Temeroso diante do intervencionismo estatal e inseguro com o fraco desempenho da economia, o empresariado preferiu engavetar projetos à espera de ventos mais favoráveis
Rosana Hessel | Correio Braziliense | 07/01/2014
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, é taxativo sempre que instado a explicar o baixo nível de crescimento do Brasil: “Sem investimentos produtivos, não há como esperar um desempenho mais forte do PIB (Produto Interno Bruto). O consumo das famílias funciona como suporte, mas o que dá a dinâmica da atividade, para cima ou para baixo, são os investimentos”.
A visão cristalina de Tombini só agiganta o desafio a ser enfrentado pelo próximo comandante do Brasil quando 2015 chegar. Açoitado por uma onda de desconfiança estimulada pelo governo, o país amarga uma retração do capital poucas vezes vista na história recente. Temeroso diante do intervencionismo estatal e inseguro com o fraco desempenho da economia, o empresariado preferiu engavetar projetos à espera de ventos mais favoráveis.
Não à toa, a taxa de investimentos do Brasil em relação ao PIB está estacionada entre 18% e 19%. Quando tomou posse, em 2011, a presidente Dilma Rousseff prometeu elevar, até o fim de seu mandato, esse índice para, pelo menos, 24%, uma vez que o Brasil havia se tornado um canteiro de obras com o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). O discurso, porém, logo se mostrou vazio. Além de o governo não conseguir tocar os empreendimentos que havia abraçado, por total ineficiência, espantou o espírito animal dos empresários ao intervir em áreas sensíveis, como a de energia, para obter dividendos políticos.
Frustração
O resultado não poderia ser diferente: o crescimento econômico despencou. Depois de muito se debater, o Palácio do Planalto acreditou que, ao lançar um grande programa de concessões à iniciativa privada de portos, rodovias, aeroportos e ferrovias, conseguiria levantar os ânimos dos donos do dinheiro. Mas a frustração foi grande. Ao adotar uma postura pouco amistosa ao capital, acreditando que poderia fixar as margens de lucros, viu seu projeto de privatização quase naufragar. Somente depois de mudar as regras dos editais e de tornar os projetos rentáveis, conseguiu obter os primeiros resultados positivos.
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