domingo, 30 de maio de 2010

Mínimo vale 43% do que valia em 40. Apesar de ganhos com Lula, é menor até do que o da ditadura

Mínimo vale 43% do que valia em 40
Apesar de ganhos reais com Lula, piso é menor até do que o do arrocho da ditadura


Monitor Mercantil, 27/05/2010

Segundo o economista Paulo Passarinho, "apesar da propalada distribuição de renda", o Dieese calcula que o salário mínimo em 2008 equivalia a 42,71% do valor pago em 1940, ano de sua criação, pelo governo do presidente Getúlio Vargas.

Por isso o economista credita mais ao endividamento das famílias do que à recuperação salarial o aquecimento do consumo verificado no país nos últimos anos.

"Para se ter uma idéia, em 1970, no auge do arrocho salarial da ditadura, o poder de compra do mínimo, já deflacionado pelo ICV-Dieese, era 68,93% do que valia em 1940. Em 1980 também valia mais: 61,78%", comparou.

Passarinho reconhece que houve recuperação do poder de compra das faixas mais baixas de renda ultimamente. Em 1999, o mínimo tinha apenas 26,5% do poder de compra de 1940; em 2003, estava em 30,7%; e em 2005, atingiu 34,3% - mas esse ganho, segundo ele, foi destinado à melhora no padrão de alimentação.

"Não há nenhuma classe média emergente no país. Os extratos mais qualificados de salários têm sido achatados. Recente estudo do Ipea aponta que os que têm mais escolaridade tiveram perda de renda real", prossegue o economista, que é conselheiro do Corecon-RJ e que identifica no país um processo de proletarização da classe média.

Já o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), que também credita à evolução do crédito bancário o aquecimento do consumo das famílias, pondera que, segundo o próprio Banco Central (BC), enquanto o crédito ao consumo cresceu, em abril, 17,2%, na comparação com o mesmo período de 2009, o crédito às empresas encolheu 0,3% na mesma base de comparação.

"Esse padrão de crescimento tem limite. Além disso, aumentar a taxa de juros a pretexto de controlar uma inflação de demanda sem base real vai agravar o problema do endividamento das famílias", resume Passarinho.

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