segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aperto fiscal foi maior que verba da Saúde. Juros altos, indústria sofre, bancos lucram e dívida segue crescendo

por Almir Cezar

O aperto fiscal em 2011 foi maior que previsto e consumiu 1,5 vez o valor da verba previsto à Saúde. Porém, apesar disso, a dívida do setor público cresceu e os juros consumiu 5,72% do total de riqueza gerada no Brasil no ano passado. O aperto fiscal e a taxa de juros alta, por outro lado, afetaram severamente a indústria, que cresceu meros 0,3% em 2011. Contudo, fez a farra dos bancos. Para citar um caso, um banco teve um aumento dos lucros de 10%, enquanto outro, multinacional, tem os lucros de sua filial brasileira responsável por mais de 1/4 do seu lucro global, compensando as grandes perdas da matriz.

O ajuste fiscal em 2011, além de maior do prevista inicialmente, consumiu 1,5 vez a verba da Saúde. O superávit primário (desvio de recursos da economia para gastar com juros) do setor público consolidado - governo federal, estados, municípios e empresas estatais - atingiu R$ 128,710 bilhões, em 2011.  O resultado superou a meta para o ano, que era de R$ 127,9 bilhões e corresponde a 3,11% do PIB. O aumento equivale a uma vez e meia o valor destinado à Saúde no Orçamento de 2012.


Mas o esforço fiscal do setor público não foi suficiente para cobrir os gastos com os juros nominais (encargos financeiros) que incidem sobre a dívida. Esses juros chegaram a R$ 236,673 bilhões no ano. Com isso, o déficit nominal ficou em R$ 107,963 bilhões. Contudo, apesar da dívida líquida do setor público ter encerrado 2011 no menor nível histórico, deve iniciar este ano mais alta do que no fim de 2011, do Banco Central (BC). Em dezembro, a dívida líquida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 36,5%, o menor resultado para o encerramento de ano da série histórica iniciada em 2001. Para janeiro, a previsão é de 37% do PIB.  Dívida em 2011 cresceu 3 vezes mais do que a inflação. Juros elevaram dívida pública, aumentou 1,79%  (R$ 172 bilhões) apenas em dezembro e totalizou R$ 1,866 trilhões em 2011. 

Os juros com uma alta um pouco menor, governo deixará de gastar um montante que equivale a uma CPMF -  equivale à praticamente o que o governo deixou de arrecadar com o fim da CPMF - R$ 40 bilhões. Após torrar R$ 237 bi em 2012, país vai economizar R$ 37 bi com queda da Selic em 2011/2012. A

no passado, a sangria dos juros consumiu 5,72% de tudo que o país produziu - Produto Interno Bruto (PIB) - o maior desperdício com essa rubrica desde 2007 (6,11%). Para este ano, a previsão do BC é de que os gastos com juros representem 4,3% do PIB - isso se a taxa de juros manter seu atual patamar. Com isso, o governo deve gastar este ano "algo em torno de R$ 200 bilhões" com juros. 

Com aperto do crédito, importados em alta e juros nas nuvens, setor industrial cresceu apenas 0,3% no ano passado. Por outro lado, se a indústria foi afeta, os bancos se deram muito bem, fechando seus balanços com alta dos lucros. Por exemplo, o Bradesco fechou o exercício de 2011 obtendo lucro líquido contábil de R$ 11,028 bilhões. O resultado, além de representar aumento de 10% na comparação com ano anterior, é o terceiro maior registado por bancos brasileiros de capital aberto.E apesar do lucro global ter recuado 35%, no Brasil, o Santander registrou ganho de 5,1% no lucro líquido de R$ 7,75 bilhões em 2011, comparado ao de 2010. O resultado contribuiu com 28% do lucro de 5,35 bilhões de euros. Já o lucro líquido do quarto trimestre da sede do Santander, na Espanha, caiu 98%, para 47 milhões de euros.

Fonte: Agência Brasil e Banco Central do Brasil

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