O trânsito brasileiro apesar de ser um dos piores do mundo, tem as passagens de transporte público muito mais caras que em diversos outros países e aumentos superiores à inflação. Tudo porque falta investimento no setor para constituição de transporte de massas que permita deixar de depender das empresas privadas de ônibus.
Transporte público sofre reajuste de quase 50% em 5 anos, diz IBGE
Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto têm aumento superior à inflação. Falta de investimentos encarece o serviço
Letícia Mota O Fluminense Online, 04/07/2010
O brasileiro está gastando, por mês, praticamente a mesma quantia que paga pela alimentação – cerca de 16% de sua renda. As informações constam da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E no Estado do Rio, em municípios como Niterói e São Gonçalo, os reajustes anuais das passagens de ônibus municipais e intermunicipais contribuem para esses gastos, que ultrapassam a inflação medida pelo IPCA, que de 2005 até hoje, somam 28,9% (incluindo a previsão de 5,4% para esse ano). Durante este período, em Niterói as passagens aumentaram 44% e em São Gonçalo o índice ultrapassou os 38%. Já a viagem intermunicipal foi reajustada em 47%.
De acordo com o professor da Fundação Getúlio Vargas, Marcus Quintella, as passagens de transporte público no Brasil são muito mais caras que em diversos outros países e que os aumentos são superiores à inflação porque falta investimento no setor.
“Transporte no Brasil é caro e no Rio não é diferente. Falta investimento maior no setor, integração dos meios de transporte, abrangência. A solução não está a curto prazo. É necessário pensar no setor daqui a 30 anos pelo menos, melhorando a infraestrutura das estradas e aumentando o transporte de massa, já que na maioria dos municípios a população tem acesso apenas aos ônibus. Quando houver aumento das linhas de metrô, trens em bom estado, barcas, para onde for possível, os custos com o transporte diminuirão”, explica.
Ele lembra que uma pessoa que, por exemplo, pega dois ônibus por dia para trabalhar, em Niterói, chega a gastar R$ 115 por mês.
“Se levarmos em consideração que boa parte dos trabalhadores ganham um salário mínimo (R$ 510), ele compromete cerca de 25% dos seus vencimentos com transporte, o que é um absurdo. Vale lembrar que na maioria das vezes as pessoas gastam mais de uma passagem. Nesse ponto o Bilhete Único permite, na medida do possível, uma economia para os trabalhadores”, avalia.
Base – Segundo a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), os aumentos são baseados nas planilhas de custos das empresas de ônibus, cuja composição percentual da tarifa contempla os seguintes itens: óleo diesel (20,67%), óleos e lubrificantes (1,96%), rodagem (6,70%), peças e acessórios (6,40%), pessoal (40,55%), despesas administrativas (1,63%), depreciação (4,38%), remuneração (4,07%) e, por fim, impostos e taxas (13,65%).
Em Niterói, segundo a Prefeitura, de 2005 a 2010 houveram seis reajustes, que elevaram o valor das passagens municipais de R$ 1,60 para R$ 2,30, um aumento de R$ 44%. Já em São Gonçalo, de 2006 a 2010 foram cinco aumentos, que elevaram as passagens dentro do município de R$ 1,60 para R$ 2,20 (um acréscimo de 38%). E as intermunicipais subiram de R$ 1,60 para R$ 2,35, um aumento de 47% no período de 2005 a 2010.
“Os valores são definidos com base em planilha de custos das empresas de ônibus, e tentamos adequá-las, dentro da realidade do município, buscando atender as empresas e onerando o menos possível os usuários”, explica o subsecretário de Transportes de Niterói, Acyr Lopes.
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Monitor Mercantil online, 02/07/2010
A cidade de São Paulo ficou atrás apenas de outras cinco - Pequim (China), Cidade do México (México), Joanesburgo (África do Sul), Moscou (Rússia) e Nova Déli (Índia) - em uma pesquisa sobre o pior trânsito nas 20 maiores cidades do mundo.
A capital paulista aparece em 6º lugar na primeira edição da pesquisa IBM Commuter Pain (Sofrimento dos Usuários do Transporte, em tradução livre) que entrevistou 8.192 motoristas.
Em São Paulo, 61% dos entrevistados disseram que o trânsito está "um tanto" ou "muito" pior nos últimos três anos, tornando a cidade uma das mais problemáticas do mundo, segundo a IBM. A empresa de informática informou que os resultados da pesquisa serão usados na busca de soluções para a administração do tráfego, como pedágios automáticos, previsões de congestionamento em tempo real e planejamento inteligente de rotas.
Para a maioria dos entrevistados, o trânsito piorou nos últimos três anos. A pesquisa mostrou ainda que as cidades com as melhores condições de trânsito são Estocolmo, na Suécia, depois Melbourne, na Austrália.
No estudo foram considerados o tempo gasto no transporte e em congestionamentos, se o trânsito piorou, se dirigir causa estresse e se os problemas no tráfego afetam o trabalho.
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