Sem crédito, com títulos públicos
jornal Monitor Mercantil - 11/02/2009 - 20:02
Quatro meses após o início da vigência das medidas do Banco Central para tentar estimular a retomada do crédito, a liquidez dos bancos brasileiros continua empoçada em volumes muito acima das registradas no período pré-crise.
São cerca de R$ 340 bilhões concentrados em operações de curtíssimo prazo. As mais longas não passam de 50 dias. Em condições normais, boa parte desse dinheiro seria direcionada a financiamentos, conforme analistas consultados pela Agência Estado.
Com o BC insistindo em sustentar o mais alto juro real do mundo e sem nenhuma medida condicionante, os bancos optaram aplicar o dinheiro que deveria ser direcionado para o crédito em títulos públicos.
As próprias projeções para o crescimento das carteiras de empréstimos este ano apontam para opção. A estimativa mais recente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) para a expansão do crédito em 2009 é de 16,18%.
"É uma crise de confiança. Bancos ficam mais líquidos para enfrentar incertezas e inadimplência", argumenta o analista da Austin Rating Erivelto Rodrigues.
Nos últimos dias, o BC tem retirado cerca de R$ 100 bilhões diariamente (over) do sistema financeiro com o objetivo equilibrar o custo do dinheiro. Antes do acirramento da crise, o recolhimento era de cerca de R$ 30 bilhões ao dia.
Além das operações diárias, o BC toma recursos por prazo mais longo, de cerca de 30 dias. No entanto, o próprio excesso de liquidez levou o banco a elevar esse prazo entre 40 e 50 dias.
Atualmente, o BC tem R$ 244,842 bilhões em operações com vencimento em 12 de março; a maior parte foi contratada em 22 de janeiro.
As medidas do governo federal para estimular as operações de crédito começaram a ser adotadas no fim de setembro, com a flexibilização das regras de recolhimento de depósitos compulsórios.
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