Essa saída é proporcionada principalmente pela explosão na remessa de lucros para o exterior. As matrizes das empresas transnacionais vêm usando suas filiais brasileiras como meio de compensar suas severas perdas lá fora após o começo da crise mundial de 2008. Como não há controle de capitais ou limite à remessa de lucros, e o câmbio do Real está muito apreciado, vem sendo uma ótima opção para o capital internacional.
Isso explica porque o grande capital no Brasil não vem criticando o câmbio apreciado, como também a alta taxa de juros puxada pelo BC nas duas últimas atas do Copom, que é justamente o mecanismo monetário que contribuí para alta da moeda nacional (apesar da forte saída de dólares, há também um grande fluxo de entrada, ocasionado pelos investidores estrangeiros em títulos públicos brasileiros à juros, o que faz a grande oferta de dólar se desvalorizar perante o real).
Como já exposto em post anterior, a superexploração do trabalho no Brasil é canalizado para o grande capital internacional via remessa de lucro, superávit primário e o binômio câmbio apreciado-altas taxas de juros. Esse é característica principal da nova dependência brasileira.
Brasil registra maior saída de dólares desde a crise de 2008
EDUARDO CUCOLO, Folha online, 7/07/2010
A saída de dólares do país superou a entrada em US$ 4,3 bilhões em junho, o maior valor desde dezembro de 2008, quando saíram US$ 6,3 bilhões, segundo dados do Banco Central.
O resultado foi puxado pelas operações financeiras, que estão sendo influenciadas por remessas de lucros e dividendos, além de gastos com serviços e viagens internacionais. Essas operações responderam por uma saída de US$ 3,5 bilhões.
Os outros US$ 800 milhões se referem ao fluxo de moeda estrangeira no comércio exterior. As operações ligadas a importações superaram as exportações.
No semestre, o país registra um saldo positivo na área cambial. A entrada de dólares supera a saída em US$ 3,4 bilhões. A maior parte do dinheiro vem de operações financeiras (US$ 2,2 bilhões). O restante, do comércio exterior.
A saída de moeda estrangeira no mês passado não levou o BC a sair do mercado de câmbio. A instituição comprou US$ 1,9 bilhão nos seus leilões diários, valor menor, no entanto, em relação a maio (US$ 4,2 bilhões).
No semestre, o BC adquiriu US$ 14 bilhões, dinheiro que ajudou a elevar as reservas internacionais para o patamar recorde de US$ 253 bilhões.
Os bancos terminaram o mês com uma posição "vendida" em US$ 9 bilhões, acima dos US$ 3,3 bilhões registrados no final de maio.
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