Primeiro Orçamento de Dilma prioriza rentistas
Rogério Lessa, Monitor Mercantil,30/12/2010
Juros consomem 50% dos recursos para 2011. Já mínimo não terá aumento real
Apesar do cenário externo de estagnação e dos sinais de que a capacidade de endividamento das famílias está chegando ao limite, o economista Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, avalia que o governo de Dilma Rousseff irá optar pelo ajuste fiscal, em vez do controle de capitais, para tentar baixar juros e equilibrar o câmbio.
"O Orçamento para 2011 mantém a lógica do ajuste fiscal. O Artigo 166 da Constituição impede o Congresso de mexer na principal despesa do Orçamento: os gastos com a dívida pública. Os R$ 954 bilhões propostos pelo Executivo para serem gastos em 2011 com juros, amortizações e refinanciamento da dívida ano que vem permaneceram em R$ 954 bilhões no substitutivo da relatoria, fazendo com que cerca da metade do Orçamento continue destinado à dívida."
Depois desse "banquete dos rentistas", Ávila observa que "sobram migalhas" para os gastos sociais. "Se a proposta original do Executivo definia um salário mínimo de R$ 538,15 para 2011, a relatora do Orçamento concedeu um "aumento" de R$ 1,85, para R$ 540. Se a proposta original não previa aumento real para as aposentadorias, no parecer da relatora, os aposentados continuam não tendo direito a este aumento", comparou.
Já Maurício Dias David, economista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e integrante do Conselho Editorial do MM, vê nas nomeações da presidente Dilma um recado claro de que o governo, em vez de pôr freio à especulação e controlar o fluxo de capitais, irá manter, via juros altos, o estímulo à entrada de dólares e o câmbio desfavorável à indústria nacional: "A presença de Antonio Pallocci e Paulo Bernardo na equipe de Dilma demonstra sua opção pelo ajuste fiscal", resume David.
Dilma não dará aumento real e mínimo fica em R$ 540
29/12/2010
Brasília - Os tecnocratas ganharam a luta interna e conseguiram barrar um aumento real para o salário mínimo. Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a decisão do governo será por um o mínimo de R$ 540 a partir do próximo ano.
Lupi era um entusiasta de uma proposta intermediária, de R$ 560, ante a reivindicação das centrais de R$ 580,00.
"O governo resolveu cumprir o que sempre foi acertado", disse hoje.
Ele se refere a um acerto feito entre governo e centrais e que leva em conta a inflação e o crescimento da atividade econômica dos anos anteriores.
"Indiquei um pouco mais, mas a parte econômica (do governo) avalia que se quebrará uma regra que foi cumprida até aqui", relatou.
O acordo, porém, foi feito antes da crise, que levou o Brasil à recessão ano passado, quando o produto interno bruto encolheu 0,6%.
Lupi previu ainda que o total empregos com carteira assinada em 2010 no país superará os 2,5 milhões. Até novembro, foram criadas 2,564 milhões de vagas, mas habitualmente dezembro tem mais demissões que contratações.
Mesmo com as perdas do último mês do ano, Lupi disse contar com a incorporação dos contratados pelas empresas ao longo do ano e que perderam o prazo para apresentar seus dados ao Ministério do Trabalho.
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