BC prefere capital de "motel" a crescimento
Munhoz: ‘BC mente ao dizer que Selic sobe para conter superaquecimento’
MUNHOZ: ÚLTIMOS AUMENTOS DA SELIC ELEVARAM DÍVIDA PÚBLICA EM 3 PACs
Os juros cada vez mais altos e o risco zero fizeram, de janeiro a maio, a participação dos estrangeiros na dívida pública federal subir três vezes mais que o estoque de títulos.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) a dívida cresceu 8,9%, enquanto a participação dos estrangeiros no estoque de papéis públicos subiu 24%, representando agora 8,1% do total da dívida.
Para o economista Dércio Garcia Munhoz, ex-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), ao elevar juros sem uma real ameaça inflacionária o Banco Central (BC) revela que pretende compensar o capital especulativo com a rentabilidade dos títulos públicos, já que a bolsa não conseguiu evitar que em junho e na primeira quinzena de julho o fluxo de dólares ficasse negativo.
"A maior parte desse capital que entra como portfólio vai para a bolsa. O BC mente ao dizer que a taxa básica (Selic) em alta é para evitar superaquecimento da economia. O que estamos vendo é apenas uma volta aos níveis anteriores a 2008, inclusive nos preços. O BC desconheceu tudo isso porque, com a bolsa balançando, perdeu atratividade do capital especulativo", disse, lembrando que essa política tem "um custo brutal" para o país.
"Somando os três últimos aumentos da Selic, aumentamos a dívida pública em R$ 40 bilhões, em termos anuais. Isto equivale a três vezes o que é efetivamente executado em investimento da União no PAC", compara o economista.
Segundo Munhoz, o Orçamento da União destina pouco mais de R$ 20 bilhões para o PAC, mas o efetivamente liberado gira em torno de 60% do previsto. "Já o pagamento de juros tem 100% de execução", resume o ex-presidente do Cofecon.
Monitor Mercantil online, 23/07/2010
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