sábado, 27 de dezembro de 2025

Bolsonarismo econômico, uma agenda em comum no governo, na oposição e na mídia. Mas qual seria a agenda alternativa?

Por Almir Cezar Filho* 


(*) Escrito em outubro de 2020, publicado na coluna "Economia É Fácil" do portal de notícias CL Web Rádio, da Rádio Censura Livre. Segue atual - personagem mudaram, contextos foram ajustados e medidas foram calibradas, oposição e governo trocaram de posição, Teto de Gasto foi substituído pelo Arcabouço Fiscal, mas o que o artigo chama de "bolsonarismo econômico" prosseguem, infelizmente.


O Brasil vivendo a maior crise econômica em décadas*, e sem superar a pandemia de covid-19, a grande imprensa centra seu debate na necessidade do governo federal se comprometer à questão da austeridade fiscal e ao prosseguimento de privatizações e da aprovação de reformas neoliberais. Ao contrário do que sugere a cobrança, essa “agenda” tem amplo respaldo no governo Bolsonaro, apesar das tensões entre as suas várias alas, inclusive com uma sintonia com setores que lhe fazem oposição, permitindo dizer que, há um mesmo projeto e discurso, ao menos em torno da economia: o Bolsonarismo Econômico. Mas essa agenda tem as respostas para os problemas que o povo passa em seus municípios e estados? É possível uma agenda alternativa?

Você que está lendo este artigo já percebeu que todos os dias todos os veículos da grande imprensa só falam disso: É tal “necessidade de fazer a Reforma Administrativa pra cá, de Reforma Tributária para lá, e respeitar o Teto de Gastos para acolá”? Mesmo nos grupos empresariais de comunicação que fazem certa oposição a Bolsonaro? 

Estados e principalmente os Municípios com dificuldades de garantir o atendimento em saúde e pagar os gastos já feitos. Queda na arrecadação e dificuldades nos negócios e empregos. Governadores e prefeitos desesperados com UTI lotadas e com dificuldades de decretar lockdown.

Isso tudo aqui, enquanto a Europa já lida com medidas sanitárias e econômicas para combater a segunda onda de infecção e prevenir uma terceira onda. Por sua vez, o Brasil não conseguiu passar o tal “platô” da primeira onda e foi “surpreendido” com um forte repique. Reabre todas as atividades econômicas e até mesmo com dificuldades para acertar a vacinação em massa.

Toda essa confusão nacional, torna-se ainda mais diante do contraste com o que se passa na Europa e nos Estados Unidos, onde o Neoliberalismo surgiu, cuja discussão é outra: programas públicos de socorro econômico e acelerar ainda mais a vacinação. Isso vindo com o respaldo inclusive de instâncias que são baluartes do Neoliberalismo, como o FMI, o Banco Mundial, o Banco Central Europeu, etc.

sábado, 20 de dezembro de 2025

TRÓTSKI E A "CURVA DO CAPITALISMO": crescimento econômico mundial entre 1921–1926

Resenha das obras de Leon Trótski sobre economia mundial no pós-Primeira Guerra Mundial

por Almir Cezar Filho


Resumo:

Este artigo apresenta uma resenha crítica unificada de quatro textos fundamentais de Leon Trótski – A situação mundial e a perspectiva econômica (1921), A curva do desenvolvimento capitalista (1923), Sobre a estabilização da economia mundial (1925) e Sobre a questão das tendências no desenvolvimento da economia  mundial (1926). Nestes escritos, Trótski desenvolve uma teoria do desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo mundial, articulando a crise da Europa após a Primeira Guerra Mundial, a ascensão dos Estados Unidos e a estagnação estrutural das forças produtivas como fundamentos de sua estratégia revolucionária internacional. A análise crítica aponta tanto a originalidade metodológica e política dos textos quanto suas tensões internas, especialmente no que se refere à expectativa de iminência revolucionária.


Palavras-chave: Trótski. Capitalismo. Crise. Revolução. Economia mundial. Desenvolvimento desigual.


Introdução

A primeira metade da década de 1920 foi marcada por intensas transformações econômicas e políticas no sistema capitalista mundial. Leon Trótski, dirigente da Revolução Russa e teórico marxista, contribuiu decisivamente para a compreensão desse processo por meio de uma série de textos que conjugam análise conjuntural, teoria do desenvolvimento e estratégia revolucionária.

O presente trabalho propõe uma resenha crítica unificada de quatro desses textos: La situación mundial y la perspectiva económica (1921), La curva del desarrollo capitalista (1923), Sobre la estabilización de la economía mundial (1925) e Sobre la cuestión de las tendencias en el desarrollo de la economía mundial (1926) - lidos de sua tradução em espanhol (CIEP Trotski, 1995). Trata-se de uma produção teórica, produzida ao longo de 5 anos, marcada pela busca de uma leitura totalizante do capitalismo mundial no pós-guerra, que recusa tanto o mecanicismo economicista quanto o impressionismo político.


1. Crise e reconfiguração imperialista

Trótski observa, em 1921, que a Primeira Guerra Mundial havia encerrado o período progressivo do capitalismo, inaugurando uma época de crises, guerras e revoluções. Para ele, o colapso da Europa, a ascensão dos Estados Unidos e o bloqueio à expansão das forças produtivas revelam o esgotamento histórico do modo de produção capitalista (TRÓTSKI, 1995a).

sábado, 13 de dezembro de 2025

Uma revisão metodológica em base a Trótski e Preobrazhenski para conjunturas e prognósticos

“A Economia e a Revolução”: 

Uma teoria da crise e do desenvolvimento econômico


por Almir Cezar Filho*

Introdução


Nessas quase uma década e meia, a crise econômica mundial surgida pelo estouro da bolha imobiliária estadunidense (2008) lembrou ao mundo que o Capitalismo sempre viveu imerso (ou sob a ameaça) a recorrentes crises. A relação entre crise e ciclos econômicos e o desenvolvimento do capitalismo é um tema palpitante, especialmente no período de uma crise. 


Por sua vez, todos aqueles que sonham e lutam contra esse regime social de produção sabem que nessas circunstâncias de fragilidade este fica mais vulnerável a questionamentos e ataques. Contudo, a superação do Capitalismo segundo o marxismo se faz no sentido de edificar a sociedade socialista e através da revolução proletária. Contudo, apesar dessa compreensão, um contingente de marxistas estabelece uma vinculação equivocada entre a crise e a revolução.


Esta compreensão gera, com certeza, distintas caracterizações sobre o momento histórico em que vivemos. Ainda mais, à medida que, apesar da conjuntura internacional ser de franca instabilidade, o cenário a favor dos socialistas aparentemente caminha no sentido oposto. Apesar de sabermos que em algum momento essas trajetórias se convergiram, fica aberto, por um lado, saber se a situação seria propícia a revolução ou não, e por outro lado, se as circunstâncias existentes atualmente no plano internacional abriram à perspectiva da revolução pelo mundo.


O revolucionário León Trótski sempre expressou a questão sobre a estabilidade e o equilíbrio dinâmico do Capitalismo e o papel dialético da crise e da revolução na dinâmica do desenvolvimento econômico e social desse. Em seus textos, particularmente nos anos subsequentes ao ano de 1921, momento em que parecia que o Capitalismo estava recuperando-se da Grande Guerra e da vaga revolucionária ao seu fim, ali ele exprime sua preocupação entre os rumos do Capitalismo Mundial e a relação dialética entre luta de classes, ciclos industriais e possibilidades de longo prazo do desenvolvimento capitalista. 


Os textos da década de 1920 dão uma compreensão distinta do que a militância socialista costuma supor entre a natureza da crise capitalista, a relação entre crise e boom, crise e revolução e o próprio papel da luta e organização proletária como deflagradora das crises (na trajetória inversa que o socialismo vulgar sempre supõe ser).


Nesse sentido, é importante apresentar metodologicamente a partir das passagens apanhadas dos vários textos, a análise mais abstrata de Trótski a respeito do equilíbrio dinâmico do capitalismo, o processo revolucionário e a circunstância do desenvolvimento econômico, e a partir daí possibilitar em um segundo momento uma análise mais concreta da presente situação mundial e nacional e de suas perspectivas a luta revolucionária.

sábado, 6 de dezembro de 2025

Sobre a Política Econômica no Governo Federal: A criação de um “sistema estruturante” e o papel central dos servidores economistas

por Almir Cezar Filho*

Resumo:

Este artigo (escrito em 2022)** analisa a dispersão da política econômica na Administração Pública da União e propõe a criação de um Sistema Federal de Política Econômica. Destaca a falta de uma estrutura específica para essa área, enfatizando a necessidade de reestruturação. O texto destaca a presença de setores e instrumentos de política econômica em diversos ministérios, propondo a coordenação para melhor desenvolvê-los. Aponta a viabilidade da reforma, dada a existência das atribuições e da presença atual de servidores no quadro de pessoal do Poder Executivo com perfil profissional especializado para composição desse sistema. Por fim, destaca a importância desse sistema estruturante para facilitar a cooperação governamental, participação social, avaliação contínua e transparência.


Palavras-chaves: Política Econômica,  Administração Pública Federal, Sistema Federal de Política Econômica, Economistas, Descentralização, Coordenação setorial


Este artigo analisa a política econômica na Administração Pública Federal**, destacando sua dispersão por várias pastas governamentais e propondo uma estrutura coordenativa com pessoal especializado em cada órgão e articulado entre si. O texto apresenta o conceito e a importância da política econômica, examina o marco jurídico atual e identifica a falta de um sistema estruturante específico para essa área. Embora haja uma estruturação geral na Administração Pública Federal, não existe uma organização específica para a política econômica. 

O objetivo é analisar como está instituído na Administração Público Federal a política econômica, não se limitando às pastas da assim chamada “Equipe Econômica do Governo”** (Ministério da Fazenda, do Planejamento, da Gestão, da Indústria e Comércio, entre outros), mas ao contrário disso, dispersa por todo o Poder Executivo, buscando dar um novo formato, que preserve a sua descentralização e segmentação setorial, mas busque uma estrutura comum coordenativa e com pessoal especializado para melhor desenvolvê-la em cada órgão.

A ideia que o permeia é preparar subsídios para repensar e de fato constituir o Sistema Federal de Política Econômica, motivada pela necessidade de reformá-lo em profundidade, o que se pretende mostrar evidente. Mas, principalmente, pela viabilidade tecnopolítica de empreender tal reforma, pois os recursos críticos requeridos para levá-la à frente estão quase todos sob o controle do Poder Executivo Federal.

Os instrumentos de política econômica criados pela Constituição Federal de 1988 (CF/1988) têm sofrido diversas interpretações e experimentado variadas tentativas de aplicação prática sem, no entanto, se afirmarem de maneira mais duradoura e sem conquistarem adesões políticas e intelectuais que os legitimem e os transformem em efetivos mecanismos de condução dos processos de governo.

À primeira vista, a política econômica é atribuição nata do atual Ministério da Economia** (Ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Gestão, e até mesmo com o de Indústria e Comércio, e outros casos até Agricultura, Infraestrutura, etc.), mas, se é verdade que a política macroeconômica e de desenvolvimento econômico estão concentradas no Ministério da “Economia”, e de maneira auxiliada pelo Banco Central (política monetária), cada outro ministério possui seu próprio setor, secretaria, assessoria de conjuntura econômica, e/ou próprios instrumentos de realização de política econômica setorial. 

Seja de pastas explicitamente ligadas à produção nacional, tal como o Ministério da Agricultura, ou das Minas e Energia, passando pelos Transportes, ou do Desenvolvimento Regional e das Cidades. Mas até mesmo, o da Cultura (política de fomento e regulação) do mercado cultural, passando pelo das Comunicações e pela da Ciência, Tecnologia & Inovação, chegando até o do Turismo. Muitos desses Ministérios contêm secretarias inteiras de Política “X”, referindo-se a propriamente dita política econômica setorial de sua própria Pasta.

O artigo aborda diferentes aspectos relacionados à política econômica na Administração Pública Federal. Inicialmente, são apresentados conceitos e finalidades da política econômica, tanto como política pública quanto na teoria econômica, destacando sua dispersão por várias pastas de governo. Em seguida, é analisado o marco jurídico atual da política econômica, seguido pela identificação de sistemas estruturantes existentes na Administração Pública, que visam melhorar as atividades administrativas, mas que não abrangem adequadamente a política econômica. 

O texto também menciona a existência de carreiras segmentadas para cada sistema estruturante, mas a ausência de equivalente para a política econômica. A partir disso, é apontado que os servidores do cargo de “economista” possuem as habilidades necessárias para compor um sistema estruturante dedicado à política econômica. 

Por fim, nas considerações finais, destaca-se que um sistema estruturante para a política econômica pode facilitar a cooperação governamental, a participação social, a avaliação contínua e corretiva, bem como a transparência.

sábado, 29 de novembro de 2025

As Cinco Dimensões do Gasto Público e os Fundamentos a uma Teoria Fiscal Moderna

por Almir Cezar Filho 

Introdução

O gasto público é um dos principais instrumentos à disposição do Estado para promover desenvolvimento, garantir direitos e reduzir desigualdades. No entanto, sua análise convencional tende a desconsiderar aspectos mais profundos de sua lógica econômica e política, limitando-se à ótica do controle fiscal e da “responsabilidade” orçamentária imediata.

Este ensaio propõe uma visão alternativa, dividida em duas partes: a primeira explora cinco dimensões fundamentais do gasto público; a segunda avança rumo aos fundamentos para uma Teoria Fiscal Moderna (TFM) — uma abordagem que articula gasto, arrecadação e fundos públicos a partir do princípio da demanda efetiva e da coordenação fiscal intertemporal e interespacial.

I. As Cinco Dimensões do Gasto Público

Para avaliar a qualidade e o impacto de uma política pública, é necessário ir além do montante investido ou do saldo fiscal. As cinco dimensões abaixo oferecem um arcabouço mais robusto:

sábado, 22 de novembro de 2025

Dossiê | Tetralogia de ensaios sobre "Acumulação Coerente"

Ensaios sobre Desenvolvimento, Planejamento e Soberania Social

Por Almir Cezar Filho | Série Limiar e Transformação Econômica

Juntas, quatro dimensões - explicáveis abaixo - compõem o que podemos chamar de "Teorema da Acumulação Coerente", isto é, um sistema econômico é sustentável quando o excedente é gerado de forma produtiva, distribuído de modo planificado e reaplicado socialmente.

Apresentação
A  presente tetralogia de ensaios reúne quatro textos teóricos e críticos que, em conjunto, formulam uma teoria marxista contemporânea do desenvolvimento, articulando macroeconomia, estrutura produtiva, política industrial e transformação social. Inspirada em Evguêni Preobrazhensky, Michał Kalecki, Celso Furtado e Theotonio dos Santos, esta obra desenvolve o conceito de acumulação coerente — uma síntese entre racionalidade planificada, proporcionalidade intersetorial e redistribuição solidária.

Ao longo dos textos, o autor reconstrói, sob novas condições históricas, a tradição do planejamento e da economia política do desenvolvimento no Brasil e na América Latina. Mais que uma teoria da produção ou da política econômica, trata-se de uma teoria da coerência social do desenvolvimento — um esforço de reintegração entre economia, política e ética, num tempo em que a acumulação capitalista global se mostra desordenada, excludente e insustentável.

A Tetralogia propõe, assim, um paradigma alternativo de modernização, no qual o Estado, o trabalho e a comunidade se tornam sujeitos conscientes da acumulação, transformando o excedente em bem comum e o crescimento em soberania.

sábado, 15 de novembro de 2025

Economia Solidária e a Nova Racionalidade do Desenvolvimento: a autogestão como forma social da coerência econômica

Como a organização solidária do trabalho pode transformar o excedente produtivo em soberania social e reconstrução nacional**

Por Almir Cezar Filho*

Resumo
A Economia Solidária é apresentada como dimensão social e territorial da teoria da acumulação coerente, integrando os conceitos de Preobrazhensky, Kalecki e Furtado em uma perspectiva marxista-estrutural contemporânea. Mais que uma política pública ou alternativa de renda, ela constitui um novo paradigma de racionalidade econômica, baseado na autogestão, na propriedade coletiva e na reintegração entre trabalho e comunidade. O artigo analisa suas formas organizacionais, seus instrumentos financeiros (bancos comunitários, moedas sociais, microcrédito orientado), e sua integração com o planejamento estatal e territorial. Defende que a Economia Solidária é o elo que liga a coerência macroeconômica e a redistribuição social, completando o ciclo iniciado nos artigos anteriores sobre crescimento garantido, doença egípcia e acumulação primitiva nacional. Como síntese teórica e prática, propõe que o desenvolvimento brasileiro do século XXI depende da capacidade de transformar solidariedade em estrutura produtiva e excedente em emancipação.

Palavras-chave
Economia solidária; autogestão; desenvolvimento; planejamento econômico; acumulação coerente; Preobrazhensky; Kalecki; Celso Furtado; cooperativismo; economia popular; soberania produtiva; Estado solidário.

I. Introdução – O retorno do trabalho como sujeito do desenvolvimento

A Economia Solidária surge, nas últimas décadas, como uma das expressões mais avançadas da crítica prática ao capitalismo contemporâneo. Ela não é mero programa compensatório de geração de renda nem política pública de combate à pobreza, mas a reemergência da auto-organização dos produtores — trabalhadores que retomam, de forma coletiva e consciente, o controle sobre os meios, os fins e os frutos do seu próprio trabalho. Trata-se de uma racionalidade econômica alternativa, enraizada em valores de cooperação, sustentabilidade e justiça social, que se contrapõe frontalmente à lógica do lucro e da acumulação privada do capital.

Num cenário de crise estrutural da globalização neoliberal, desindustrialização prolongada e precarização do trabalho, a Economia Solidária reaparece como projeto de reconstrução produtiva e social a partir de baixo. Enquanto o capitalismo convencional concentra renda e mercantiliza a vida, a economia solidária descentraliza a produção, redistribui o excedente e restabelece os laços entre economia e comunidade. Ela opera onde o mercado fracassa e o Estado se ausenta — mas vai além da mera substituição: propõe uma nova forma de planejamento democrático da produção e do consumo, em que a finalidade é a reprodução ampliada da vida, não do capital.

Essa perspectiva dialoga com as formulações de Preobrazhensky, que, ao teorizar a acumulação socialista primitiva, identificou o papel histórico das formas não capitalistas na transição ao desenvolvimento planificado. Também se aproxima de Kalecki, para quem a dinâmica macroeconômica só é sustentável quando a distribuição funcional da renda sustenta o investimento produtivo e o pleno emprego. E, ainda, de Celso Furtado, que via na articulação entre estrutura produtiva, cultura e solidariedade social o núcleo do verdadeiro desenvolvimento. A Economia Solidária, nesse sentido, é a tradução microeconômica e territorial dessa coerência macroestrutural — uma forma de desenvolvimento endógeno, inclusivo e socialmente racional.

Diferente de programas assistenciais ou políticas de subsistência, a Economia Solidária se ancora na autonomia dos trabalhadores e no enraizamento comunitário da produção. Suas experiências — cooperativas, empresas recuperadas, redes de produtores, bancos comunitários, moedas sociais e tecnologias sociais — compõem um mosaico de resistência e inovação que desafia a hegemonia da empresa capitalista tradicional. Cada experiência local, por pequena que pareça, representa um ato de reconstrução da economia nacional a partir de suas bases sociais, culturais e ecológicas.

Por fim, a Economia Solidária ocupa um lugar estratégico na nova teoria do desenvolvimento que propomos ao longo desta série. Se o primeiro artigo tratou da coerência macroeconômica entre crescimento e estabilidade, e o segundo diagnosticou a “doença egípcia” como estagnação estrutural das economias dependentes, e o terceiro resgatou a acumulação primitiva nacional como fundamento da reindustrialização soberana, agora a Economia Solidária fecha o ciclo ao apresentar o sujeito social desse processo: o trabalho coletivo, consciente e autogestionário. É nele que o desenvolvimento se reconcilia com o humano — onde a economia volta a servir à sociedade, e não o contrário.

sábado, 8 de novembro de 2025

Dossiê | A Teoria da Acumulação Coerente: Ensaios sobre Desenvolvimento, Planejamento e Soberania Econômica

Por Almir Cezar Filho | Série Limiar e Transformação Econômica

Apresentação Geral
O presente dossiê reúne três ensaios teóricos interligados que propõem uma releitura marxista contemporânea do desenvolvimento econômico brasileiro, articulando as contribuições de Evguêni Preobrazhensky, Michał Kalecki e Celso Furtado à realidade do capitalismo periférico do século XXI.
Os textos exploram, em sequência lógica, três dimensões estruturais do processo de acumulação:
1️⃣ a coerência entre crescimento e estabilidade;
2️⃣ as patologias da dependência e da estagnação; e
3️⃣ a reconstrução produtiva a partir do excedente nacional.
A trilogia forma o núcleo do que pode ser denominado Teoria da Acumulação Coerente, na qual o desenvolvimento não é visto como resultado espontâneo do mercado, mas como processo planejado de compatibilização entre setores, ritmos e proporções.
O Estado aparece, assim, não como mero gestor fiscal, mas como mediador racional da reprodução social, encarregado de alinhar excedente, investimento e capacidade produtiva.

sábado, 1 de novembro de 2025

Do Boom do Agro à Nova Industrialização: o Agronegócio como Fonte de Acumulação Primitiva Nacional

Como o setor agroexportador pode financiar a reindustrialização, ampliar a complexidade produtiva e consolidar a soberania econômica do Brasil*

Por Almir Cezar Filho**

Resumo
O artigo propõe o conceito de acumulação primitiva nacional, inspirado em Evguêni Preobrazhensky e adaptado à realidade do capitalismo periférico contemporâneo. A partir da análise do boom do agronegócio brasileiro, o texto demonstra que o setor agroexportador, quando articulado a uma política de planejamento e investimento público, pode atuar como fonte de financiamento produtivo e tecnológico da reindustrialização. Diferente da “doença holandesa” e da “doença egípcia”, em que o campo atua como fator de regressão estrutural, a acumulação primitiva nacional propõe a transferência consciente e planejada do excedente agrário para os setores industriais, científicos e de infraestrutura.
Com base nas formulações de Preobrazhensky, Kalecki e Furtado, o artigo articula os conceitos de coerência estrutural, crescimento garantido e soberania produtiva, defendendo a criação de um novo pacto desenvolvimentista entre Estado, agronegócio, indústria e ciência. A tese central é que o Brasil dispõe hoje dos meios materiais para um novo ciclo de industrialização verde e digital — faltando-lhe apenas a consciência da necessidade, isto é, o planejamento econômico como instrumento de transformação nacional.

Palavras-chave
Acumulação primitiva nacional; agronegócio; reindustrialização; desenvolvimento econômico; coerência estrutural; crescimento garantido; Preobrazhensky; Kalecki; Celso Furtado; soberania produtiva; Brasil.


I. Introdução – O Paradoxo do Sucesso Agrário

O Brasil vive um paradoxo estrutural. Enquanto o agronegócio alcança níveis inéditos de produtividade, rentabilidade e inserção internacional, o país como um todo experimenta uma prolongada estagnação industrial e tecnológica. A agricultura, responsável por metade das exportações e por saldos comerciais que sustentam a estabilidade cambial, tornou-se a principal âncora macroeconômica de uma economia que, paradoxalmente, perdeu sua base manufatureira e sua capacidade autônoma de inovação.

A narrativa oficial — de que o sucesso do agronegócio seria suficiente para puxar o crescimento nacional — revela-se incompleta. O setor agroexportador gera riqueza, mas essa riqueza não se converte em desenvolvimento. Gera divisas, mas não acumulação produtiva; gera renda concentrada, mas não difusão tecnológica. A questão essencial, portanto, não é “se” o agronegócio pode contribuir para o desenvolvimento, mas como transformar seu excedente externo em base de reindustrialização interna.

Essa reflexão resgata, sob novas condições históricas, uma ideia seminal de Evguêni Preobrazhensky: a “acumulação socialista primitiva”. Em A Nova Economia, o autor defendia que, nas economias em transição, o Estado devia organizar a transferência do excedente gerado nos setores mais dinâmicos ou rentáveis para financiar a industrialização e a ampliação das forças produtivas. Aqui, reinterpretamos o conceito como acumulação primitiva nacional — um mecanismo de desenvolvimento endógeno no qual o Estado coordena e canaliza os excedentes do agronegócio, da energia e da mineração para a expansão da base produtiva, científica e tecnológica do país.

Trata-se, em essência, de restabelecer a coerência entre os setores da economia — algo que Preobrazhensky via como condição da estabilidade e Kalecki, como base do crescimento garantido. Numa economia periférica como a brasileira, o problema não é a escassez absoluta de recursos, mas sua má alocação estrutural. O excedente gerado pelo campo, em vez de financiar a diversificação produtiva, é drenado pelo rentismo, pela financeirização e pelas importações de bens industriais e tecnológicos. Assim, o que poderia ser um ciclo virtuoso de acumulação torna-se uma dependência reeditada: exporta-se tecnologia incorporada e importa-se a tecnologia essencial.

Este artigo propõe que o boom agrário, longe de ser um obstáculo, pode se tornar o motor de uma nova industrialização, desde que inserido em um projeto nacional de planejamento e de investimento coordenado. Reindustrializar, aqui, não significa negar o agronegócio, mas transformar sua força de geração de divisas e inovação em base material para a reconstrução industrial, tecnológica e científica do Brasil.

O desafio é político e estrutural: como organizar, no século XXI, uma estratégia de acumulação que não reproduza a dependência, mas a supere. A resposta não está no retorno ao modelo primário-exportador, nem na simples substituição de importações; está em criar uma economia complexa, verde e digital, capaz de converter a riqueza setorial em desenvolvimento nacional.

sábado, 25 de outubro de 2025

A Doença Egípcia: um paradigma invertido da Doença Holandesa

Da reprimarização impossível à estagnação dependente: uma teoria estrutural do subdesenvolvimento e da inflação crônica nas economias periféricas*

Por Almir Cezar Filho**

Resumo

O artigo apresenta o conceito de Doença Egípcia, uma categoria teórica proposta como inversão da clássica Doença Holandesa. Enquanto esta descreve o retrocesso industrial de economias que prosperam graças ao sucesso de seu setor primário, a Doença Egípcia caracteriza países que nunca completaram o processo de industrialização, mas permanecem presos à dependência de exportações primárias frágeis e instáveis. O texto demonstra que, nesses casos, a escassez de divisas, e não a abundância, desencadeia um ciclo de desvalorização cambial, inflação de custos, desinvestimento e estagnação produtiva. Inspirado nas formulações de Preobrazhensky e Kalecki, o modelo expõe como o desequilíbrio entre setores e a ausência de planejamento convertem a economia periférica em um sistema de reprodução sem acumulação, no qual o Estado administra a escassez em vez de superá-la. Aplicado ao Brasil e a outras nações do Sul Global, o conceito propõe uma releitura estrutural da inflação e do subdesenvolvimento, recolocando o planejamento, a reindustrialização e a soberania cambial como fundamentos da estabilidade e do crescimento de longo prazo.

Palavras-chave:

Doença Egípcia; Doença Holandesa; subdesenvolvimento estrutural; inflação de custos; dependência; planejamento econômico; industrialização tardia; Preobrazhensky; Kalecki.


I. Introdução – O Paradoxo da Periferia e a Inversão da Doença Holandesa

A expressão “Doença Holandesa” tornou-se, nas últimas décadas, um dos conceitos mais difundidos para descrever o dilema de países que, após descobertas ou valorização de recursos naturais, sofrem os efeitos colaterais de seu próprio sucesso. O boom das exportações de commodities provoca a valorização cambial, reduz a competitividade das manufaturas e leva à reprimarização da estrutura produtiva. Em essência, trata-se de uma patologia do êxito: o país industrializado é traído por seu setor primário pujante.

Entretanto, nas economias periféricas e dependentes, o fenômeno assume contornos inversos. O problema não é o “excesso de sucesso” das exportações, mas sua fragilidade estrutural. Aqui surge o que denominamos Doença Egípcia — uma versão invertida da Doença Holandesa. Não se trata de uma regressão a partir de uma base industrial consolidada, mas de um bloqueio histórico que impede a industrialização de se completar. A “doença”, portanto, nasce não do apogeu, mas da insuficiência.

A metáfora egípcia é reveladora. O Egito antigo foi uma das civilizações mais sofisticadas do ponto de vista agrário, mas cuja produtividade agrícola sustentava um Estado extrativo e elites improdutivas, incapazes de converter o excedente social em acumulação produtiva. A abundância relativa não se transformava em progresso técnico, mas em monumentos e privilégios. Da mesma forma, nas economias periféricas contemporâneas, o excedente proveniente do setor primário — mesmo modesto — é canalizado para o consumo das elites, a especulação financeira e o serviço da dívida, não para a transformação estrutural da base produtiva.

Enquanto na Doença Holandesa o câmbio valorizado corrói a competitividade industrial, na Doença Egípcia o câmbio desvalorizado reflete a ausência de base industrial capaz de reagir à desvalorização. O resultado é um círculo vicioso: a queda dos preços das commodities reduz as reservas internacionais e desvaloriza a moeda; a moeda fraca encarece importações de insumos e maquinário; os custos industriais sobem e o investimento declina. Surge, assim, uma inflação estrutural de custos, não compensada por expansão produtiva — uma estagnação inflacionária de natureza dependente.

A Doença Egípcia é, portanto, a patologia da periferia que nunca se industrializou plenamente, mas que experimenta as desvantagens cambiais e estruturais da dependência primário-exportadora. Ao contrário da doença holandesa, que se manifesta como uma perda de complexidade após um ciclo virtuoso, a egípcia é o sintoma de uma ausência estrutural de complexidade. É a doença de economias onde o Estado arrecada sobre a base agrária ou mineral, o capital lucra pela intermediação financeira e a sociedade paga o preço da desindustrialização sem jamais ter vivido seu auge.

sábado, 18 de outubro de 2025

Crescimento, Inflação e Coerência Estrutural: uma síntese Preobrazhensky–Kalecki para o desenvolvimento brasileiro

 Entre o fiscal e o monetário: um modelo interdepartamental de crescimento garantido e não inflacionário para economias em desenvolvimento*

Por Almir Cezar Filho**

Resumo

O artigo propõe um modelo interdepartamental de crescimento garantido e não inflacionário, fundamentado na síntese entre Evgeni Preobrazhensky e Michał Kalecki. A partir de uma releitura marxista das relações entre produto efetivo e produto potencial, o texto demonstra que a estabilidade de preços não depende da contração fiscal ou monetária, mas da compatibilidade estrutural entre os ritmos de expansão setoriais. O modelo formaliza o produto agregado como a soma das respostas diferenciais da produção (YΣ=1/dXiY_{\Sigma} = \sum 1/dX_i), identificando um ponto ótimo de coerência (Y^0\hat{Y}_0) em que o crescimento da renda coincide com a capacidade produtiva sem gerar inflação.Essa formulação integra o teorema de Preobrazhensky sobre inflação e desproporção nos países em desenvolvimento e a taxa de crescimento garantido de Kalecki (g=s/vg = s/v, resultando em uma equação composta (gNI=s/βivig^{NI} = s / \sum \beta_i v_i) que expressa a taxa de expansão compatível com a estrutura produtiva real. Aplicado ao caso brasileiro, o modelo revela que a inflação recente decorre não de déficits fiscais, mas de gargalos produtivos intersetoriais — a superposição de cadeias de oferta descompassadas. O artigo conclui propondo substituir a atual política de metas de inflação por uma meta de coerência estrutural, que combine planejamento produtivo, investimento coordenado e mensuração periódica do crescimento não inflacionário. Essa abordagem redefine o papel da política macroeconômica, colocando o planejamento e a proporcionalidade produtiva como fundamentos da estabilidade e do desenvolvimento sustentável em economias periféricas.

Palavras-chave: 

Preobrazhensky; Kalecki; crescimento garantido; inflação estrutural; coerência interdepartamental; planejamento econômico; Brasil.

Introdução – Crescimento, Inflação e a Falácia do Desequilíbrio Fiscal

Nas últimas décadas, o debate econômico brasileiro tem sido sequestrado por uma falsa oposição entre responsabilidade fiscal e expansão produtiva. À política fiscal atribui-se a origem das pressões inflacionárias; à política monetária, o papel de guardiã da estabilidade. Sob essa narrativa, o crescimento seria, por definição, inflacionário; e a austeridade, sinônimo de sensatez. Contudo, a experiência recente do país — inflação persistente mesmo com juros recordes e baixo dinamismo — revela que algo fundamental está errado nesse raciocínio.

A inflação brasileira contemporânea não nasce do “excesso de gasto público”, mas dos gargalos estruturais de uma economia heterogênea, dependente e desproporcional. Em vez de se propagar de cima para baixo pela demanda, ela emerge de dentro do sistema produtivo, das descompensações entre setores e departamentos, que limitam a expansão da oferta e elevam os custos antes mesmo que o consumo popular se recupere. A política monetária restritiva, ao inibir o investimento justamente nos elos mais frágeis — energia, logística, indústria de base e agricultura —, apenas aprofunda o desequilíbrio que pretende corrigir.

É nesse ponto que o pensamento de Evgeni Preobrazhensky e Michał Kalecki recupera toda a sua atualidade. Ambos demonstraram que o equilíbrio entre crescimento e estabilidade de preços não depende do freio da demanda, mas da compatibilidade entre os ritmos de expansão dos setores e departamentos da economia. Em Preobrazhensky, essa compatibilidade material expressa-se no equilíbrio entre os Departamentos I (meios de produção) e II (meios de consumo); em Kalecki, na proporção entre poupança, investimento e capacidade produtiva, que define a taxa de crescimento garantido.

Partindo dessa dupla herança teórica, este artigo propõe um modelo interdepartamental de crescimento garantido e não inflacionário, no qual o produto efetivo YΣY_{\Sigma} resulta da soma das respostas diferenciais setoriais dXidX_i, e o ponto ótimo Y^0\hat{Y}_0 representa a coerência estrutural entre o produto efetivo e o potencial. O modelo sintetiza o teorema de Preobrazhensky sobre a inflação em economias em desenvolvimento e a equação kaleckiana do crescimento g=s/vg = s/v, mostrando que o crescimento sem inflação decorre da proporcionalidade entre investimento, capacidade e estrutura produtiva — e não da contração da demanda.

A aplicação dessa abordagem ao caso brasileiro permite reinterpretar a atual conjuntura: a inflação decorre menos do fiscal e mais da superposição de gargalos produtivos; a estabilidade não virá de juros altos, mas da recomposição das proporções materiais do desenvolvimento. Ao restituir a economia política ao terreno da totalidade concreta, o modelo propõe uma nova racionalidade macroeconômica para países periféricos — uma racionalidade do planejamento e da coerência estrutural, que recoloca o crescimento, e não a austeridade, como fundamento da estabilidade de preços e do equilíbrio social.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

O que a mídia não te explica sobre Reforma Administrativa (live no canal "Economia É Fácil")

🚨O canal Economia É Fácil recebe o professor Robson Raymundo Silva para debater sobre o projeto de Reforma Administrativa —  que ameaça desmontar o serviço público e precarizar o Estado brasileiro.

Reforma Administrativa volta à pauta e ameaça o serviço público — o que está em jogo do Brasil
Vamos conversar sobre:
🏛️ A proposta de PEC da Reforma que volta ao Congresso
📉 As medidas de ataque à estabilidade e aos direitos dos servidores
✊ A resistência da classe trabalhadora e da educação pública
📅 Nesta 5ª feira, 16/10 – 21h


💬 Participe pelo chat e compartilhe com seus contatos!

#ReformaAdministrativa #EconomiaÉFácil #ServiçoPúblico

sábado, 11 de outubro de 2025

O Tempo dos Ciclos: Irregularidade, Tendência e Transição na Dinâmica do Capitalismo

Entre a repetição e a transformação: como o movimento cíclico revela o tempo histórico do capital e anuncia seus limites.*


Por Almir Cezar Filho**

Resumo

Os ciclos econômicos não são meras oscilações estatísticas, mas expressões da própria lógica contraditória do capitalismo. Através de períodos de expansão e crise, o sistema reconfigura suas condições de reprodução, revelando uma regularidade que se manifesta por meio da irregularidade. Este artigo analisa, sob a ótica marxista, a natureza dialética dos ciclos: suas sobreposições temporais, suas tendências estruturais e suas mutações históricas. Da “irregularidade regular” à financeirização contemporânea, buscamos compreender o ciclo como forma temporal do capital — e o planejamento socialista como sua negação consciente.

Introdução – O Movimento como Forma da Contradição

Desde que Marx descreveu o ciclo industrial como “a forma viva do movimento do capital”, o pensamento crítico reconhece que a economia capitalista não se desenvolve de modo linear, mas pulsante, alternando prosperidade e colapso, avanço e retração. A repetição das crises não é um desvio, mas uma necessidade interna da acumulação: o capital só se renova destruindo parte de si mesmo, purgando os excessos que sua própria lógica produz.

Cada ciclo, no entanto, não é mera repetição do anterior. Ele se dá sobre novas bases técnicas, sociais e geográficas. A superprodução do século XIX não é a mesma de 1929, tampouco a de 2008. Cada uma reflete o modo histórico como o capital reorganiza suas contradições fundamentais — entre produção e realização, trabalho e valor, capital e vida. O ciclo é, portanto, a forma concreta da contradição em movimento.

O olhar marxista sobre os ciclos não busca prever datas ou traçar curvas regulares, mas revelar o tempo histórico inscrito nas flutuações econômicas. Por trás das estatísticas de crescimento e recessão, pulsa a dinâmica real de valorização e desvalorização do capital, isto é, o processo pelo qual a sociedade burguesa tenta perpetuar-se diante de seus próprios limites. O que as escolas econômicas chamam de “recuperação” nada mais é que a reconstrução temporária das condições de exploração.

Neste sentido, estudar os ciclos é estudar a própria historicidade do capitalismo. Cada oscilação, cada crise, cada fase de expansão é parte de uma totalidade maior — o processo contraditório de reprodução de um modo de produção que precisa se reinventar para não sucumbir. Mas há um limite: a regularidade da irregularidade só se sustenta enquanto as contradições puderem ser deslocadas, e não superadas. Quando o capital atinge o ponto em que a crise se torna permanente, abre-se a possibilidade de um novo tempo histórico: o da transição consciente, o da planificação social, o do fim da anarquia do valor.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Artigos sobre Teoria do Desenvolvimento Capitalista - uma lista de leitura

O blog "Limiar e Transformação Econômica" é um espaço dedicado à análise marxista das transformações e crises do capitalismo contemporâneo. Editado por Almir Cezar Filho, economista e servidor público, o blog busca contribuir para um jornalismo econômico contra-hegemônico e para a educação popular em economia.

Os principais temas abordados no blog incluem:

  1. Crises do Capitalismo: Análises profundas sobre as crises econômicas sob a perspectiva marxista, explorando suas causas e consequências globais.
     Clique aqui: limiaretransformacao.blogspot.com.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Rolou ou não "química" entre Lula e Trump?

 🚨 AO VIVO HOJE!
O Economia É Fácil recebe Cyro Garcia para analisar a conjuntura internacional e nacional:
🌎 Shutdown nos EUA, dólar em queda e crise global
🇧🇷 Protestos barram 'PEC da Bandidagem', Bolsonaro condenado e Tarcísio se lança candidato
🗓 Quinta, 02/10 – 21h


✊ Participe e compartilhe!

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

"A Servidão do Caminho": Economia de Mercado, Pós-Modernidade e Servidão - o Paradoxo Neoliberal

Não vivemos no caminho da servidão, mas sim, na servidão do caminho...

Por Almir Cezar Filho

Em O Caminho da Servidão, Friedrich Hayek acusava o socialismo, o intervencionismo econômico, o Estado de bem-estar social e o planejamento estatal de conduzirem a uma "servidão": a perda das liberdades civis e a ascensão de regimes totalitários. Para Hayek, e para seus pares como Von Mises e Milton Friedman, qualquer tentativa de submeter a dinâmica do mercado à ação coletiva racional implicaria inevitavelmente na erosão da liberdade individual. No entanto, a realidade que emergiu nas últimas décadas mostra-se um espelho invertido dessa tese. O desmonte dos instrumentos de regulação estatal, a demonização do planejamento, a precarização do Estado social e a expansão desmedida da lógica mercantil não produziram liberdade, mas sim uma nova forma de servidão: a servidão ao capital financeiro, às corporações transnacionais e ao poder punitivo do Estado autoritário.

Sob a hegemonia da ideologia do livre mercado, vivemos a degradação da malha social, a desindustrialização, a explosão das crises financeiras, a inflação das commodities, a concentração de riquezas e a corrosão da esfera pública. O "mercado" — como abstração ideológica que naturaliza relações sociais e apaga conflitos — se tornou dogma inquestionável. Entretanto, esse fundamentalismo mercadológico se traduz, na prática, em anomia, precariedade e despotismo. A promessa de liberdade se converte em serviço informal, vigilância digital, escravidão por dívida e judicialização da política. O que era para ser um antídoto contra o totalitarismo, revelou-se seu fermento.

domingo, 14 de setembro de 2025

Rede, Valor e Capitalismo: Por uma Economia Sintrópica e Inteligente - A Economia & a Revolução

Economia de Rede e Inteligência de Rede versus o Mercado e o Capitalismo
Uma crítica marxista e cibernética à ideologia do mercado e à entropia do capitalismo, em defesa de uma economia colaborativa, sintrópica e baseada em redes inteligentes.

por Almir Cezar Filho

Resumo

Este artigo propõe uma crítica radical à concepção do mercado como ordem espontânea natural, analisando a economia a partir do paradigma das redes complexas e da cibernética. A partir de conceitos como entropia, sintropia, planejamento, colaboração e economia participativa, argumenta-se que o capitalismo — entendido como mercado generalizado de fatores de produção — não expressa a inteligência coletiva, mas sim sua degradação. Ao invés de um sistema espontaneamente eficiente, o mercado impõe desigualdade, opressão e desperdício. A superação de sua entropia exige redes colaborativas, inteligência sintrópica e planejamento democrático. Propõem-se, como alternativas sistêmicas, os modelos da Economia Participatória (ParEcon) e da Economia Baseada em Recursos.

Introdução


A inteligência das colmeias, das florestas, das células e das sociedades humanas é, antes de tudo, uma inteligência de rede. Não se trata de uma mente centralizada emitindo comandos, mas de um entrelaçamento de interações e sinais que se propagam por múltiplos caminhos, de forma distribuída, adaptativa e, por vezes, cooperativa. A economia contemporânea — sob o véu do mercado e do capitalismo — é, em sua base, também uma rede. Mas é uma rede tensionada pela exploração, pela desigualdade, pelo comando e pela entropia.

Este artigo propõe uma crítica radical à ideia de que mercado e capitalismo são expressões naturais da inteligência coletiva. Sustenta que a economia de rede — como potencial sintrópico da colaboração social — é anterior e superior ao mercado capitalista. Para tanto, discutiremos os conceitos de rede, valor, entropia, sintropia, cooperação, cibernética e planejamento em uma perspectiva econômica crítica.

1. Rede, organismo, sociedade: o substrato da vida

Do ponto de vista biológico, um organismo é uma rede integrada de redes: tecidos são redes de células; órgãos são redes de tecidos; sistemas são redes de órgãos. O mesmo vale para a sociedade: famílias, coletivos, empresas, cidades, instituições — todos formam redes complexas de interação. Como nas colmeias, a inteligência social emerge da combinação de diferenças complementares, da partilha de recursos comuns e da constante comunicação entre seus elementos.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Julgamento de Bolsonaro, Democracia em crise, imperialismo em ofensiva | ECONOMIA É FÁCIL

 Democracia em crise, imperialismo em ofensiva: como resistir? 

📝 Do julgamento de Bolsonaro no STF à repressão brutal a imigrantes nos EUA e Europa. Do massacre em Gaza à ameaça de intervenção na Venezuela. Do tarifaço de Trump à submissão do governo Lula. Estamos diante de uma ofensiva global da extrema direita e do imperialismo


quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Tarifaço, ingerência e submissão: o Brasil entre Trump, STF e a classe dominante

Com Cyro Garcia | Economia É Fácil – Ao vivo na Rádio Censura Livre 📢 Assista, comente, compartilhe, inscreva-se e apoie a Rádio Censura Livre!

📍O novo tarifaço é mesmo um recuo ou um avanço na ofensiva imperialista dos EUA? 📍A Lei Magnitsky e a sanção a Moraes: o que está em jogo com a ingerência no STF? 📍Qual o papel da burguesia brasileira nessa crise: cúmplice ou vítima? 📍Qual deve ser a resposta da classe trabalhadora frente ao ataque imperialista?


sábado, 2 de agosto de 2025

Trump taxa o Brasil: ataque imperialista ou teatro eleitoral?

Assista em: https://www.youtube.com/live/-pixbT2fUjc

O tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros expõe mais do que uma guerra comercial: revela a ofensiva imperialista dos EUA sobre o Brasil e o conjunto dos países do Sul Global.Nesta edição do Economia É Fácil, vamos analisar:

terça-feira, 15 de julho de 2025

Tarifas de Donald Trump contra o Brasil, limites da conciliação do governo Lula e a soberania nacional em jogo

📌 Nesta edição especial do Economia É Fácil, o historiador e militante socialista Cyro Garcia analisa, do ponto de vista da classe trabalhadora, a nova crise entre o Brasil e os Estados Unidos após o presidente Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

▶️Como o governo Lula responde a essa chantagem imperialista? Por que a extrema direita bolsonarista comemora enquanto a esquerda institucional silencia? E qual o papel dos BRICS, da reindustrialização e da luta por soberania nesse novo tabuleiro geopolítico?



sábado, 12 de julho de 2025

99 anos do livro `"Nova Economia" de Eugeny Preobrazhensky

por Almir Cezar Filho

Eugeny Preobrazhensky
(foto colorizada)
O livro Nova Economia, como é mais conhecido, ou no original Nova Economia: uma tentativa de uma análise teórica da economia soviética (no original em russo: Novaia ekonomika: Opy t teoreticheskogo analiza sovetskogo khoziaistva) foi escrito pelo economista russo e bolchevique Eugeny Preobrajensky e publicado em 1926.

É considerada sua oppus magnus, embora seja o livro O ABC do Comunismo, coescrita com Nikolai Bukharin, a mais conhecida. O livro A Nova Economia - cujo Capítulo II foi publicado pela primeira vez em agosto de 1924, em Moscou, como um artigo científico - constituiu um dos principais textos econômicos do período. Até hoje, trata-se de uma das mais audaciosas e mais profundas obras de análise teórica da economia soviética do período dos anos de 1920, época pautada pela transição da economia russa ao socialismo, e surgimento do tema do "desenvolvimento econômico".

Por que o título "Nova Economia"?

O título alude a ideia que na URSS daquele período é preciso de uma nova teoria econômica (por isso, muitas vez a tradução se refere como "Nova Econômica") - própria aos dilemas particulares que tanto a ciência como sistema econômico de transição ao socialismo vive - e que a Economia tradicional não oferece respostas. E que, por sua vez, o Marxismo também não. A alternativas aos marxistas seriam desenvolver novas formulações teóricas, recorrendo as bases metodológicas da Economia Política marxista.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Trump impõe tarifa contra o Brasil – Chantagem imperialista e ataque à soberania

Live especial do programa Economia É Fácil 🎙️

🎯 Tema: Trump impõe tarifa contra o Brasil – Chantagem imperialista e ataque à soberania

Vamos debater o que está por trás da decisão de Trump de taxar em 50% os produtos brasileiros. Uma guerra comercial? Pressão política?
📉 Qual o impacto para a economia nacional e o projeto de reindustrialização?
✊ E qual deve ser a resposta do povo brasileiro?



🎥 Assista agora: 🔗 https://youtube.com/live/0urpU4fajVc

Com apresentação de Almir Cezar Filho
📡 Pela Rádio Censura Livre — mídia independente e popular!

#TrumpTireAsMãosDoBrasil #EconomiaÉFácil #CensuraLivre #Live #Imperialismo #BolsonaroNaPrisão #SoberaniaNacional

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Crise na Avibras: a indústria brasileira vai morrer? | ECONOMIA É FÁCIL

Com Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, e apresentação de Almir Cezar.
A maior empresa de defesa do Brasil está afundada em dívidas, salários atrasados e risco de fechamento definitivo. Enquanto isso, o governo compra armas dos EUA e de Israel e vira as costas para a indústria nacional. Neste episódio do Economia É Fácil, vamos debater:
👉 Por que a Avibras chegou a esse ponto?
👉 Qual o papel da financeirização e da política de austeridade?
👉 O que essa crise revela sobre o projeto de desenvolvimento nacional?
👉 A geopolíticaE qual a responsabilidade do governo Lula?

✅ O futuro da reindustrialização e da soberania brasileira
✅ A dependência militar e tecnológica
✅ O papel estratégico da indústria bélica
✅ E a luta dos trabalhadores por salários e dignidade




terça-feira, 1 de julho de 2025

🎙️ 15 Anos da ERCE: História, Desafios e a Luta pela Reestruturação dos Cargos Específicos

🎙️ Live Especial – 15 ANOS DA ERCE
Nesta transmissão histórica, vamos resgatar a trajetória de criação da Estrutura dos Cargos Específicos (ERCE), que há 15 anos reúne arquitetos, engenheiros, economistas, estatísticos e geólogos do Poder Executivo Federal.
A live traz uma reflexão sobre:
🔹 A história e as motivações que levaram à aprovação da Lei 12.277/2010.
🔹 Os desafios vividos pelos servidores na implantação da ERCE.
🔹 A luta permanente pela revalorização, atualização salarial e reestruturação da carreira.
🔹 A importância estratégica da ERCE para as políticas públicas, a infraestrutura governamental e o desenvolvimento do Brasil.
🔹 A defesa de um serviço público qualificado, autônomo e comprometido com o interesse coletivo.
Com convidados especiais e a participação do público ao vivo!

Assista aqui: https://youtube.com/live/P8pCKWyab4A

🗓️ Data: 30/06 🕗 Horário: 20h 📡 Transmissão ao vivo pela Rádio Censura Livre
✊ Participe, comente e compartilhe! Valorizar o servidor público é defender o futuro do Brasil.
#ERCE #SINAEG #ServidorPúblico #ValorizaçãoJá #Economistas #Engenheiros #Arquitetos #Estatísticos #Geólogos #ServiçoPúblico #RádioCensuraLivre

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Oriente Médio: Como resolver de vez a escalada e sucessão infinita de conflitos

Neste corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho apresenta a Proposta Política diante da escalada militar no Oriente Médio e da ofensiva israelense contra o povo palestino.
Defende que a solidariedade internacional deve ir além das denúncias e se articular com uma estratégia revolucionária de transformação da região, pautada em quatro pontos centrais:
1️⃣ A necessidade de uma guerra total contra Israel, como resposta legítima ao genocídio e à ocupação.
2️⃣ A combinação dessa luta com uma nova Primavera Árabe, mobilizando milhões de trabalhadores e jovens contra todas as ditaduras.
3️⃣ A crítica ao caráter burguês e repressivo do regime iraniano, que instrumentaliza a causa palestina.
4️⃣ A defesa da luta revolucionária socialista no Oriente Médio, conectando a libertação nacional com a emancipação social.




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domingo, 29 de junho de 2025

A solidariedade mundial à luta do povo palestino é parte essencial da resistência

No corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho apresenta as propostas de solidariedade internacional e mobilizações em apoio ao povo palestino diante do genocídio em Gaza e dos ataques israelenses. Destaca a importância de ações concretas e unitárias, como:
🟢 A Flotilha da Liberdade, que rompe simbolicamente o bloqueio de Gaza e denuncia os crimes de guerra.
🟢 A Marcha Global para Gaza e a luta contra a repressão do Egito ao povo palestino.
🟢 O papel decisivo das massas árabes e da juventude no mundo todo, mobilizadas em defesa da Palestina.
O vídeo também recupera a proposta política que defende uma campanha mundial de solidariedade ativa e pressão sobre os governos cúmplices de Israel.
🔗https://youtu.be/ltP4N1cfZWc

✊ Assista, informe-se e fortaleça a luta pela Palestina livre, do Rio ao Mar!

sábado, 28 de junho de 2025

O confronto dos aiatolás do Irã com Israel é produto das contradições desse regime

 No corte especial do Economia É Fácil, o economista e editor do programa Almir Cezar Filho analisa as origens do confronto entre o regime dos aiatolás do Irã e o Estado de Israel, destacando que essa tensão permanente não é apenas fruto de disputas regionais, mas também das profundas contradições internas do próprio regime iraniano. 🟢 Ditadura teocrática e repressão interna contra a população iraniana. 🟢 Um projeto anti-imperialista parcial e seletivo, que não esconde alianças oportunistas. 🟢 Relações estratégicas com China e Rússia. 🟢 Intervenções e apoios a grupos armados no Iraque, Síria, Líbano e Iêmen. Entender essas contradições é fundamental para quem defende a paz e a autodeterminação dos povos sem cair na lógica de blocos autoritários que instrumentalizam causas legítimas em benefício próprio.

📼https://youtu.be/OlFqy3akimo



Mais um vídeo do Economia É Fácil, o seu canal de economia e conjuntura com linguagem fácil e na perspectiva dos trabalhadores. 👍Dê seu like, 💻deixe o seu comentário e ↪️ Compartilhe nas suas redes sociais

sexta-feira, 27 de junho de 2025

PODCAST | Inflação desacelera. Mas bolso do brasileiro segue sofrendo


📻https://creators.spotify.com/pod/show/webradiocensuralivre/episodes/ECONOMIA--FCIL---Inflao-desacelera--Mas-bolso-do-brasileiro-segue-sofrendo-2662025-e34qflv

Hoje o noticiário econômico anunciou:
📉 “A inflação caiu! O IPCA-15 desacelerou em junho!”

Mas... e o povo?
⚡ A conta de luz subiu.
💧 A água encareceu.
🍛 Comer fora continua pesando no bolso.
🚇 O transporte não aliviou.
🩺 O plano de saúde não para de subir.

Como pode a inflação desacelerar e o salário continuar encurtando?

No Economia É Fácil de hoje, vamos te mostrar o que os dados escondem — e o que a grande imprensa não quer explicar:
📊 A inflação no Brasil não é de consumo exagerado nem de gasto público.
⚠️ É de tarifas, serviços essenciais e um modelo econômico que joga a conta nas costas da classe trabalhadora.

Vamos analisar os dados, comparar com a série histórica e discutir caminhos para um outro projeto de economia.

Fica com a gente, curta, compartilhe, se inscreva no canal da Rádio Censura Livre.
E, se está ouvindo pelo Spotify, marca como favorito e dá aquelas cinco estrelas que ajudam demais.

Porque aqui, a economia é explicada de forma crítica — e sempre do lado do povo.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Inflação desacelera. Mas bolso do brasileiro segue sofrendo | ECONOMIA É FÁCIL

📊 Inflação e o IPCA-15 de junho/2025: queda ou ilusão? O que a mídia não te explica

O IBGE divulgou que o IPCA-15 desacelerou para 0,26% em junho, mas o custo de vida continua pesando no bolso da população. Neste episódio, vamos analisar os dados por trás do índice, comparar com a série histórica e mostrar por que a sensação de carestia persiste — mesmo quando o governo tenta passar a ideia de alívio. ⚠️ Luz, água, comida fora de casa, saúde e aluguel continuam subindo. 📉 Preço do tomate caiu. Mas e o plano de saúde? E a energia elétrica com bandeira vermelha? 🎥 Ao vivo com gráficos, dados e análise crítica — porque a economia também é uma trincheira de luta. 🎙️ Com apresentação de Almir Cezar, economista e editor do Economia É Fácil. 🗓️ Quinta, 12/06 – às 21h

quarta-feira, 25 de junho de 2025

As guerras permanentes de Israel são tanto a causa como resultado de graves crises internas

Neste corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho analisa como a escalada militar de Israel contra Gaza e o Irã se conecta à profunda crise política, social e econômica que abala o país.
O vídeo mostra que, apesar da retórica de força, Netanyahu enfrenta uma situação cada vez mais insustentável:
🔵 Divisão interna da sociedade israelense, com protestos massivos contra o governo e seu projeto de guerra permanente.
🔵 Pressão das elites econômicas e do setor de tecnologia, temerosas do impacto do conflito sobre os negócios e investimentos.
🔵 Mobilizações de reservistas, greves e recusa de setores militares a seguir sustentando as operações.
🔵 Fuga de investimentos e empresas estrangeiras, alimentada pelo boicote internacional (BDS) e pelo desgaste diplomático.
🔵 Comparação com o regime de apartheid da África do Sul, que também enfrentou isolamento econômico antes de cair.
🔵 A crise institucional com a Suprema Corte e a possibilidade real de queda do governo.
Destaca que o cerco econômico e a resistência popular — tanto em Israel quanto internacionalmente — podem acelerar mudanças históricas na região.

 

https://youtu.be/yeIeqdX8T7g

terça-feira, 24 de junho de 2025

Gaza foi o prelúdio da ação de Israel no Irã e vive um impasse militar de Netanyahu

Neste corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho analisa a crise militar que Israel enfrenta na Faixa de Gaza e o fracasso do governo Netanyahu em alcançar seus objetivos estratégicos. O vídeo mostra como, apesar da brutalidade dos ataques, a resistência popular palestina permanece firme e impõe limites concretos à ocupação: 🟥 Objetivos militares declarados por Israel seguem não atingidos, mesmo após meses de bombardeios. 🟥 A dificuldade de anexar e expulsar a população torna o projeto colonial insustentável. 🟥 O isolamento internacional de Israel cresce com protestos e campanhas de boicote em todo o mundo. 🟥 A crise política e social interna se aprofunda, ameaçando a estabilidade do governo Netanyahu. Destaca que Gaza tornou-se o símbolo da luta anticolonial do nosso tempo — e que a solidariedade internacional é decisiva para derrotar o projeto de limpeza étnica.

🔗https://youtu.be/xdcNAj1Loy4

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Ataques de Israel e a resposta do Irã: uma nova e grave escalada de muitas décadas

Neste corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho analisa a crise militar que Israel enfrenta na Faixa de Gaza e o fracasso do governo Netanyahu em alcançar seus objetivos estratégicos. O vídeo mostra como, apesar da brutalidade dos ataques, a resistência popular palestina permanece firme e impõe limites concretos à ocupação: 🟥 Objetivos militares declarados por Israel seguem não atingidos, mesmo após meses de bombardeios. 🟥 A dificuldade de anexar e expulsar a população torna o projeto colonial insustentável. 🟥 O isolamento internacional de Israel cresce com protestos e campanhas de boicote em todo o mundo. 🟥 A crise política e social interna se aprofunda, ameaçando a estabilidade do governo Netanyahu. Destaca que Gaza tornou-se o símbolo da luta anticolonial do nosso tempo — e que a solidariedade internacional é decisiva para derrotar o projeto de limpeza étnica. 🔗https://youtu.be/hdKrC0Kd8Yk

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