sábado, 27 de junho de 2009

VLT: alternativa de transporte sobre trilhos para os trabalhadores

por Almir Cezar Filho

Embora não seja o objetivo do blog e não conste como prioridade da linha editorial do blog falemos um pouco sobre transporte urbano. O tema de hoje é o emprego em regiões metropolitanas médias ou em médio deslocamentos do VLT (veículo leve sobre trilhos).

Fui instigado por recentes declarações das autoridades municipais de Niterói que se pronunciaram por recusar qualquer adoção e estudo sobre esse tipo de transporte, por considerá-lo relativamente menos adequado. Contudo, em Niterói, após uma cara consultoria de trânsito e transporte, onde a emprega contratada é a do ex-prefeito de Curitiba, e pai da idéia de Ligeirinho, recomendou-se repetir o mesmo sistema. Contraditoriamente, o prefeito enquanto candidato - tudo bem que repetindo o que dizia outros candidatos -, defendeu a implantação de linhas de VLT na cidade como meio de organizar o transporte urbano.

Mais do que um discussão sobre qual modal de transporte urbano coletivo é o melhor, até porque não estamos fazendo aqui uma elegia do VLT (não represento o lobby desse modal, nem desejo sê-lo), o que se deve fazer é uma discusssão sobre o melhor atendimento de transporte para os trabalhadores do setor e usuários trabalhadores.

VLT
Sacamos vários vídeos sobre esse tipo de transporte. O primeiro é explicando a proposta de normatização de um modelo nacional de VLT pela CBTU. É bom destacar, que o VLT não pode ser confundido com o metrô de superfície (metrô de Belo Horizonte), ou monotrilho (metrô de Seatle, EUA), ou mesmo o bonde (muito embora na Europa tenham substituido muito esse). Na Europa o nome é o mesmo tramway ou light rail.


O mais próximo seria o metrô leve (light metro), o também chamado por aqui pré-metrô (antiga linha 2 do metrô do Rio de Janeiro), embora o pré-metrô do Rio não tenha sido um VLT, ou não funcionou exatamente como, visto que, utilizou o leito metroviário projeto para linha 2, porém na época com trens típicos de VLT. Essa situação não existe mais desde meados dos anos 90, pois as composições foram trocadas por carros e vagões típicos de metrô.

Em suma, podemos dizer que VLT é chamado de light metro quando circula em uma via segregada ou elevada e tramway ou light rail apenas circula na rua em via preferencial.


O VLT tem custos de operação e implantação mais baratas do que um metrô, mesmo o de superfície. Também possui custos competitivos comparados as linhas de Bus Rapid (ônibus em vias segregadas ou seletivas com paradas especiais, terminais e divisão de linhas trocais e alimentadoras). Quanto muito opera em ruas junto ao tráfego comum tem que circular com menor velocidade e com sinalização sincronizada com a sinalização do tráfego de automoveis.

O VLT é uma alternativa mais eficiente do que o uso de corredor expresso de ônibus ou uso de ônibus articulados, que rivalizam com o trânsito de automoveis e tem um limite relativamente reduzido de capacidade de passageiros. Ainda possui menor risco de acidentes do que ônibus, com um grau semelhante ao dos trens urbanos.

Os ônibus são mais poluente, pelo uso de combustíveis fósseis, enquanto que VLT é elétrico (não emitindo gases de efeito estufa, transporta volume maior de passageiros e um menor emissão de poluição sonora. Por outro lado, os motores do VLT dependendo da necessidade podem ser convertidos para etanol, gás natural ou biodiesel, o inverso não acontece com os ônibus.

O VLT não implica em um utilização de uma larga faixa de domínio, apenas quando muito de vias segregada, mas se adapta bem a via seletivas ou mesmo apenas preferências das ruas e avenidas já existentes das cidades, como pode ser visto nas cidades européias, sem a necessidade de divisões, muros ou viadutos, não comprometendo a paisagem urbana. Pode ser implantado aproveitando canteiros centrais de avenidas, antigos leitos ferroviários de perímetro urbano ou vias segregadas e seletivas de ônibus.


A implantação de VLT - compondo um sistema integrado de transporte, conjulgando-se com outros modais urbanos, como o uso de linhas de ônibus, micro-ônibus e vans, e mesmo ciclovias, com terminais de integração e bilhete único - proporciona maior eficiência do que alternativamente com linhas de ônibus troncais com o emprego de ônibus articulados. Sistemas integrados como Transmilênio de Bogotá e Ligeirinho de Curitiba já apresentam estrangulamentos que seriam resolvidos com o uso do VLT.


Por sua vez, o VLT é uma alternativa em regiões onde uma linha de metrô, mesmo de tipo metrô de superfície ou monotrilho, não são viáveis economicamente, devido custos de implantação ou menor volume de passageiros, podendo portanto ser complementar a rede de metrô convencional. É isso que Brasília está fazendo, instalando linhas de VLT complementarmente a rede de metrô em construção ou já existente, aproveitando as vias segregadas e seletivas de ônibus e os canteiros centrais de suas largas avenidas do Plano Piloto. Na cidade do Rio, também complementar as linhas de metrô há estudos para implantar na Barra e no centro e zona portuária.

Essa também foi a opção utilizada por Atenas, na Grécia, que viu intensas dificuldades de implantar seu metrô enterrado tanto por custos, prazos (atender a tempo a realização das Olimpiadas de 2004), questões de problemas arqueologicos (Atenas é uma cidade milenar cheia de sítios) como por transtornos urbanos com as obras de implantação. Já o EMTU-SP pretende instalar uma linha de VLT na região metropolitana de Santos, ligando os bairros da cidade de São Vicente aos de Santos.


Contudo, apesar desses dois bonitos vídeos sobre o VLT de Santos, a mais de 20 anos se fala na região dessa iniciativa. Incluse há projetos alternativos ao VLT com a implantação de um metrô elevado pela orla, similarmente o que Porto Alegre tentou fazer (o Aeromovel, um metrô movido a ar comprimido por via elevada), com o seu desativado. É provável que o novo projeto de transporte pelas autoridades utilizando a alternativa do VLT tenha tido sido optado por ser mais fácil de conjugá-lo com outros modais de transporte já existentes e pelo custo de implantação, muito menor do que metrô de superfície ou monotrilho.

Por outro lado, a EMTU-SP já planeja converter o Expresso Tiradentes da cidade de São Paulo, composta por ônibus bi-articulados por uma vias segregadas e elevadas, por VLT. Em compensação, na cidade do Rio, projeta-se dois corredores de transporte, o Corredor Expresso da Avenida Brasil e o Corredor T-5 utilizando-se ônibus articulados e pistas segregadas.

O primeiro VLT brasileiro foi o de Campinas na metade dos anos 90 aproveitando um leito ferroviário em desuso, atualmente desativado. O primeiro VLT contemporâneo brasileiro entrará em operação no aglomerado urbano do Cariri, sul do Ceará, entre as cidades de Catro e Juazeiro do Norte, o chamado Trem do Cariri, aproveitando um antigo leito ferroviário, e já está em teste. Estão ainda para implantação projetos em Maceió, Macaé e região do ABC Paulista.




Outras informações sobre VLT:


WIKIPEDIA en. Light rail .

Nenhum comentário:

Postar um comentário