Limiar e Transformação Econômica: Portal russo com materiais sobre Preobrazhensky

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Portal russo com materiais sobre Preobrazhensky

Dica Cultural

por Almir Cezar

Preobrazhensky em pé e Vardin (Hilarion Vissarionovich Mgeladze)
sentado. A dupla "assando" (ridicularizando) adversários.

A dica de hoje é um portal web russo com seção exclusiva sobre a vida e obra do economista comunista Eugene A. Preobrazhensky (1886-1937), liderança da Revolução Russa de 1917, pai do planejamento soviético e o maior pensador marxista sobre desenvolvimento econômico e países subdesenvolvidos.

Apesar de sua importância teórica e política, Preobrazhensky é um pensador frequentemente negligenciado pela esquerda marxista intelectual e militante, mesma a trotskista. Sua importante e vasta produção intelectual foi escondida (e proibida) sistematicamente por ação da ditadura stalinista na ex-URSS. É muito bom ver, que na própria Rússia, sua terra natal, há um tentativa de resgatar e divulgar sua memória e obra, inclusive recorrendo a acervo em arquivo ainda preservado no país.

O portal contém uma breve autobiografia, escrita em 1926, e material iconográfico raríssimo, inclusive charges e fotos, que apresentam um pouco de sua trajetória e relevância intelectual e política em seu tempo. O portal traz ainda aspectos pouco lembrados de Preobrazhensky, importante jornalista/periodista, crítico cultural e professor/palestrante/conferencista em seu tempo.

Infelizmente os textos estão em russo e em alfabeto cirílico, mas podem ser traduzidos por qualquer programa de tradução, inclusive os online, como o google tradutor. Aqui apresentamos uma "palhinha" do portal com fotos e charges e lista bibliográfica do autor.

Um jornalista talentoso, Preobrazhensky, durante muitos anos esteve no comando, e trabalhou em revistas e jornais em Moscou e Leningrado, inclusive editando o "Boletim da Academia Comunista" e o "Pravda". Embora cada vez sendo mais difícil à medida que avançava a ditadura stalinista, mesmo depois de sua expulsão do editorial.

Professores da Academia Socialista. Primeira fila, segundo da esquerda: Bukharin, Ryazanov e Preobrazhensky.

Assumiu um papel de liderança na Academia Socialista, Preobrazhensky, deu palestras sobre temas econômicos e desenvolveu a teoria da "acumulação socialista primitiva", isto é, a transfusão sistemática de recursos materiais da empresa privada burguesa e da economia camponesa ao setor público para o desenvolvimento da indústria socializada.

Esta "acumulação socialista primitiva" oferecida pela oposição de esquerda para segurar de forma pacífica, através da política fiscal progressiva dos elevados preços dos bens manufaturados, os recursos direcionados ao invés da expropriação forçada dos camponeses feita pelo stalinismo ao fim da década de 1920.

Bibliografia de Preobrazhensky

1918 - "Peasant Rússia e do socialismo (a revisão do nosso programa agrário)";

1918 - "Você precisa de um monopólio dos cereais?";

1919 - "Nas comunas (falar com o camponês comunista-bolchevique)";

1919 - "ABC do Comunismo", em co-autoria de N. Bukharin;

1920 - "Os três anos de Revolução de Outubro";

1920 - "O dinheiro de papel na era da ditadura do proletariado";

1920 - "As causas da nossa decadência do rublo";

1921 - "Anarquismo e Comunismo";

1921 - "questões de política financeira";

1921 - "O dinheiro de papel na era da ditadura do proletariado";

1921 - "Finanças e da Nova Política Econômica";

1921 - "Da NEP ao Socialismo";

1921 - "Finanças na era da ditadura do proletariado";

1921 - "Perspectivas para a Nova Política Econômica" (Red solo virgem, № 3);

1922 - "A política econômica do proletariado em um país de camponeses" (Internacional Comunista, № 25);

Bukharin e Preobrazhensky duelam,
Zinoviev e Piatakov testemunham.
Charge dos debates no PC (1925-1926).

1922 - "Os resultados genoveses e as perspectivas económicas konferenitsii Europa";

1922 - "As causas da desvalorização do rublo nosso";

1923 - "Sobre a base da cultura material de uma sociedade socialista";

1923 - "Sobre as normas de moralidade e de classe";

1924 - "B. Lenin ";

1924 - "As crises econômicas no NEP" (publicado pela Academia Socialista);

1925 - "A Nova Economia: A Experiência da análise teórica da economia soviética";

1926 - "Finanças da Rússia e do mercado europeu de 1904-1906.";

1926 - A resposta aos críticos da teoria da acumulação primitiva (edição número 15 da Academia Comunista);

1926 - "O problema de equilíbrio econômico em particular, e capitalismo no sistema soviético" (o Emissão Academia Comunista, número 17);

1926 - "Economia e Finanças da França moderna" (publicado pela Academia Comunista);

1930 - "A natureza econômica do dinheiro Soviética e a perspectiva de peças de ouro" (Sob a Bandeira do Marxismo, nº 3);

1930 - "A teoria da moeda cair";

1931 - "O Declínio do Capitalismo - crises de reprodução e do imperialismo"

Fonte e site indicado:
http://web.mit.edu/fjk/www/Marxists/Preobrazhensky/index.html

Um comentário:

João Paulo26 de fevereiro de 2012 às 19:26
Muito bom!
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A Economia e a Revolução | Sínteses que permeiam uma Teoria Contemporânea Marxista do Desenvolvimento Econômico Capitalista: os elementos básicos

1) Não existe sistema econômico puro, seja o sistema mundial, seja seus sistemas nacionais que o compõe. Se a realidade é uma esfera concêntrica, o que importa é a totalidade de cada esfera e sua conexão com a esfera superior, modela-se assim a partir dessas interações e da inserção o seu próprio sistema econômico nacional. Pela influência do plano interno, emerge da combinação com modos de produção e setores econômicos diferentes entre si, de épocas distintas e dispersas espacialmente. Do plano externo, emerge-se ao interagir com o próprio sistema mundial, à medida que relaciona com Estados mais centrais, ou mais periféricos, ou de grau ordem, seja em capital, comércio exterior, poder bélico e diplomacia.

2) Toda análise do fenômeno do desenvolvimento econômico tem como base o princípio do desenvolvimento desigual e combinado e a teoria da revolução permanente.

3) O desenvolvimento econômico constitui-se como uma dinâmica econômica de longo prazo do sistema. Uma dinâmica acumulativa, não apenas em termos quantitativos, mas sim qualitativos.

4) A dinâmica econômica de longo prazo do sistema capitalista é construtora da estrutura econômica do sistema, ao delimitar a constituição da sua estrutura.

5) É preciso simultaneamente entender que a “política é a economia concentrada” e resgatar que há determinação do Capitalismo dado pela esfera econômica (e não determinismo), mas há certa primazia da esfera política.

6) Resgatar e atualizar a Teoria do Imperialismo na época atual de capitalismo monopolista transnacional.

7) A estrutura econômica, tanto define a conjuntura econômica, como limita a ação/capacidade da política econômica. E, por sua vez, a conjuntura econômica se constituí na dinâmica de curto prazo, ou no assim chamado, “equilíbrio dinâmico”.

8) O parque industrial de uma formação nacional (não confundir com o parque fabril ou o setor industrial do PIB) é uma das três dimensões do sistema econômico. As outras duas são: (2ª dimensão) a luta de classe/estrutura política e (3ª dim.) a inserção no sistema interestatal do capitalismo. Essas, em compõem o que se chama de “tridimensionalidade” da dinâmica.

9) Analisar impacto da superestrutura social sobre a estrutura econômica (forças produtivas e relações de produção).

10) Dessas dimensões emanam as “leis econômicas” que atuam como determinações sob a dinâmica. São o que se chamaria de determinações extraeconômicas - para além da regulação econômica, determinações “extra”, não de externo, mas de extraordinário, excede o ordinário, o regular. No Capitalismo, a “lei do valor trabalho e da acumulação do capital”. As determinantes extraeconômicas têm mais força no longo prazo do que no curto prazo, onde opera a lei do valor, portanto, mais peso no desenvolvimento do que na dinâmica.

11) Entender que o capital revoluciona a si próprio no processo de valorização ("revolução" das forças produtivas e das condições de acumulação), forçando a correspondência nas relações de produção, em seu tipo e em sua configuração.

12) Analisar a dinâmica operacional do capitalismo e o conflito da regulação da lei do valor com o princípio do planejamento e o colapso (autocolapso) da lei do valor.

13) Analisar a “revolução do valor e gravitação dos preços” e a crítica marxista à Microeconomia e superação do problema de transformação pela aplicação do princípio da regulação pela lei do valor e do entendimento da dialética entre preços e valores.

14) Estabelecer qual o vínculo entre o nível de desenvolvimento e a taxa de exploração, deixada em suspenso por Marx e fundamental para analisar o “desenvolvimento” e a disparidade entre as nações.

15) Nesta há o papel das determinações extraeconômicas (principalmente, a “política” - entendida como a luta de classe e de seus partidos - e as relações interestatais) como a direção dos processos de desenvolvimento (das viradas e alargamento dos limites do desenvolvimento). A primazia da política é quando a soberania da economia se desfaz em detrimento do papel principal delegado à Política. A direção do desenvolvimento, enquanto que a lei do valor (lei da acumulação capitalista) atua como regulação dos ciclos industriais e lei fundamental do desenvolvimento capitalista.

16) Analisar os processos de ciclo econômico (as flutuações cíclicas) e de fases sucessivas do Capitalismo (a questão da periodização), a vinculação uma com a outra.

17) Identificar o Capitalismo como um sistema mundial, onde o todo determina as suas partes nacionais e regionais (o desenvolvimento tardio, o atraso/dependência das semicolônias e a questão das submetrópoles e o papel dos territórios e regiões).

18) Fixar e analisar as mudanças da economia (na dinâmica e na estrutura) operada pelas revoluções proletárias do século XX. As experiências dos três tipos de regimes políticos pós-revolucionárias do século XX: o Estado de “Bem-Estar Social”, os Estados nacionalistas/desenvolvimentistas e os Estados Operários Burocratizados.

19) Ainda existe como dimensão no sistema a dimensão ideológica e moral (a “Mentalidade”), incluindo os valores morais e o imaginário. Em conjunto com as legislações econômicas, a interferência estatal, etc, compõem a chamada “determinação não econômica” na dinâmica. Seu grau de atuação é ainda mais confinado ao longo prazo, mas sim se faz presente. E também têm peso nas constituições das determinações extraeconômicas.

20) As mudanças sociais graduais e acumulativas (a “evolução”) pressionam e determinam a revolução social. As mudanças sociais não podem ser confundidas com reformas; essas são uma interferência consciente na realidade social a fim de ajustando as contradições de forma menos graves e mais suaves.

21) A revolução se constituí como um “salto” e uma aceleração nas mudanças sociais. Como precipitação do ajuste das contradições sociais não resolvidas ao longo da evolução. A crise econômica é sua contraparte – embora, não como ajuste, mas como erupção explosiva da contradição. Ambas não deixam de ser uma espécie de “convulsão” no sistema.

22) A luta política pode ser impulsionadora da crise econômica (e não o contrário, como sugere o senso comum). O mesmo vale para as instituições e a moral/ideologia. Elas podem limitar a evolução e forçar a uma “convulsão” na dinâmica social.

23) A revolução, mesmo “derrotada”, muda não apenas as instituições de uma sociedade, como também a economia (inclusive naquilo que se define como estrutura econômica, em seu sentido mais stricto sensu).

24) A revolução, derrotada ou não, muda também a Mentalidade da sociedade de seu tempo - e altera ainda a Ciência e a Arte.

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