quarta-feira, 6 de outubro de 2010

4% de IOF sobre gringos não serve para controlar queda do dólar

Elevação do 4% de IOF sobre aplicações externas não serve para controlar queda do dólar frente ao real. É preciso aplicar controle de capital, diminuir o arrocho fiscal e deixar de ser campeão em juros.

Quatro por cento é pouco mesmo
No primeiro dia após alta do IOF para só 4%, dólar tem maior queda em 2 anos

Monitor Mercantil online, 05/10/2010

Fatores externos como o corte, para zero, do juro no Japão e a expectativa de mais estímulos nos Estados Unidos (ao contrário do Brasil, campeão de juros e arrocho fiscal) ajudaram a derrubar o dólar. Com isso, confirmou-se, ao menos nesta terça-feira, a advertência feita por analistas ouvidos pelo MM na véspera, de ter sido inócua a elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para apenas 4%.
A moeda norte-americana caiu 1%, para R$ 1,675, no menor patamar desde 2 de setembro de 2008, antes da quebra do banco Lehman Brothers.
Além disso, declarações como a do vice-presidente da Moody"s, Mauro Leos, para quem o Brasil não enfrenta risco soberano "em função da solidez das contas externas", devem atrair ainda mais dólares para o Brasil.
Tanto o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, quanto o economista Leonardo de Carvalho, do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), avaliam que seria positivo o país flexibilizar o arrocho fiscal via aumento do investimento público.
"Seria bom gastar mais, investindo em infra-estrutura. O aumento do IOF se tornou apenas aumento de arrecadação. A inflação das commodities é importada e, contra ela, aumentar juros é tão inócuo quanto essa elevação do IOF", disse Castro.
Já Carvalho avaliou que, "se é para aumentar o gasto", que seja no investimento. "O governo ainda investe pouco", resumiu.
Economistas argentinos também consideram muito difícil o governo brasileiro conseguir interromper a trajetória de valorização do real só com a elevação da alíquota do IOF. "A equipe econômica do Brasil não pode ignorar que esse imposto é irrelevante para brecar a entrada de capitais e a conseqüente apreciação do real", opinou José Luis Espert, da consultoria local Espert & Associados.
Para o ex-presidente do Banco Hipotecário Miguel Kiguel, elevar o IOF "funciona no curto prazo porque os mercados sempre encontram meios para contorná-la".

Só dobrar IOF não detém real valorizado
Governo eleva para 4% o imposto sobre aplicações de "gringos" em títulos públicos
Monitor Mercantil, 04/10/2010

O governo anunciou o aumento da taxação dos investimentos estrangeiros em renda fixa no Brasil, que passarão a pagar 4% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a medida tem como objetivo coibir especuladores, que se aproveitam da diferença de juros e da valorização do real.
Para o economista José Luiz Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB), é inócua a elevação do IOF em apenas dois pontos percentuais.
"Como agravante, poderá dar argumento aos que são contrários ao controle sobre capitais especulativos. O risco da medida paliativa é desmoralizar o instrumento", pondera Oreiro.
Lembrando que a crise não acabou, ele cobra medidas mais duras para conter os que estão fugindo do dólar em queda e da recessão na Europa. "O Brasil está entrando de bobo na guerra das moedas - na definição do próprio ministro Mantega. A economia norte-americana continua patinando, inclusive com probabilidade de cair novamente em recessão".
Isso, segundo Oreiro, obriga o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a manter frouxa por longo período a política monetária, "o que por si só já explica a queda do dólar".
E lembra que o Brasil cresce com juros de curto prazo alto, o que torna o pais extremamente atrativo para uma série de investimentos especulativos, atrás do diferencial de juros e na bolsa.
"A China tem resistido a isso. Alguns países desenvolvidos, como a Suíça, vêm adotando política de compra de reservas internacionais, expandindo a base monetária. Com isso, seguram a moeda local em patamar competitivo. Por isso a desvalorização do dólar não aumenta a competitividade dos EUA", explicou, descartando qualquer possibilidade de coordenação de políticas cambiais entre os países, via G20.

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