quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sob ordens de Merkel e Sarkozy, Europa opta pelo abismo, enquanto Cameron apóia a City

Sob ordens de Merkel e Sarkozy, Alemanha e França se apropriam da soberania de 22 países da União Européia, enquadram o bloco, para aprofundar aperto e salvar bancos. É o imperialismo franco-alemão em curso. A resistência vem do outro lado do Canal da Mancha: Reino Unido não aceita qualquer taxação sobre movimentação de capitais. Na verdade, Cameron apóia a City e se afasta da UE. Em suma, ambos os lados não optaram pelos trabalhadores e sim seus banqueiros e rentistas.

 Europa opta pelo abismo
Monitor Mercantil, 09/12/2011 

Vinte e quatro dos 27 chefes de Estado e de Governo da União Européia (UE) anunciaram nesta sexta-feira em Bruxelas, na Bélgica, novo acordo que exigirá dos países da Zona do Euro um aprofundamento das medidas de cortes de gastos públicos, empurrando a região uma dura recessão. Na prática, o acordo significa a transferência da soberania dos demais países para a Alemanha e os burocratas da UE. 


Para o economista Miguel Bruno, do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), o acordo, que não teve apoio só de quatro integrantes da UE (República Tcheca, Hungria, Suécia e Reino Unido, este por razões distintas), será um "tiro no pé". E advertiu que a opção por aprofundar o aperto fiscal prejudicará a arrecadação e causará, no futuro, um problema ainda maior. 

 "O mercado financeiro transformou o câmbio em um ativo financeiro qualquer e até num derivativo. Então, os países ficaram alijados da possibilidade de promover políticas de crescimento. O caso da China, que não aceitou essa regra, é emblemático. O país está na vanguarda do desenvolvimento", comparou. 

 O novo pacto fiscal determina que o déficit estrutural anual da Zona do Euro não poderá exceder 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nominal, a pretexto de manter equilibrados os orçamentos dos países que compõem o bloco e aderiram ao euro. 

 "Assim que a Comissão (Européia) determinar que um Estado-membro superou o limite máximo de 3% (de déficit público) haverá conseqüências automáticas, salvo nos casos em que a maioria qualificada se opuser", informa a nota do Conselho Europeu. Cada governo terá de informar antecipadamente seus planos de emissão de dívida pública a uma instância européia ainda a ser definida. As sanções serão ainda mais rígidas para países cujo endividamento público superar os 60 %.

 Aqueles cujo déficit for considerado excessivo terão de apresentar à comissão e ao conselho um programa de reformas estruturais para reduzir o déficit.

Cameron apóia City e se afasta da UE 
Monitor Mercantil, 09/12/2011 

Embora tenham conseguido, durante a cúpula de líderes da região, enquadrar 21 dos demais 25 países que integram a União Européia (UE), Alemanha e França viram o Reino Unido se desgarrar do bloco. Atento aos interesses financeiros da City londrina, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, vetou a mudança no tratado que instituiu o bloco e só pode ser modificado se obtiver a unanimidade dos 27 membros da UE. 

 O principal objetivo da mudança almejada por Alemanha e França é garantir a imposição de sanções aos integrantes do bloco que não submeterem suas soberanias nacionais à ampliação do aperto fiscal. 

 A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, se recusaram a aceitar um trato especial que contemplasse o setor financeiro da City. "O Reino Unido tem participado sempre da UE", disse Merkel, mas ressalvou: "Assim como os demais países, (o Reino Unido) também depende da estabilidade do euro. Lamentamos que o Reino Unido não nos siga, porém, suas condições eram inaceitáveis." 

 Sarkozy apoiou Merkel na visão sobre a exclusão do Reino Unido do acordo. "Teríamos preferido uma reforma dos tratados a 27 reformas. Não foi possível devido à posição de nossos amigos britânicos." 

 Para aceitar a reforma dos Tratados, Cameron não se opunha à punição aos que se recusarem a obedecer o aprofundamento do arrocho fiscal a seus povos. Mas ele queria a inclusão de um tópico que concedesse ao Reino Unido "algumas regras sobre serviços financeiros", contou o presidente da França. "Não podemos aceitá-lo, porque consideramos que parte dos problemas do mundo vêm da desregulamentação dos serviços financeiros", acrescentou. 

 Apesar de isolado na defesa da City, Cameron mantém a oposição ao acordo: "Fizemos o correto", disse, após o fim da reunião da cúpula.

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