A alta de 13% registrada na arrecadação tributária federal em 2 meses mostra que não era necessário cortar gastos. Mas o governo decidiu, fazer um corte adicional de R$ 577 milhões no Orçamento, que deve comprometer a arrecadação no futuro. Por sua vez, mais emprego resultou em elevação da receita previdenciária, demonstra que, quando há crescimento econômico e maior oferta de emprego, aumenta a margem de contribuição.
Em compensação, ao aumentar os juros, e consequentemente frear a economia, resulta em efeitos contrários nefastos: inadimplência em alta, índice sobe para 8,4% em fevereiro e até a CNC (Confederação Nacional do Comércio) alerta que ele vai aumentar mais. E ainda, no início do ano, somado a desaceleração da economia e a alta dos juros, o custo de vida do brasileiro aumentou devido ao avanço da inflação, o que diminuiu o poder aquisitivo do consumidor, bem como sua capacidade de quitar débitos.
O resultado demonstra que o melhor ajuste fiscal vem do crescimento econômico e da geração de empregos. A escolha do governo Dilma foi tomada, e não foi a favor dos trabalhadores. Tudo isso em nome de um perigo chamado inflação, sobre o qual há muita controvérsia. O remédio parece exagerado e não ataca quem gera o problema, os especuladores com as commodities e o dólar no mercado financeiro futuro e os oligopólios que dominam a economia e repassam suas perdas aos preços finais ao consumidor.
Crescimento gera receita recorde
Monitor Mercantil, 22/03/2011
Alta de 13% na arrecadação em 2 meses mostra não ser necessário cortar gastos
A arrecadação federal somou R$ 64 bilhões em fevereiro, quantia recorde para aquele mês. O montante representa crescimento real pelo IPCA de 9,84% em relação a fevereiro de 2010. Na comparação com a janeiro deste ano, houve queda de 30,13%.
No acumulado do primeiro bimestre, a arrecadação totalizou R$ 155,939 bilhões, corrigidos pelo IPCA. A quantia supera em 13,01% o primeiro bimestre de 2010.
"O resultado demonstra que o melhor ajuste fiscal vem do crescimento econômico e da geração de empregos. Mas o governo decidiu, na última segunda-feira, fazer um corte adicional de R$ 577 milhões no Orçamento. Isso deve comprometer a arrecadação no futuro", critica a economista Eliana Graça, assessora de política fiscal e orçamentária do Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos (Inesc).
"Tudo isso em nome de um perigo chamado inflação, sobre o qual há muita controvérsia. O remédio parece exagerado", prossegue Eliana, lembrando que "os juros altíssimos que continuam sendo praticados no país não nos livram dos problemas que temos com as contas externas".
Ela espera que os ministros a quem caberá decidir onde os cortes serão feitos adotem medidas para dar mais transparência ao gasto que será subtraído: "O problema do decreto de contingenciamento é que não especifica onde haverá cortes. Acompanhar a decisão de cada ministro é uma grande batalha para a sociedade civil", destaca.
As receitas administradas pela Secretaria da Receita Federal somaram R$ 62,810 bilhões em fevereiro, registrando crescimento de 10,55% ante o mesmo mês de 2010.
No acumulado do primeiro bimestre deste ano, as receitas administradas somaram R$ 149,995 bilhões, alta de 14,03% em relação ao primeiro bimestre do ano passado.
Emprego "puxa" a Previdência
Monitor Mercantil, 22/03/2011
RECEITA PREVIDENCIÁRIA CRESCE 11% NO PRIMEIRO BIMESTRE PARA R$ 40,2 BILHÕES
O aumento da geração de empregos de carteira assinada continua a produzir efeitos positivos sobre as contas da Previdência Social, confirmando ser o crescimento econômico o caminho mais efetivo para a sustentabilidade da Previdência.
No primeiro bimestre do ano, as receitas previdenciárias totalizaram R$ 40,209 bilhões, segundo a Secretaria de Receita Federal. A arrecadação da Previdência cresceu 11,08% sobre o mesmo período de 2010, representando 22,35% do total da arrecadação de tributos federais.
"O resultado da Previdência demonstra que, quando há crescimento econômico e maior oferta de emprego, aumenta a margem de arrecadação", disse a assessora de política fiscal e orçamentária do Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça, ao criticar os cortes orçamentários decididos pelo governo no início do ano.
Em apenas dois meses, a arrecadação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) totalizou R$ 33,339 bilhões, alta de 20,55% sobre o mesmo período de 2010.
O recolhimento do IRPJ e da CSLL significa 31,66% na arrecadação total. O governo obteve R$ 32,084 bilhões com PIS e Cofins. Esses impostos tiveram crescimento de 10,63% sobre o primeiro bimestre de 2010.
O IPI somou R$ 5,449 bilhões, mais 28,22%, enquanto a arrecadação com IOF foi de R$ 4,587 bilhões, crescimento de 11,78%, na comparação com o acumulado de janeiro e fevereiro de 2010.
A arrecadação do Imposto de Renda da Pessoa Física somou R$ 1,789 bilhão, tendo a maior alta entre todos os tributos, de 31,28% em relação ao primeiro bimestre de 2010. Segundo a Receita, o resultado do primeiro bimestre deveu-se, principalmente, à expansão da produção industrial, da venda de bens e da massa salarial.
CRESCE TOTAL DE FAMÍLIAS SEM CONDIÇÕES DE PAGAR DÍVIDAS
Monitor Mercantil, 22/03/2011
A parcela das famílias brasileiras endividadas sem condições de pagar seus débitos aumentou de 7,7% para 8,4%, entre fevereiro e março. O dado consta da pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor de março, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que ouviu 17.800 consumidores no país.
A economista Marianne Hanson, da CNC, alertou que a inadimplência das famílias pode crescer ainda mais nos próximos meses.
"Esse é um indicador antecedente. Se essa parcela está subindo, pode ser que tenhamos um aumento no nível de inadimplência nos próximos meses", afirmou a economista.
Na avaliação da especialista, o anúncio das medidas de contenção ao crédito anunciadas pelo governo no final do ano passado explicam a dificuldade maior do brasileiro em pagar suas dívidas em março.
Ela afirmou que as decisões do governo ajudaram, não somente a restringir a oferta de crédito, como também a diminuir os prazos de financiamentos.
"Com isso, também houve uma piora, para o consumidor, nas modalidades de renegociação de dívidas a prazo", salientou.
Para Marianne, o cenário de inadimplência no país só não conta com pioras mais significativas no momento devido à continuidade no cenário positivo no mercado de trabalho, que continua com boa oferta de abertura de vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Marianne lembrou que, no início do ano, o custo de vida do brasileiro aumentou devido ao avanço da inflação, o que diminuiu o poder aquisitivo do consumidor, bem como sua capacidade de quitar débitos.
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