segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"Niponização" do Ocidente? EUA, Grã-Bretanha e Alemanha serão "niponeizados" se não mudarem economia

"Niponização" do Ocidente?
EUA, Grã-Bretanha e Alemanha serão "niponeizados" se não mudarem economia

Lee Wong

Quem tem medo do Japão? Se alguém formular esta pergunta nos países desenvolvidos do Ocidente, constatará que cada vez mais ocidentais enfrentam a experiência do país do Sol Nascente como pesadelo. E em grau, aliás, que faz com que muitos mencionem o perigo de "niponeização" dos EUA, da Grã-Bretanha e, até ainda da Alemanha, se não for modificado radicalmente o quadro que existe hoje na economia real e nos mercados.

"Tudo se assemelha com um cenário análogo àquele do Japão. Estou mais nervoso do que nunca", declarou ao jornal britânico Financial Times Soucil Badhavani, fundador do homônimo fundo e ex-membro da Comissão de Administração do Banco Central da Grã-Bretanha. "É algo mais do que inédito que estas comparações tenham base", argumenta o CEO da empresa de administração de capitais Double Line.

Richard Milne, o jornalista que assina a análise do Financial Times, anota que "o mais importante dado que conduz à conclusão da "niponização" encontra-se no custo de endividamento dos três países mencionados (EUA, Grã-Bretanha e Alemanha). Se tomarmos como ponto de referência a evolução que registram em 15 anos os títulos estatais dos três países, constataremos que existe uma semelhança digna de destaque com a correspondente dos bônus japoneses, no período 1988-1996".



E Richard Milne prossegue: "O que seguirá é crítico. Recorda-se que, a partir do momento em que os desempenhos dos títulos estatais japoneses quebraram a barreira de 2%, em 1996, não existiu período seguido e digno de destaque durante o qual permaneceram acima deste nível."

"Mas, dia 18 os papers dos EUA despencaram abaixo de 2%, pela primeira vez depois de 1950. Na sexta-feira, obviamente, se recuperaram levemente e, à tarde, seu desempenho conformava-se em 2,08%. Contudo, vários investidores avaliam que a queda continuará, enquanto outros não hesitam em colocar na alça de mira 1,75%", conclui Milne.

Não é bem assim
Como é natural, existem também pontos de vista opostos. Andrew Milligan, diretor de Estratégia Internacional da Standard Life Investments, afirma que, "o mergulho do Japão foi decretado por oito dados: o crash nos preços das ações e imóveis, nos bancos-jumbi (que desabarão se lançarem suas perdas nos livros), a deflação, as zeradas taxas de juros de endividamento, os becos sem saída políticos, o débil crescimento fiscal e, finalmente, a alta relação da dívida em relação com o Produto Interno Bruto (PIB)".

"Dizendo muitas bobagens", diz Milligan. "Poderíamos dizer que o Ocidente tem todos estes oito dados. Mas se examinarmos cada país sozinho, então, a conclusão não é igualmente visível".

Também Jim Rad, analista estratégico do Deutsche Bank, avalia que "no período em que o Japão foi obrigado a enfrentar este problema importante, era um caso isolado em um mundo desenvolvendo-se velozmente, no final da década de 1990. Hoje, ao contrário, a maior parte do mundo ocidental encontra-se no mesmo barco".

"Obviamente", como observa Keith Weid, do Schroders Fund, "esta constatação não resulta, obrigatoriamente, em conclusões otimistas. Trata-se de uma dificuldade adicional. O Japão foi obrigado a recuar, empurrado por uma forte economia mundial", destacou, insinuando, indireta, mas, claramente, que algo assim não prevalece hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário