domingo, 26 de junho de 2011

Crise se espalha em uma Europa refém do "mercado"

Crise se espalha em uma Europa refém do "mercado", depois da Irlanda, Grécia e Portugal, a Itália e Bélgica são os próximos na mira dos especuladores. As agências de classificação de risco além de rebaixar também os títulos da Grã-Bretanha e EUA, já veem amplos sinais de deteriorização da situação fiscal. A crise mundial cada vez mais ameaça os Estados centrais do Capitalismo.

Itália na mira dos especuladores
Monitor Mercantil, 24/06/2011

A Itália esteve sob fogo cerrado da especulação nesta sexta-feira. As negociações na Bolsa italiana com ações de bancos, como o UniCredit e o Intesa Sanpaolo, foram temporariamente suspensas, depois de uma queda de mais de 5%.

O motivo citado foi a decisão da agência de classificação Moody"s colocar, na quinta-feira, em revisão para possível rebaixamento o rating de dívida de longo prazo e de depósito de 16 bancos italianos. A agência norte-americana - que, como suas co-irmãs, recebeu severas críticas por falhar na crise de 2008 - também ameaça reduzir a classificação de longo prazo de duas instituições financeiras relacionadas ao governo.

A Moody"s alterou de estável para negativa a perspectiva para a dívida de longo prazo e dos ratings de depósito de outros 13 bancos italianos. A alegação é a possível redução do rating soberano da Itália, colocado em revisão em 17 de junho.

"Diante do difícil cenário econômico atual, a probabilidade de os governos europeus, incluindo o italiano, de dar suporte aos bancos domésticos é menor agora do que anteriormente", disse o analista da Moody"s, Henry MacNevin, a agências de notícias internacionais.

Itália, e também a Bélgica, encontram-se na mira dos especuladores após o presidente da Zona do Euro, Jean-Claude Juncker, ter dito à imprensa européia que "a falência da Grécia poderia ser disseminada a Portugal e Irlanda, mas, também, a Itália e Bélgica, por causa das elevadas dívidas públicas de ambos e, aliás, antes da Espanha".

Há um mês, uma outra agência internacional de rating - a Standard & Poor"s - havia anunciado que estava estudando a reavaliação para baixo da nota italiana. Após a retomada da negociação na Bolsa italiana, as ações do UniCredit fecharam a sexta-feira em queda de 5,3% e as do Intesa cederam 5%.

As principais bolsas européias fecharam em território negativo, conduzidas pelas ações do setor bancário que ficaram sob pressão após a suspensão temporária das negociações dos papéis de duas instituições de crédito italianas.

Rating do Piigs
Marcos Oliveira e Sergio Souto, 22/06/2011


Acrescente-se ao longo prontuário das agências de classificação de risco que, com a crise da dívida levando à deterioração das dívidas dos países do Piigs (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, na sigla em inglês), a Moody"s continua a considerar a Itália grau de investimento pleno. A Moody"s é uma das integrantes das três irmãs que formam o cartel de avaliação de rating, o mesmo que, às vésperas do estouro da crise de 2008, distribuía a nota máxima, AAA, a empresas que poucos dias depois só não foram à breca porque foram salvas por dinheiro do contribuinte.

China abre o olho
Diferentemente da leniência demonstrado pelo cartel em relação ao rating dos integrantes do G7, a agência congênere chinesa Dagong Global Credit Rating Co Ltd rebaixou, no fim do mês passado, a classificação dos títulos emitidos pelo Reino Unido, de AA- para o de A+, com perspectiva negativa. A Dagong justificou a decisão, apontando a deterioração da capacidade de o país manter o pagamento da sua dívida pública: "O rebaixamento reflete a situação real da capacidade deteriorada de rolagem do Reino Unido e a dificuldade na melhoria do perfil da divida externa a longo prazo", afirma a agência chinesa.

Deterioração
Segundo a Dagong, ano passado, o déficit público do Reino Unido atingiu 9,8 % do PIB do país e a relação dívida/PIB avançou a 78,7%. A exemplo de outros países europeus, a principal causa da disparada do déficit deve-se aos bilhões de libras gastos para salvar o setor financeiro britânico. Em novembro, a agência já rebaixara, de AA para A+, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, também com tendência negativa, apontando como causa a deterioração da capacidade de rolagem da dívida e "o drástico declínio da intenção de adimplir por parte do governo norte-americano".

"A visão realista da Dagong Global sobre a real situação macroeconômica dos EUA e do Reino Unido reflete uma percepção acadêmica hoje reconhecida internacionalmente e onerará o refinanciamento da dívida externa destes países", prevê o advogado Durval de Noronha Goyos Jr., árbitro do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e professor de direito do comércio internacional.

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