário não ajuda a combater a crise

por Almir Cezar Filho

A proposta de reduções salariais feita pelas grandes empresas industriais, negociadas com a centrais sindicais, em vista de compensar a crise e não serem “obrigados” às demissões em massa, resulta inócua do ponto de vista científico para impedir o desemprego, mas prejudicam o poder dos trabalhadores sobre a renda nacional.

Digo isso, à medida que não há relação inversa entre salários reais e emprego, tanto porque não há como se esperar o efeito-substituição - algo esperada apenas pela escola neoclássica -, como também, porque como marxista, digo, que o produto agregado é determinado pelo princípio da regulação da "lei do valor" de Marx, bem expressa por Euguêni Preobrajenski.


Logo, uma redução salarial não tem efeito definido sobre os coeficientes de trabalho e em geral, como a parcela do consumo resultante dos salários é mais alta que dos lucros, a redução do salário diminuí a demanda efetiva, via consumo e o multiplicador.

O que acontecerá é que a folha total de salários crescerá menos que o aumento dos demais custos. Mas em geral não há repasse total na deflação de custos, portanto redução do salário básico no setor reduz o poder de barganha dos trabalhadores e tende pelo menos piorar a tendência à queda da parcela dos salários na renda observada nos últimos tempos em toda parte.

Portanto, reduções salariais são inócuas para impedir o desemprego, à medida que aumentaria a queda geral nas vendas e não melhora a produtividade da empresa, porém enfraquem o poder de barganha dos trabalhadores.

Talvez seja isso que ao final essas empresas pretendem, especialmente porque, atuam em setores da economia (automobilistica, aeronaútica, etc) que justamente onde os trabalhadores são mais organizados e com grande força de barganha.

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