Dilma vai a Davos e 'vende' o país

Texto de reportagem especial para o programa Censura Livre, da Rádio Aliança 98,7 FM, São Gonçalo/RJ. Ele foi ao ar neste sábado, 25/01, entre 18 e 20h (reapresentação terça-feira, das 17 às 19h). 

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Reportagem especial: "Dilma vai a Davos e 'vende' o país

Olá ouvintes,

A presidenta Dilma Roussef visitou esta semana o Fórum Econômico Mundial, em Davos na Suíça, em sua primeira ida a esse mais importante encontro anual de empresários, políticos e especialistas econômicos capitalistas do planeta, procurou rebater críticas à economia brasileira e a dos demais BRICS e ‘vender’ o país.

O Fórum, criado como espaço para reflexão dos maiores capitalistas do mundo por eles próprios, era antes alvo de severas críticas pelo PT e odiado pelos movimentos sociais, sofrendo no fim dos anos 90 e início dos 2000 com inúmeros e grandes protestos, ao ponto de inspirar a criação de sua nêmesis, o Fórum Social Mundial, reunindo centenas de milhares de ativistas do mundo inteiro. Durante alguns anos foi apoiado pelas administrações petistas e cujos eventos principais se davam na cidade de Porto Alegre. Este encontro ainda acontece, porém, com muito menos evidência.

Em discurso no seminário em Davos, a presidenta Dilma, convidada especial desse ano e mais importante chefe de estado a falar, fez o oposto do que ela e seu partido (PT) costumam fazer nas campanhas eleitorais, diante a plenária de executivos de multinacionais e bancos, defendeu que a privatização é “essencial” para melhorar a infra-estrutura.

A tiracolo estavam o ministro da Fazenda Guido Mantega e o presidente do Banco Central Alexandre Tombini, que também falaram em outros painéis do Fórum, tentando resgatar a confiança na plateia de empresários que o Brasil seria um 'bom lugar' para seus capitais.

  

E procuraram defender os BRICS (bloco de países formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que durante a primeira fase da crise econômica mundial passaram incólumes pela ventania e serviram de porto seguro para os capitais. Porém, agora, especialmente no último ano, passam por turbulência e crise de confiança.

Praticamente, Dilma e seus auxiliares, repetiram no Fórum o discurso que fizeram em um seminário empresarial em final de setembro em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, não por coincidencia organizado pelo banco norte-americano Goldman Sachs, inventor da sigla BRICS, mas que agora, como os demais bancos e investidores internacionais, tem dúvidas com relação a esses países, especialmente com a impressão  que os EUA e a Europa já teriam passado pela sua pior fase e haveria outros países mais "interessantes". 

Fala-se agora, que não apenas o Brasil como os demais BRICS, estariam com uma crise de "meia idade", à medida que as oportunidades empresariais e o ambiente de negócios teriam caducado, em meio a crise fiscal, inflação e crescimento econômico limitado - Índia, Rússia, África do Sul, como o Brasil, tiveram crescimento medíocre, enquanto a China cresceu menos que o esperado e possível.

Vendendo confiança, Dilma e seus auxiliares econômicos, rebateram dizendo que o governo brasileiro vem tomando uma série de medidas para enfrentar a crise e posicionar melhor o país na economia mundial. Com a crise econômica e a diminuição do comércio internacional, os gargalos em infraestrutura teriam ficado mais claros. O objetivo seria melhorar a economia brasileira estruturalmente, contribuindo para torná-la mais competitiva e aumentar a produtividade. Portanto, que ainda haveria muitas oportunidades de bons negócios - o mesmo nos países irmãos dos BRICS. E que seu governo faria de tudo pela estabilidade econômica e segurança aos investidores, com disciplina fiscal e combate à inflação.

E ainda, à Davos, Dilma, depois das duras críticas nas campanhas às privatizações, ela alegou agora que foram a alternativa de seu governo para suprir a demanda da infraestrutura e enfrentar uma “falta de investimentos de décadas”,  o que tornaria o setor atrativo para empresários externos, afirmando que seria essencial que houvesse maior participação do financiamento privado para o Brasil. 

Disse isso tudo porém, negligenciando que, boa parte desse desinvestimento se dá, no entanto, pelas políticas de cortes de gastos públicos, inclusive do governo dela, para suprir o pagamento de juros e que a esmagadora maioria dos investimento dos concessionários privados se dão com dinheiro público, através de crédito subsidiado pelo BNDES ou com isenções de impostos. Esquecendo-se também, que após as privatizações, o país tem tarifas de energia, rodovias e telefonia mais caras do que as dos países desenvolvidos.

Aqui é Almir Cezar, direto da Sucursal Brasília, da Agência de Notícias Alternativas - ANOTA para o programa Censura Livre.