sábado, 22 de maio de 2010

"Israel está fazendo muito dinheiro com a ocupação da Palestina", diz economista israelense

"Israel está fazendo muito dinheiro com a ocupação da Palestina", diz economista israelense

Os impactos de anos de ocupação israelense sobre a economia palestina na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e a nova onda de migração de trabalhadores da Ásia para substituir a mão-de-obra palestina, confinada nos territórios, são os principais temas abordados pelo economista israelense Shir Hever, membro do Alternative Information Center, nessa entrevista ao Opera Mundi.

Segundo o estudioso, mestre em História e Filosofia pelo Instituto Cohen, na Universidade de Tel Aviv, Israel tem controle inclusive sobre as doações internacionais. Independente da moeda que ingressa nos territórios (dólar, euro, libra etc), o montante precisa ser aplicado no Banco Central de Israel, e depois, convertido para o shekel, dando lucro para o Estado judeu.

Shir, autor de uma série de estudos sobre os impactos da ocupação – todos disponíveis para download em www.alternativenews.org – vive na Jerusalém dividida não apenas pela ocupação militar e pela política, mas por ações sócio-econômicas que ampliam o abismo criado pelo desejo de fazer da cidade uma capital israelense. Jerusalém é hoje, sem dúvida, a capital da ocupação.
Ainda que estejam sob a autoridade palestina, na verdade vilas e cidades dependem de Israel. Como isso ocorre, a economia da ocupação alimentando Israel?

Na verdade, isso está na raiz da ocupação, quando o governo israelense procurava pelas políticas corretas para lidar com esse novo território sob seu controle. Havia um debate de como tratá-lo. Basicamente havia aqueles que diziam que a ocupação seria temporária, que não poderíamos anexar o território com todas essas pessoas e perder uma maioria judaica. Assim, seria melhor não investir na economia palestina, pois iríamos perder tudo no momento em que devolvêssemos os territórios à Jordânia ou ao Egito. Esse era o grupo do sionismo pragmático. O grupo mais messiânico dizia que o sionismo é um movimento, em andamento, de redenção religiosa. Estávamos destinados a continuar crescendo. Então a ocupação era um momento de triunfo e, obviamente, jamais iríamos devolver a terra.

Esse debate político refletiu-se no projeto econômico. Eles estabeleceram um Comitê Econômico, chamado Comitê Bruno, que aconselhou a manutenção da separação entre o Estado de Israel e os Territórios Ocupados Palestinos. As recomendações foram imediatamente rejeitadas e o governo instalou um Comitê Ministerial, que aconselhou uma maior liberdade nas ações para que ganhássemos mais tempo. Isso previa permissão a palestinos para que trabalhassem em Israel, que israelenses pudessem ir aos tPos, em número restrito, e deixar que produtos fossem importados e exportados. Na realidade, a política realmente adotada nem foi essa, foi muito mais livre, quase não havia restrições. Israelenses que quisessem ir a Belém ou Ramallah primeiro precisavam de permissão, mas com o tempo nem isso mais era exigido. Mas havia uma política, que não estava escrita em nenhum lugar, mas todos sabiam a seu respeito, e que foi imposta de uma forma muito coerente: não permitir a palestinos desenvolver qualquer negócio local que pudesse concorrer com um setor israelense. Isso é importante destacar porque não se acha em documentos oficiais.

( clique aqui para ler a entrevista )

Nenhum comentário:

Postar um comentário