O fluxo de investimento estrangeiro no Brasil manteve sua recuperação e voltou a patamares observados antes do agravamento da crise, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. As contas externas do país, por outro lado, voltaram a apresentar saldo negativo em maio, depois de terem registrado, em abril, o primeiro superávit em 18 meses.
Somados os fluxos de capital externo apurados em operações como exportações, importações, pagamento de juros da dívida externa, remessas de lucros ao exterior e gastos com viagens internacionais, o resultado ainda é negativo, ou seja, a saída de dólares supera a entrada -daí o déficit em transações correntes.
Por outro lado, esse déficit é compensado pela entrada de investimentos estrangeiros, especialmente aqueles direcionados ao setor produtivo, que costumam ser feitos por empresas que buscam, no longo prazo, ter lucro com suas operações no Brasil. Entre janeiro e maio, essas aplicações somaram US$ 11,234 bilhões, valor que compensa parcialmente o saldo negativo em transações correntes observado no período.
O fluxo de investimentos diretos tem sido uma surpresa neste ano.
Há mudança no perfil desses investimentos, já que no ano o volume de recursos aplicado na indústria tem superado setores que normalmente atraem mais aplicações externas, como o de serviços. Entre janeiro e maio, o segmento que mais recebeu investimentos estrangeiros foi o automotivo, com um total de US$ 1,960 bilhão. Apesar das dificuldades, é um setor que, no Brasil, os capitalista vêm muito mais potencial para crescer do que nos países desenvolvidos.
Há também aplicações estrangeiras no mercado financeiro doméstico, por meio tanto da compra de ações quanto de títulos de renda fixa, um sinal de maior confiança dos investidores. Em março passado, o BC esperava que essas modalidades de investimento responderiam por uma saída de US$ 10 bilhões do país. Ontem, ao contrário, a projeção foi revisada e a expectativa é de um ingresso líquido de US$ 3 bilhões ao longo de 2009.
Tal situação porém pode apontar o aparecimento de uma bolha especulativa no Brasil à medida que os rentistas internacionais podem estar vendo o país como mercado apenas para compensar as perdas internacionais, e quando tal cenário virar, debandarão em massa. Jogando as bolsas e os títulos para o chão.
Ao mesmo tempo, por um lado, que esse fluxo de entrada de capitais força para cima a taxa de câmbio, valorizando artificial e circunstancialmente o real perante ao dólar, e assim pressionando desfavoravelmente as exportações. Assim as contas externas dependeriam para fechar ainda mais da entrada de capitais, ampliando ainda mais a dependência externa.
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