No 16/08/2011 o Santuário dos Pajés de Brasília acordou com os tratores destruindo sua área. As construtoras Emplavi e Brasal derrubam indicriminadamente o cerrado do Santuário e recebem escolta de dois ônibus da PM e de fiscais da Terracap.
Como esmiuçadamente noticia no Centro de Mídia Independente, a luta pela demarcação do Santuário dos Pajés segue, e hoje mais um episódio de abuso de autoridade foi vivenciado na área. Em 2009 uma Ação Civil Pública exigiu a abertura do Grupo de Trabalho para os levantamentos técnicos sobre a tradicionalidade da ocupação indígena na área do Santuário, e impediu que a Terracap e as empreiteiras do Noroeste entrassem na área indígena até a constatação oficial, por meio de relatório antropológico, sobre a tradicionalidade da ocupação.
Entretanto, há pouco mais de semana antes, e depois de quase dois anos de o juiz Hamilton de Sá Dantas ter emitido despacho favorável à Ação Civil Pública, determinando à "(...)TERRACAP que se abstenha de realizar ou permitir que se realizem quaisquer obras tendentes a alterar, reduzir, impactar, transferir ou restringir o modo de ocupação e a área reivindicada pela Comunidade Indígena Bananal ou de promover quaisquer atos que possam intimidar ou ameaçar os membros da mencionada comunidade indígena(...)", a liminar foi derrubada na justiça, o que em tese permite que a Terracap atue na área reinvindicada pela comunidade indígena. Porém, a atuação da Terracap na delimitação das projeções do Setor Noroeste dentro da área indígena não precinde do uso de tratores e polícia, e os tratores que estavam destruindo a área hoje não eram tratores da Terracap e sim das empreiteiras Emplavi e Brasal, que sem ordem judicial invadiram área ocupada há décadas pelos indígenas do Santuário dos Pajés e destruiram vários hectáres de mata de cerrado nativo indiscriminadamente sem ao menos respeitar a vegetação protegida por lei, como os pés de Pequi que existem em abundância na área.
Além disso, o relatório antropológico que dará o parecer técnico oficial sobre a questão indígena na área está pra ser entregue essa semana, ou seja, de algum modo a "justiça" se antecipou preciptadamente caçando a liminar que garantia a inviolabilidade da área até a saida do relatório. Alguma coisa de pervesa ronda os bastidores do Poder Judiciário, na tentativa de favorecer os especuladores imobiliários e às empreiteiras.
Diante dos acontecimentos da manhã de hoje, a comunidade indígena do Santuário dos Pajés lança um chamado a toda a população de Brasília e demais apoiadores da causa indígena em todo brasil e no exterior a integrarem uma campanha de conscientização da opinião pública sobre a legitimidade e a importância do Santuário dos Pajés, como marca da pluralidade cultural do povo brasileiro, materializada na Capital Federal.
Afinal, há espaço pra todas as crenças e todos os tipos de igrejas, mesquitas, templos, de religiões e espiritualidades de origem nos mais distantes rincões do mundo, e porque não pode existir o espaço de vivencia e troca cultural e espiritual baseado nas crenças dos povos nativos da América? E resta ainda uma pergunta: mais uma vez o Estado Brasileiro vai exterminar os povos nativos? Os governos de Dilma e Agnelo vão continuar dando sequência a missão de Cortez?
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