terça-feira, 11 de maio de 2010

(Superexploração) Empresas não repassam ganhos de produtividade ao trabalhador para compensar câmbio e juros

Um dos sinais mais típicos da dependência econômica do Brasil, a superexploração do trabalho, fenômeno sócio-econômico bem analisado pela Teoria Marxista da Dependência, vem na atualidade se manifestando da seguinte forma:

Segundo estudos do Ipea, o crescimento da massa salarial foi menor do que o crescimento do PIB, indicando que os ganhos de produtividade do trabalho não foram repassados aos trabalhadores. Os ganhos de produtividade do trabalhado nas últimas décadas não são revestidos em aumentos salariais ou redução da jornada de trabalho, mas retidos pelo empresariado brasileiro, aplicados na compensação da tendência declinante da lucratividade das capitais nacionais, à medida que, acossadas crônica e duplamente pela alta taxa de juros e pelo câmbio apreciado, parte dos lucros são assim drenados e/ou comprimidos.

É bom destacar portanto que, juros e câmbio tornaram-se canais de drenagem do excedente social produzido pela economia brasileira para o exterior. Como visto, a industrialização brasileira e a transnacionalização de grandes empresas brasileiras não evita o fenômeno da dependência, apenas deu novos contornos. E por outro lado, mostra porque apesar de dois grandes fatores contrários, a taxa dejuros altos e câmbio desfavorável, as empresas tiveram ganhos crescentes nos lucros.


Empresas não tem repassado ganhos de produtividade a trabalhador

Afirmação é do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann

Por Agência Brasil

Brasília – A recuperação econômica, em curso no Brasil desde o ano passado, vem ocorrendo sem o repasse dos ganhos de produtividade para os salários, afirmou hoje (5) o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann.

“Isso não permite sustentação da trajetória que o Brasil vem apresentando no período recente de ampliação da massa de rendimentos do trabalho na renda nacional”, disse. Segundo estudo apresentado por Pochmann, no biênio 2008/2009, o peso do trabalho na renda nacional, de 43,5% no período, aumentou 9,5% em relação aos anos de 1999 e 2000 (40%).

Para ele, dois fatores contribuem para que as empresas não repassem o aumento dos ganhos de produtividade para os salários dos trabalhadores. Um deles é a valorização do real, o que reduz as exportações brasileiras.

“A valorização cambial implica uma pressão de custos para as empresas, ou seja, torna mais difícil colocar os produtos no mercado internacional. As empresas evitam, ao máximo, o repasse de produtividade para os salários, para compensar”. O outro motivo é o aumento da taxa básica de juros, a Selic, que “desacelera o nível de atividade e compromete as decisões voltadas para os investimentos”.

Apesar dessa perspectiva de menor participação do salário na renda total do país, Pochmann lembra que a situação já foi pior. “O bom sinal para o Brasil é que, na primeira década deste século, os salários passaram a recuperar sua participação na renda nacional, depois de 40 anos em que os salários perdiam participação, uma vez que a renda da propriedade e dos lucros e juros cresciam mais que os salários”.

Segundo o estudo, houve queda de 29,3% na participação do rendimento do trabalho na renda nacional, na comparação entre os biênios 1959/1960 (56,6% de representatividade) e 1999/2000. Pochmann acrescentou que o Brasil ainda tem longo um caminho para alcançar os países desenvolvidos, onde os salários representam mais de dois terços do total da renda.

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