terça-feira, 29 de maio de 2012

Depois da queda dos juros, agora é preciso controle de capitais. Se não é crise nas contas externas

Apesar da remessas de lucros e dividendos ao exterior ter caído 43,9% de janeiro a abril, com os juros reais brasileiros, pelo menos na sua taxa básica, marchando para níveis menos atrativos para os especuladores e a crise mundial caminhando para novo patamar, a ser deflagrado pelo efeito dominó que se seguirá à moratória grega, a fuga de capitais daqui vai se acirrar, portanto o governo terá que questionar outro tabu da ortodoxia macroeconômica brasileria: o controle de capitais.

O déficit nas contas externas é o maior já registrado pelo BC para meses de abril. A conta de transações correntes, que registra as compras e vendas de mercadorias e serviços, registrou déficit de US$ 5,403 bilhões, em abril, informou hoje o Banco Central. É o maior resultado para o mês já registrado pelo BC.Déficit na conta financeira chega a US$ 5 bi. Reservas dão cobertura para investidor. Numa sinalização do que pode representar o agravamento da crise européia, as saídas de dólares superaram as entradas, em maio até dia 18, segundo o Banco Central (BC). Com isso, o saldo negativo do período atingiu US$ 1,511 bilhão, que de certa maneira se configura como uma possível fuga de capitais, impactando inclusive com a recente alta do dólar.
 
A deterioração da crise mundial, com sua consequente fuga de capitais, ocorre num momento em que o próprio Banco Central (BC) já projeta um rombo de US$ 70 bilhões nas contas externas nacionais, com previsão de serem cobertos por capitais especulativos, em processo de acelerado processo de volta para suas matrizes, tanto por movimentos defensivos, quanto, centralmente, para cobrir rombos de investidores e empresas em seus países de origem. Nesse quadro, o governo vai ter de se preparar para, antes que as reservas virem pó, controlar o movimento de capitais, centralmente especulativos, sob risco de ver-se diante de uma crise cambial de imprevisíveis consequências políticas, econômicas e sociais.
A hora da estadista 
Marcos Oliveira e Sergio Souto | 24/05/2012
Economista, a presidente Dilma sabe que ações econômicas não se dão por decisões isoladas. Por isso, ao empreender a dura batalha por trazer os juros nacionais a padrões, se não internacionais, ao menos decentes, deve questionar outro dogma: o controle de capitais. Com os juros reais brasileiros, pelo menos na sua taxa básica, marchando para níveis menos atrativos para os especuladores e a crise mundial caminhando para novo patamar, a ser deflagrado pelo efeito dominó que se seguirá à moratória grega, a fuga de capitais daqui vai se acirrar.

Ingênuos, argumentarão que o Brasil possui hoje reservas internacionais de US$ 374 bilhões, confundindo lastro com segurança. Nesse quadro, a presidente vai ter de se preparar para, antes que as reservas virem pó, controlar o movimento de capitais, centralmente especulativos, sob risco de ver-se diante de uma crise cambial de imprevisíveis consequências políticas, econômicas e sociais. Dilma vai precisar de coragem e determinação para enfrentar verdades estabelecidas que não mais se sustentam num mundo prestes a virar de ponta cabeça.

Quadro frágil
A deterioração da crise mundial, com sua consequente fuga de capitais, ocorre num momento em que o próprio Banco Central (BC) já projeta um rombo de US$ 70 bilhões nas contas externas nacionais, com previsão de serem cobertos por capitais especulativos, em processo de acelerado processo de volta para suas matrizes, tanto por movimentos defensivos, quanto, centralmente, para cobrir rombos de investidores e empresas em seus países de origem.
 
Remessas de lucros e dividendos ao exterior cai 43,9% de janeiro a abril
Agência Brasil | 24/05/2012

As remessas de lucros e dividendos de empresas no Brasil para o exterior caíram 43,9% no primeiro quadrimestre deste ano, na comparação com igual período do ano passado. Segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central, essas remessas ficaram em US$ 5,894 bilhões, de janeiro a abril deste ano, ante US$ 10,515 bilhões em igual período do ano passado.
Segundo o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, esse resultado é afetado pelo dólar mais alto no país. Isso porque o investimento de estrangeiros no país é feito em reais, assim como o lucro.
- Mas essa mesma quantidade de reais vai representar menos dólares.
Outro fator que influencia esse resultado é a atividade econômica em ritmo mais lento. Com menor crescimento, também diminuem os lucros que podem ser enviados ao exterior.
- Essa conta é afetada tanto pela atividade quanto pela taxa de câmbio - explicou Rocha. Segundo ele, os números mostram tendência de redução dessas remessas.
 
Déficit nas contas externas é o maior já registrado pelo BC para meses de abril
Agência Brasil |  24/05/2012

A conta de transações correntes, que registra as compras e vendas de mercadorias e serviços, registrou déficit de US$ 5,403 bilhões, em abril, informou hoje o Banco Central. É o maior resultado para o mês já registrado pelo BC. O valor ficou um pouco acima do esperado pelo Banco Central, que era US$ 5,2 bilhões. O déficit também foi maior do que o registrado em abril de 2011 (US$ 3,598 bilhões).
De janeiro até o mês passado, o saldo negativo ficou em US$ 17,490 bilhões, ante US$ 18,376 bilhões registrados em igual período de 2011.
Nesse cálculo das transações correntes estão as exportações e importações (que formam a balança comercial), que registrou superávit de US$ 882 milhões, em abril, e acumulou US$ 3,319 bilhões, nos quatro meses do ano.
Outro item da conta de transações correntes é a a balança de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos e outros), que registrou déficit de US$ 3,236 bilhões, no mês passado, e US$ 12,647 bilhões, de janeiro a abril deste ano.
Na conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), houve resultado negativo de US$ 3,214 bilhões, em abril, e de US$ 9,019 bilhões, no acumulado até o mês passado.
As transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) registraram ingressos líquidos de US$ 165 milhões, no mês passado, e US$ 857 milhões, de janeiro a abril.
Quando o país tem déficit em conta-corrente, ou seja, gasta além da sua renda, é preciso financiar esse resultado com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado do exterior.
O investimento estrangeiro direto, que vai para o setor produtivo da economia, ficou em US$ 4,669 bilhões, no mês passado. O resultado está abaixo do projeto pelo BC, US$ 5 bilhões. De janeiro a março, o investimento estrangeiro no setor produtivo chegou a US$ 19,608 bilhões.

Saída de US$ 1,5 bi seria fuga de dólar?
Monitor Mercantil | 23/05/2012 
 
Déficit na conta financeira chega a US$ 5 bi. Reservas dão cobertura para investidor 
Numa sinalização do que pode representar o agravamento da crise européia, as saídas de dólares superaram as entradas, em maio até dia 18, segundo o Banco Central (BC). Com isso, o saldo negativo do período atingiu US$ 1,511 bilhão.
Nos 13 dias úteis do mês, o segmento financeiro (investimentos em títulos, ações, remessas de lucros e dividendos ao exterior, entre outras operações) teve déficit de US$ 5,196 bilhões. Já o comercial (exportações e importações) ficou positivo em US$ 3,686 bilhões.
De janeiro até 8 de maio, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 23,805 bilhões, ante US$ 45,582 bilhões no mesmo período de 2011. O fluxo financeiro teve saldo de US$ 2,660 bilhões e o comercial, US$ 21,145 bilhões.
Os dados do BC também mos tram que este mês as compras de dólares elevaram as reservas internacionais, apenas dia 2, em US$ 63 milhões.
Com a disparada da cotação do dólar, o BC voltou a fazer operações de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro.
No leilão, com duas datas de vencimento, foram vendidos US$ 1,309 bilhão em contratos.
No leilão com vencimento dia 2 de julho, foram vendidos US$ 922,6 milhões, com negociação de 18,6 mil contratos do total de 80 mil ofertados. No segundo leilão, com vencimento dia 1º de agosto, foi oferecida a mesma quantidade de contratos, com 7,8 mil negociados, totalizando US$ 386,4 milhões.
Na véspera, o BC também fizera dois leilões de swap cambial tradicional para anular contratos de swap reverso, que equivalem à compra de dólares no mercado futuro.
Embora o déficit deste mês seja modesto, pode representar o início de uma fuga mais acelerada de capitais, garantida por reservas internacionais de US$ 374 bilhões.

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