Estive presente assistindo o julgamento dos policiais réus confessos do assassinato a 11 anos do sindicalista Gildo Rocha, ontem (29/11) no fórum criminal de Brasília, e nunca tinha vista tanta injustiça em minha vida. A vida de um cidadão pobre não vale nada. E quando é tão nítido isso, a polícia ainda pode mentir e falsear, que ficará impune, apenas basta dizer que estava fazendo seu "trabalho".
A polícia, em nome da "segurança pública" pode matar qualquer um. E se é um cidadão inocente, a polícia ainda pode forjar e fraudar para macular a imagem do morto e dizer que "merecia" morrer, coisa que nem bandido merece, ninguém merece. Merece ser preso e julgado. Um sindicalista ameaçado de morte, em um greve com forte repressão é abordado por pessoas sinistras sem se identificar como policiais, foge deles, é perseguido por uma chuva de balas, morto, ainda tem provas esdruxulamente plantadas contra ele, na tentativa de livrar a cara dos maus policiais. Foi um linchamento moral. A vítima foi a julgada e condenada, não seus escroques assassinos.
A polícia ainda é a mesma da ditadura. Tenho vergonha. Sou primo, sobrinho, neto e bisneto de policiais e nunca me senti tão envergonhado disso.Tenho vergonha da Promotoria, que fez papel de banana, dos advogados de defesa, cínicos e mentirosos, e do judiciário, leniente e conivente. Não consigo entender como os jurados puderam pactuar com os assassinos. Acho que os cidadãos, que tanto reclamam da polícia e da justiça, têm o que merecem.Senti uma dor enorme em meu peito quando ouvi a sentença e ouvi o urro de prazer das dezenas de policiais presentes à plateia do julgamento, mais ali para intimidar do que em solidariedade ao seu colega. Começo a entender porque o tráfico quando encontra um policial mesmo a paisana ou de folga "passa o rodo", e porque a população das comunidades carentes tem tanto ódio da polícia e aceitam esse comportamento do tráfico. A hipócrita e amedrontada classe média não entende isso.
Fico esperando que as coisas se revertam. Que aqueles homicidas ainda sejam condenados no futuro não muito distante. Lembro de julgamentos famosos do passado, que os assassinos foram inocentados pelas desculpas mais patéticas e pelo preconceito das pessoas, mas depois a justiça foi feita. Fico aguardando. Senão, resta-nos apenas à Revolução Socialista, para mudar a Justiça e a Polícia, para pô-los a serviço das pessoas, e não dos ricos e da grande propriedade, e cumprir o que nos dizem ser sua missão, fazer justiça e proteger as pessoas.
Saudações indignadas,
Almir
Após 11 anos, assassino de Gildo é absolvido em Brasília
Sindicalista foi morto pelas costas por policiais durante uma greve em 2000
• Onze anos após o crime que tirou a vida do sindicalista e militante do PSTU, Gildo Rocha, um dos policiais envolvidos no assassinato acaba de ser absolvido no julgamento realizado nesse dia 29 de novembro, em Brasília.
Gildo foi morto com tiros pelas costas por dois policiais civis durante uma greve em 2000. Um dos assassinos já morreu e o outro, o policial Arnulfo Alves Pereira, foi considerado ‘inocente’ pelo júri, mesmo com sua comprovada participação na morte do sindicalista.
Embora o reu fosse o policial, quem na prática estava sendo julgado pelo tribunal era Gildo Rocha, qualificado a todo momento de ‘bandido’ pela defesa. O advogado insistiu na tese de que o sindicalista estava armado e que teria atirado contra os policiais, além de portar drogas na ocasião em que foi abordado. Vários laudos realizados na época, porém, atestaram que não havia qualquer vestígio de drogas no corpo de Gildo, assim como a inexistência de pólvora nas mãos do ativista desmentiram a versão dos policiais. Perícias, assim como a cena do crime, foram comprovadamente manipuladas pelos autores do assassinato.
Toda a estratégia da defesa, porém, se baseou na desqualificação de Gildo. “Por que ele fugiu?”, foi a pergunta mais repetida. Ninguém se lembrou, por exemplo, de que em 1999, apenas um ano antes do ocorrido, a polícia de Brasília havia investido contra uma assembleia de trabalhadores da Novacap, empresa estatal, deixando um morto e vários feridos.
“Desde o início, a polícia não investigou os seus homens, partiu do princípio que a versão da polícia é a verdadeira e toda a investigação foi contra a vítima. Nenhuma investigação contra os policiais”, respondeu a promotoria. A acusação, por outro lado, não rebateu a desqualificação promovida pela defesa do advogado e, talvez temerosa de se opor à polícia, sequer confrontou o linchamento moral contra Gildo com os laudos técnicos. A linha da procuradoria foi que ‘mesmo se Gildo estivesse armado, a polícia não tinha o direito de ter feito o que fez’.
Tanto a procuradoria quanto a defesa, desta forma, passaram uma imagem de Gildo Rocha como alguém que estava fazendo alguma coisa ‘errada’, justificando a ação dos policiais e a sua própria morte. Foi uma espécie de segunda punição ao sindicalista. Primeiro, o próprio assassinato frio pelas costas. E agora, a tentativa de linchamento moral de sua memória.
Chocada com o resultado do julgamento, a viúva de Gildo, Gleicimar Souza Rocha só pôde dizer: ‘tantos anos de espera para nada’. Além da esposa, Gildo deixou dois filhos, pequenos na época em que foi morto. Mais um revoltante capítulo nessa história de impunidade que já dura 11 anos.
Em defesa da memória de Gildo, por Justiça
Ao contrário da imagem passada no tribunal, Gildo Rocha era um reconhecido dirigente sindical e militante socialista, dedicado à luta por um mundo melhor. Foi assassinado pela polícia do então governador Joaquim Roriz por estar participando de uma atividade de greve, sendo mais uma das vítimas do processo de criminalização dos movimentos sociais empreendido pelo Estado. O lamentável julgamento realizado nesse dia 29 mostra como que, para o Estado, sindicalista, mesmo vítima, é considerado ‘bandido’.
Sindicalista foi morto pelas costas por policiais durante uma greve em 2000
DA REDAÇÃO |
Gildo Rocha: 11 anos de impunidade |
• Onze anos após o crime que tirou a vida do sindicalista e militante do PSTU, Gildo Rocha, um dos policiais envolvidos no assassinato acaba de ser absolvido no julgamento realizado nesse dia 29 de novembro, em Brasília.
Gildo foi morto com tiros pelas costas por dois policiais civis durante uma greve em 2000. Um dos assassinos já morreu e o outro, o policial Arnulfo Alves Pereira, foi considerado ‘inocente’ pelo júri, mesmo com sua comprovada participação na morte do sindicalista.
Embora o reu fosse o policial, quem na prática estava sendo julgado pelo tribunal era Gildo Rocha, qualificado a todo momento de ‘bandido’ pela defesa. O advogado insistiu na tese de que o sindicalista estava armado e que teria atirado contra os policiais, além de portar drogas na ocasião em que foi abordado. Vários laudos realizados na época, porém, atestaram que não havia qualquer vestígio de drogas no corpo de Gildo, assim como a inexistência de pólvora nas mãos do ativista desmentiram a versão dos policiais. Perícias, assim como a cena do crime, foram comprovadamente manipuladas pelos autores do assassinato.
Toda a estratégia da defesa, porém, se baseou na desqualificação de Gildo. “Por que ele fugiu?”, foi a pergunta mais repetida. Ninguém se lembrou, por exemplo, de que em 1999, apenas um ano antes do ocorrido, a polícia de Brasília havia investido contra uma assembleia de trabalhadores da Novacap, empresa estatal, deixando um morto e vários feridos.
“Desde o início, a polícia não investigou os seus homens, partiu do princípio que a versão da polícia é a verdadeira e toda a investigação foi contra a vítima. Nenhuma investigação contra os policiais”, respondeu a promotoria. A acusação, por outro lado, não rebateu a desqualificação promovida pela defesa do advogado e, talvez temerosa de se opor à polícia, sequer confrontou o linchamento moral contra Gildo com os laudos técnicos. A linha da procuradoria foi que ‘mesmo se Gildo estivesse armado, a polícia não tinha o direito de ter feito o que fez’.
Tanto a procuradoria quanto a defesa, desta forma, passaram uma imagem de Gildo Rocha como alguém que estava fazendo alguma coisa ‘errada’, justificando a ação dos policiais e a sua própria morte. Foi uma espécie de segunda punição ao sindicalista. Primeiro, o próprio assassinato frio pelas costas. E agora, a tentativa de linchamento moral de sua memória.
Chocada com o resultado do julgamento, a viúva de Gildo, Gleicimar Souza Rocha só pôde dizer: ‘tantos anos de espera para nada’. Além da esposa, Gildo deixou dois filhos, pequenos na época em que foi morto. Mais um revoltante capítulo nessa história de impunidade que já dura 11 anos.
Em defesa da memória de Gildo, por Justiça
Ao contrário da imagem passada no tribunal, Gildo Rocha era um reconhecido dirigente sindical e militante socialista, dedicado à luta por um mundo melhor. Foi assassinado pela polícia do então governador Joaquim Roriz por estar participando de uma atividade de greve, sendo mais uma das vítimas do processo de criminalização dos movimentos sociais empreendido pelo Estado. O lamentável julgamento realizado nesse dia 29 mostra como que, para o Estado, sindicalista, mesmo vítima, é considerado ‘bandido’.
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