A própria UE reconhece que passará por uma nova recessão em 2012, talvez mais severa que teve em 2008-9. Por sua vez, a Itália parece ser a "bola da vez" da crise de confiança envolvendo as dívidas públicas. O país já paga uma maior taxa de juros.
Obviamente que tal piora da situação econômica internacional terá reflexos no Brasil, não apenas pela crise bancária européia, mas pelo desaceleração da economia chinesa, grande exportadora para aqueles países.
UE reduz previsão de crescimento e alerta para risco de nova recessão
Monitor Mercantil, 10/11/2011
UE reduz previsão de crescimento e alerta para risco de nova recessão
A União Européia reduziu suas previsões de crescimento para os países da zona do euro, no próximo ano, de 1,8% para 0,5%. O vice-presidente para Assuntos Econômicos e Monetários da Comissão Européia, Olli Rehn, alertou hoje que "a economia parou de crescer na região" e que existe agora o risco de uma nova recessão na zona do euro - formada por 17 países.
A previsão de 1,8% havia sido feita em março. Economistas temem que a Europa possa voltar a entrar em recessão dois anos depois de começar a se recuperar da última crise financeira global. A Comissão Européia avalia que se não houver mudança nos gastos italianos, a dívida pública do país permanecerá em 120,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012.
A falta de crescimento prejudica a Europa em um momento em que o continente tenta lidar com a crise da dívida pública de diversos países. Portugal, Grécia e Irlanda recorreram a empréstimos para conseguir honrar seus compromissos, e agora a Itália está ameaçada de também precisar de um resgate.
A Itália conseguiu levantar 5 bilhões de euros no mercado nesta quinta-feira, mas com juros de 6,087% por um ano. Ontem (9), os juros dos títulos de dez anos da Itália ultrapassaram 7%, mas depois caíram para 6,98%.
Analistas acreditam que com juros nesse patamar, a Itália não terá condições de pagar a sua dívida e terá de recorrer a ajuda externa. A diretora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, alertou que a falta de clareza política na Europa está provocando instabilidade financeira nos mercados.
Agência Brasil, com informações da BBC Brasil
Itália já paga juros de patamar grego
9/11/2011
ESPECULADORES PUXAM TAXAS PARA 7% AO ANO PARA ROLAR DÍVIDA DO PAÍS
Enquanto os juros na Itália ultrapassavam a barreira dos 7% ao ano, fenômeno que levou Irlanda, Grécia e Portugal a apelarem para a intervenção do Banco Central Europeu (BCE), a China anunciou, nesta quarta-feira, que sua produção industrial cresceu 13,2% em setembro, ante o mesmo mês do ano passado.
Segundo o economista Pedro Paulo Bastos, da Universidade de Campinas (Unicamp), ambas as notícias podem ter impacto no Brasil:
"Dois canais podem trazer contágio para o Brasil: a crise na Europa, eminentemente bancária, e uma eventual desaceleração chinesa", disse, acrescentando que os bancos, inclusive alguns norte-americanos, que investiram em títulos soberanos europeus, estão se desfazendo de ativos para melhorar a relação destes com o capital - exigência do Acordo de Basiléia.
"Os bancos temem o aumento da inadimplência e isso leva à preferência pela liquidez. Ao cortar ativos e empréstimos de longo prazo, o valor das commodities deve cair e somente serão compensados se a China mantiver o dinamismo de sua economia, que depende mais dos investimentos no mercado interno do que das exportações", observou.
O professor da Unicamp alertou para o perigo do endividamento das pequenas e médias empresas chinesas, que, para driblar o aperto no crédito decidido pelo governo, estão cada vez mais recorrendo a agiotas para se financiar. "Uma crise no crédito chinês é pouco provável, mas se acontecer será uma tempestade", adverte Bastos.
No Brasil, porém, ele observa que o governo tem condições de adotar medidas anticíclicas. "Podemos baixar juros e relaxar o controle nos gastos. Em 2012, haverá aumento do salário mínimo, eleições municipais e aceleração das obras do PAC, principalmente em função da Copa e das Olimpíadas. Ou seja, o país pode aumentar a demanda agregada. Se as importações aumentarem muito, a depreciação do real será importante aliada, isso se o governo tiver coragem de adotar as medidas necessárias."
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