sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Berlusconi esconde Jorge Troccoli.

Do http://abobrinhaspsicodelicas.blogspot.com

O que a "imprensa livre" brasileira não mostra: o caso Jorge Troccoli.

Nas últimas semanas, o caso Cesare Battisti vem ocupando um grande espaço nos principais "veículos de comunicação" do país e a cobertura dada ao mesmo - para variar - tem sido extremamente tendenciosa. De modo geral, a grande imprensa brasileira tem feito coro às alegações do governo italiano de que o Brasil está concedendo o status de refugiado político a um "terrorista", condenado por quatro homicídios, em seu país natal.

No entanto, esta mesma imprensa - que se diz neutra, livre e isenta - esquece deliberadamente um episódio ocorrido no ano passado na "democrática" Itália e que merece ser lembrado, no momento em que acontece este contencioso entre o Brasil e o governo do Sr. Berlusconi: o caso do militar uruguaio Jorge Troccolli. Capitão da marinha uruguaia, Troccoli teve uma atuação bastante ativa na tristemente famosa “Operação Condor” (que contou com a participação das ditaduras militares do Uruguai e de outros países sul-americanos), tendo sido responsável pela tortura e morte de mais de uma centena de opositores desses regimes, entre 1975 e 1983. Em 2002, o governo do Sr. Silvio Berlusconi – em sua segunda passagem pela chefia do gabinete de ministros da Itália - concedeu cidadania italiana ao Capitão Troccoli, mesmo sabendo das acusações de crime contra a humanidade que pesavam contra ele.

Em setembro do ano passado, o ministro da justiça da Itália, Angelino Alfano, negou-se à extraditar Troccoli para o Uruguai, alegando que ele é cidadão italiano, tomando como base jurídica um tratado assinado entre os dois países em 1879. Portanto, o mesmo governo que nega-se a extraditar um notório torturador, utilizando dessas filigranas jurídicas, é o mesmo que se considera ofendido pela não-extradição de Battisti, que seguiu todas as normas da legislação brasileira, que por sua vez se baseia em uma série de convenções internacionais.

A mídia golpista brasileira, interessada em atacar o governo Lula, opta por dar razão a um governo com notórias ligações com grupos neo-fascistas e com o crime organizado na Itália, como é o governo Berlusconi, ao invés de cobrir o caso Battisti com a isenção que seria necessária. E se é para dar opiniões pessoais e subjetivas - que é o que tem feito a maior parte dos principais articulistas da grande imprensa - eu prefiro concordar com a bela Carla Bruni, que apóia Battisti, do que com a deputada neo-fascista Alessandra Mussolini (neta do próprio), que faz parte da base de apoio de Berlusconi!!

Maiores informações sobre o caso Troccoli podem ser encontradas em um artigo publicado recentemente no jornal italiano "l'Unità".

O link é: www.unita.it/news/80861/troccoli_il_battisti_uruguayano

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Comentário

Queria acrescentar outro elemento importante a discussão, o fato de que o governo da Itália, presidido por Berlusconi, megamagnata da mídia italiano, num nível de quase monopólio, incita a imprensa italiana contra Battisti e o Brasil. A uma postura sensacionalista, para desviar a atenção da opinião pública local ao verdadeiros problemas do país, como a crise econômica, a corrupção do governo, etc. Um governo que tem como componentes partidos racistas, como a Liga Norte, e fascitas, como Unidade Nacional, neoliberais, e fina-flor da coronelismo político italiano.

Berlusconi faz a mesma coisa com o caso daquela moça com morte vegetativa, que a família conseguira na justiça o direito de desligar os equipamentos que a mantinha artificialmente viva. Berlusconi emitiu um decreto-lei específico para tentar impedir o desligamento, tudo para tornar um espetáculo um problema sério, e um drama familiar.

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