Contribuintes pagam a conta da farra dos juros
Monitor Mercantil, quarta-feira, 14 de julho de 2010
CARGA TRIBUTÁRIA PODERIA SER MENOR SE TAXAS NÃO FOSSEM TÃO ALTAS
Enquanto o Brasil gasta mais de 5% do PIB com juros, a média dessa despesa entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de apenas 1,7%.
Segundo o economista Amir Khair, especialista em Finanças Públicas, a carga tributária cresce no Brasil não em função das despesas correntes ou do investimento público, mas das altas taxas de juros aqui praticadas.
"Este ano a carga tributária poderá crescer um ponto e a despesa com juros ficar por volta de 5,5% do PIB, sendo que ano passado esse percentual foi de 5,3%", disse, acrescentando que a carga tributária em 2009 foi de 33,7%, "sobrando apenas 28,4% do PIB para o desempenho das funções inerentes ao setor público", como investimento em infra-estrutura, Saúde, Educação, Previdência e outras.
Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, em 2010 a União vai gastar 36% de seu orçamento com o serviço da dívida. Por sua vez, Khair afirma que, em 1995, o Brasil torrava 7,5% do PIB com juros, percentual que baixou para 5,8% no ano seguinte mas disparou para 13,2% em 1999, após a maxidesvalorização do real.
Em 2002, ano da primeira eleição do presidente Lula, o país gastou 12,8% de seu PIB com juros. Na época, as maiores agências elevaram o risco Brasil para mais de dois mil pontos.
"Em contraste, no período entre 1995 e 2002, os países da OCDE viram sua despesa com o pagamento de juros cair de uma média de 3,5% para 2,1% do PIB", prossegue Khair, que foi secretário municipal de Finanças no governo de Marta Suplicy em São Paulo.
Durante os dois mandatos do presidente Lula (entre 2003 e 2009), a média da despesa com juros foi de 6,3% do PIB, enquanto na OCDE essa média cai para 1,73%.
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