De quem é a culpa?
A Tribuna RJ, Quinta-feira, 17 de Novembro de 2011
O empresariado, defensor da livre iniciativa, sempre condenou todo tipo de monopólio, especialmente o estatal. À favor da livre concorrência e da maior participação dos investidores em grandes negócios, condenou o monopólio estatal do petróleo e defendeu a privatização de empresas de energia, de telefonia e o direito de gestão em rodovias, através de concessões.
Sempre se argumentou que o Estado seria um mau gestor, o que tem sido contraditado em exemplos como a atuação da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e o bom desempenho do Estado como gestor do sistema de barcas e na construção da Ponte R io-Niterói, obra vultuosa e paga em apenas oito anos de cobrança de pedágio.
Hoje, o grande problema para 10 milhões de fluminenses está no sistema de transportes, quase todo privatizado e alvo central de queixas públicas.
O grande nó no tráfego, que causa prejuizos a todas as atividades econômicas, é o sistema Ponte-Barcas-BR 101, todo ele administrado por grupos poderosos.
Exercendo um monopólio, não permitem a construção do túnel sub-aquático ou de uma nova ponte, no fundo da Baía, para permitir o encurtamento de distâncias entre São Gonçalo e a Baixada Fluminense, com alívio para os “engarrafamentos” que se sucedem na Niterói-Manilha, Avenida do Contorno, Ponte e Avenida Brasil.
A Barcas S/A não cumpre o contrato conquistado para explorar a linha São Gonçalo-Praça XV, não explora e não deixar serem exploradas novas linhas de navegação no interior da Baía de Guanabara, num contraste com outros países que estimulam tanto o transporte ferroviário como o marítimo e o lacustre.
O governo não atenta para o problema e não permite que empresas menores aceitem o desafio de implantar linhas alternativas com pequenas embarcações, para facilitar o acesso, por exemplo, de São Francisco a Botafogo ou de São Gonçalo para a Ilha do Governador. Também não permite o restabelecimento de linhas de barcaças, preferindo proibir o tráfego de caminhões pela Ponte, encarecendo custos dos fretes.
Não há liberdade para exploração de serviços públicos fundamentais como o de transporte. Não se mede os prejuízos que o quadro atual causa às pessoas e às demais empresas.
Abrir o direito à exploração de novas linhas é uma necessidade e um estímulo que precisam outras empresas privadas, de menor porte.
Falta espírito público na administração dos interesses públicos e há um escandaloso privilégio para alguns grupos poderosos, que não assumem as suas responsabilidades e estão encobertos por um anonimato suspeito.
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