sexta-feira, 3 de junho de 2011

Balanço da alta dos juros: Governo errou a dose, inflação caí sozinha e indústria desacelera

Balanço da alta dos juros: Governo errou a dose, inflação caí sozinha e indústria desacelera
Seguindo o roteiro atual o governo "exagerou na dose", na melhor das hipóteses, ou o "remédio" para tentar trazer a inflação de volta para a meta. 

Na verdade, era preciso ter encontrado outros mecanismos para enfrentá-la, até porque sua causa não era o sobre-aquecimento da atividade econômica, mas sim a alta dos preços em alguns setores, especificamente das commodities e combustíveis.O governo aumenta juros, gera benefício para o rentismo, valoriza o câmbio e as empresas aplicam no mercado financeiro e/ou importam. 

A conseqüência do erro é a redução do investimento e do nível de atividade econômica geral. 


Preços de commodities têm queda de 4,47% em maio
Agência Brasil, 01/06/2011


O Índice de Commodities Brasil (IC-Br), divulgado hoje pelo Banco Central, registrou queda de 4,47%% em maio deste ano, ante o mês anterior. No acumulado do ano até maio, houve alta de 3,04%. Em 12 meses encerrados em maio, o índice aumentou 31,29%.


O índice verifica as variações de preços de produtos básicos com cotação internacional (commodities) para avaliar os efeitos na inflação do Brasil. O segmento agropecuário (formado por carne de boi, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e carne de porco) teve queda de 6,58% na comparação de maio com abril e alta de 1,58% no acumulado do ano até o mês passado.

No caso dos metais (alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel), houve queda de 2,32%, no mês, e alta de 1,02%, no acumulado até maio.

O segmento de energia (petróleo, gás natural e carvão) apresentou queda de 1,56% em maio, ante o mês anterior, e alta de 8,17% nos cinco meses do ano.

Segundo os dados do Banco Central, o IC-Br apresentou queda maior em maio em relação a abril do que o índice CBR, calculado pelo Commodity Research Bureau. Esse índice, que teve queda de 1,34% no período, é uma medida dos movimentos de preços de produtos básicos mais sensíveis a mudanças de condições econômicas. No acumulado do ano até maio, o CBR apresentou alta de 4,79%.

IPC-S desacelera: gasolina e alimentos têm queda nos preços
www.srzd.com (01/06/2011)

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV) desacelerou para 0,51%, cerca de 0,45 ponto percentual abaixo da taxa marcada na última apuração. No ano, o índice acumulou alta de 3,98%, e em 12 meses, de 6,37%. Esta foi a menor taxa desde a quarta semana de fevereiro de 2011, quando a variação registrou 0,49%.

Todas as classes de despesa registraram desaceleração, com destaque para alimentação (de 1,27% para 0,47%), influenciado por hortaliças e legumes (de 6,84% para 3,08%); e transportes (de 1,04% para 0,01%) puxado por gasolina (3,81% para 0,75%).

Outros grupos de despesa que também sofreram variação foram saúde e cuidados pessoais (de 0,88% para 0,60%), habitação (de 0,91% para 0,83%), vestuário (de 1,04% para 0,71%), despesas diversas (de 0,46% para 0,19%) e educação, leitura e recreação (de 0,27% para 0,19%). As maiores influências, dentre esses grupos, partiram de medicamentos em geral (de 2,10% para 1,00%), tarifa de eletricidade residencial (de 1,82% para 1,34%), roupas (de 1,35% para 1,06%), cigarro (de 0,97% para 0,25%) e hotel (de 1,39% para 0,65%).


Indústria já desaba ladeira abaixo
Monitor Mercantil, 31/05/2011


Com alta de juro e aperto do crédito, setor sofre a pior queda desde dezembro de 2008

Em abril, a indústria amargou sua maior queda desde dezembro de 2008: 1,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Sobre março, o recuo ficou em 2,1%, segundo dados do IBGE.

O destaque negativo ficou com a fabricação de bens duráveis, com queda de 10,1% sobre março e de 5,6% frente ao mesmo mês de 2010. O IBGE apontou os efeitos da contenção do crédito e a disparada das importações como os principais responsáveis pelo resultado negativo.

Jardel Leal, economista do Dieese, avalia que o governo "exagerou na dose" para tentar trazer a inflação de volta para a meta: "Desde sempre avisamos que há um exagero. É preciso encontrar outros mecanismos para enfrentar a inflação. Seguindo o roteiro atual, a conseqüência é a redução do investimento e do nível de atividade", diz Leal, observando que os juros altos ajudam a desvalorizar ainda mais o dólar, turbinando as importações.

"A população é punida nessa brincadeira. O governo aumenta juros, gera benefício para o rentismo, valoriza o câmbio e as empresas aplicam e importam", resume.

Já o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi) ressalta que o "pequeno ciclo de acomodação dos importados" no primeiro trimestre parece que chegou ao fim. "É possível que, dada a evolução recente de valorização do câmbio, uma nova onda de substituição dos bens domésticos pelos importados esteja em curso", diz o Iedi, lamentando a diminuição da produção de bens de capital (2,9%) em abril.

O Iedi alerta para o risco de que "a expectativa tão propalada de desaceleração da economia nos próximos meses já esteja afetando o fluxo de investimentos no país". E salienta a "elevadíssima" queda da produção de bens duráveis (10,1% em abril com relação a março).

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