Fed reduz ajuda, periferia sobe juro
29/01/2014 | Monitor Mercantil
Retirada de US$ 10 bi no mensalão do BC dos EUA eleva pressão sobre câmbio
Em meio a ataques especulativos nos países emergentes, às voltas com fugas de capitais, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciou novo corte de US$ 10 bilhões, para US$ 65 bilhões, no programa de compras mensais de títulos podres das carteiras dos principais bancos de investimento do país, também conhecido como mensalão do Fed.
Depois do anúncio do Fed, a África do Sul, que não aumentava seus juros há seis anos, elevou sua taxa de 5% ao ano para 5,5% ao ano, acompanhando a Turquia e outras economias emergentes.
Sob pressão do mercado financeiro, o Brasil desde abril de 2013 já elevou sete vezes a taxa básica de juros (Selic).
A alta de 0,5 ponto do juro na África do Sul, no entanto, foi insuficiente para saciar o mercado financeiro, que impôs uma desvalorização de 2% ao rands, moeda sul-africana.
Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central do Brasil (BC), a recente desvalorização do real, que subiu mais 0,3% nesta quarta-feira, para R$ 2,4338, já teria incorporado o “efeito Fed”. Para ele, de nada adiantará o BC continuar a elevar juros. “Há pouca margem também para mais aperto fiscal”, afirma.
No entanto, o economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não vê limite para a queda do real ou a alta dos juros no Brasil: “Em 2002, na primeira eleição de Lula, o dólar estava em R$ 3,53. O Brasil tem déficit de contas externas muito grande, metade dele causado por remessas de lucros, que irão aumentar após as concessões que o governo está fazendo”, alerta.
Gonçalves salienta ainda que o Brasil tem passivo externo de US$ 1,6 trilhão, evidenciando que, num ambiente de liberalização financeira, as reservas cambiais são insuficientes para proteger o país dos especuladores.
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