A redução da taxa Selic, decidida pelo Banco Central, em janeiro, ao invés de ser repassada aos clientes dos bancos, pela redução das taxas praticadas, na verdade, está sendo usada para amplir seus lucros.
A Selic é a taxa básica da economia, aquela onde o Banco Central, empresta dinheiro aos bancos, para eles poderem emprestar aos clientes pessoas físicas e jurídicas no consumo e no investimento. Os bancos lucram na diferença entre a taxa Selic e a taxa aos clientes - essa diferença chama-se spread bancário.
O que vimos, com a queda da Selic, ao invés da redução do juros finais foi o aumento do spread. O que os ideologos dos bancos justificam é que não houve repasse da redução da taxa Selic porque os bancos temem, com a crise econômica, um aumento na inadimplência, o que obriga os bancos a se previnirem ou compensarem os prejuízos com os maus pagadores, com taxa de juros relativamente mais altas. Mas, não é verdade, não houve e não há no cenário aumento na inadimplência.
O que os bancos querem é ampliar seus lucros, com a proteção do Banco Central e do presidente Lula, que nada fazem para pressionar os banqueiros.
Selic: redução não levou bancos a cobrar menos de clientes17/02/2009 - 12:02
http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=57776
A redução da taxa básica de juros, a Selic, ainda não levou os bancos a cobrarem taxas mais baixas dos clientes, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic em 1 ponto percentual, de 13,75% para 12,75%. Segundo a Anefac, se forem consideradas todas as quedas e elevações da taxa básica de juros desde setembro de 2005, houve redução da Selic em sete pontos percentuais (queda de 35,44%). Em setembro de 2005, a Selic estava em 19,75% ao ano.
Neste período de setembro de 2005 a janeiro de 2009, a taxa de juros média para pessoa física apresentou redução de 1,07 ponto percentual (queda de 0,76%), ao passar de 141,12% para 140,05% ao ano. Segundo a Anefac, nas operações de crédito para pessoa jurídica (empresas) houve elevação de 0,19 ponto percentual (0,28%), de 68,23% para 68,42% ao ano.
"Apesar de não se justificarem, altas podem ser atribuídas à maior preocupação das instituições financeiras com a inadimplência", diz a Anefac.
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Mas, outra matéria nega essa justificativa da Anefac. Houve nos últimos meses redução da inadimplência.
Inadimplência dos consumidores cai 1,5% em janeiro
da Folha Online 12/02/2009 - 16h08
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u502937.shtml
A inadimplência dos consumidores registrou queda de 1,5% em janeiro na comparação com dezembro de 2008, apontou o Indicador Serasa Experian de Inadimplência de Pessoa Física. Em relação a janeiro do ano passado, porém, a inadimplência mostrou alta de 12,7%.
Segundo a Serasa, trata-se praticamente do mesmo ritmo verificado entre dezembro de 2008 e dezembro de 2007 (aumento de 12,8%), "sinalizando estabilidade na evolução da inadimplência nestes últimos dois meses".
Outro dado divulgado hoje, mas pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), apontou que o nível de endividamento do paulistano caiu 7 pontos percentuais em fevereiro e atingiu o menor patamar desde o início da pesquisa, em 2004. De acordo com a entidade, os consumidores estão mais cautelosos em razão das incertezas sobre os efeitos da crise financeira mundial.
Para os técnicos da Serasa, "as férias, a menor demanda e a retomada gradual do crédito colaboraram para a queda de 1,5% da inadimplência dos consumidores em janeiro de 2009, na relação com dezembro de 2008".
Já o aumento da inadimplência verificado na comparação janeiro 2009/2008 "reflete não apenas o acentuado crescimento do crédito às pessoas físicas, registrado em 2008, como também o impacto da crise financeira internacional sobre a política de concessão de crédito por parte das instituições financeiras".
Ranking
No ranking de representatividade, a inadimplência em janeiro de 2009 foi liderado pelas dívidas com os bancos, com 43,6% de participação, ante 42,6% em janeiro de 2008.
Em seguida, estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras, com representação de 36,8%, ante 31% no mesmo mês do ano passado. Os cheques devolvidos aparecem na terceira colocação do ranking, com 17,7% de participação, abaixo dos 24% registrados em janeiro de 2008. Os títulos protestados, com representação de 1,9%, fecham a lista.
Em relação ao valor médio das dívidas, os débitos com bancos em janeiro eram de R$ 1.417,36, elevação de 2,8% na comparação com janeiro de 2008. Já as dívidas com cartões de crédito e financeiras somaram valor médio de R$ 402,63, alta de 13,6% na mesma comparação.
Os títulos protestados, por sua vez, registraram em janeiro de 2009 um valor médio de R$ 1.010,47, 8,2% acima do valor de 2008. Por fim, o valor médio dos cheques devolvidos foi de R$ 824,06, aumento de 30,6% quando comparado com janeiro de 2008.
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