Apesar do altíssimo custo social provocado pela alta taxa de juros, Brasil convive com taxas de inflação superiores à media mundial
Juro não garantiu metas de inflação
Monitor Mercantil, 17/11/2010
Apesar do custo social, Brasil convive com taxas superiores à media mundial
A despeito de praticar as maiores taxas de juros do mundo, o Banco Central (BC) não tem sido capaz de cumprir suas próprias metas de inflação durante três anos seguidos. Entre 1995 e 2008, a inflação manteve-se abaixo de 5% em apenas quatro ocasiões (em 1998, 2006, 2007 e 2008), tendo sua média alcançado 8%.
O economista André Modenesi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pondera que a inflação no Brasil tem permanecido em patamares relativamente elevados na comparação com os vizinhos latino-americanos e com os demais emergentes. Entre 1995 e 2008, a inflação, no Brasil, também se mostra acima da média mundial.
"Nesse período, o índice de preços ao consumidor apresentou variação média de 7%, consideravelmente maior do que a verificada nas economias industrializadas, que ronda os 2%. Já a inflação média entre os países emergentes aproximou-se de 60%", compara Modenesi.
"À exceção de 2001 e 2002, no período de 1995 a 2008, a taxa de juros reais no Brasil foi, sistemática e consideravelmente, superior à prevalecente nos países emergentes, incluindo a segunda colocada, Turquia", acrescenta.
A ortodoxia do BC usa também a valorização do real para controlar os preços. Em 2008, a taxa de câmbio média reaproximou-se do valor verificado em 1999.
O economista da UFRJ salienta, ainda, que a evolução das contas públicas tem sido fortemente influenciada pela política monetária. "A despeito da obtenção de superávits primários robustos, da ordem de 4% do PIB, em média, verificaram-se déficits nominais entre 1,5% e 5,8% do PIB, entre 1999 e 2008. Ou seja, a despesa com o pagamento de juros da dívida pública foi muito superior aos superávits verificados nas contas primárias do setor público", salienta.
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